terça-feira, 31 de julho de 2012

Não perca a confiança dos seus

De uma organização chamada "Se liga Brasil". Já partilhei no facebook, mas quis também compartilhar aqui:

"Era uma vez o fogo, a água e a confiança. Eles entraram numa floresta escura e o fogo disse:
- Se eu me perder, procurem a fumaça, pois onde há fumaça, há fogo!
A água disse:
Se eu me perder, me procurem na umidade, pois onde há umidade, há água!
Então, a confiança disse:
- Se eu me perder, não me procurem, pois uma vez perdida, nunca mais me encontram.
"A confiança é a base de todos os sentimentos. Nunca perca a confiança de alguém, ela jamais volta."

segunda-feira, 30 de julho de 2012

O olhar de Deus

Domingo pela manhã. Friozinho depois do banho. Toca a campainha, espio pela janela, dois jovens de uma igreja. Vontade de ficar quieto, mas em respeito por eles estarem fazendo algo que pensam ser sua missão, saio à rua.
O rapaz é direto: o que eu penso da relação entre religião e política. Explico, pela história, que não é bem assim, pois os embates ligando política com religião sempre tiveram um fundo econômico.
Ele se mostra surpreso e ela calada. Ele retorna: mas como as religões se diferem. Digo que ele faz uma certa confusão, pois se formos olhar pela ótica da fé, a crença é a mesma, num mesmo Deus, que único e criador.
O que nos diferencia é a "religião" - de "religare" - o jeito como nos reunimos por afinidades, para fazer esta religação com Deus. Silenciou um pouco e agradeceu. Gradativamente, recolheu a revista que estava alcançando e disse que hoje tinha aprendido algo que não imaginava.
Voltei para dentro de casa sorrindo. Creio que entenderam que fazer religião não é apenas proselitismo, mas respeitar o outro enquanto ser humano, estudar e, à noite, olhar para as estrelas e imaginar o quanto Deus está sorrindo destas nossas pequenas pirraças.

domingo, 29 de julho de 2012

A matemática da corrupção


Quem compartilhou foi a Elaine Biehrhals Neutzling. Concordo plenamente.
 
Há uma semana, o governo da China inaugurou a ponte da baía de Jiaodhou, 
que liga o porto de Qingdao à ilha de Huangdao. Construído em quatro anos, 
o colosso sobre o mar tem 42 quilômetros de extensão e custou o equivalente a R$2,4 bilhões.
Há uma semana, o DNIT escolheu o projeto da nova ponte do Guaíba, em Ponte Alegre, 
uma das mais vistosas promessas da candidata Dilma Rousseff. 
Confiado ao Ministério dos Transportes, o colosso sobre o rio deverá ficar pronto em quatro anos. 
Com 2,9 quilômetros de extensão, vai engolir R$ 1,16 bilhões.
Intrigado, o matemático gaúcho Gilberto Flach resolveu estabelecer algumas 
comparações entre a ponte do Guaíba e a chinesa. 
Na edição desta segunda-feira, o jornal Zero Hora publicou 
o espantoso confronto numérico resumido no quadro abaixo: 
Os números informam que, se o Guaíba ficasse na China, 
a obra seria concluída em 102 dias, ao preço de R$ 170 milhões. 
Se a baía de Jiadhou ficasse no Brasil, a ponte não teria prazo para terminar 
e seria calculada em trilhões. 
Como o Ministério dos Transportes está arrendado ao PR, 
financiado por propinas, barganhas e permutas ilegais, 
o País do Carnaval abrigaria o partido mais rico do mundo.
Corruptos existem nos dois países, mas só o Brasil institucionalizou a impunidade. 
Se tentasse fazer na China uma ponte como a do Guaíba, 
Alfredo Nascimento daria graças aos deuses se o castigo se limitasse à demissão..
Dia 19/07/11, o Tribunal chinês sentenciou a execução de dois prefeitos 
que estavam envolvidos em desvio de verba pública. 
(Adotada esta prática no Brasil, teríamos que eleger um Congresso por ano).
Vamos fazer esta mensagem chegar a mais brasileiros...

sábado, 28 de julho de 2012

Poesia do início e do fim

A poesia brinca com as palavras.
Não importa o que diga,
importa o que quer dizer.
Em seu emaranhado, somam-se
cores, odores, sensações.

