segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Uma postura diante da vida

Quando estamos nos preparando para entrar no ar, pelo “UCPel Notícias”, é comum que um dos técnicos das câmeras – Tiago, Roberto ou Marcelo – peça: “fulano, postura”. É a forma de chamar a atenção para um possível erro de enquadramento, arranjo das roupas ou ainda a tradicional curvatura da coluna, ficando “dobrado” para frente.
Foi do que lembrei ao pensar numa mensagem para sensibilizar os leitores que estão fazendo a virada de 2008 para 2009: postura! É um elemento fundamental para nos lançamos a um novo desafio, que é um ano novo. Postura é tomar uma atitude diante da vida, das nossas relações familiares, afetivas, ou mesmo de trabalho. Que, na maior parte das vezes, precisa de uma decisão pessoal em que não é possível haver omissão, pois não decidindo a melhor forma de seguir em frente, desleixa-se da postura e apenas vamos descartando folhinhas do calendário.
Assumir uma atitude não é parecido com aquelas “boas intenções” que demonstramos a cada virada de ano quando entra na roda: um regime, a busca por um emprego, a caminhada diária, reencontrar um amigo, prestar aquela ajuda prometida há muito tempo... É mais, pois, quase sempre parte de um alerta daqueles que nos acompanham: profissionalmente, por um “toque” de quem vê que enveredamos por um caminho errado; em nível familiar, quando o desgaste de uma relação diz que podemos estar judiando de quem não merece; emocionalmente, ao relaxamos o convívio com aqueles que foram tão importantes até pouco tempo atrás; espiritualmente, ao nos deixarmos atrapalhar por pessoas, crendices ou costumes que não geram paz, mas temor, angústia e um espírito frágil e adoentado.
Quem sou eu para sugerir que se retomem hábitos. Mas, neste início de ano, reveja como é belo o 6 de janeiro, dia dos Reis Magos, antigamente comemorado no Estado como data de troca de presentes. Depois do nascimento do menino Jesus, os primeiros a acolherem esta generosidade de Deus foram os pastores, mas, em seguida, vieram aqueles que trouxeram um pouco das riquezas tiradas da mãe Terra: incenso, ouro e mirra!
Então, se o Natal passou batido e, em muitas ocasiões, lhe pareceu que se tornou “obrigação” presentear alguém, agora o faça por decisão própria! Alie-se àqueles que foram a Belém seguindo o próprio coração, certos de que a estrela ao guiá-los era, mais do que um indicativo de luz, um indicativo de paz, de uma postura positiva e espiritualizada diante da vida.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Jogar em família

O Feijó passou por mim na manhã de domingo, em frente à Lagoa dos Patos, na praia do Laranjal. Brincou dizendo que ali estava nascendo uma reflexão. E tinha razão. Enquanto aguardava minha turma, fiquei observando as pessoas que faziam a sua caminhada matinal, ou apenas passeavam aproveitando a temperatura amena e a visão deslumbrante. Pelo horário, relativamente cedo, a maior parte era de pessoas idosas e crianças, o que se pode chamar de “espaço infanto-geriátrico”. Jovens somente aparecem ao meio-dia, tomam conta da tarde e transformam a noite em ponto de encontro.
As conversas descontraídas e amenas que embalavam as andanças lembraram-me de consultas recentes: a um cardiologista e a um geriatra, acompanhando meus pais (não que não precise dos dois – o cardiologista já me atende e o segundo creio que é hora de começar a pensar seriamente). Em ambos os casos, a advertência de que, aos 83 anos, é hora de dar um cuidado especial à memória, com uma série de recomendações, mas uma chamou a atenção: a lúdica, isto é, fazer exercícios mediante brincadeiras.
Quando me atrevi a esboçar um sorriso, o geriatra advertiu que o mesmo valia para mim, passando dos 50, precisando exercitar os neurônios em atividades como a leitura, o exercício de palavras cruzadas e jogos, de preferência trabalhando a lógica, o raciocínio e a lembrança. Isto inclui desde as cartas, dominó, quebra-cabeça, montagem e uma variedade encantadora de alternativas. Mas salientava: a serem realizadas ao menos em dupla ou em grupos, pois são mais instigadores do que aqueles que se joga contra um computador, por exemplo.
Aqui em casa, a mãe e a Leonice (minha irmã) aderiram de pronto. Eu e o pai ainda achamos que o “tico e o teço” funcionam muito bem e não entramos nas muitas mesadas que já se realizam entre carteados - envolvendo netos e bisnetos - e eletrizantes partidas de dominó! A recomendação lembrou-me de épocas em que se incentivava a família, depois da janta, a gastar um tempo jogando cartas, que servia de aproximação entre as pessoas e enriquecia a capacidade de aprendizado, sem que disto tivéssemos noção.
Chega, agora, um tempo de férias, em que as tardes, em casa, assim como as noites, acabam sendo longas e pedem alguma forma de entretenimento. Jogar em família pode ser uma boa forma de refazer laços e exercitar a memória. Uma terapia ocupacional e uma boa desculpa para ficar junto de quem se gosta.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Envelhecer com dignidade

