sábado, 29 de outubro de 2011

Uma leitura enganosa

Embora haja controvérsias, nos próximos dias, a população mundial deve chegar a um número que, se não é assustador, é, ao menos preocupantes: sete bilhões de seres humanos sobre a face da Terra. Diversas leituras podem ser feitas num planeta onde, embora não exista a falta de alimentos, a sua distribuição é profundamente injusta, mostrando uma das mazelas da relação entre os diversos mundos que se estabeleceram, dos chamados desenvolvidos, até aqueles que ficam literalmente na periferia.
Uma população preponderantemente jovem mostra que, em pouco tempo, teremos também uma população de aposentados em grande número. A leitura enganosa fica por conta de dizerem que a questão previdenciária se torna, praticamente, insanável. Que estranho. Esta população que se encaminha para a aposentadoria, levou 30 anos para ter este direito (entre as mulheres), ou 35 (entre os homens). Pior ainda, em muitos casos, se não alcançou o tempo necessário, vai ter que chegar aos 60 anos (mulheres), ou 65 (caso dos homens).
Nem discuto, aqui, os benefícios concedidos a diversos segmentos da população por parte de um governo que não planejou estes gastos, mas que deseja usufruir de um ganho político. Mas discuto, sim, a má gestão que não foi feita pelos possíveis aposentados, mas pelas esferas governamentais.
Vamos combinar que se alguém foi imprevidente, não foi a sociedade, e, ao que tudo indica, os cofres estão em boa situação - mesmo que o governo diga o contrário - mas quer se prevenir para o futuro, com medo de uma frágil arquitetura financeira que, se desmoronar, leva toda a máquina governamental junto.
Estamos vivendo um problema sério. Muitos querem se aposentar para se livrar do stress de muitas atividades profissionais. Querem encontrar algo alternativo para fazer na terceira etapa de suas vidas. É um direito que adquiriram pois cumpriram com a sua parte e, o que ao menos esperam, é que o governo tenha a dignidade de honrar com a parte que lhe toca. Sem desculpas, sem escapatórias, fazendo aquilo que se espera de um governo: antes de pensar no financeiro, realize o sonho de quem plantou durante toda uma vida.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A praça da Feira do Livro

Porto Alegre, Pelotas e muitos outros municípios vivem tempo especial: a Feira do Livro está na praça. Embora muitas bobagens, de que a praça (que é do povo), deveria ser melhor cuidada, não creio que exista outra forma de melhor tratá-la do que trazendo o livro para a praça, para sentir seu cheiro, folheá-lo, ou apenas fazer um bom e belo passeio.
As feiras estão incrementadas por espaços de apresentação musical e cultural, mas também momentos em que crianças de todas as idades possam participar de sessões de autógrafos, leituras coletivas e o exercício da arte, em papel e canetinhas.
A praça é do povo, embora, infelizmente, o livro ainda não o seja. Seu preço ainda passa longe do bolso da maioria dos brasileiros, o que auxilia, em muito, ao nosso baixo nível cultural, assim como a baixa média de leitura nacional. Mas quem for persistente e se aventurar nos cestos que estão mais distante das áreas de circulação, vai encontrar os sebos com preços acessíveis, onde estão, muitas vezes, livros usados ou de edições mais antigas.
Na praça que respira Primavera, o encontro do povo com o livro, alimentando, a cada ano, a certeza de que temos ainda um longo caminho para um desenvolvimento da cultura popular, mas que vale a pena, porque é o jeito da nossa gente se apropriar do seu próprio destino.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A lucidez de um Pastor


Emocionante artigo a respeito de religião e espiritualidade. Enviado pela minha amiga Olga Ferreira.

