quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Ética na política e no futebol

Duas matérias mereceram atenção por parte da imprensa e precisam ser pensadas no seu contexto maior para que possam ser plenamente compreendidas: por ordem cronológica, no sábado, jogo do Inter contra o Palmeiras, segundo gol do visitante, com o atacante usando o braço, sendo que o juiz, de frente para o lance, não viu e também seus auxiliares imediatos, até chegar ao quarto árbitro, que flagrou a irregularidade, mas que teve a fúria do jogador e da direção de seu time, porque teria se utilizado de informação vinda da televisão.
Na manhã desta quarta, a imprensa começou a repercutir a compra de votos feitas em Jaquirana, pequeno município gaúcho, onde filho do prefeito reeleito, vereador e coordenador de campanha foram presos depois de pagar com lanche, rancho, equipamentos domésticos ou pneus usados de Corcel II!
Em ambos os casos, continua pesando nas costas do brasileiro uma assertiva negada por quem ficou popularizado em tempos idos, mostrando um maço de cigarros e afirmando: "é preciso levar vantagem em tudo, certo?" A chamada Lei de Gerson, um dos principais jogadores da seleção brasileira de 1970, mas que se notabilizou por expor as manhas do famigerado "jeitinho brasileiro de ser".
Infelizmente, o que mais dói, no primeiro caso, é constatar que se defende a ilegalidade, mesmo com cenas explícitas, se elas não forem flagradas "legalmente". Jogadores e diretores querem levar vantagem do jeito que for possível. Mas, também, não se veja inocência no adversário, o Inter, porque se o mesmo acontecesse, a reação não seria diferente!
No caso das gravações telefônicas de Jaquirana, a certeza da impunidade com as pessoas pedindo explicitamente, vantagens que poderiam ter com seu voto, um determinado número de votantes, ou a possibilidade de ampliar o número daqueles que votariam em determinado candidato.
Quando era criança, marcou minha memória uma mãe que dizia ao garoto companheiro de brincadeiras: "se o fulano bater em ti, bate nele!". Valendo esta regra é o mesmo que a Lei de Talião: "olho por olho, dente por dente". Desaparecem princípios éticos e morais para que se estabeleça a lei do mais forte ou daquele que é mais esperto e capaz de passar a perna nos incautos.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Cidadão do Mundo

Sempre admirei a expressão “cidadão do Mundo”. Ela teve diversas conotações: em tempos mais remotos, aqueles que podiam se dar ao luxo de percorrer muitos países, em aventuras que beiravam o fantástico; no século passado, figuras que eram de conhecimento público na mídia internacional – das quais conhecíamos as vozes e que, gradativamente, também associávamos à imagem. E, neste terceiro milênio, aqueles que se transformam em formadores de opinião não somente em nível local, mas transcendem fronteiras para seu estado, país, continente e concretizam a assertiva de Mc Luhan: “uma aldeia global”!
Vivo isto diariamente quando o boletim do blogspot (servidor onde tenho minha página) mostra os acessos que tive com predominância do Brasil, mas também com contados dos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Rússia, Portugal e Angola (estes dois últimos pela proximidade da língua), mas também Israel, Índia etc.
Hoje, cada vez mais, o autor de um texto somente o tem como propriedade enquanto o está produzindo. Quando apertou a tecla de enviar, assume vida própria e vai fazer o seu próprio destino!
O fato de saber que meus textos circulam em nível internacional dá uma sensação muito boa de provocação: alguém me escreveu dizendo que aquilo que veiculo “tem cheiro de gente”. Num ambiente tão asséptico, entre teclados e monitores, memórias e bits, saber que as pessoas procuram por outras pessoas torna o instrumental aquilo que sempre digo que é: instrumental!
Minha geração vive um momento especial: não mergulhamos inteiramente na informática, mas podemos fazer com que seja mais bem utilizada. Quem sabe, vivendo junto com jovens que só faltam vir com a tecla “enter”, a gente redescubra que este instrumental pode nos ajudar a alçar vôos por espaços fantásticos, ou apenas uma dica de passeio no final de semana, estender a mão para um novo amigo, talvez apenas emocionar com um texto que, se tem cheiro de gente, também quer encontrar gente que o ajude a viver melhor!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Desafio do jornalismo: um passo de cada vez