Mãos amigas me levaram a fazer palestras para pessoas na “terceira idade”. Tive que pesquisar, ler, observar, mas foram os testemunhos daqueles que estão na chamada “melhor idade” que me impressionaram. Em primeiro lugar, dá para perceber que as duas expressões que substituíram - “idoso” ou “envelhecimento” - não mudaram a forma das pessoas “tocarem” a sua vida. Mas são amplamente utilizadas por aqueles que articulam o consumo, vendendo produtos fantásticos, tendo custos, muitas vezes, não percebidos: financiamentos com desconto na aposentadoria, planos com menores valores em viagens ou, como contou uma amiga, a realização de um sonho: a cirurgia que corrigiria sua fisionomia, cara e desnecessária.
Já fui acusado de “explorador da terceira idade”. Explico: durante algum tempo, tive uma agência de comunicação. Quando ela foi fechada, fiquei com alguns trabalhos sendo feitos em casa e meu pai transformou-se no meu “mandalete”, como se dizia antigamente - levava e buscava material. Um dia em que ele não pode trazer os originais de um jornal, minha mãe se ofereceu e a levei até o prédio, de onde retornaria de ônibus. Alguns minutos depois, um telefonema e uma acusação bem humorada: “já vimos explorador de crianças; já vimos explorador de mulheres; mas explorador da terceira idade, és o primeiro!”
Creio que o sentido não é “explorar”, mas manter as pessoas com alguma ocupação e o espírito de equipe. Este é o sentido do que tenho dito: em primeiro lugar é preciso se preparar para a aposentadoria e a chegada do envelhecimento (que inicia ao nascermos); depois, manter-se ocupado em algum tipo de atividade, por mais simples que seja; e, por fim, não perder o sentido de pertença a um grupo.
Não há milagres. Ninguém vai ficar melhor porque envelheceu. Estando mais próximos de acertar as contas com o Todo Poderoso, pode-se mudar um pouco. Mas não basta, apenas, pensar que uma religião vai ser suficiente. É bom, mas precisa ser acompanhado de uma mudança interior. Difícil, mas não impossível.
No Natal e Ano Novo, quando muitos questionam o sentido de suas vidas, vejo amigos e amigas sem medo de envelhecer e vivendo plenamente cada segundo: não é suficiente passar pelo tempo, é preciso vivê-lo intensamente, sem remoer o passado ou angustiar-se com o futuro. Não sei se esta é uma receita, mas é a lição que aprendi e serve para somar experiências nesta longa aventura que é.... Viver e ser feliz!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Uma pedagogia para o Natal

Formatei uma palestra para lideranças de liturgia da Catedral - e utilizei destes elementos quando falei para o grupo de terceira idade do Serviço Social do Comércio - sobre a necessidade de uma “pedagogia para o Natal”. Um jeito de fazer valer o sempre bem vindo e saudável “espírito de Natal”.
Mas porque uma “pedagogia” nesta época tão bonita do ano? Porque precisamos aprender a ver não somente a festa, propriamente dita, nos dias 24 e 25 de dezembro, mas todos os elementos que a antecipam. Este espírito está presente, com maior intensidade, no Advento, quatro domingos antes daquela data, em que as igrejas cristãs fazem a preparação do nascimento de Jesus.
O período, no entanto, permite sentimentos ambíguos: há pessoas que se sentem entristecidas, até deprimidas, pois lhes falta alguém muito próximo e que hoje está afastado, pela distância física ou pela ausência permanente. Então, as datas propriamente ditas, podem ser de baixo astral e carregadas de saudades e lembranças.
Mas, o tempo de preparação se presta para valorizarmos questões para as quais, ao longo do ano, não conseguimos atentar, como a própria família e atitudes de solidariedade. Não significa que em outras épocas também não as valorizemos, mas o próprio espírito das festas, as motivações pelos meios de comunicação, os filmes que são passados, o reencontro com familiares e amigos dá um tom diferenciado para as festas de virada do ano.
Com relação à família, pode ser um tempo especial para estreitarmos ou até recuperarmos contatos com pais, filhos, irmãos, sobrinhos etc. No campo da solidariedade, as campanhas se sucedem, renovadas, como é o caso do apoio aos desabrigados de Santa Catarina, em que se multiplicaram as doações, em função da época e de muitos questionarem: “como eles vão passar o Natal?”
Um pouco mais simples, temos a bela campanha dos Correios e Telégrafos, recebendo as cartas enviadas para o Papai Noel e pedindo que as pessoas se disponham a “ajudar” o bom velhinho a tornar realidade a solicitação de crianças, normalmente muito pobres, que desejam coisas simples como um panetone, uma cesta básica, uma roupa ou um brinquedo.
Sei que, em muitos casos, as pessoas valorizam mais a presença de um Papai Noel comercial do que a vinda de Jesus. Paciência, o sentimento que desejamos ter permanece o mesmo: estreitarmos laços muitas vezes perdidos nos turbilhões da vida e valorizarmos a solidariedade. Este sim, o autêntico espírito de Natal!