Parece mentira, mas foi verdade. No dia 1° de abril de 2010, o elenco do Santos atual campeão paulista de futebol foi a uma instituição que abriga 34 (trinta e quatro) pessoas. O objetivo era distribuir ovos de Páscoa para crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral. Ocorreu que boa parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou.
Entre estes, Robinho (26a), Neymar (18a), Ganso (21a), Fábio Costa (32a), Durval (29a), Léo (24a), Marquinhos (28a) e André (19a) todos ídolos superaguardados.
O motivo teria sido religioso: a instituição era o Lar Espírita Mensageiros da Luz, de Santos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia Cerebral. Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo a participar da ação de caridade. posteriormente, o Santos informou que os jogadores não entraram no local simplesmente porque não quiseram.
Dentro da instituição, os outros jogadores participaram da doação dos 600 ovos, entre eles, Felipe (22a), Edu Dracena (29a), Arouca (23a), Pará (24a) e Wesley (22a), que conversaram e brincaram com as crianças.
O escritor, conferencista e Pastor (com P maiúsculo) ED RENÉ K IVIT Z, da Igreja Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise profunda sobre o ocorrido e escreveu o texto "No Brasil, futebol é religião", que abaixo tenho o prazer de compartilhar.

“Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa. Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.
A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé.
Quando se começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou se Deus é a favor ou contra a prática do homossexualismo; ou mesmo se alguém tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, já se está a discutir religião. Quando alguém começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Alcorão, se está discutindo religião. Quando alguém fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, já se está a discutir religião.
O problema é que toda vez que se discute religião afastam-se as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio, por assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.
Mas, quando alguém concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, se está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando alguém está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, este ser humano promove a justiça e a paz. Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se dêem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.
Em síntese, quando alguém vive no mundo da religião, ele fica no ônibus. Quando alguém vive no mundo da espiritualidade, que a sua religião ensina ou pelo menos deveria ensinar, este indivíduo desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental.”

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O desafio da Carroeirinha

Um casal de pequenos pássaros - conhecemos por Carroeirinha (não sei se a grafia está correta) - resolveu alugar a nossa caixa de correspondência, há três anos. Vendo uma matéria de televisão semelhante, pensei em colocar um cartaz de "ocupado" para que o carteiro tocasse a campainha, ou jogasse a correspondência em direção à porta, ou ao portão. Não o fiz, com receio de que as crianças tivessem a curiosidade aumentada e resolvessem mexer no ninho que já está pronto e onde repousam quatro pequenos ovinhos.
Este ano, os pais/engenheiros trouxeram uma novidade: depois de depositados os gravetos e formatado do ninho, resolveram fazer uma cobertura com pequenos pedaços de plástico, tornando mais "confortável" o espaço para pôr os ovos, passar o tempo de chocar e os primeiros dias dos filhotes.
Passado o Inverno, vivendo em tempo de Primavera, temos novos cheiros, novos brotos, novas flores, propondo uma nova atitude diante da vida. A lição da Carroeirinha é de que mesmo nós podemos nos reinventar e descobrir que em tempos primaveris devemos viver e conviver com maior intensidade, com espírito mais aberto e disposição para o novo, que é sempre desafio, o desafio de continuar existindo.

sábado, 22 de outubro de 2011

Não foi acidente


A cada final de semana, os números impressionam: são dezenas de pessoas que perdem a vida ou que ficam com marcas para o resto de suas vidas por um único motivo: acidente de trânsito. O maior motivo: o excesso de velocidade e o uso da bebida. Voltando da praia ou da serra, em estradas federais ou dentro das cidades, os limites não são respeitados e, aí, surgem as mais esfarrapadas desculpas: aquela rótula não deveria estar ali, a estrada não tem acostamento, o outro é que foi barbeiro.
Durante a semana passada, o programa Mais Você, da Ana Maria Braga, mostrou dois depoimentos assustadores. O primeiro de um pai que teve o filho morto por um motorista de caminhão embriagado. Pouco tempo depois, acompanhando o processo do filho que chamou de “perda de patrimônio afetivo”, foi surpreendido pelo fato de que o motorista matou mais um jovem, novamente embriagado. Antes que fosse liberado, alertou a justiça de que a fiança, no primeiro caso, já era demais, na segunda, seria insuportável. Muito menos, transformar a vida de uma pessoa em bolsas de alimento.
Outro caso foi do rapaz que, também num acidente com alguém alcoolizado, perdeu a mãe e a irmã. Resolveu não se dobrar à dor. Criou um site – www.naofoiacidente.com.br – com o slogan “Os justos não podem pagar pelos irresponsáveis”. Sua proposta: ampla mobilização pela mudança da lei, através de uma petição popular, com o endurecimento das penas para crimes cometidos por pessoas que assumem o volante embriagadas, portanto, também devendo assumir a responsabilidade quando tiram uma vida ou a marcam para todo o sempre.
Nossas leis têm se mostrado excessivamente brandas. Ou pior, as muitas interpretações podem justificar uma série de escapatórias para aqueles que se mostram irresponsáveis. O dever de todos nós em acessar o site e assinar a petição é mostrar às autoridades que ninguém mais quer apenas ver estatísticas dolorosas. Infelizmente, a bebida é a chamada “droga social”, que faz muitos perderem a noção da realidade, mesmo nossos jovens. No entanto, não pode servir para que se aceite a impunidade de um assassinato.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Atenção