"O sol que marca a trajetória do dia."
"O riso que ilumina a face de quem ama."
"A mão que suplica por ar,
enquanto o corpo definha."

Faço poesia, porque faço vida.
Cada palavra, cada sentimento,
cada instante, joga-se para além
do momento presente.

Então, fazer poesia, não é apenas viver,
mas sobreviver.
Jogar sentidos para o além,
saber que vivo o aqui e o agora,
mas que alimento a esperança
do reencontro e de partidas.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Aposentados, mas não mortos 2


Os principais jornais do país publicaram esta semana que as mudanças na legislação da aposentadoria – incluindo o fim do fator previdenciário – que poderia ser votado antes da eleição é um engodo eleitoral, que a presidente Dilma quer levar “com a barriga”, para que não se resolva de imediato. O presidente da Câmara dos Deputados, o gaúcho Marco Maia, foi seduzido por jantares no Planalto e pelo convite para integrar a comitiva que vai à Inglaterra assistir aos Jogos Olímpicos.
A discussão se alonga e a estratégia do governo é não resolvê-la apontando problemas que seriam criados, para os quais os já aposentados e futuros em nada contribuíram. Mas que teriam que pagar a conta, em vista de desmandos cometidos em passadas administrações, todas sob o comando do mesmo partido, que não pode atirar pedra sobre os administradores anteriores, pois as atirariam sobre seu próprio telhado.
Três questões, hoje, angustiam: a forma como a saúde é tratada, o sentimento de que estamos num país onde impera a insegurança, e a sensação de que, pensar em aposentadoria, é definhar longe de garantias e retribuição que este tempo deveria ter.
Algumas profissões, entre elas a de professor, que hoje exerço, são de alto desgaste, fazendo com que, relativamente cedo, recorra-se a medicações, especialmente para a pressão arterial, colesterol, ansiedade e depressão. Nada mais justo do que, passado o tempo em que foi cumprido o que o governo pediu – 35 anos de atividade comprovada – se possa “descansar em paz”. Infelizmente, a expressão tem se concretizado para um bom número que, não contando com retribuição adequada, morre cedo.
Aposentado vota, tem tempo para ficar atento àqueles que agem contra seus interesses e pode fazer campanha. Da presidente, que manobra por interesses não esclarecidos, passando pelo candidato a prefeito e chegando ao vereador que apóia estas ações, é hora de dar um basta. Aposentado, mas não morto: tem direito à dignidade de viver a terceira idade com o fruto de seu trabalho e não com propostas assistencialistas que rendem votos dos incautos, mas não daqueles que, hoje, sentem na pele a insensibilidade de governos que pensam em cifrões, mas não em saúde, segurança, educação e.... aposentadoria.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Corredores da lembrança

Teus primeiros passos,
teus primeiros tombos,
tuas primeiras lágrimas.
Hoje, apenas lembrança,
mas um tempo em que não desgrudávamos.
Precisava te olhar, tocar, acariciar,
mesmo quando dormias o sono dos anjos.
Um anjo pequenino e rebelde
que exigia presença, atenção, cumplicidade.
Hoje, trilhas teus caminhos,
cumpres com a tua vida.
Mas de um não tão distante passado,
ainda sinto o cheiro de tua roupa,
a busca com o olhar para sentir proteção,
a mão carinhosa que desenhava meu rosto
e se escondia por entre meus cabelos.
Crescer é um tempo necessário,
mas que judia bastante de todos nós.
Pelos corredores da lembrança,
ficam risos, vozes, barulhos
que a vida se encarrega de ir apagando,
sorrateira e lentamente.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Hospital, terceiro dia, a alta.