domingo, 30 de novembro de 2008

O preço da desgraça

Os ecologistas já tinham avisado: o desastre está próximo. Este foi o motivo pelo qual os tachamos de “ecochatos”, porque vivem repetindo a mesma coisa que nós, em toda a nossa “sabedoria”, tínhamos certeza de que não iria acontecer. Mas aconteceu: a utilização desordenada das encostas dos morros, das áreas de banhados e o assoreamento dos rios completaram a química necessária para que a natureza, desequilibrada, cobrasse alto pelo seu longo silêncio e fizesse muitas vítimas.
Os deslizamentos causados pela ação da chuva sobre espaços devastados resultam de ocupações desordenadas e áreas mal usadas, que o poder público deveria preservar. Por muitos motivos, especialmente econômicos e políticos, são toleradas e, depois, paga-se com a destruição do próprio e pouco patrimônio que as pessoas têm, quando não com a vida.
Aumentar o cimento e o asfalto sobre áreas urbanas retira a capacidade do solo de servir de “esponja” para as grandes precipitações de chuvas. Não podendo ser absorvidas, acabarão se transformando em pequenos rios caudalosos pelas ruas, causando destruição e todos os transtornos que vimos nas imagens da televisão.
O avanço da agricultura e da urbanização até as áreas próximas aos rios retirou as matas ciliares e a proteção das encostas. Resultado: deslizamento de terra, empurrada pelas chuvas para seus leitos, que se tornam menos profundos, conseqüentemente, alargando seu canal e ocupando áreas de produção ou de moradia, normalmente, de populações pobres.
Não é uma desgraça anunciada? Sempre julgamos que todos os benefícios poderiam ser tomados da natureza sem que esta nos causasse danos maiores. O que assistimos em Santa Catarina não é um sinal esporádico, um fenômeno localizado, pois está acontecendo em todo o Planeta. A natureza, descontrolada por um histórico de abusos, tem mostrado a sua fragilidade e a necessidade de que se repense a relação predadora que construímos.
O uso abusivo de recursos e a poluição desenfreada, com suas conseqüências, alertam: ninguém está livre de sofrer pelas feridas que impusemos ao planeta! O preço da desgraça é a consciência que precisamos ter de que nada é eterno em recursos naturais e eles têm ciclos a serem respeitados. Abusamos da sorte e estamos pagando. Deve haver uma forma de pedir desculpas à mãe Terra e tratá-la melhor. Só nos resta fazer isto, pois não temos alternativa.

domingo, 23 de novembro de 2008

30 anos de formatura

No próximo ano, minha turma de Comunicação Social faz 30 anos de formatura (na época fazíamos todas as disciplinas de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas, mas somente obtínhamos o registro em uma). Na semana que passou, aproveitamos aqueles que estavam mais próximos para iniciar os festejos e as infindáveis e doces lembranças. Não sou muito dado a este tipo de comemoração, mas senti necessidade de estar com a turma que já comemorou outras etapas.
Temos que reconhecer que a primeira coisa que mudou foram as fotografias. Elas têm a mania de nos mostrar mais magros, com mais cabelos, menos marcas do tempo em nossos rostos e um semblante despreocupado como quem diz: temos toda uma história pela frente! Ainda registram que alguns já ficaram pelo caminho, deixando as marcas da saudade. Um deles, nosso homenageado, o presbítero Cláudio Neutzling.
Como não sei se alcanço outros 30, resolvi acompanhar estes, e folhear programas das disciplinas, cadernetas, agendas, jornais da época, um pouco de nostalgia, disfarçada por risos e sorrisos, mostrava ser impossível impedir que invadíssemos o mercado em busca de nosso lugar e de uma oportunidade. O Vaz brincava com uma agenda de 78 da Claudete, onde a colega registrava os momentos mais importantes, como as notas, para serem repassadas aos companheiros faltosos. Também apontava as festas, madrugadas pelos pontos de lanche e a falta de dinheiro com a “vaquinha” para que tudo acabasse bem.
Dos 18 formandos no auditório do então Colégio Santa Margarida, com a Missa de Ação de Graças na recém inaugurada capelinha da Universidade (com olheiras e jeito de sono, pois a festa havia sido grande), conseguimos reunir dez, na esperança de que praticamente todos estejam conosco em dezembro de 2009.
É uma longa e bonita trajetória. Naquela época, tínhamos energia de sobra, e olhávamos para o futuro como se dependesse apenas de nós para se concretizar. Fomos aprendendo, com a vida, que a nossa influência é forte, mas há uma série de circunstâncias que fazem os caminhos serem trilhados com maior ou menor dificuldade.
Não posso me queixar. Quando me perguntam como é que foi para mim, confesso: esta não é a vida que pedi a Deus. Pois Ele me deu mais do que julgo ser merecedor! Melhor ainda, porque não foi somente a minha vida, mas as “vidas” com as quais fui agraciado ao longo destes 30 anos de formado, 53 de vida e, espero, me acompanharão, ao menos nos próximos 30 anos.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Sou um “sem celular”