Não posto vídeos neste blog. Portanto, se aparecer algum quando abrirem, é vírus. NÃO ABRAM.

Três conselhos...

Muito boa, já conhecia, mas a minha mana Leonice enviou.





Um casal de jovens recém-casados, era muito pobre e vivia de favores num sítio do interior. Um dia o marido fez a seguinte proposta para a esposa:
"Querida eu vou sair de casa, vou viajar para bem longe, arrumar um emprego e trabalhar até ter condições para voltar e dar-te uma vida mais digna e confortável. Não sei quanto tempo vou ficar longe, só peço uma coisa, que você me espere e enquanto eu estiver fora, seja FIEL a mim, pois eu serei fiel a você. "
Assim sendo, o jovem saiu. Andou muitos dias a pé, até que encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudá-lo em sua fazenda. O jovem chegou e ofereceu-se para trabalhar, no que foi aceito. Pediu para fazer um pacto com o patrão, o que também foi aceito. O pacto foi o seguinte:
"Me deixe trabalhar pelo tempo que eu quiser e quando eu achar que devo ir, o senhor me dispensa das minhas obrigações. EU NÃO QUERO RECEBER O MEU SALÁRIO. Peço que o senhor o coloque na poupança até o dia em que eu for embora. No dia em que eu sair o senhor me dá o dinheiro e eu sigo o meu caminho".
Tudo combinado. Aquele jovem trabalhou DURANTE VINTE ANOS, sem férias e sem descanso. Depois de vinte anos chegou para o patrão e disse:
"Patrão, eu quero o meu dinheiro, pois estou voltando para a minha casa."
O patrão então lhe respondeu:
"Tudo bem, afinal, fizemos um pacto e vou cumpri-lo, só que antes quero lhe fazer uma proposta, tudo bem? Eu lhe dou o seu dinheiro e você vai embora, ou LHE DOU TRÊS CONSELHOS e não lhe dou o dinheiro e você vai embora. Se eu lhe der o dinheiro eu não lhe dou os conselhos; se eu lhe der os conselhos, eu não lhe dou o dinheiro. Vá para o seu quarto, pense e depois me dê a resposta.”
Ele pensou durante dois dias, procurou o patrão e disse-lhe:


"QUERO OS TRÊS CONSELHOS."
O patrão novamente frisou:

"Se lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro."
E o empregado respondeu:

"Quero os conselhos."
O patrão então lhe falou:
1. NUNCA TOME ATALHOS EM SUA VIDA. Caminhos mais curtos e esconhecidos podem custar a sua vida.
2. NUNCA SEJA CURIOSO PARA AQUILO QUE É MAL, pois a curiosidade para o mal pode ser mortal.
3. NUNCA TOME DECISÕES EM MOMENTOS DE ÓDIO OU DE DOR, pois você pode se arrepender e ser tarde demais.
Após dar os conselhos, o patrão disse ao rapaz, que já não era tão jovem assim:
"AQUI VOCÊ TEM TRÊS PÃES, estes dois são para você comer durante a viagem e este terceiro é para comer com sua esposa quando chegar a sua casa.”

