terça-feira, 31 de maio de 2011

Um ensino de encontro às leis

Recebi da Daiane Santos. Vale a pena passar adiante:
 É lamentavel , mas  infelizmente é verdade...
São Leopoldo tem um dos menores índices de analfabetismo e de mendicância do país, talvez por causa de homens como este!
EMPRESÁRIO DE SÃO LEOPOLDO
Silvino Geremia é empresário em São Leopoldo, Estado do Rio Grande do Sul.

 Eis o seu desabafo, publicado na revista EXAME:

"Acabo de descobrir mais um desses absurdos que só servem para atrasar a vida das pessoas que tocam e fazem este país: investir em Educação é contra a lei .

Vocês não acreditam?

Minha empresa, a Geremia, tem 25 anos e fabrica equipamentos para extração de petróleo, um ramo que exige tecnologia de ponta e muita pesquisa.

Disputamos cada pedacinho do mercado com países fortes, como os Estados Unidos e o Canadá.

Só dá para ser competitivo se eu tiver pessoas qualificadas trabalhando comigo.

Com essa preocupação criei, em 1988, um programa que custeia a educação em todos os níveis para qualquer funcionário, seja ele um varredor ou um técnico.

Este ano, um fiscal do INSS visitou a nossa empresa e entendeu que Educação é Salário Indireto.

Exigiu o recolhimento da contribuição social sobre os valores que pagamos aos estabelecimentos de ensino freqüentados por nossos funcionários, acrescidos de juros de mora e multa pelo não recolhimento ao INSS.

Tenho que pagar 26 mil reais à Previdência por promover a educação dos meus funcionários?

Eu honestamente acho que não.

Por isso recorri à Justiça.

Não é pelo valor em si , é porque acho essa tributação um atentado.

Estou revoltado.

Vou continuar não recolhendo um centavo ao INSS, mesmo que eu seja multado 1000 vezes.

O Estado brasileiro está completamente falido.

Mais da metade das crianças que iniciam a 1ª série não conclui o ciclo básico.

A Constituição diz que educação é direito do cidadão e um dever do Estado.

E quem é o Estado?

Somos todos nós.

Se a União não tem recursos e eu tenho, acho que devo pagar a escola dos meus funcionários.

Tudo bem, não estou cobrando nada do Estado.

Mas também não aceito que o Estado me penalize por fazer o que ele não faz.

Se essa  moda pega, empresas que proporcionam cada vez mais benefícios vão recuar..

Não temos mais tempo a perder.

As leis retrógradas, ultrapassadas e em total descompasso com a realidade devem ser revogadas.

A legislação e a mentalidade dos nossos homens públicos devem adequar-se aos novos tempos.

Por favor, deixem quem está fazendo alguma coisa trabalhar em paz.

E vão cobrar de quem desvia dinheiro, de quem sonega impostos, de quem rouba a Previdência, de quem contrata mão-de-obra fria, sem registro algum.

Eu Sou filho de família pobre, de pequenos agricultores, e não tive muito estudo.

Somente consequi completar  o 1º grau aos 22 anos e, com dinheiro ganho no meu primeiro emprego, numa indústria de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, paguei uma escola técnica de eletromecânica.

Cheguei a fazer vestibular e entrar na faculdade, mas nunca terminei o curso de Engenharia Mecânica por falta de tempo.

Eu precisava fazer minha empresa crescer.

Até hoje me emociono quando vejo alguém se formar.

Quis fazer com meus empregados o que gostaria que tivessem feito comigo.

A cada ano cresce o valor que invisto em educação porque muitos funcionários já estão chegando à Universidade.

O fiscal do INSS acredita que estou sujeito a ações judiciais.

Segundo ele, algum empregado que não receba os valores para educação poderá reclamar uma equiparação salarial com o colega que recebe.

Nunca, desde que existe o programa, um funcionário meu entrou na Justiça.

Todos sabem que estudar é uma opção daqueles que têm vontade de crescer...

E quem tem esse sonho pode realizá-lo porque a empresa oferece essa oportunidade.

O empregado pode estudar o que quiser, mesmo que seja Filosofia, que não teria qualquer aproveitamento prático na nossa  Empresa Geremia.

No mínimo, ele trabalhará mais feliz.

Meu sonho de consumo sempre foi uma Mercedes-Benz.