Achava que não era verdade - ou exagero - quando as pessoas falavam no suplício em tentar cancelar uma linha telefônica ou de celular. É pior. A tortura é subliminar em todas as etapas pelas quais se passa em transferências onde as telefonistas fazem de tudo para tentar convencer a desistir, pois além de tudo o que se leu de “vantagens” em ter estes serviços, ainda aparecem descontos, bonificações, oferecimento de novos aparelhos...
Depois que emergi da ligação, com mais de meia hora tendo o aparelho ao ouvido, tive que dar razão às estatísticas que mostram ser este ramo de serviços um dos que mais tem reclamações junto às instituições fiscalizadoras.
Já vinha fazendo a experiência de não me sentir “disponível” 24 horas por dia, procurando andar com o aparelho celular apenas quando era rigorosamente necessário. Aprendi a lição, com a professora Maria Lúcia, de que “vamos de casa para o trabalho, do trabalho para casa”. Portanto, qual é o sentido em ter este tipo de serviço? Se acontecer algum tipo de desgraça não pode ser pior se estivermos caminhando ou dirigindo um carro? Nos casos médicos, por exemplo, os serviços de urgência e emergência são acionados antes de se procurar algum parente.
Esta é uma forma de “desacelerar” o mundo, como escrevi em artigo anterior. Além de falar e ouvir, pressupostos básicos da telefonia, novos aparelhos são oferecidos como se qualquer atividade perdesse o sentido se não o utilizar. Ficamos dependentes de uma parafernália que envolve, aprisiona, mas descartável a cada breve período de tempo, para se consumir a última novidade.
Pequenas ações nos afastam da possibilidade de sermos reféns de recursos tecnológicos e dão a chance de buscar mais qualidade de vida em que, acima de tudo, o máximo exigido é o olhar, o sorrir, o abraçar, do que estarmos quase imobilizados diante de um computador e de seus mafiosos achaques.
Suspirei aliviado quando tive a confirmação de que eu era um “sem celular”, expressão cunhada pelo professor Jorge Malhão, quando conseguiu a sua alforria. Confesso que, durante alguns dias, ainda olhava febrilmente anúncios em jornais e revistas, mas, aos poucos, estes sintomas passam. Esta abstinência ainda pode me levar a alguma recaída, mas, hoje, tenho a sensação de liberdade, impagável por saber que algo não vai tremer ou gritar no meu bolso e sorrir do susto que vejo levarem quando isto acontece. Em tempos de “stress”, nada melhor do que alguma tranqüilidade!

domingo, 9 de novembro de 2008

Desacelerar o Mundo

A receita é simples, o complicado é a forma de fazê-lo: chegamos a uma encruzilhada em que as alternativas são poucas, ou diminuímos o ritmo com que “conquistamos” benefícios para certos contingentes da população, ou não vai sobrar muito que contar às futuras gerações. O que está acontecendo com os recursos financeiros e naturais é de uma imaturidade impressionante, apenas percebido quando há algum problema, como, recentemente, o das bolsas. Neste momento, todos sabem o que aconteceu e porque aconteceu. Mas, até então, muitos se aproveitaram dos rendimentos provenientes da especulação para “fazer a sua fezinha”.
O mesmo se dá com os recursos naturais. Tomemos o exemplo do petróleo, que levou séculos para se formar e consumimos de forma desenfreada, chegando ao ápice, hoje, de aumentar o tráfego de carros, mesmo que já não tenhamos infra-estrutura urbana, enquanto diminui o número dos que usam ônibus. O discurso, dizendo que é preciso preservar os recursos naturais para o uso das futuras gerações, não sobrevive ao lobby da indústria automobilística e de motos que, praticamente, coloca na garagem um carro novo, preferencialmente, trocado a cada ano.
Dos dados recentes a respeito do baque nas bolsas em nível internacional tornaram-se visíveis dois números que assombram e preocupam: os recursos destinados a salvar os bancos poderiam resolver o problema da fome no Mundo! Pensando em todos os seus efeitos colaterais como repercussão na saúde, no desenvolvimento infantil, etc. De “brinde”, ficamos sabendo também que os recursos gastos em material de guerra dobrariam o montante, sendo capazes de resolver os principais problemas de infra-estrutura das populações mais pobres.
Então, soa falso salvar categorias já favorecidas quando diminuem sua capacidade de especular com o capital. Mais falso ainda aparelhar exércitos para uma guerra, em nível internacional, que, se acontecer, será resolvida acionando um botão – o de uma bomba nuclear – que nós não temos e já, pela quantidade existente na Terra, não precisamos ter.
As mudanças não vão partir dos Estados Unidos, mesmo com Barack Obama, pois conquistaram um “nível” do qual não vão abrir mão. Mas confesso que não quero ser o culpado de deixar para as futuras gerações um planeta já machucado e sem condições de curar suas feridas. Então, não há outro jeito, chegou a hora de encontrarmos formas de desacelerar o Mundo.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Vai chegar a minha vez

Noite de sábado, bom para buscar um lanche, mesmo em dieta, que ninguém é de ferro! Combinado o pedido, com os devidos ingredientes, sobra tempo para um papo e, pelas vias escuras do subúrbio, o tema vai e volta e, quando se está nas ruas, acaba sendo a violência: a violência anunciada e, resignadamente, esperada.
Pela principal rua do bairro, 9 horas da noite, passam as figuras mais bizarras e estranhas, algumas bêbadas, outras drogadas, outras ainda encarando cada um como se desafeto fosse. Uma “fauna” que aparece depois que o sol se põe e faz deste horário a sua própria “madrugada”. Vão perambular pela cidade, enquanto os cidadãos comuns recolhem-se, trancam portas, reforçam as grades, acionam alarmes, cercas elétricas, e rezam quando querem entrar ou sair de suas casas ou apartamentos.
Mas na pastelaria da Regi (para os íntimos, senão, Regina) quando aparece algum destes personagens o aviso é sempre o mesmo: “o patrão chega daqui a pouco”. Pois ainda existe um pouco mais de respeitabilidade quando um homem é o proprietário e responsável pela segurança de um estabelecimento.
Mas ela reconhece, com certa nota de tristeza na voz, que é só uma questão de tempo, pois o seu dia vai chegar. Ainda vai ser assaltada e só espera ter a tranqüilidade para não reagir ou criar uma situação que possa dificultar ainda mais a ação do delinqüente, que pode reagir de forma adversa e ferir ou matar alguém, pois o estrago pode ser bem maior do que apenas o financeiro.
Infelizmente, a cultura da violência está se estabelecendo entre nós. Disseram-me estes dias que o percentual daqueles que já não registram mais as ocorrências de pequenos furtos é grande porque não acreditam na capacidade da polícia de esclarecer estes casos. Contou-me também um amigo que, ao ter seu carro quase demolido por outro que invadiu uma preferencial, telefonando para a brigada, foi questionado se havia alguém ferido. Como a resposta foi negativa, recebeu como orientação que resolvessem entre si, ou registrassem uma ocorrência, porque não haveria o deslocamento de uma viatura.
Este é mais um direito que nos é sonegado: o da segurança, no ir e vir, sem qualquer restrição, em via pública, em determinados horários. O movimento do final da tarde, quando crianças, jovens e idosos aproveitam para um passeio, transforma-se em ruas vazias, depois do escurecer, pois cada um tem consciência de que pode sofrer algum tipo de violência. A certeza é apenas uma: ainda vai chegar a minha vez.