O homem então, seguiu seu caminho de volta, depois de vinte anos longe de casa e da esposa que ele tanto amava. Após primeiro dia de viagem, encontrou um andarilho que o cumprimentou e lhe perguntou: "Pra onde você vai?? Ele respondeu: "Vou para um lugar muito distante que fica a mais de vinte dias de caminhada por essa estrada." O andarilho disse-lhe então: "Rapaz, este caminho é muito longo, eu conheço um atalho que é dez, e você chega em poucos dias...
O rapaz contente, começou a seguir pelo atalho, quando lembrou-se do primeiro conselho, então voltou e seguiu o caminho normal. Dias depois soube que o atalho levava a uma emboscada. Depois de alguns dias de viagem, cansado ao extremo, achou pensão à beira da estrada, onde pode hospedar-se. Pagou a diária e após tomar um banho deitou-se para dormir. De madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor. Levantou-se de um salto só e dirigiu-se à porta para ir até o local do grito..
Quando estava abrindo a porta, lembrou-se do segundo conselho. Voltou, deitou-se e dormiu. Ao amanhecer, após tomar café, o dono da hospedagem lhe perguntou se ele não havia escutado gritos durante a noite, e ele respondeu que sim. O hospedeiro perguntou-lhe se não estava curioso a respeito, e ele respondeu que não..  O hospedeiro prosseguiu: VOCÊ É O PRIMEIRO HÓSPEDE A SAIR DAQUI VIVO, pois meu filho tem crises de loucura, grita durante a noite... e quando o hóspede sai, mata-o e enterra-o no quintal. O rapaz prosseguiu na sua longa jornada, ansioso por chegar a sua casa.
Depois de muitos dias e noites de caminhada... Já ao entardecer, viu entre as árvores a fumaça de sua casinha, andou e logo viu entre os arbustos a silhueta de sua esposa.
Estava anoitecendo, mas ele pode ver que ela não estava só. Andou mais um pouco e viu que ela tinha entre as pernas, um homem a quem estava acariciando os cabelos.
Quando viu aquela cena, seu coração se encheu de ódio e amargura e decidiu-se a correr de encontro aos dois e a matá-los sem piedade. Respirou fundo, apressou os passos, quando lembrou-se do terceiro conselho. Então parou, refletiu e decidiu dormir aquela noite ali mesmo e no dia seguinte tomar uma decisão. Ao amanhecer, já com a cabeça fria, ele pensou:
"NÃO VOU MATAR MINHA ESPOSA E NEM O SEU AMANTE. Vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de volta.. Só que antes, quero dizer a minha esposa que eu sempre FUI FIEL A ELA".
Dirigiu-se à porta da casa e bateu. Quando a esposa abre a porta e o reconhece, se atira em seu pescoço e o abraça afetuosamente. Ele tenta afastá-la, mas não consegue. Então, com lágrimas nos olhos lhe diz: "Eu fui fiel a você e você me traiu..."
Ela espantada lhe responde: "Como? Eu nunca lhe trai, esperei durante esses vintes anos!"
Ele então lhe perguntou: "E aquele homem que você estava acariciando ontem ao entardecer?"
"AQUELE HOMEM É NOSSO FILHO. Quando você foi embora, descobri que estava grávida. Hoje ele está com vinte anos de idade.”
Então o marido entrou, conheceu, abraçou o filho e contou-lhes toda a sua história, enquanto a esposa preparava o café. Sentaram-se para tomar café e comer juntos o último pão. APÓS A ORAÇÃO DE AGRADECIMENTO, COM LÁGRIMAS DE EMOÇÃO, ele parte o pão e, ao abri-lo, encontra todo o seu dinheiro, o pagamento por seus vinte anos de dedicação!
Muitas vezes achamos que o atalho "queima etapas" e nos faz chegar mais rápido, o que nem sempre é verdade.... Muitas vezes somos curiosos, queremos saber de coisas que nem ao menos nos dizem respeito e que nada de bom nos acrescentará... Outras vezes, agimos por impulso, na hora da raiva, e fatalmente nos arrependemos depois....
Espero que você, assim como eu, não se esqueça desses três conselhos e que, principalmente, não se esqueça de CONFIAR em Deus... (mesmo que a vida, muitas vezes já tenha te dado motivos para a desconfiança).