Adiei sua realização várias vezes porque, como cidadão consciente do meu dever social, quis usar meu dinheiro para fazer alguma coisa pelos meus 280 empregados.

Com os valores que gastei no ano passado na educação deles, eu poderia ter comprado Duas Mercedes.

Teria mandado dinheiro para fora do País e não estaria me incomodando com essas leis absurdas .

Mas infelizmente  não consigo fazer isso.

Eu sou um teimoso.

No momento em que o modelo de Estado que faz tudo está sendo questionado, cabe uma outra pergunta.

Quem vai fazer no seu lugar?

Até agora, tem sido a iniciativa privada.

Não conheço, felizmente, muitas empresas que tenham recebido o mesmo tratamento que a Geremia recebeu da Previdência por fazer o que é dever do Estado.

As que foram punidas preferiram se calar e, simplesmente, abandonar seus programas educacionais.

Com esse alerta temo desestimular os que ainda não pagam os estudos de seus funcionários.

Não é o meu objetivo.

Eu, pelo menos, continuarei ousando ser empresário, a despeito de eventuais crises, e não vou parar de investir no meu patrimônio mais precioso:

as pessoas.

Eu sou mesmo teimoso!...

Não  tem  jeito...


"No  futebol, o Brasil ficou entre os 8 melhores do  mundo e todos estão tristes.
Na  educação é o 85º e ninguém  reclama..."
EU  APOIO ESTA TROCA

TROQUE  01 PARLAMENTAR POR 344  PROFESSORES

O  salário de 344 professores que ensinam  = ao  de 1 parlamentar que rouba

Essa  é uma campanha que  vale a pena!

domingo, 29 de maio de 2011

Mais um pouco de sorriso


Nas muitas discussões que tenho a respeito de educação, religião e família, fica apenas uma certeza: crianças não vêm com manual de instrução. Então, é preciso lidar com cada situação de uma forma diferente, tentando entender o que a família conseguiu passar para ela, que influência tem de alguma religião, de que forma se estabeleceram suas relações e o que espera da escola.
Aí começa a dificuldade: a família sente-se desafiada diante de tantos problemas – como conversar com um garoto que tem mais informações que os próprios pais? Como estabelecer limites para o uso da mídia e da internet? Como saber que relação estabelece com grupos da sua idade ou próxima?
O mesmo vai acontecer com a religião, que tem um processo de educação próximo ao da escola e uma capacidade de sedução próxima do zero para repassar uma mensagem com um conteúdo difícil de ser apreendido e uma linguagem longe da sua realidade.
Chega a escola. Educadores sentem-se angustiados e, ao mesmo tempo, desafiados, pois não têm estruturas adequadas, nem formação que vá além do livro, do giz e do quadro. Precisam, antes de ir ao encontro do aluno, confrontar-se consigo mesmo, num questionamento: qual é o meu papel diante de uma geração que enfrentou mudanças bruscas e significativas, como em nenhum outro momento da história?
As experiências que apontam para solução passam pela interação pessoa a pessoa. Alguém que se resolve enquanto pessoa e encontra outra que deseja ajudar a descobrir-se, aperfeiçoar-se e realizar-se. Conversar - olhar e ouvido atentos, posicionar-se ao lado, saber dar e receber carinho. Para o casal, era não abrir mão de que, a cada saída do filho da escola, a reaproximação se desse com um beijo, antes de qualquer outra informação. Para a professora de ensino religioso, a descoberta foi de que precisava falar mais de valores e referências – até de religião - para estabelecer cumplicidade com seus alunos. Mas, que aumentou a empatia em sala de aula foi, além de tentar atender às necessidades das crianças, utilizar um pouco mais de sorriso.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A impunidade diante da lei

O destaque de hoje na imprensa é a condenação e agora prisão de Pimenta Neves, autor confesso da morte da também jornalista Sandra Gomide. A discussão é a respeito da demora para que vá para a cadeia, assim como o tempo que passará por lá.
Foram mais de dez anos de recursos que permitiram a impunidade até aqui. Serão em torno de três anos de cumprimento de pena, de um total de 15 anos de condenação, por artifícios legais. No primeiro caso, o dinheiro compra as diversas formas de retardar a Justiça. No segundo, também por brechas na lei, difícilmente alguém cumpre mais do que 1/6 da pena.
A imprensa reclama da Justiça. A Justiça reclama do Legislativo. E quem assiste a isto tudo fica com a sensação de impotência. Mais. O que se mostra para o cidadão comum é que qualquer um pode fazer o que quiser e, se tiver dinheiro, não vai pagar nada. Ou muito pouco.
Não há aperfeiçoamento do convívio social sem que haja, de fato, formas de se manter quem burla a lei no seu lugar. Isto é, sem castigo para as penas - e castigos severos e não meras desculpas - a sensação de impunidade se alastra.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Humanizar a direção