domingo, 26 de outubro de 2008

Apenas para ver gente

Algum tempo atrás se cunhou a expressão “babá eletrônica”, definindo a situação em que a mãe ou responsável por uma criança ligava a televisão para que a mesma tivesse entretenimento, muitas vezes, durante horas, em absoluta passividade. De lá para cá, esta ferramenta evoluiu em diversas direções: primeiro, pois já não são apenas crianças, mas adolescentes, maiores e idosos solitários que se utilizam deste instrumento como forma de passatempo.
Em segundo lugar, somou-se à televisão a Internet e, então, há casos, em todas as idades, de pessoas que passam dias e noites em companhia da televisão, navegando pela Internet ou em sites de relacionamentos. Não estou dizendo nada de novo, mas fiquei preocupado quando uma professora reconheceu que ficou um final de semana inteiro dentro de casa sem nenhum contato com pessoas, fisicamente, mas apenas pelos meios virtuais. E, mais ainda, quando fiz uma consulta e o médico recomendou, além das caminhadas para auxiliar a saúde, andar, nem que seja na volta da quadra, para “ver gente” e sentir o ar da rua.
Num outro dia, passei numa avenida em que caminhavam ou apenas passeavam desde crianças até idosos armados de suas muletas. Quando conversei sobre isto em casa nos damos conta de que são muitas as desculpas para não fazer nada e nos fechamos de tal forma que ficamos reduzidos ao enclausuramento de nossas casas.
Sei que não sou o melhor dos exemplos: devo a presença no aniversário de um amigo; a participação no casamento de uma pessoa querida; o convite de um chimarrão de final de tarde; o testemunho numa reunião daqueles que se esforçam por manter viva uma das mais profundas manifestações do ser humano: o convívio. Embora eu já esteja chegando ao “alvorecer da terceira idade”, fico preocupado com as crianças, os idosos e os deprimidos que deixamos alimentarem seus ressentimentos e frustrações diante de uma “babá eletrônica”. Ela cobra quase nada, raramente dá problemas e é incapaz de qualquer tipo de reclamação. Mas também não oferece um carinho, um sorriso, aquele ombro amigo, tão necessário em diversas situações.
Estas pessoas não precisam apenas de “distração”. Há sentimentos envolvidos, cristalizando-se, e, mais tarde, embora possam ser resolvidos, deixam marcas profundas e dolorosas. Da próxima vez que tiver alguém assim em casa, a receita pode ser bem simples, mas tente: convide para dar uma volta na quadra. Nem que seja apenas para ver gente.

Textos em pesquisa e material didático

Recebi solicitação da coordenação do núcleo de pesquisa do Curso de Letras da Universidade de Caxias do Sul - UCS - para autorizar a publicação de meus textos (todos em http://manoeljesus.ucpel.tche.br).
Eles foram selecionados a partir de autores gaúchos que têm material veiculado por jornais gaúchos - em especial a Zero Hora - levando em conta a clareza e desenvolvimento lógico do raciocínio.
Os textos serão utilizados em pesquisas acadêmicas realizadas pelo núcleo, assim como em material didático que será produzido pela UCS.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Uma cena para a mídia