domingo, 16 de outubro de 2011

Festival de Primavera

Dia bonito para aparecer na Catedral do Redentor (Igreja Anglicana, no centro de Pelotas), ou como é conhecida por aqui: Igreja Cabeluda. O nome se deve a uma hera que a encobre totalmente e que, agora, está novinha, num verde arrebatador. Dentro da Igreja, o Festival de Primaveral. Arranjos de todos os tipos, cada um mais deslumbrante, acompanhado de uma música orquestrada. 
Ontem, enquanto percorria os diversos arranjos de flores, partituras e instrumentos musicais, esparramados pela nave central da igreja, fiquei atento à música. Mas, quando voltei à porta, surpresa, ouvia, do lado de fora, "besame mucho". Curioso, segui o rastro da música e num jardim interno a apresentação de corais, que continua hoje. Programa imperdível, de graça, de alto nível, gastando, durante algumas horas, um tempo precioso para a mente e para o coração.
 Muita gente, de todas as idades, apenas ouvia, ou conversava em voz baixa, aproveitando alguns raios de sol ou a suave flagrância que vinha das inúmeras árvores e arbustos daquela área. Uma ideia pra lá de interessante da Igreja, manter, em pleno centro da cidade, um espaço de verde, que nos faz tanta falta e que acaba diminuindo nossa ansiedade e mesmo o stress.
O Festival de Primavera já é tradicional na organização das senhoras anglicanas. Vai até terça-feira (18), com apresentações musicais hoje pela tarde e mostra das flores segunda e terça. Se estiver no centro da cidade, gaste um pouco do seu tempo para contemplar aquilo que a natureza fez de belo, mas que a mão do homem conseguiu transformar numa obra de arte.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Primavera brasileira

  Quando países do Oriente e da África começaram a ver a tempestade política que se formava em seu horizonte político, ninguém acreditava que aquele movimento, nascido de aspirações populares - e em alguns lugares, incentivados por forças ocidentais - haveriam de ultrapassar seus continentes para chegar, primeiro, à Europa, com movimentos espontâneos em países como a Itália, Espanha, Portugal e Alemanha, mas também ao coração do capitalismo - Wall Street, em Nova Iorque, Estados Unidos.
No feriado de 12 de novembro - e no último final de semana - movimento apartidário pela moralidade nas relações políticas também chegou ao Brasil, como o nome de Agora Chega! Em pauta, uma mudança nas relações daqueles que são "profissionais da política", começando pelo Ficha Limpa, definir a corrupção como crime inafiançável, passando pela proibição de votações secretas em temas de interesse público.
Há dois elementos que me parecem de suma importância. O primeiro, que nasce da desilusão causada por aqueles que vivem da política e que, mesmo falando tudo o que deve ser feito, não o fazem. Portanto, um movimento apartidário, mas que aceita todas as forças vivas da sociedade. O segundo que, de onde os políticos acreditam que têm o controle, podem manipular, pode vir uma surpresa que desestabiliza as relações que temos.
Muitos vão dizer que isto será perigoso, pois pode por em cheque as nossas estruturas. Não se dão conta de que a forma como nos fizeram entender democracia não tem dado respostas aos anseios de uma boa parte da sociedade. Portanto, este é o momento para reinventarmos, até, a democracia.
O que era para ser a desestabilização de regimes despóticos - a Primavera Árabe - ultrapassou fronteiras e sopra novos ares sobre as relações ocidentais. As passeatas vão continuar. Os políticos estão em alerta. A hora é de fazer barulho e mostrar inquietude, indignação e a certeza de que, passado este momento da cena nacional, nada mais será como antes, pode estar surgindo a “Primavera brasileira”.

domingo, 9 de outubro de 2011

Os acordes do impossível


Se os acordes da música não conseguirem mais nada,
apenas silenciem as vozes.
Ao silenciarem as vozes, façam ouvir todos os
sons escondidos nos corações.