A manchete do jornal Zero Hora da última segunda destacava que nove entre dez motoristas respeitam as leis do trânsito. Que bom. Imaginem se fosse ao contrário: se 10% fazendo o que fazem já tornam o trânsito caótico, aumentar este número causa até medo.
Emissoras de rádio estão veiculando um slogan interessante: "antes de ser um motorista, você é um pedestre". Perfeito. Se eu quero que cuidem de mim, porque não posso cuidar dos outros? O problema é que o motorista esquece disto e vê no carro o instrumento do machismo. Porque as estatísticas mostram que a grande maior parte dos que morrem no trânsito são homens. E homens jovens?
Infelizmente, embora estes números sejam positivos, o que fala mais alto são as mortes, os traumas, as sequelas deixadas em acidentes, na maior parte causada por excesso de velocidade, a multa disparada nos números levantados.
Consciência e fiscalização têm que andar juntos. Um trânsito mais humano depende da ação de todos. Ser gentil numa faixa de segurança é uma ação que dá prazer. E que também mostra para aquela criança que está atravessando a rua pela mão da mãe o modo certo de dirigir. Na direção não está alguém que precisa mostrar que é "macho", mas que deseja um trânsito mais humano, capaz de dar alegrias num convívio saudável.

domingo, 22 de maio de 2011

Não deixe de sonhar


Porque havia de sonhar o sonho de um,
se os horizontes são os mesmos,
se as estrelas luzem para todos,
se a esperança entrelaça corações?

Se eu sonhar
- e vou sonhar -
Ele terá o tamanho
da humanidade.

Capaz de reanimar
até aqueles
que perderam o horizonte,
que não vêem as estrelas,
que deixaram morrer o sopro em seus corações.

É um minuto mágico,
o do sonho.
Em que o silêncio
compartilha mistérios
e,estendendo mãos,
pede que a humanidade
não deixe de sonhar.

sábado, 21 de maio de 2011

Por onde andam teus pensamentos?


Quando teus olhos
pararam fitando lugar algum,
senti que
partia um pouco de ti.

Teu sorriso, mesmo que continuasse envolvente,
já não era o mesmo:
havia uma marca do tempo e da dor.

Nos momentos em que teu espírito
deixava teu corpo,
tornavas mais claros os teus sentimentos.

Se as lembranças eram de alegria,
tua expressão era serena,
água límpida de um lago em final de tarde.

Se as lembranças eram de dor,
havia um ritual que contorcia
os traços de teu rosto.

Nunca pude partilhar
de teus sentimentos.
Mas sabes que fui solidário com
cada uma das expressões que marcavam tua face.
E queria-te de volta,
mesmo que teus sentimentos tivessem esculpido
mais uma ruga em teu rosto.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Tire a poeira de Jesus