Ela acreditava ser apenas uma jovem que tinha dado um basta a um relacionamento que não estava dando certo. Como em muitos casos em que o jovem é abandonado, Ele não soube aceitar o fora e achou que merecia uma explicação, mais do que isto, tinha que “provar” que estava certo e ela é que não o merecia. A história não é nova e não é a primeira vez que acaba em tragédia. Durante quatro dias em ações dramáticas que repercutiram na chamada grande imprensa, e - porque será que eu tenho esta impressão? - parece que em função da cobertura, muitos dos elementos deixaram de ser apenas integrantes de um contexto para viverem como “atores” de uma peça da vida real, representada para a mídia.
Não apenas as jovens em seu cativeiro, mas os próprios agentes de segurança, passaram a viver em função do aparato tecnológico que colocava, ao vivo, em alguns casos em tempo integral, cenas diretamente de Santo André, na grande São Paulo, para o Brasil e o Mundo.
Na mesma semana, uma batalha travada entre a polícia civil e a brigada, em São Paulo, e uma manifestação contida pela segurança pública, em Porto Alegre, deram a mesma impressão: mais do que direitos reivindicados, ali estava se fazendo uma “representação” para os meios de comunicação registrar e, depois, ser aproveitado politicamente.
O que todos estes casos têm em comum? Estamos vivendo um tempo cada vez mais mediado pelos meios de comunicação, em especial a televisão. Os mesmos recursos tecnológicos que, juntamente com a insegurança pública, nos levam a ficar mais tempo dentro de casa, diante de um instrumento que nos oferece todas as alternativas de entretenimento, agora pautam a atuação da coletividade.
Setores organizados da sociedade falam em “senso crítico diante dos meios”. Claro, é fundamental que se saiba separar informação do que é entretenimento e manipulação. Mas quantos sabem fazer isto? Na certa não é a maioria. Durante a campanha eleitoral, vemos a divulgação de fatos distorcidos: estavam próximos da realidade, mas não eram a realidade e influenciaram a muitos na sua decisão pessoal. Fizeram uma escolha soberana? Com certeza não, porque não puderam ou souberam fazer uma leitura crítica da informação que lhes era dada.
Este processo está se acelerando e tornando difícil, até, ajudar as pessoas a entender o que se passa. Na infeliz morte da menina, assim como nos confrontos, estamos representando a vida, numa cena para a mídia.

Manoel Jesus palestra na Unijuí

O professor Manoel Jesus recebeu convite da diretora do Curso de Fisioterapia da Universidade de Ijuí (Unijuí), professora Simone Eickhoff Bigolin, para ministrar a aula de abertura das atividades de 2009, quando o curso alcança dez anos.
Manoel Jesus, professor de Comunicação da UCPel, falará, no dia 12 de março, às 19 horas, sobre “Comunicação e vida”, abordando os processos de interação entre paciente e fisioterapeuta.
“Meu contato com grupos de pessoas na terceira idade aponta para a necessidade de redimensionar a relação da sociedade com este segmento”, dizendo que levará para Ijuí experiências realizadas na Universidade Católica - Centro de Extensão em Atenção à Terceira Idade e Voltando à Sala de Aula – assim como no Serviço Social do Comércio.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Um olhar sem futuro

Foram muitas as matérias a respeito de crianças, na semana passada, culminando como seu dia. Diversas iniciativas positivas, incentivando valores e referências naqueles que não podem ser vistos apenas como “o futuro”, mas precisam ser trabalhados como um dos mais preciosos bens que temos no presente.
No entanto, depoimentos vindos de duas fontes preocupam: pais que não conseguem dar alimentação suficiente aos filhos em casa e crianças que não têm a merenda necessária nas escolas. No primeiro caso, o olhar entristecido dos que dizem comer até terra quando sentem fome. E pais desesperados porque já sabem que não têm como providenciar alimento para o dia seguinte. Por outro lado, professores e diretores denunciam a falta de recursos para merenda, em muitas circunstâncias, a refeição mais substancial que as crianças recebem ao longo de todo um dia.
O primeiro caso leva à subnutrição, com seqüelas para toda a vida, como foi mostrado em reportagem na qual um garoto, com dez anos, não sabe contar, ler ou entender um texto. O segundo causa problemas de atenção em crianças e jovens, que dormem durante as aulas, por não estarem alimentados. Educadores dizem que elas chegam entusiasmadas porque vão iniciar o turno pelo alimento e a decepção visível quando se vêem privadas da refeição.
A responsabilidade legal é dos pais. Até creio que lhes cabe uma grande parte, mas não só. Uma parcela significativa é das autoridades públicas e da própria sociedade, que se omite em dar o devido acompanhamento. É interessante que se estabeleçam bolsas para famílias em situação de carência. No entanto, isto não é suficiente se não existirem programas que as livrem da mais trágica das misérias: a cultural. Em muitos casos, os recursos são recebidos e destinados para outros fins. Não se transformam em alimento.
Sabemos que responsabilizar legalmente apenas os pais, em situação de carência, não é suficiente. Então, é preciso a ação do estado tomando as devidas providências para que estas crianças não sejam privadas - em casa ou na escola - do sustento necessário que lhes dê condições de sonhar com um futuro.
O momento é difícil em todos os sentidos. Mas há alguns casos em que a urgência é assustadora: ou nos responsabilizamos por elas, juntamente com seus pais, e se tomam atitudes corajosas e oportunas, ou teremos um desfile de mortos vivos, sem perspectivas e sem futuro.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Minha identidade