Como faço em todas as eleições, ontem (28), acompanhei o segundo turno da eleição municipal de Pelotas nos estúdios da Rádio Tupanci, como comentarista, a partir das 17 horas, quando o escrutínio estava encerrado. Durante o dia, A Fátima, Eduardo e o Leandro repercutiram as eleições com políticos, especialistas em política e comunicação.
Fechadas as urnas, já se podia falar o que, até então, não se poderia: resultado das urnas e possíveis vencedores: era voz corrente que, pela manifestação popular, a vitória seria do Eduardo e da Paula. Não deu outra, fechou com a diferença prevista, quase quinze por cento, algo parecido com a eleição passada quando o mesmo Marroni perdeu para o atual prefeito Fetter.
Mas, mesmo as urnas não tendo sido encerradas, já pipocavam telefonemas de emissoras de rádio da capital que queriam comentários a respeito do pleito. Um processo que se estendeu até a noite, quando atendi a Band TV, Band Rádio, Guaíba etc.
No entanto, o mais agradável acabou sendo a coletiva do vencedor, a partir das 19 horas. Muitos ex-alunos representando a mídia local e estadual. O Guilherme Rocket fez uma citação pela Band TV: feliz por estar em Pelotas, onde estudou, e reencontrar os professores Sadi Sapper e Manoel Jesus! Claro que o orgulho falou mais alto.
Foi bom ver que muitos de nossos alunos saíram de Pelotas e passaram a lutar por um espaço nos grandes meios de comunicação. E conseguiram. O bom de ser um batalhador - como eles demonstraram ser - é que os horizontes não têm limites! Vencedores, alegram porque demonstram que aprender é um passo do caminho, sendo, o seguinte, encher-se de coragem e enfrentar o Mundo!

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Saúde pública, não façam política com a dor

Nesta terça - 23 de outubro - a Prefeitura reinaugura o Posto de Atendimento de Saúde do Bairro Santa Terezinha, aqui, em Pelotas. Uma área com diversos condomínios, além de diversas vilas e adjacências ficou, durante bom tempo, sem atendimento básico na área médica.
Um dos argumentos é que, em bairros próximos, existem outros postos para atendimento. Errado: uma boa parte da população é formada por idosos ou doentes que não têm condições de se deslocar de ônibus e tinha, próximo de suas casa, um atendimento que se não era nota dez, ao menos satisfazia as mínimas necessidades.
Muitas vezes, como no início deste inverno, levei meus pais (este ano, apenas minha mãe, pois o pai faleceu em março do ano passado) para as vacinas contra a gripe. Sempre bem atendidos, mesmo que as estruturas mostrassem o desgaste e o descaso não do município, mas daqueles que têm os recursos para isto - governo estadual e federal.
Infelizmente, embora nas campanhas, os pretendentes à prefeitura municipal façam promessas, não está em suas mãos a decisão de investimentos. E quando conseguem os investimentos, manobras políticas, muitas vezes, retardam a sua destinação.
Não é à toa que medicações consideradas básicas - inclusive no tratamento do câncer - não estejam sendo distribuídas pelo município, mesmo com ações judiciais! Infelizmente, o município é a ponta do iceberg. A parte que está por baixo e que tem os recursos se chama estado e união.
Vou estar na inauguração. Vou abraças ao Gustavo e àqueles que lutaram pela reabertura do posto. Vou ouvir explicações que não deveriam ser dadas, mas que deveriam ser entendidas por quem sai de madrugada para buscar uma ficha de consulta; faz uma via da cruz em busca de um remédio, ou quer apenas ter a esperança de que novos mandatários consigam minimizar a dor de uma gente que pede pouco para ser feliz!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Sexo e campanha eleitoral