Descansadinha básica na quarta pela manhã. Começando a curtir um chimarrão (lembranças da minha amiga Rosane Pinheiro Krüger Feijó, que sempre posta do seu amor pelo chima), quando chega o telefonema da alta da dona França.
Refazer o caminho, agora em direção à casa, é, praticamente, fazer uma mudança: gradativamente, vai-se acumulando material de cama, para refeições, de higiene, roupas limpas e para lavar. Já providenciando lavagem de edredons, pensando em aproveitar o solzinho para que tudo esteja devidamente limpo e livre de vírus.
Entregar o último documento de alta na portaria é refazer rotinas. Voltando para a casa, a noção de que a vida continua e cada um tem que pensar em viver seu quotidiano e, paralelamente, encontrar novas formas de fazer o paciente encontrar sentido na vida, especialmente pelo carinho que é compartilhado.
São os telefonemas, as visitas, os retornos das redes sociais. Mas, repetindo o que disse ontem, e que me emocionou quando muita gente compartilhou do mesmo sentimento: "renovar a esperança de que mais dia menos dia a gente volta pra casa, pra vidinha pacata de quem quer apenas receber os amigos, colocar água nas plantas ou fazer e partilhar um bom e generoso almoço".

terça-feira, 24 de julho de 2012

Hospital, segundo dia.

A dona França está boa de cama: dorme durante todo o tempo. Precisamos acordá-la para as coisas mais simples: café da tarde, janta, gelatina, pequenas conversas e visitas. No mais, é aprender que pequenas coisas auxiliam na vida funcional de alguém que precisa de cuidados.
Para alguém deitado, dar água, café ou chá é um dos grandes tormentos. "Pois seus problemas acabaram". Um copo com um canudo sanfonado permite que não se derrame nenhum líquido e, ainda, é higiênico, porque o mesmo orifício que permite a entrada de ar, depois de usado, é tampado pelo próprio canudo.
Nos últimos anos, tenho sido usuário/acompanhante em diversos hospitais e fui vendo a evolução em pequenos detalhes que acabam fazendo a diferença: para a mobilidade, além de diversos tipos de bengalas, os andadores, cadeiras (comum e de banho); os recursos para alimentação, que tornam passada a expressão "comida de hospital", como algo sem sabor e sem graça; os recursos de higiene, começando pelas próprias fraldas, que hoje já não são apenas geriátricas ou infantis, mas, em alguns casos, de uso em qualquer pessoa.
Por outro lado, o efeito bomba que se tornou cada hospital: o receio por vírus de todos os tipos e transmitidos de diversas formas. Em cada roda de conversa entre visitantes, sempre há uma história cabeluda para contar de alguém que contraiu alguma enfermidade cuidando de paciente, ou de paciente que, ao voltar para casa, trouxe junto algo mais do que levou.
Como diz a Neida (nossa secretária do lar), é um tempo que não passa. Plantão por uma pessoa doente exige paciência e, quando se está para perdê-la, renovar a esperança de que mais dia menos dia a gente volta pra casa, pra vidinha pacata de quem quer apenas receber os amigos, colocar água nas plantas ou fazer e partilhar um bom e generoso almoço.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Hospital, primeiro dia.

Ontem, passei a tarde na Santa Casa, com a dona França (minha mãe). Depois deste andaço de diarreia, coitada passa o tempo dormindo. Para esperar a hora da cuidadora da noite, é ler jornal, um bom livro e conversar com a cuidadora da outra paciente, com seus 91 anos, mas ainda lépida e fagueira, apesar dos seus 91 anos.
Infelizmente, surda, depende da filha para repetir o que lhe é dito, quando se está longe. Figuraça, num primeiro momento, perguntou se eu era o marido da paciente. Pedi que a filha repetisse que a paciente era uma rica fazendeira e que eu a explorava. Ficou com olhos bem abertos me olhando, até que se disse que era brincadeira.
Depois, quando outras duas filhas chegaram, fez um relatório do que tinha acontecido: "a mulher da outra cama fica só dormindo e o homem só lendo". Novas risadas e a cumplicidade das três filhas para situá-la no hospital, já que, em casa, não admite que ela vá dormir por primeiro: tem que passar por todos os quartos e encontrar a luz apagada. Só então, missão cumprida, vai dormir.
No nosso caso, hoje, dia de exames, mas já reidratada, dona França apresenta um quadro melhor. Ontem à noite, quando conversava com minha irmã, a Leonice, e o Roberto, meu cunhado, nos dávamos conta de que em tempos assim não há como fazer longos planejamentos, é viver o hoje e torcer para que o vivamos com intensidade pequenos momentos de felicidade.

domingo, 22 de julho de 2012

Envelhecer

Teu olhar, sempre intenso, hoje está apagado.
Mesmo teu sorriso é cansado, judiado pelo tempo.
Tomar tuas mãos entre as minhas é um
pouco do calor de vida que teimo em procurar em ti.