Os lábios não mais balbuciem,
sejam fechados os olhos,
acompanhe-se, suavemente, a música
embalando um corpo.

A viagem por terras desconhecidas,
por céus escondidos,
por mares nunca vistos.

Se não houver mar, terra e céu,
ao menos, haja a imaginação,
voando ao encontro do próprio desconhecido.

Ao término da música,
as mãos estendidas
sejam capazes de tocar o intocável,
sentir a vida que não se esvai com a música.
Apenas se concentra para ser mais vida.

sábado, 8 de outubro de 2011

Da cultura e da África

Passei a ter outro olhar sobre o continente africano quando fomos abençoados pela chegada de três homens de Deus que nos deixaram sua marca - padres Quintino, Martinho e, agora, Augusto. Vieram em intercâmbio estimulado por dom Jayme Chemello, o primeiro para Comunicação, o segundo para o Serviço Social e o último também para Comunicação.
Em meus sonhos de viagens, meu coração sempre me levava para alguns países da Europa, das Américas ou vagando pela Oceania. No entanto, comecei a tomar gosto pelo jeito de ser que expressava uma cultura absolutamente diferente, com seus costumes e sua religiosidade, fazendo da diversidade um sentido de vida. 
Pelas muitas conversas que tive com os três, passei a entender melhor o sentido de relacionamento que se dá em países que foram ocidentalizados à força, sendo obrigados a encobrir suas tradições com uma sincretismos cultural que levou a copiar muito do que lhes era impingido, mas também a lutar para manter suas tradições e valores.
Fico encantado com estes povos que tiveram que fazer o mesmo, dos dois lados do oceano. Lá, a colonização tentava lhes impor os "valores" de uma democracia de interesses comerciais; para cá, vinham escravos, com as marcas de uma religão supostamente cristã, que lhes negava a própria fé. Contam que, hoje, em muitas igrejas construídas pelos negros, quando são restauradas, é comum encontrar, em meio às paredes, pequenas imagens de suas divindades num processo de sincretismo que vivemos até hoje.
Creio que minha segunda natureza é ser africano. Além de termos um pé na mãe África, pois nossa população é em grande número também negra ou parda, ou morena, também lhes devemos muito do que hoje entendemos por cultura.
Neste caso, com certeza, a cor da pele não pode ser a diferença, pois não faz a essência de um homem. Mas um coração pulsante deve e pode ser o grande elemento de aproximação, energizando uma fé que se faz, para além dos mares, num encontro de olhares que vivenciam as mesmas esperanças comuns à humanidade.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Relações humanas na construção do Reino de Deus

Pois é, no dia 17 de outubro, uma segunda, às 20h30, na casa do Cenáculo, o pessoal do Cursilho vai me aguentar. De novo. Culpa da Eli e da Bela (amigas de longa data, consequentemente suspeitas em seus convites), que pediram para falar de um tema pra lá de legal: "as relações humanas na construção do Reino de Deus".
Como diz a gurizada, até "me achei", pensando que poderia abordar um tema desta envergadura. Mas, vamos lá. Por onde tenho passado, sempre me pedem que fale sobre a comunicação que perpassa o pessoal, o interpessoal e as relações com a sociedade.
Regra número um, para mim a comunicação inicia com um momento de silêncio. Como diz o meu povo lá no interior de Canguçu, "saco vazio não para em pé". Portanto, para quem vai falar, em primeiro lugar, é necessário rezar - no caso daqueles que têm fé - e uma preparação adequada para que os "achismos" não acabem virando em fiasco.
Cheguei a cunhar uma expressão que tem sido repetida: todos precisamos de nossos "espaços de sanidade mental". Isto é, aqueles momentos em que nos reabastecemos pessoal e individualmente para continuar nossas vidas em todas as relações.
Resolvido este primeiro passo, os outros são apenas consequência. O que vivenciamos pessoalmente acaba refletindo nas nossas relações familiares, afetivas, profissionais e sociais. Portanto, por aí vamos conversar com o pessoal do Cursilho. Quantos vão estar dormindo ao final?