O que mais ocorre na campanha eleitoral de Pelotas é a suposta opção sexual dos dois candidatos. Para quem ainda não sabe, não é uma eleição sexual, mas para prefeito da cidade. Portanto, desde que sejam bons e exemplares cidadãos - e creio que os são - não importa suas preferências nesta área, a não ser para quem com eles convive na intimidade.
Nanine (da Grande Família) recusou-se a falar no tema, depois de ter assumido sua homossexualidade. Afirmou: "não saí do armário, porque nunca lá entrei!", para acabar com as perguntas que queriam detalhes, preferencialmente os mais escabrosos, dos seus relacionamentos.
Fico pensando que existem alguns pseudo-liberais capazes de apregoar direitos individuais, arrotarem posturas de defesa destes grupos, mas que não resistem a fazer uma "piadinha" a respeito! Mostram, de fato, que seu lado preconceituoso fala muito mais alto!
Em algumas ocasiões, quando conversei a respeito de sexualidade e celibato, na Igreja Católica, disse que o mesmo vale para um hetero, quanto para um homossexual. O que a Igreja pede é que sublime o sexo para viver com intensidade a sua entrega ao sacerdócio.
A política e a vida pública não pedem isto, somente que se respeite o convívio entre as várias opções, salvaguardando espaços para que cada um tenha o direito à sua liberdade de escolha, indo até o momento que inicia a liberdade do outro.
Neste momento de campanha, os bastidores nos dizem mais do que as vitrines da grande mídia: no caso, o desespero de alguns concorrentes faz desfiar um rosário de calúnias e intrigas que nem a Carminha, em plena Avenida Brasil, foi capaz de fazer!

domingo, 21 de outubro de 2012

O destino e a saudade

Puxo pelo fio do destino.
Em muitos espaços, encontro nós,
Que machucam, impõem sinais,
Não deixam esquecer momentos
Vividos para a felicidade ou tristeza.

Traz-me junto com suas marcas
Um espelho judiado pelo tempo,
Onde as imagens são imprecisas,
No desgaste da ausência.

Crianças que brincam e
Deixam seus risos ecoarem pela eternidade;
Jovens que sorriem e, nos quais,
Ainda não há os sinais do envelhecimento;
Idosos que são a marca mais próxima da eternidade.

Duas lágrimas brincam em meus olhos:
Já não tenho certeza das presenças e ausências.
Cada um de meus sentidos anseia por quem
Passou algum tempo ao meu lado e partiu:
Seguiu seu caminho, deixou-me a saudade.

sábado, 20 de outubro de 2012

Almoço de sábado

Almoço com amigos. Um tempo de sanidade mental para jogar conversa fora. Sem a pretensão de discutir temas profundos ou envolvimento de trabalho, apenas aproveitar a companhia da Marli, Lucinha, Edinho e a Bruna.
A Marli mostrou seus dotes na cozinha, com um strogonoff de carne, acompanhado de um arroz (bendito seja, não acreditei!) feito no micro-ondas!. Com saladas - minha preferida, tomate e cebola (também preventiva a problemas na próstata!), um aperitivo e um vinho.
Mas descobrindo, também, uma nova faceta da Lúcia: o gosto pela fotografia! Munida de uma câmara cheia de recursos, queria registar cada instante, cada imagem, tudo o que fosse capaz de lhe dar prazer.
Na volta do apartamento da Marli, na Cohabpel, uma série de jardins, além de duas frondosas seringueiras, era um prato cheio para que o click se repetisse diversas vezes, nas mais variadas direções.
No frigir dos ovos, a Lúcia tinha aula de... fotografia!!! E nos deixou com o sentimento de que poderia durar mais, aproveitar mais, conviver mais. Em tempos em que os dias se sucedem no atendimento a alguém com deficiências físicas, estes momentos são especiais e se fazem necessários para alimentar o dia a dia onde a realidade é outra.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Chapeuzinho Vermelho, com uma muleta, passou por aqui