O tempo deixa, para além das marcas,
sulcos profundos em nossas relações.
Amadurecemos mais na esperança de poder,
a cada dia, renovar a cumplicidade pela vida.

Embora tua inteligência se mantenha ativa,
o corpo já não obedece a vida que te propusestes.
O infinito tenta se libertar do finito.
Mas não libera nossos laços, que se mantêm
mesmo quando apenas um fio de vida te prende a nós.

sábado, 21 de julho de 2012

Amigos de grupo jovem

Fui falar sobre amigos com os quais convivi no Seminário e bateu uma enxurrada de mensagens a respeito do Grupo de Jovens Em Busca de Um Novo Sol, que tivemos na Paróquia Santa Teresinha, até meados da década de 80. Verdade, também um bom tempo, que ainda hoje guardo saudade, mas com os quais, ao menos alguns, ainda encontro, como a Lucinha, Pininha, Reinaldo, Jorge, Toninho.
Muitos outros pelas redes sociais, como o Almir, o Aldir e mais alguns. De outros, apenas notícias, como da Daisa, Ilda e outros.
Ficamos famosos pelas festinhas de final de semana, no salãozinho da paróquia, sempre findando pela 1 hora, já que havia a Missa das 10 horas de domingo onde deveríamos estar presente. Mas também haviam as excursões, para as quais guardávamos dinheiro de muitos eventos, inclusive as bancas de bebidas e comidas na Semana da Pátria, na avenida Bento Gonçalves.
Lembrando da Bento, que já era point de encontro de jovens, um dos grandes programas era ser "roubado" do Seminário na noite de sábado para junto com todos, em cima de um caminhão dirigido pelo Geraldo, levar o chimarrão para zoar com os outros, pois ainda não era bebida da moda. Emoção das emoções, quando o Geraldo cruzava o caminhão entre a avenida e a Andrade Neves. Parava por qualquer motivo e sempre tinha uma buzina sendo acionada. O Geraldo ameaçava dar uma ré e era um pânico só!
Muito aprendi, muito colaborei, muito compartilhei. Além do ser igreja, aprendemos solidariedade e a enfrentar juntos problemas familiares, de formação pessoal, ou, até em procurar emprego para colegas.
De fato, reviver este tempo tem um doce sabor de algo que foi bem vivido, com o desejo de que os jovens, hoje, possam partilhar e compartilhas momentos que façam de suas vidas um sentido e um estímulo para o futuro.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Amigos de hoje e de ontem

Falar dos amigos de agora, possivelmente cometa alguma injustiça. Então vou lembrar de um tempo muito feliz que vivi no Seminário Diocesano, onde passei minha adolescência e parte da minha juventude. Lá criei amizades que relembro até hoje, mas dos quais não restou o convívio com nenhum.
O João Carlos veio da Serra e tornou-se um parceiraço. De Canguçú, três irmãos importantes: José Milton, José Dari e Nelci. De São Lourenço, o Cláudio. De Jaguarão, o José Carlos. E a lista se estenderia por dezenas de nomes que conviveram comigo ao longo de uma dezena de anos, incluindo o Gomercindo, o Pedrinho, os padres Guerino, Olavo, Cláudio e Palmor.
Tempos em que fazíamos confidências em que se amadurece na vida e vai se descobrindo que deixar de ser criança tem lá os seus percalços. Mas crescemos, "adultos" cada um seguiria seu rumo, com a certeza do aprendizado que a amizade faz e que o esforço de nossos mestres nos deixaram marcas para o resto de nossas vidas.
Ter sido seminarista é uma marca. Ter convivido com estas figuras, a cada lembrança, deixa um gosto estranho na boca, como um tempo inacabado, mas que fechou um ciclo para nunca mais ser esquecido.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Dos tempos de minha infância

