Pastoral
da Comunicação Arquidiocesana de Pelotas
Pastoral
de Comunicação do Estado do RS, dioceses de Bagé, Rio Grande,
Universidade Católica e Livraria Santa Rita
15
de abril 2021 – live pelo Facebook da Arquidiocese de Pelotas
Preparação
para o Dia Mundial das Comunicações Sociais
Manoel
Jesus – Educador, palestrante, articulista.
Fone/whatsapp
– 053 – 981207036
E-mail:
manoeljss21@gmail.com
Quando
a Pastoral de Comunicação da Arquidiocese decidiu por uma formação
sobre a mensagem do papa Francisco para o 55º Dia Mundial das
Comunicações Sociais – 16 de maio – na festa da Ascensão
do Senhor, foi combinada a minha presença e de dom Carlos Rômulo,
referencial para a comunicação no Estado. Como já havia feito uma
apresentação aos bispos do estado, coordenadores de pastoral e da
Pascom, ofereci para fazer um resumo do documento, quando foquei o
olhar naquele que é responsável por fazer a comunicação – o
comunicador. Querendo ou não: aquele que é, por excelência, um
formador de opinião.
A
Igreja Católica, no Concílio Vaticano II, cunhou a expressão
“comunicação social”, em contrapartida ao que era utilizado
como “comunicação de massa”. A proposta dos cardeais não era
apenas os meios de comunicação, que se popularizavam – jornal,
rádio, cinema e televisão, mas as novas mídias e,
especialmente, as comunicações feitas dentro da própria Igreja.
Não
tenho tempo e espaço aqui para falar de tudo o que aconteceu desde
então. Mas é bom se pensar que a sociedade que era rural se
tornou urbana. Os meios de comunicação que predominavam – os
púlpitos – foram relegados e esquecidos. A Igreja, por
dioceses e ordens religiosas, fez grande investimento em
comunicação, pena que não teve uma preparação
adequada de seus comunicadores, sequer políticas bem
definidas quanto ao que fazer com os meios.
Lembrando:
comunicação social e comunicação de massa não são sinônimos. A
primeira trabalha interação social. A segunda trabalha a influência
do comunicador sobre o receptor.
1
Para este ano, o papa Francisco faz a provocação que Jesus fez aos
discípulos que reverberaram e atraíram os demais: “vem
e verás”. Em tempos difíceis que estamos vivendo é preciso
“comunicar encontrando as pessoas onde estão e
como são”.
2
É um convite e cria uma expectativa. “Vem e verás”. O
método de toda a comunicação humana autêntica que perpassa:
-
a redação de jornal.
-
o mundo da web.
-
a pregação da igreja.
-
a política.
-
a vida social. Em síntese, não escapa nada.
3
As expressões do papa Francisco são muito próximas do dia a dia
das pessoas e, quando fala em gastar a sola do sapato, se
refere a jornais (não apenas o impresso, mas a
comunicação, de uma forma ampla) que se faz por fotocópia, mas
também do sermão que pode ser fotocópia.
Da
mesma forma que os repórteres dos meios de comunicação podem ter
fontes que manipulam, sabe-se que os pregadores podem ter fontes com
diversos interesses que gostariam que a Igreja pregasse de uma ou
outra maneira. Este é o motivo pelo qual a comunicação
precisa ser construída no encontro
com as pessoas para procurar histórias ou verificar com os
próprios olhos determinadas situações. Vivemos a comodidade de
ser expectadores externos, pelas redes sociais, que também podem
ajudar no encontro, que, sem elas, muitas vezes não teriam lugar
para acontecer.
“Comunicar
encontrando as pessoas onde estão e como são” é uma
leitura atualizada da proposta de uma “Igreja em saída”.
E
onde é o lugar do encontro?