Reportagem de televisão apresentou um fisioterapeuta trabalhando com crianças deficientes. Passando o tempo, sentiu necessidade de trabalhar o imaginário dos pequeninos, mas encontrava dificuldade nas histórias contadas para os "normais", pois os personagens também eram "normais", fora do mundo infantil no qual viviam.
Então, teve a ideia: os personagens poderiam ser adaptados e aparecerem em situações do dia a dia das crianças, com os mesmos problemas que enfrentavam e as mesmas sequelas!
Levou para seus livros personagens com os mesmos problemas: pernas amputadas, deficiências de locomoção, visão, audição etc. A mudança entre as crianças foi muito grande e se deu conta de que atraia também as crianças "normais".
Para as deficientes, viu seus mundos se encherem de alegria e conseguiam uma empatia maior com personagens que viviam, enfrentavam e conviviam com seus problemas do dia a dia.
Para as "normais", passavam a conviver com pessoas "diferentes", mas que não precisavam ser excluídas e, sim, aceitas, e tratadas dentro de suas deficiências com amor e respeito.
Conseguiu resgatar para o convívio social aqueles a quem a vida deu mais dificuldade e criar uma consciência de inclusão social naqueles a quem a vida abençoou fisicamente. Deixou a lição de que nossas diferenças desaparecem quando colocamos no horizonte que o mais importante é sermos pessoas, com nossos problemas e sonhos, lágrimas e o riso límpido de uma criança que vê o esforço para lhe sedimentar um presente, mas também alcançar um futuro: Chapeuzinho Vermelho, com uma muleta, passou por aqui!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

"O melhor amigo do homem"

A RBS TV mostrou no seu Jornal do Almoço desta quarta - 17 de outubro - uma matéria a respeito de um fato comum: a tentativa de recolher, tratar e controlar o número de cães na rua em Canoas, na grande Porto Alegre. Mas com um diferencial: o encaminhamento para que sejam utilizados por crianças e jovens em fase de recuperação de alguma deficiência física ou portadores de alguma síndrome.
Confesso que não sou dos mais ligados a animais. Embora meu pai gostasse, minha mãe apenas abria exceção para cocotas, mas não queria saber de cães ou de gatos. Mas vejo as campanhas para erradicar os cães nas ruas, por exemplo, e sinto pena que a esterilização seja apenas para que desapareçam, mas não há nenhum sentido afetivo para com os animais!
Pois a proposta do setor público daquela cidade com algumas organizações ligadas aos animais, envolveu, também, escolas especiais e espaços de terapia para, num primeiro momento, receberem os animais, com a possibilidade de que as crianças e os jovens venham a ficar com eles!
A interação é fantástica, pois fazem tudo juntos: caminham juntos para superar obstáculos, para passar por tuneis, ou terem que se abaixar para passar por espaços menores. Trabalham a coordenação motora e, mais... a coordenação afetiva! Não fazem sozinhos, com cenas que beiram ao riso: a criança passa o obstáculo e o cão, por preguiça ou por achar muito alto, passa ao largo!
Muitos animais já foram adotados. Outros estão a caminho, mas, o que vale, é que encontraram um belo jeito de dar sentido a animais de rua que, de outro lado, poderiam ter um triste fim, sem cumprir com sua missão que é e continuará sendo "ser o melhor amigo do homem"!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Redes sociais e atitude para mudar

Vou confessar: estou viciado! Neste horário, próximo do meio-dia, estou percorrendo o facebook, curtindo, comentando ou compartilhando mensagens. Já com quase dois mil amigos, cada mensagem que compartilho e comento tem imediata repercussão, no sentido de dizer que está gostando, quer dizer mais alguma coisa, ou, também, quer passar adiante.
Em http://www.facebook.com/manoel.jesus.37, você pode encontrar o que muitos amigos dizem esperar porque passo mensagens que são de alto astral, edificantes, ou "cutucam" o seu jeito de ser!
Vivemos um tempo de transição em que, entre produzir, ter aproveitamento por um meio de comunicação ou, ao menos, fazer uma carta chegar a um amigo, e hoje, onde instantaneamente vemos a mensagem ser produzida, veiculada e ter o retorno, são toques de teclado e de mouse.
Ontem, quando conversei com o grupo "Voltando à Sala de Aula" e algumas faziam a crítica do que "outros" fazem, comentei que, hoje, o "fazer" é muito fácil, propiciado pelas redes sociais, que compartilham diversas mobilizações na linha de terminar com a corrupção - o ficha limpa - até responsabilizar quem bebeu e se envolveu em acidentes com vítimas fatais.
Somente se omite quem quiser! Para quem deseja ser protagonista da vida em sociedade é acompanhar tudo o que está sendo dito, filtrar pelo senso crítico e ir à luta: há muito o que se fazer, provocando atitudes de vida naqueles que se acomodam e se acham coitadinhos num tempo em que, exercer a cidadania, é uma questão de atitude!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Aposentado e política