Tenho muitas e boas lembranças do meu tempo de infância.  Viemos de Canguçú diretamente para a Vila Silveira (em Pelotas/RS), de onde somente sai para o Seminário Diocesano, aos 11 anos, e onde fiquei por quase 12 anos. Depois, saí mais uma vez quando morei durante um ano em Porto Alegre.
Mas ainda lembro da vila como vila, mesmo: apenas o traçado de uma estrada, por onde passavam, especialmente, os trabalhadores que iam em direção a duas olarias. Moradores se revezavam em sediar os jogos de carta, única diversão de uma população que não tinha luz elétrica, água canalizada e saneamento básico.
Quebrei a perna direita duas vezes. No primeiro caso, foi mais simples: apenas gesso até o joelho. No entanto, na segunda vez, a fratura foi acima do joelho e, pela precariedade de então, o gesso saia do pé e chegava à cintura.
Para uma criança de 9 anos, era uma dura realidade. Isto se não fosse a criatividade de meu pai, junto com alguns vizinhos: criaram a bicicama - mistura de bicicleta (utilizando as duas rodas) e uma cama encaixada, com suportes para não cair.
"Motoristas" não faltavam e eu zunia de um extremo ao outro da rua, sempre com um bando de moleques que se divertiam com a novidade. Claro que não faltaram tombos, escoriações e reprimendas dos adultos.
Mas a gente viva intensamente aquele tempo. Embora a área fosse pobre, tínhamos "cuidadores" em cada uma das casas por onde passávamos. Foi-se o tempo, ficou a certeza de que, quem viveu aqueles momentos, não os esquece, mas apenas sorri quando lhe volta a lembrança.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Para ser feliz


Hoje tivemos que pedir atendimento da Unimed para a dona França - minha mãe. Desidratada e com diarréia, teve um atendimento nota 10. Os garotos foram atenciosos, profissionais e carinhosos. Depois ela disse para uma amiga que já estava na hora de partir porque estava dando muito trabalho. Tenho estado ao seu lado todos os dias destes últimos anos e, como já disse, não julgo que seja um fardo. Pra ela, disse que lutava pela sua vida, porque era importante para mim. Mas que a sua partida não era algo do meu alcance porque tinha que ser um acerto dela com Deus.
Postando no Facebook, lembrei de um tempo em que tomávamos nosso chimarrão das 10 horas numa área onde estavam meu pai, mãe, minha irmã e meus sobrinhos. Compartilhávamos da leitura dos jornais e das fofocas do dia a dia. Hoje, restamos minha mãe e eu. Ela já pouco chimarrão toma. Mas o sabor daqueles momentos não tem como ser esquecido.
Estas pequenas coisas dão sentido à vida: a gente luta e se apega a ela porque ainda quer compartilhar momentos, reviver emoções e não deixar que se percam instantes que marcam nossas lembranças.
Quando conto estas coisas, compartilho as experiências vividas sinto o prazer de quem mostra a outras pessoas que para ser feliz não é preciso muito. Alguém me dizia que não conseguia ser feliz. Mostrei a ela que, na relação com três pessoas, ela tinha problema com uma e era adorada pelas outras duas. Então, ser feliz é uma opção que se faz, quando se exige menos e procura dar mais.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Sofredores Anônimos da Vila Silveira

Socorro 1
Sou morador da rua João Jacob Bainy,266 (Vila Silveira, em Pelotas/RS),
e liguei há um mês para Secretaria de Serviços Urbanos 
pedindo orientação sobre como proceder para a poda de
árvores no pátio da residência. Fui orientado a fazer a poda e
colocar o material na calçada, que seria incluído num roteiro de
recolhimento de entulhos.

Socorro 2
Passado um mês, o material já está se deteriorando e nada do pessoal da
Secretaria. No entanto, entupiram os esgotos que recolhem material da Vila
Silveira e condomínios adjacentes. "Técnicos" fizeram os devidos
buracos, inclusive, a limpeza do esgoto na minha residência e constataram
que parte do material podado tinha entupido os esgotos.