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Entre viver e morrer

Uma amiga contou que teve duas experiências de sonhar com pessoas que já haviam falecido. Em ambas, o que as distinguia da forma como ela vê as pessoas que estão vivas era que a cor da pele parecia mais opaca do que a normal. Conversamos a respeito, do que estaria na origem destes "sonhos", se algo ligado ao sobrenatural ou se apenas alguma brincadeira do nosso subconsciente.
Depois, nos perguntamos porque não temos coragem de falar com muitas pessoas a respeito. Por um simples motivo, estas experiências não são consideradas "científicas", portanto, coisa de pessoas atrasadas ou, indo mais longe, de "loucos".
Pois acho que, em nível de fé, estamos precisando mais de "loucos" do que de cientistas. Há pessoas que confundem o fato de terem uma religião com a necessidade de buscar explicações. Esquecem que o sentido de fé é exatamente daquilo que supera o que podemos manusear com nossas mãos ou com a capacidade de raciocínio.
Uma fé com todas as explicações não é fé, passou a ser ciência, portanto, perdeu o seu sentido. A fé nos leva para além, aceitar, conviver, deixar que se insira no nosso quotidiano algo que é maior, o Divino, com o nome que lhe quisermos dar.
Todas as explicações de contato com aqueles que morreram fica no plano da experiência pessoal: ninguém voltou para contar como é do outro lado, quais são os caminhos, ou mesmo para confirmar aquelas experiências de "quase morte".
Então, é respeitar a caminhada de cada um, conviver com os vivos, mas sentir que nos faltam aqueles que se ausentaram. Não sofrer por eles, fazem parte de um outro plano, devem ter as suas formas de resolver os seus problemas. A nós, em qualquer tempo, nos basta saber que estamos vivos, fazendo a aventura mais fantástica que o ser humano pode fazer: buscar insensantemente a felicidade.

sábado, 1 de outubro de 2011

As mudanças começaram


A presidente Dilma atingiu 71% de aprovação dos brasileiros, especialmente daqueles que vivem na região Sul e Sudeste, onde, nas eleições presidenciais, foi derrotada. Os números têm uma mensagem: respaldo para a faxina (nome que ela não gosta), que varreu ministros e assessores de primeiro escalação, acusados de corrupção e que, nos governos de FHC e Lula, teriam sido preservados, agora, são afastados.
Este cheiro de que há alguma coisa de ético acontecendo em Brasília levou aos gaúchos e demais estados da nossa região a repensar seu posicionamento. Dilma herdou um governo com problemas e, inicialmente, tinha que agradar ao padrinho. No entanto, os observadores políticos esperavam o momento em que os pratos seriam quebrados.
Não deu outra. Tendo chegado ao seu limite do que poderia agüentar dos desmandos de ministros e assessores herdados, passou a agir com cortes cirúrgicos, especialmente naqueles que se julgavam acima do bem e do mal e que nunca seriam atingidos, balançando, inclusive, a sua relação de poder tanto com o Partido dos Trabalhadores – PT (que sofreu profundas transformações – e para pior), quanto o camaleônico Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB (capaz das mais estapafúrdias modificações de seu suposto breviário ideológico para continuar no poder).
Sou repetitivo ao dizer que acho a figura da presidente extremamente burocrática, mas tenho que reconhecer que ela começou uma mudança inimaginável na administração dos dois mandatários passados. A coragem de se indispor com setores conservadores e vinculados a práticas que nos conduziram à corrupção e ao atraso, fez muita gente que já estava silenciada se dispor a voltar à luta pela moralidade e a uma política saudável.
Além daquilo que é nossa obrigação – cobrar o andamento de projetos que tornem transparente o mundo da política – também é necessário dar respaldo àqueles – como a presidente Dilma – que mostram disposição pelas mudanças. Deixá-la sozinha – independente de partido – é covardia, que poderemos pagar quando olharmos para trás e vermos que poderíamos ter feito a diferença e nos omitimos.