A
sensibilidade do evangelista João foi trazida pelo papa, em detalhes
que lembram de uma crônica, um dos gêneros mais gostosos da
literatura. Quase meio século depois, o impacto do convívio
– com as falas, gestos, expressões – fez com que o jovem filho
do trovão não esquecesse que seu primeiro encontro se deu na hora
décima, quatro da tarde. Mas também João fala das lembranças
de Filipe: “de Nazaré pode vir alguma coisa boa?” Deve ter
havido um sorriso e um olhar indicando para onde deveria ir: “vem e
verás!” O mesmo “vem e verás” que deixa Natanael aturdido
quando ouve: “antes que Filipe te chamasse, eu te vi debaixo da
figueira”. Ou o testemunho de quem foi e viu o que Jesus tinha
pra dizer e voltou à samaritana para testemunhar: “já não
é pela tua palavra que acreditamos, nós próprios ouvimos”.
4
Claro que a mensagem tem como um dos principais focos os
jornalistas, dos quais destaca a coragem, muitas vezes, de mover-se
com o desejo de ver, denunciando minorias perseguidas,
abusos, injustiças contra pobres, contra a criação e até guerras
em lugares esquecidos do Mundo... O filósofo Pierre Bourdieu diz que
os jornalistas olham a realidade através de óculos.
?São
eles, por exemplo – os jornalistas, diante da ruptura que se faz
pelo distanciamento social, hoje, capazes de denunciar,
especialmente, a tragédia nos países pobres, mas, também, o fosso
que se abre nos países desenvolvidos, onde grupos empobrecidos fazem
filas à porta dos centros de Cáritas, em busca de cestas básicas?
O
problema é saber que óculos são estes e se, hoje, conseguimos
formar ou influenciar jornalistas que olhem as realidades do mundo
sob o prisma cristão/católico...
Oportunidades
e insídias nas redes sociais
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Uma realidade que perturba são as oportunidades e insídias
nas redes sociais, em especial a manipulação das notícias e
das imagens, às vezes por um banal narcisismo – as fake
news. Conscientes de que não se pode demonizar um
instrumento, mas criar uma maior capacidade de discernimento e um
sentido de responsabilidade mais maduros, quando se difunde ou se
recebem conteúdos. Trabalhar com a pedagogia de Jesus, onde algumas
coisas só se aprendem experimentando. A comunicação que supera
as palavras pelo olhar, tom de voz, gestos...
Ter
presente que o fascínio de Jesus estava na sua pregação, na
convicção e até em seus silêncios. Provando que, nos tempos
atuais, existe uma quantidade de eloquências vazias. A proposta
de um novo encontro precisa de um “extra” de humanidade que
transparecia no que via, no que dizia e nas atitudes. Mesmo antes da
pandemia, já se vinha percebendo, no Brasil, que a sociedade
estava perdendo a dignidade, o que acarreta a perda do senso moral e
ético, como consequência, os valores religiosos.
6
Tendo que conviver e atender quem sofre com a fome, desemprego,
insegurança, moradias precárias ou inexistentes, jogam-se as
instituições que se sentem responsáveis numa luta difícil de ser
vencida. A consequência é que outros valores são colocados
socialmente, pela manipulação das mídias e das redes sociais,
especialmente pelo entretenimento.
7
A informação que deveria ajudar no processo de formação se
transformou em entretenimento… e o entretenimento ajuda na
naturalização de processos contrários àquilo que defendem as
instituições que são referência para a moral e a ética.
Nos
tempos atuais, existe uma quantidade de eloquências vazias. Para
preenchê-lo é necessário o silêncio da oração, da reflexão e
da meditação.
Preparar
o comunicador
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Ouvi de padres, ministros, diáconos, leigos que fizeram presente
Jesus Cristo na vida do povo de Deus por um telefonema regular
para os paroquianos, muitas histórias durante esta pandemia.