Socorro 3
Nova ligação para a Secretaria de Serviços Urbanos contando o
acontecido, com promessas de providências que ainda não aconteceram.
Surpresa: no final de semana depois do trabalho dos 
"técnicos do Serviço de Saneamento"",
choveu e os esgotos ficaram, novamente, transbordando, sem que as folhas
tivessem novamente ido naquela direção.

Socorro 4
Ainda com o problema existente, por diversas vezes, 
equipes do Serviço de Saneamento
passaram pelo local, vendo o acontecido mas tinham outra missão: colocar
o asfalto sobre os buracos que fizeram ou uma placa num buraco recém aberto. 
Perguntas que não querem calar:
se ainda há entupimento e foi feita a limpeza residencial, não é óbvio
que algo de errado foi feito no leito da rua? Então não seria mais
prudente encontrar o problema antes de colocar o asfalto?

Socorro 5
Mais engraçado, uma equipe do Serviço de Saneamento veio e colocou 
uma placa onde há um
afundamento em esgoto na rua. Outra veio e colocou asfalto sobre um buraco
passado, praticamente, ao lado. No mínimo, surreal.
Pedimos socorro, que pena, a Vila Silveira e a cidade há muito tempo não
passavam por tantos problemas que a administração pública parece incompetente ou
sendo boicotada por quem deveria fazer os serviços. 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Futebol: da máfia à alegria do povo


Na semana passada o que era apenas cheiro ruim, escorregou e se tornou público: a Federação Internacional de Futebol reconheceu o que sempre se soube e nunca foi devidamente enfrentado, que há corrupção em seus quadros, assim como nas Federações de alguns países, inclusive o Brasil, com ênfase na América Latina e África.
O que movimentou incomodados foi que o atual presidente, Joseph Blatter, depois de afirmar como “normal” o esquema de propinas para figuras como João Havelange e Ricardo Teixeira (o primeiro foi presidente da Federação Internacional e o segundo até recentemente da Nacional), ainda girou a metralhadora contra europeus, sugerindo que a Alemanha comprou a oportunidade de sediar a Copa do Mundo de Futebol.
Em sua defesa, foi adiante, dizendo que, mais do que “normal”, o expediente de propina é corriqueiro nos dois continentes. Passou quase uma semana e, pelo que vejo, ouço e leio, não houve nenhuma manifestação mais contundente em contrário.
Sendo verdade, estamos todos no mesmo saco: somos corruptos e corruptores. Verdade? Não. É impressionante como se joga na lama a honra de pessoas que passaram a vida inteira trabalhando e, muitas vezes, no final, recebem minguadas aposentadorias. Enquanto isto, quem consegue percorrer os corredores do poder dá um jeito para que seus benefícios sejam permanentes, invadindo máquinas públicas, esportivas etc.
A oportunidade é muito boa para separar o joio do trigo. A imprensa internacional fala, inclusive, em favorecimentos comprados para a transmissão por televisão da Copa do Mundo. Está aí um bom motivo para que Judiciário e Legislativo entrem na briga para investigar o que realmente aconteceu.
O que se passa no Brasil, todo mundo sabe e fecha os olhos por conveniência. Inclusive, que tais organizações obrigam clubes e federações estaduais a cumprir suas normas, acima das regras da legislação nacional. Este é um momento para mostrar que a luta contra a corrupção no país pode ser difícil, mas não é impossível, inclusive para transformar o futebol naquilo que realmente é: um esporte para a alegria do povo e não um espaço onde máfias realizam seus crimes.

domingo, 8 de julho de 2012

Viagem

Meus amigos, passo dois dias em Porto Alegre. Volto a postar na quinta. Abraços.