O fato de já ter escrito diversos artigos a respeito de aposentadoria e envelhecimento tem me granjeado convites para conversar a respeito de espiritualidade e de vivências para esta etapa da vida. Agora, que expectativa de vida aumentou, assim como a sua qualidade, tento colocar em pauta a questão da política, visto que é nela que se faz o convívio dos diferentes e se administra a vida de todos os cidadãos.
Embora, em princípio, todos torçam o nariz para falar a respeito, os preconceitos vão sendo superados quando as pessoas se dão conta de que se não agirem nesta área. Deixarão para outros a definição de seus próprios destinos, sendo eles encaminhados do jeito que é feito até agora, passando – no caso dos aposentados – a se contentar, em muitos casos, com as misérias que caem das mesas dos “senhores” da política.
O primeiro passo é assumir uma visão crítica das relações políticas, participando ativamente dos processos eleitorais, acompanhando candidatos - eleitos ou não - buscando repercutir aquelas mobilizações que visam dignificar o setor público, assim como a busca pela transparência dos gastos públicos.
O segundo passo é não ter receito das organizações sociais se envolverem com a política, sem que se envolva com a política partidária. Então, Igrejas, Sindicatos e outros organismos sociais têm, sim, que orientar seus quadros, especialmente quando se prepara uma campanha eleitoral, mas, também, quando está em jogo algum dos nossos valores, como foi o caso recente do “ficha limpa”.
Como falo para aposentados, quando se questiona a respeito de prejuízos causados pelos diversos planos governamentais e ação de nossos mandatários, todos têm alguma coisa a reclamar. Então, é hora de mostrar que esta categoria tem uma capacidade de mobilização que nem uma outra tem: tempo disponível, recursos mínimos necessários e uma formação que lhes permite discutir e argumentar. Um aposentado bem preparado é uma arma perigosa, pois pode ser um formador de opinião na família, na vizinhança, entre os amigos, disponível para encontrar candidatos dispostos a assumir suas causas.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Para que termos parlamentares mais caros da Terra?

"Acho estranho e muito grava que alguém diga com tranquilidade que houve caixa 2. Caixa 2 é crime e atinge a sociedade brasileira. Fica parecendo que, no Brasil, o ilícito pode ser praticado". Fiquei feliz quando ouvi, ao vivo, para todo o país, a afirmação da ministra Cármem Lúcia, ao condenar o ex-ministro José Dirceu, dando condições que a sociedade passe a respirar com a certeza de que nem tudo está perdido.
No entanto, se vemos o Supremo Tribunal Federal dando o direito a um respirar já menos aflito com relação ao nosso futuro, alguns deputados deram, na semana passada, um triste exemplo, depois que o Bom Dia Brasil publicou uma matéria comparativa entre os custos parlamentares no Brasil e em diversos países do primeiro mundo. Damos de goleada: temos os parlamentares mais caros da Terra!
Com receio da repercussão, choveram telefonemas nas redações e direção da Rede Globo e a matéria não repercutiu nos demais telejornais! Triste que a potência deste meio de comunicação tenha se dobrado às pressões daqueles que têm medo que a sociedade saiba de suas mazelas.
Sobrou as redes sociais compartilharem o vídeo - que pode ser encontrado no You Tube - para nos enchermos, cada vez mais, de indignação. Não há como fazer uma limpeza nos três níveis do poder. Mas podemos, sim, pelo voto e pressão popular, encontrar exemplos positivos de cidadania. Os condenados agora - e outros que surgirão - mesmo com histórico político, aproveitaram-se da máquina pública e precisam ser punidos até para darem exemplo do que não se deve fazer. Discutir a relação entre a mídia e poder é uma consequência que ainda precisamos aprender para não ver nossos recursos sendo desperdiçados em ações que nada têm de públicas.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Aposentados, mas não mortos III

