segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Para ser e fazer feliz


Noveleiro de férias, acompanho Fina Estampa, na Rede Globo, tentando ter um entretenimento para aquela hora da antiga novela das oito, mas também observando perfis humanos diferenciados. Desde dezembro, chamou-me a atenção o personagem Paulo (Dan Stulbach), que rejeitou a filha de sua esposa, Esther (Julia Lemmertz), gerada em laboratório, ao ponto de separar-se e criar uma autêntica aversão à menina Vitória.
O grande lance foi quando, para solucionar um problema gerado pelo fato de que a médica Danielle (Renata Sorrah) resolveu brincar de deus e utilizou esperma e óvulo de pessoas de sua relação para a fecundação, era necessário que Esther voltasse de um “exílio” para defender, com unhas e dentes, a sua maternidade.
Resultado, engambelou Paulo que, ao acordar, estava junto com seu “desafeto” e um mapa de atividades para cuidar da menina, desde uma simples mamadeira, até trocar as benditas e carregadas fraldas.
Com certeza, não poderia ser qualquer ator para fazer a transformação: do absoluto repúdio até, gradativamente, ver-se envolvido pelo bebê, com acertos e erros, mas com a capacidade regenerativa que uma nova vida pode causar.
Em alguns capítulos, o comportamento de Paulo chegava a ser doentio, possivelmente pela própria incapacidade de gerar um filho e vendo que, de outra forma, sua esposa havia conseguido a realização. Não entro na discussão da fecundação, mas do quando é necessário, para que tenhamos sanidade mental, a capacidade de estar aberto nas relações, em especial naquelas mais duradouras, como as familiares e afetivas. Do contrário, somos capazes de atormentar até mesmo aqueles que julgamos amar.
Há sempre uma chance, em algum momento, de refazermos caminhos, redescobrindo o jeito perdido de chegar a um coração: pode ser um pouco mais complicado do que uma mamadeira ou a troca de fraldas, mas vai aparecer como uma surpresa que talvez nos dê apenas uma chance para ser e fazer alguém feliz.

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