Se eu lhe dissesse: pense uma imagem para Jesus? O que responderia? Possivelmente, pensasse nestas imagens que se vêem nas igrejas, muito bem intencionadas, mas absolutamente equivocadas. Estudos de hoje comprovam que, para ter vivido onde viveu e da forma como viveu, Jesus teria um biótipo negróide, sem os longos cabelos louros, ou os seus cachinhos correspondentes, imagem que nos vem da ocidentalização do Cristianismo.
Nossa petulância é tão grande que não vemos coisas bem simples: diferentes raças fazem diferentes representações de Jesus. Os asiáticos dão uma puxadinha nos olhos; os africanos, uma tostadinha na pele; os indígenas um traçado mais para bugre. Algum deles deixa de ser Jesus? Não.
Estou preparando uma palestra com um título muito singelo: “Tire a poeira de Jesus”. O primeiro olhar é de absoluta desconfiança. “Brincadeira”. Pois sinto dizer que não é brincadeira, não. É sério. Dois mil anos de história depositaram uma senhora camada de poeira sobre esta que é uma das figuras mais fantástica da história da humanidade.
No entanto, nossos religiosos cristãos – de todas as confissões – foram fazendo um Cristo a sua imagem e semelhança. Ficou lá no fundo da história, nos recantos de Jerusalém, aquele homem forte, desafiador, bem-humorado, capaz de tiradas que deixavam seus adversários sem fôlego!
Augusto Cury diz que não é religioso, mas respeita e admira a figura histórica de Jesus. Seu olhar por sobre as Escrituras nos atordoa, porque mostra que poderíamos viver e fazer muito mais se fôssemos capazes de aceitar verdadeiramente o homem que diz: “eu sou o caminho, a verdade, a vida”.
Tire a poeira de Jesus. Não é apenas uma provocação, é apontar uma perspectiva. Depois de dois mil anos, há espaço para uma redescoberta desafiadora, não importando a raça, a cor da pele ou a própria religião. Jesus era um homem de fé. E foi exatamente a fé que depositou no Pai que levou a dizer: “Em tuas mãos entrego o meu espírito”. E não se arrependeu.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Na mesma onda

Depois de um longo período afastado de palestras e atividades com grupos, que não seja em sala de aula, tenho a alegria de ser convidado para atividades em áreas mais diversas, como o ensino religioso, ensino público, comunidades, grupos organizados. Meu próximo desafio é conversar com pais e professores do Colégio São Francisco de Assis, sobre Comunicação e Família.
Literalmente, tudo a ver. Não sei se faço bem, mas não tenho me furtado a discutir este assunto, entendendo que se pudermos compreender melhor a história de uma criança/jovem, mais facilmente poderemos auxiliá-la na sua realização pessoal e profissional.
Então, é partir para o abraço, aceitar e tentar entender, junto com eles, o que está acontecendo: até onde vai a responsabilidade de cada um, inclusive da comunicação.
Creio que se atribui à comunicação um milagre que ela não faz, assim como se olha para a família pedindo mais do que ela, hoje, é capaz de fazer. Claro que a mídia seduz, encanta, e facilmente uma criança/jovem fica à frente de uma televisão ou de um computador muito mais tempo do que deveria. Por outro lado, também é verdade que hoje encontramos pouco tempo para que esta mesma criança fique em família.
As chamadas "babás eletrônicas" somente o são porque um dia se descobriu que crianças e idosos com uma certa facilidade se desarmam e gastam um tempo infindo à sua frente. O mesmo tempo que nos sentimos liberados para "outras coisas". Elas fazem o papel que nós - educadores, pais, religiosos - deveríamos estar fazendo.
"Comunicação e família". Um tema para ser discutido pelos comunicadores, educadores, pais, religiosos, vizinhos, amigos, papagaio ...
Todos são co-responsáveis. Todos embarcam na mesma onda. E a onda que dá praia é aquela que nos ajuda a recolocar a criança no centro das atenções e fazer com que gastemos com ela o tempo necesário para que ela se sinta amada, acolhida, valorizada.Gastar tempo. Uma receita simples, mas tão difícil de acontecer no dia a dia.

terça-feira, 17 de maio de 2011

A comunicação que muda

No sábado, conversei com o pessoal que atua na Catequese, em nível de diocese da Igreja Católica de Pelotas. Tratei da comunicação pessoal, aquela que inicia no silêncio - oração, reflexão, leitura, ouvir boa música, ou apenas um inestimável espaço de sanidade mental.
Conversa vai, conversa vem, e apliquei uma técnica de aproximação que consiste em fazer com que as pessoas caminhem pela sala, "se namorem", e conversem com pessoas que têm menos aproximação. Devem poder apresentar a companhia, mas não só, também registrar algo que lhes chamou a atenção.
Este é o segundo passo: depois do silêncio, a capacidade de ouvir. Para somente depois falar. Grandes e agradáveis surpresas. Além de alguns depoimentos emocionados, também a afetivade de muitos que ficaram todo o tempo abraçados, como para mostrar o estreitamento das relações que aconteceu.
Os próximos passos serão dados com a comunicação de grupo e a utilização de recursos de comunicação. Mas valeu encontrar velhos conhecidos que, disseram, se reciclaram durante a nossa conversa. Que assim seja: a comunicação é um meio para que possamos trabalhar melhor, mas também um jeito de tornar mais humano este nosso dia a dia cada vez mais difícil.