O dedo de Deus


Dos textos já publicados.
A árvore está sempre ali. De longe, posso ver suas folhas abanando. Abençoa quando eu passo. E ondula, numa suave despedida, quando o vislumbro ao longe. Durante o inverno, seus braços desnudos têm uma majestade inconteste. Durante a Primavera, seus brotos começam a projetar a sombra que lhe dá ainda maior aconchego.
Sempre a pensei como o dedo de Deus. Porque era uma árvore que não se estendia em linha reta em direção ao céu. Pelo contrário, levemente inclinada, dava a ideia de que indicava, muito mais do que impunha um caminho.
Tive este pensamento religioso quando vi uma outra cena, na mesma avenida dom Joaquim: um rosário. E um rosto. Serenamente triste. Esta era a imagem que me ficava quando, nas minhas caminhadas matinais, passava por aquela senhora, que andava sempre no sentido contrário ao meu, já vergada pelo tempo, olhos baixos, um rosário na mão e um balbucio nos lábios.
O que me dizia? Simples. Que aquela forma de oração, em que se repetem pai-nossos e ave-marias, era o momento em que, mesmo caminhando, a fazia mais próxima do seu Deus.
Quantas angústias, quantos problemas, eram deixados de lado, ou melhor, eram celebrados naquele momento?
Não creio que, nas vezes em que rezo o terço, ele tenha a força daquele olhar que é capar de serenar, mesmo na tristeza. Porque me diz que ali está alguém que vive um momento triste, mas não é de um ser triste.
No andar de minha caminhada, rezei por aquela desconhecida. E senti que ela passou a reconhecer-me: levantava os olhos e dava um bom-dia. Deus sabe o quanto alguma energia positiva, vinda de alguém que se faz cúmplice num momento de dor, é capaz de auxiliar, como o bálsamo, a doer menos e, até, ajudar a cicatrizar feridas.
E, no mesmo caminho, duas indicações sempre foram capazes de renovar minha vontade de rezar: o dedo de Deus, carinhoso, mas presente em minhas andanças; e uma presença orante dizendo que não importa o quanto as vicissitudes da vida parecem nos soterrar, há uma esperança. Na oração. Na presença. No ser, solidário. E com Deus.

sábado, 7 de julho de 2012

Redescobrir Jesus

Jesus, confesso, nunca procurei por teu rosto.
Sempre entendi que estavas em mim, no outro,
no dia a dia que exige compromisso com o ajudar a viver.

Cabelos louros, olhos azuis, porte atlético.
Nada disso representa o que faz com que
meu coração se encha de alegria por viver a tua fé.

Confesso que os rituais onde o povo busca o sagrado,
muitas vezes, passa ao lado da fé e somente faz religião.
É então que fecho os olhos e volto a Belém, Nazaré, Jerusalém.

O homem que percorreu estes caminhos queria muito mais.
Provocador. Cheio de deboche. Pleno de alegria e de amor.
A história que a própria História não consegue apagar.
Mas que pede a volta às origens. Aos tempos em que
o mais importante era saber o que os outros pensavam:
"vede como eles se amam".

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Depois de 200 anos

Quem reclamava da falta de chuva em Pelotas tem que estar contente. Nos últimos dias, Pelotas vestiu seu melhor jeito de ser Inverno: frio, chuva, umidade do ar chegando ao gosto de peixinhos de aquário. Alguém brincou e depois espalharam como se verdade fosse que Pelotas é a segunda cidade mais úmida do Mundo. Perdendo apenas para Londres.
Mas é um lugar bom de se viver: aqui, tudo é que nem no Brasil, sempre "potência". Especialmente quando chegamos aos 200 anos, desde a criação da Freguesia de São Francisco de Paula. Hoje, o Santo ficou restrito a um Seminário, uma avenida, um cemitério e uma creche. No demais, os políticos contrários aos bispos de então, conseguiram buscar um outro nome - Pelotas - vindo do termo "pelota", embarcação onde se transportava o charque desde as beiras do arroio Pelotas, até o porto, de onde era enviado para todo o país.
Depois de um período onde se viveu "deitado em berço esplêndido", cujo auge foi a existência do Banco Pelotense - fechado por Getúlio Vargas - passamos por um tempo em que comemos o "pão que o Diabo amassou".
Hoje, há sinais de que a "potência" pode ser realidade. No entanto, a pujança financeira precisa ser socializada e chegar àqueles que mantêm e azeitam as máquinas públicas. Eu, por exemplo, embora não sendo filho de Pelotas, me considero adotado por ela e tenho orgulho - sem desdenhar do meu Canguçu - de dizer que sou "pelotense". Cidadão que agradece a Deus por viver por aqui, mas quer ver este pedaço de Mundo transformado em desenvolvimento, especialmente o desenvolvimento da minha gente, que, depois de 200 anos, somente pede para ser feliz.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