Semana passada, encontrei um amigo advogado que foi logo dizendo: “leio teus artigos, apesar dos teus ataques católicos, algumas vezes”. Não tivemos muito tempo para conversar, mas fiquei matutando a respeito e tive que sorrir da resposta que pensei em dar: minha formação é cristã, conseqüentemente, humanista, e tento fazer das minhas reflexões registros desta influência. Assumi como missão, no dizer do documento de Aparecida, resultado da assembléia dos bispos da Igreja Católica, de 2007, ser “um homem da Igreja no coração do Mundo e um homem do Mundo no coração da Igreja”.
Talvez as pessoas achem fácil dizer que não sofrem influência de sua formação para expressar alguma idéia, especialmente nestes espaços em que atuamos como formadores de opinião. Enganam-se, pois não há neutralidade ao se fazer algum tipo de análise, ou mesmo ao expressar uma opinião, porque selecionamos argumentos, em detrimento de outros, que terão a marca da nossa identidade, dos nossos valores e referências.
Quando falamos no papel do leigo ligado a alguma igreja na sociedade, fica claro que não somos “miniaturas de padres”, “miniaturas de ministros”, “miniaturas de religiosos”. Somos leigos, com o papel de influenciar positivamente em todas as relações humanas, onde se encontra a política, a administração, o ensino, a saúde, etc.
Existem os que desejam conhecer a nossa opinião, mas, também, por interesses próprios ou de grupos, os que esperam que voltemos para a sacristia, onde tratemos apenas de assuntos ligados à própria igreja ou ao assistencialismo. Mesmo que hoje não sejamos maioria – e talvez por este motivo mesmo - um homem ou uma mulher de religião consciente não pode se omitir de se expressar, bem pelo contrário, sem sua ação, mediante o testemunho, não há sentido em querer assumir-se como cristão. O pressuposto de que algumas atividades – em especial a política – estão contaminadas é uma bela desculpa para o maior de todos os pecados: a omissão.
Não tenho muita certeza se sou um bom sinal cristão no Mundo, mas o importante é que não me omito. Em cada artigo, comentário, palestra, tento deixar uma marca desta caminhada. E percebo a energia positiva vindo de crianças, jovens, adultos, idosos, portadores da síndrome de down, em suma, gente, que alinha a minha caminhada e reforça o sentido das minhas opções. Não vejo muita alternativa: é preciso testemunhar com os instrumentos que Deus me deu, o que faz parte da minha própria identidade.

domingo, 21 de setembro de 2008

Perdi uma lição

Uma das máximas da teoria de mercado, pregada pelo Capitalismo, diz que a ele cabe resolver seus próprios problemas. Portanto, é indevida a intervenção do estado, que pode até resolver alguns em curto prazo, mas causaria maiores a médio e longo prazo. As economias do Mundo – em maior ou menor grau – dobraram-se a esta cartilha e o presidente Lula, antes de assumir seu primeiro mandato, elaborou um documento dizendo que rezava conforme os seus mandamentos.
Pois foi com surpresa que, na semana passada, ouvi os mesmos economistas - pregadores da liberdade do capital gestar seu destino - aplaudir a intervenção do Banco Central, especialmente dos Estados Unidos e da Europa, na economia. Fiquei pasmo. Mas continuei acreditando que devo ter entendido algo errado.
Durante muitos anos, esta conversa sempre girou em torno dos mesmos temas: a sociedade ser filantrópica, até pode, o que não pode é institucionalizar políticas sociais de governo para a área, porque então passa a ser uma intervenção na economia, conseqüentemente, uma ação indevida.
Passados alguns anos, quando o mercado dá-se conta de que o precipício está se abrindo a seus pés, “corajosamente” resolveu apelar para que os governos sejam sensíveis e salvem a sua lavoura, já que, do outro lado, a das políticas sociais de governo, andava e anda a míngua.
E, por favor, não diga que você não entende nem quer entender de economia. Mesmo o governo afirmando que estas trovoadas somente vão causar tormentas acima do Equador e do outro lado do Atlântico, isto é meia verdade. Oscilações do dólar, por exemplo, influenciam desde o preço do pãozinho nosso de cada dia até a passagem de ônibus (com um “ajuste” no preço de combustíveis dos quais, já aprendemos, somos auto-suficientes, mas que, estranhamente, acabam nos afetando).
Tenho batido na tecla de que o Brasil é rico, o brasileiro é que é pobre. Embora alguns índices já demonstrem melhorias, não é o suficiente para não termos mais crianças morrendo de fome, nem pessoas vivendo em situação de miséria absoluta, perdendo toda a perspectiva de vida ou tomando outras que mutilam ainda mais a sua existência.
Viver em função do mercado é um erro, pois perdemos o foco na pessoa. Em qualquer sistema, priorize-se o cidadão, busque-se resolver os seus problemas, sem promessas de paraísos impossíveis. Não há sentido em, depois, ter que desmentir a própria teoria. Ou será que fui eu que perdi a lição?

sábado, 30 de agosto de 2008

Partilho com vocês

Manoel Jesus recebe o Troféu Guerreiro 2008

O jornal Eco do Vale, de Bento Gonçalves, e a Associação de Escritores de Turismo, Sociedade e Lazer do Rio Grande do Sul enviaram convite ao professor da Universidade Católica, Manoel Jesus, para receber o Troféu Guerreiro 2008, “em reconhecimento à integridade com que sempre procurou nortear sua atuação, seu trabalho, bem como contribuir para o crescimento de sua comunidade e, por extensão, do País.
O prêmio é entregue há mais de 36 anos e a solenidade acontece no dia 27 de setembro, no Salão Windrose, do Ritter Hotel, em Porto Alegre, a partir das 20h30min. A direção do jornal Eco do Vale destaca que a indicação se deu em função de que o professor de Comunicação Social “vive momento especial em sua vida, contribuindo para o engrandecimento de sua comunidade, na causa abraçada, em sua profissão e na sociedade em que vive”.
Manoel Jesus já recebeu três troféus estaduais: Obirici, Guarita e Anita Garibaldi, reconhecendo seu trabalho como professor; em meios de comunicação - rádio, televisão, jornal e internet; palestras em diversos municípios; como formador de opinião, em especial a partir dos 20 jornais que reproduzem seus artigos no Rio Grande do Sul.
Seu site na internet – http://manoeljesus.ucpel.tche.br – chega, em 2009, aos seus dez anos, com a promessa de novidades: “ali estão meus trabalhos, pesquisas, apoio aos alunos, artigos, crônicas e histórias. Mas, no novo ano, aguardem novidades nas áreas de vídeo e de áudio”, conclui.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Contador de história