domingo, 15 de maio de 2011

Uma esperança na educação

Pesquisas têm comprovado que uma criança, até cerca de nove anos, forma o seu caráter, com seus princípios éticos e morais, estabelecendo valores e referências. Pensando nisto, tenho participado de palestras em escolas e atividades de catequese em igrejas cristãs, onde os professores mostram que é exatamente assim, sendo necessária uma grande atenção, pois se, no geral, há um bom encaminhamento, o que preocupa acaba sendo as exceções.
Os educadores reforçam a necessidade de acompanhamento integral da criança, não apenas naquilo que é o aprendizado convencional, mas também em como vem da família, seus humores, como se comporta no recreio, o que transfere daquilo que vivencia fora para as suas relações em sala de aula.
Também é visível que a sala de aula não tem como concorrer com a mídia, pois os recursos colocados à disposição não se comparam aos shows de imagens que as crianças têm em casa, diante do seu televisor, com o seu programa preferido. Então, é preciso ter criatividade, especialmente naquilo que mexe com a sensibilidade, com a segurança e lidar com práticas dentro da sua realidade. A aprendizagem é dificultada para aqueles que não estão em escolas particulares, vendo no seu futuro uma incógnita.
Os momentos de diversão são privilegiados para conhecer e aperfeiçoar o caráter. O recreio com suas brincadeiras - até as mais tradicionais - é um local ímpar para exercitar o cumprimento de normas, as relações sociais e afetivas, o exercício da disponibilidade.
Vejo muitos educadores preocupados – e com razão – mas que não abrem mão de deixarem marcas em seus educandos. Sabem que a situação nas famílias é difícil, em muitos casos; que o meio social joga contra, e que vêem na escola uma luz, capaz de lhe dar alguma esperança. É o que pode reverter o que vivemos hoje: uma criança é apenas uma criança. Lutar para que também tenha o direito de se realizar como cidadão não é um prêmio, mas sim um direito. Pelo qual todos nós devemos lutar.

O desejo longe de minhas mãos


Em meus sonhos,
sempre vens radiante,
cabelos embalados
pela brisa,
dançando ao murmúrio do mar.

A leveza de teu sorriso
cingia-se
com um adorno de flores
e o trilar dos pássaros.

Era a perfeição.

Teu corpo envolvido
por roupas de luz,
que farfalhavam no prazer
de se aconchegar
aos teus seios e por eles serem afastados
com seu movimento.

Mas, ao acordar,
sempre resta
a sensação de que
as mãos, em ânsia,
não podem alcançar-te.
E aconchegar-te ao meu corpo.

O momento em que a realidade
Fica distante da perfeição.

sábado, 7 de maio de 2011

A rede que realiza o homem


Nas muitas discussões em grupos e em sala de aula, nos últimos tempos, uma pauta tem sido preocupante: embora as redes sociais – Orkut, facebook, twitter, por exemplo - sejam capazes de nos manter bem informados, estamos ficando sem atitudes. Indignamos-nos diante do que acontece no Mundo, mas pouco ou nada fazemos.
Os meios de comunicação – a internet aí incluída – concretizaram a tão sonhada “janela” sobre o Mundo: temos em nossas casas – hoje não apenas na sala, mas distribuída pela casa – uma variedade de equipamentos que nos alertam para o tempo que vai estar na rua; as mensagens que passamos ou recebemos de pessoas próximas ou distantes; até o entretenimento, que nos pega desprevenidos, no sofá preferido.
A portabilidade de acessórios leva a não distinguir mais os diversos momentos do dia: por um celular ou um computador portátil, “trabalha-se” 24 horas por dia. O acúmulo do stress não é sentido, mas está presente porque se está disponível em tempo integral. Podem dizer que muitas informações chegam porque as redes dispuseram antes; que manifestações coletivas tiveram um precioso aliado de mobilização; que problemas sociais tiveram a sensibilidade e a solidariedade popular porque ali foram contadas.
Mas esta não é a regra, é a exceção. Volto a dizer: este pode ser um belo espaço para demonstrar a indignação, mas, na maior parte dos casos, parece que satisfaz uma necessidade básica de dizer, mas não de fazer. Gosto muito de atividades de comunicação que despertam para o social, especialmente quando os alunos têm que sentir “cheiro de gente”, indo à rua em busca de fontes que não se encontram em estruturas climatizadas e com conhecimento prévio do que podem responder.
Esta é a direção: meios que favorecem o conhecimento, a informação e o entretenimento são bem vindos. Mas são exatamente o que a palavra diz: “meios”, não podem ser um fim, em si. O fim é exatamente ser instrumento na realização de um homem que busca, para além do meio, outro homem para se completar, conviver e se sentir solidário: uma rede que realize o homem.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Democracia relativa