O vazio da palavra

Depois do período de aulas convencionais, vem o tempo das palestras. Fazer quatro palestras na corrida, em dois dias, não é exatamente um problema. Na verdade, a adrenalina corre solta, porque as palestras são pedidas por públicos específicos e interessados. Então, a energia que vem dos diversos grupos alimenta quem teve que preparar, aceita o desafio de apresentar temas e busca a avaliação.
Eu, confesso, depois que termino uma palestra, levo algum tempo para baixar meus batimentos cardíacos. Fico a mil! Mas, depois, a sensação do dever cumprido, também leva a uma sensação de que faltou algo. De fato, o que as palavras disseram não corresponde àquilo que os corações procuraram. Somos eternamente insaciáveis. Então, é deixar que o tempo faça o seu trabalho.
E o que o tempo pode fazer? Os retornos são, quase sempre, pequenas experiências feitas nos ambientes domésticos ou de trabalho, em que as pessoas dizem que passaram a ter um olhar diferente sobre uma mesma realidade. Esta é a transformação. Da qual, quem palestra, é apenas um instrumento. Pois, quem faz a mudança, é a própria pessoa, que deseja mudar. O toque das mudanças sociais não são as grandes mobilizações políticas, mas sim, a consciência de cada um que se deu conta de que precisa mudar.
Quando isto acontece, as palavras ficam vazias. Os sentimentos se expressam na alegria de olhos marejados que abraçam causas e sabem que, na perspectiva do horizonte, está a sofreguidão de buscar no outro o meu sentido de ser completo. A sensação de que o Universos conspira para nos fazer felizes, mas que, seguidamente, para alcançar a própria felicidade, batemos em porta errada.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Cunhadas de Nossa Senhora

As cunhadas de Nossa Senhora, tias de Jesus Cristo - irmãs de São José - me deram a alegria de trabalhar uma tarde e uma manhã os processos de comunicação. Abrimos com Comunicação e Igreja, vendo a relação dos meios com a instituição; continuamos com a comunicação pessoal; passamos pela Igreja e Comunicação, o que a instituição pode fazer com os meios; e chegamos ao que hoje é notícia.
Tenho o costume de levar power points motivacionais. Dois chamaram a atenção: "Pilares", de Miro Saldanha, onde busca nos valores religiosos e sociais o direito de educar os próprios filhos. Mas a minha surpresa ficou por conta de uma Via Sacra - os últimos passos de Jesus antes da morte e ressurreição - em espanhol, mostrando a saga de muitos africanos tentando fugir da fome e das agruras de seus países, mas sendo deportados ou morrendo na tentativa de chegar a outros países ou mesmo à Europa. Ficou melhor ainda porque uma irmã boliviana fez a leitura, com a intensidade que o tema tem.
Mas não é somente no que passam africanos, mas também em muitos países latino-americanos e centro-americanos, além das migrações internas dos países - como vemos de muitos pequenos e pobres municípios em busca de melhores condições de vida e onde, quase sempre, ficam os pais e avós, sedentos por reencontrar pessoas amadas.
O desafio de olhar para todos os migrantes é também o desafio de uma igreja que deveria, mais do que olhar para Roma, olhar para os passos do jovem Galileu que percorreu com seus apóstolos caminhos inóspitos mas nunca deixou faltar um gesto de solidariedade e de compreensão. Minhas novas amigas, se para vocês foi um desafio e restaram muitas perguntas, para mim foi a alegria de ver gente que não se acomoda, como dizia a música que utilizamos: "ando devagar, porque já tive pressa, levo este sorriso, porque já chorei demais". São as marcas que deixamos e aquelas que levamos pelo caminho.