A confissão feita em pátio ou nas entradas de Igrejas. A ministra
que pediu a bênção do padre para os pãezinhos que preparou e
levou para doentes e idosos que atendia, quando em tempos idos levava
a comunhão semanalmente. O padre que fez o “táxi dos velhos”
levando, um por um, para a vacina. E as muitas paróquias que fizeram
a peregrinação do Santíssimo pelas ruas e vilas fazendo com que as
pessoas se sentissem próximas do Senhor.
Mas
também tivemos paróquias e comunidades que se contentaram em ser
“igreja drive thru” - entrega um produto se o consumidor for
até o local buscar... Acreditando ser o suficiente propiciar uma ou
outra live que chegasse até as casas.
9
Não resta dúvidas de que é preciso usar os meios de
comunicação, lembrando que são exatamente isto: meios. Os
documentos da Igreja enfatizam que uma pastoral da comunicação
não é apenas mais uma pastoral, mas um serviço que
deve estar à disposição das demais pastorais.
Seu protagonismo é dos leigos, que precisam ser
preparados tanto para o atendimento profissional – relação com
os meios de comunicação, atendendo à instituição Igreja –
quanto à pastoral da comunicação propriamente dita, que é a
preparação de todos os comunicadores que fazem o anúncio da Boa
Nova.
Por
serviços como comunicador na Liturgia, comunicador
na Catequese, comunicador na pastoral da juventude,
comunicador na pastoral da acolhida, comunicação
na pastoral da sobriedade, comunicador na pastoral da
saúde e tantos outras, mas uma, em especial,
que veio do encontro estadual, pela Victória: comunicadora
missionária...
Então,
meus amigos, o grande questionamento para os
jornalistas cristãos, em primeiro lugar, e para nós, Igreja, é: o
“vem e verás” que também ouvimos de tantas formas continua a
fazer com que renovemos a confiança no encontro com Jesus?
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O desafio do dia a dia passa por atender demandas burocráticas, no
entanto, o Senhor desafia para o caminho, para a rua. E, nele,
está o povo de Deus, homens e mulheres que precisam de palavras
mas, especialmente, que se chegue onde estão e como são. Uma
igreja em saída – desafio do papa Francisco – um norte
para alicerçar as novas relações sociais.
Não
é apenas uma geração que usufrui de benefícios das novas mídias
e redes sociais, mas oportunidade de integrar públicos - como grupos
de risco e idosos - que foram, gradativamente, afastados e
reencontram um lugar para o seu convívio social!
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Lembrando:
comunicação
social e comunicação de massa não são sinônimos. A primeira
trabalha a interação social. A segunda
trabalha com a influência do comunicador sobre o receptor.
“Comunicar
encontrando as pessoas onde estão e como são” é uma leitura
atualizada da proposta de uma “Igreja em saída”.
O
problema é saber que óculos são estes e se, hoje, conseguimos
formar ou influenciar jornalistas que olhem as realidades do mundo
sob o prisma cristão/católico…
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Nos
tempos atuais, existe uma quantidade
de eloquências vazias. Para preenchê-lo é necessário o silêncio
da oração, da reflexão e da meditação.
Não
é apenas uma geração que usufrui de benefícios das novas mídias
e redes sociais, mas oportunidade de integrar públicos - como grupos
de risco e idosos - que foram, gradativamente, afastados e
reencontram um lugar para o seu convívio social!
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Vale a pena rezar com o papa:
Senhor,
ensinai-nos a sair de nós mesmos, e partir à procura da verdade.
Ensinai-nos
a ir e ver, ensinai-nos a ouvir, a não cultivar
preconceitos, a não tirar conclusões precipitadas.
Ensinai-nos
a ir aonde não vai ninguém, a reservar tempo para
compreender, a prestar atenção ao essencial, a não nos distrairmos
com o supérfluo, a distinguir entre a aparência enganadora e a
verdade.
Concedei-nos
a graça de reconhecer as vossas moradas no mundo e a honestidade
de contar o que vimos.
Amém.
Assim Seja!
Nossa
Senhora da Comunicação, rogai por todos nós!