Quase ao final da ditadura militar que vivemos no Brasil até a década de 80, cunhou-se a expressão "democracia relativa". É mais ou menos que nem a presidente Dilma com o seu resfriado. Ou é ou não é, não existe meio termo.
Pois o pior é que o senhor Obama (confundido por alguns jornalistas com o próprio Osama) conseguiu ir além: conseguiu achar explicação para a tortura, que, se exercida em nome da democracia, "pode".
Fiquei de queixo caido. Afinal, conseguiu ficar ao mesmo nível do presidente Bush, que achou uma justificativa adequada para invadir o Iraque: a existência de armas químicas. Que até agora não foram descobertas.
Mas justificar a tortura, mesmo que não física, "apenas" psicológica, é fazer o discurso do deboche. Quem está sendo torturado não sabe até que nível chega a "brincadeira". E se a explicação vale para um lado, porque não vale para o outro?
Infelizmente, os crimes da guerra ultrapassam os partidos e as instituições. Claro que o Osama deveria ser julgado e condenado. Mas porque o senhor Bush também não? E quem disse que os Estados Unidos são os senhores do Mundo para entrar onde querem e eliminar quem querem?
Os Estados Unidos têm fama de descartar quem já foi seu aliado e voltou-se contra a mão daquele que o alimentou. Muitas são as ditaduras ao redor do Mundo que tiveram a bênção dos americanos e, mais tarde, por eles foram perseguidos.
Conveniência. Apenas isto. Enquanto serve, faça o que quiser. Quando não serve mais, elimina-se. É ou não é uma democracia relativa?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O desafio de Maria


Mês de maio reúne uma série de momentos marcantes para a mulher: mês das noivas, de Nossa Senhora, Dia das Mães e Dia Internacional da Família – da qual é o esteio - entre outros. Ficou de fora o Dia Internacional da Mulher, em março. Hoje, reivindica seu justo lugar na sociedade – que já vem alcançando, mesmo que ainda não tenha o retorno financeiro que os homens conseguem – trabalhando sua identidade, para que não seja apenas uma mulher que se masculinizou.
Buscar em Maria referências é olhar o desafio da história. O primeiro sinal vem da gestação de Jesus. Vivemos um tempo em que conceber é normal, com a presença de um pai, ou não. Para aquele momento histórico, significava o apedrejamento da mulher grávida, pois ainda não casada com José. O projeto de Deus teria sido abortado, se as leis humanas fossem respeitadas. Maria desafia preceitos, amparada pela sabedoria Divina e com a cumplicidade presente de José.
Segundo momento: as Bodas de Canaã. Falta vinho. Maria é solidária com aqueles que vão passar um vexame. Provoca em Jesus seu primeiro milagre, com um diálogo curioso, cheio de afeto e provocação: Maria: “eles não têm vinho”. Jesus: “Mulher, não é chegada minha hora”. Maria, aos empregados: “Façam tudo o que ele vos disser”.
Ao pé da cruz, o momento máximo da entrega. Não é da natureza humana que os pais enterrem seus filhos, mas que os filhos enterrem seus pais. Maria fez mais: sacrificou seu filho pela causa que acompanhou durante três anos de vida pública e 30 de vida em comum, no desenvolvimento físico, afetivo, psicológico e religioso, daquele filho que lhe era muito especial, mas que ela sabia não ser apenas seu.
Momentos da vida de Maria desafiam as mulheres a uma nova identidade: a sociedade não ficou melhor por ser masculina, mas também não precisa ser feminista. Precisa de pessoas que desafiem preconceitos, falsos moralismos, equívocos religiosos. Criem uma sociedade solidária, onde o mais importante seja a busca incansável pela felicidade e realização pessoal: grande marca de Maria. E de seu filho Jesus.