Alguns autores dizem que um bom jornalista é um bom contador de história. Exageros. Um bom jornalista é também um bom contador de histórias, mas tem mais bala na agulha, porque é capaz de fazer uma boa descrição e uma boa dissertação.
Embora já tenha acreditado que a maior parte das matérias que resultam em reportagens sejam narrativas, acabei vendo, pelo dia a dia, que as matérias descritivas tomaram impulso e são aquelas que se tornam capazes de expressar melhor a nossa realidade.
Na verdade, sabendo que o Jornalismo não é uma ciência exata (para alguns sequer é ciência), também sabemos que os três gêneros não aparecem em seu estado puro: o que há é a predominância de um deles, valendo-se de alguns elementos dos demais.
No entanto, quando converso com meus alunos fico preocupado com o fato de que são poucos aqueles que querem se exercitar contando uma boa história. A maior parte quer partir para a objetividade, que tem maior espaço nas matérias descritivas e dissertativas.
Não tenho nada contra, mas, creio, a perda da força narrativa acaba fazendo com que se perca um pouco do tempero que dá aquele sabor especial a um texto. Perder um pouco de tempo garimpando informações que possam contextualizar e preencher os espaços de uma matéria burocrática acaba fazendo o diferencial para aquele leitor que se sente satisfeito ao final de uma leitura, com o insubstituível sabor de quero mais.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Profissão: jornalista

Periodicamente volta à baila a questão da regulamentação da profissão de jornalista. São muitas as "forças" que gostariam de ver as porteiras abertas da nossa atividade para que qualquer um possa ocupar espaços nos meios de comunicação, falando como se jornalista fosse.
A batalha da regulamentação profissional foi longa e árdua. E ainda passou por um período de adaptação, onde profissionais que vinham de outras áreas, ou haviam se formado na escola da vida, pudessem ter o registro necessário.
Mas este é um tempo que já passou. Do nosso lado, não pedimos para que seja desregulamentada a profissão do advogado, por exemplo, já que poderíamos ser bons de tribunais, tendo capacidade de argumentação e oratória.
Não é o caso. O que defendemos é que se respeite a nossa profissão, assim como respeitamos as demais. Não é, como dizem alguns, "reserva de mercado", pois se um profissional esforçou-se em fazer um curso, percorrer todos os meandros para seu registro, precisa e tem que ser respeitado.
Muitas Escolas de Comunicação estão encabeçando uma luta que é boa. Mas precisamos também ter os profissionais como aliados para que não se turvem mais as águas nas quais já é tão difícil de se nadar.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O direito de andar em segurança

Na semana passada, a prefeitura de Pelotas anunciou que irá fiscalizar o tráfego de bicicletas nas praças do município. Claro que a medida deve merecer todo o apoio, mas não basta que se policie o centro da cidade e se esqueça da periferia.
Por exemplo, a avenida dom Joaquim, onde pessoas de todas as idades vão caminhar, muitas vezes por necessidade médica, e tem que concorrer com ciclistas, motos e, pasmem, até com charretes!
Aquele local é uma verdadeira praça onde se realizam caminhadas, ponto de encontro para jovens, crianças e os aficcionados pelo chimarrão no final da tarde.
No entanto, a falta de cuidado por parte das autoridades públicas fez com que se transformasse em lugar de risco, onde muitos acidentes e incidentes já aconteceram.
A presença de um serviço de segurança já auxiliaria, mas, para criar uma consciência de responsabilidade para com aqueles que aproveitam o espaço seria necessário multar quem faz mau uso do local.
Infelizmente, continua valendo a máxima de que "a parte mais sensível do corpo humano é o bolso". Tocando nele, é mais provável que se corrija uma atitude que põe em risco até mesmo a vida das pessoas.

sábado, 19 de julho de 2008

Espaguete com cuca

Somente o pessoal de Ijuí - padre Edson, Rigoberto, Régis, Sara e Cristiano - pra terem me apresentado para algo bem exótico: espaguete com cuca.
Minha cara deve ter sido de muita surpresa em duas festas - São Francisco e Espírito Santo - onde o pessoal literalmente misturava massas com cuca.
Mas, claro, tem uma explicação: a origem alemã e italiana. Deu no que deu, uma abençoada comunidade que me acolheu tão bem e que tem um espírito religioso muito grande, dando uma certeza absoluta de que tudo aquilo no que acreditamos, tanto em valores religiosos, quanto no ser humano, vale a pena.

Ijuí e economia solidária

Tenho tido muitas alegrias recentes, mas duas delas me levaram ao encontro de lideranças em Ijuí, conversando sobre comunicação e igreja. A outra a um encontro com mulheres falando sobre economia solidária.
A sede das pessoas por comunicação corresponde à minha em discutir, encontrar caminhos, visualizar horizontes em conjunto.
È demais! A gente encontra pessoas que comungam de um pensamento muito próximo, partilham de uma crença no ser humano capaz de superar todos os problemas e as decepções que podem aparecer.