O governo federal – diga-se presidente Dilma – se comprometeu com o Congresso Nacional – leia-se presidente da Câmara dos Deputados, o gaúcho Marco Maia – de que, passada as eleições, fecharia a negociação a respeito do fator previdenciário, que reduz o valor dos salários de aposentados, se estes buscarem o benefício antes dos 60 anos, para mulheres, e 65, para homens.
Não contava, no entanto, que, exatamente agora, as ações começassem a desaguar no Supremo Tribunal Federal e que os juízes declarassem a medida inconstitucional, tendo que a Previdência refazer os cálculos e indenizar aqueles que foram prejudicados. As reclamações começaram no eixo Rio-São Paulo, onde já são quase um milhão e trezentas mil ações, ameaçando espalhar-se por todo o país.
Já falei a respeito desta questão em artigos anteriores, reclamando deste “ajuste” feito no governo Fernando Henrique Cardoso, que teve o amém do presidente Lula. Em muitos casos, aqueles que ultrapassaram os 35 anos de serviço (período mínimo exigido para aposentadoria para o homem, assim como 30 anos para a mulher) cumpriram com aquilo que lhes era exigido mas... às portas da aposentadoria, viram mudar as regras do jogo, com o jogo em pleno andamento!
Uma brincadeira inconseqüente dos governos Tucano e Petista que viam neste arranjo um jeito de sanar as contas da Previdência, cobrando daqueles que sempre foram pontuais em recolher suas contribuições, mas incapazes de azeitar a máquina tributária para buscar os recursos que escorregam pelas valas da corrupção, no próprio órgão.
Hoje, vemos “mensalões” sendo julgados (da esquerda, centro e direita), fazendo com que se olhe de forma diferente para o Judiciário. Depois que este poder declarou a validade do “ficha limpa” para esta eleição, a esperança de que não sejamos mais apenas “um país do futuro”, mas sim a construção de uma realidade renovada, hoje, não parece longe. Mais ainda, se o Executivo for obrigado a reconhecer que aqueles que se recolhem da ativa estão aposentados, mas não estão, de fato, mortos.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Seu voto é sua dignidade

Compartilho das orientações emanadas da arquidiocese de Pelotas.

Juntamente com a equipe de Coordenação Pastoral Arquidiocesana, no cumprimento de minha missão pastoral, elaborei algumas orientações dirigidas aos nossos fiéis, em vista da participação nas eleições municipais deste ano. Veja a seguir.
Participe e vote. Não deixe de seguir a campanha para as eleições municipais e de exercer bem o seu direito e dever de cidadão. Valorize seu voto, que ajudará a definir o futuro do seu município. Evite o voto nulo ou branco.
Vote em quem você conhece. Procure conhecer os candidatos, verifique se estão comprometidos com as grandes questões que requerem ações decididas do Poder Legislativo e Executivo municipal, como: habitação, educação, saúde, segurança, transporte, cuidado do meio ambiente, limpeza pública, saneamento básico, atenção especial aos pobres e às camadas sociais mais vulneráveis do município.
Tenha consciência que prefeito e vereadores devem promover o bem comum. Veja se os candidatos e seus partidos estão comprometidos com a justiça e a solidariedade social, a dignidade da pessoa, os direitos humanos, a cultura da paz e o respeito pleno pela vida humana desde a concepção até a morte natural. Estes valores são fundamentais e irrenunciáveis para o convívio social.
Pergunte-se: candidato de quem? Avalie se os candidatos têm propostas realistas e viáveis para promover políticas que beneficiem a comunidade como um todo ou se estão ligados mais ao interesse de grupos específicos e de bens particulares. O bom governante deve governar para todos.
Confira a ficha pessoal do candidato. Dê seu voto de forma consciente e não decida apenas na última hora. Não dê seu voto a quem já esteve envolvido em casos de desonestidade e corrupção, mas somente a candidatos com "ficha limpa". A corrupção na política pode ser superada também com o seu voto.
Não venda o voto, nem troque por favores: seu voto é sua dignidade. Fique atento a toda prática de corrupção eleitoral, à compra de votos, ao abuso do poder econômico e ao uso indevido da máquina administrativa pública na campanha eleitoral. Fatos como esses devem ser denunciados imediatamente, com testemunhas, às autoridades da Justiça Eleitoral.
Vote com consciência e liberdade. Procure conhecer as ideias e as propostas defendidas pelos candidatos e pelos partidos aos quais estão filiados e seu vínculo com as comunidades locais. Vote em candidatos dignos, capazes, com credibilidade pública e que estejam em sintonia com suas próprias convicções.
Questione os candidatos. Verifique se os candidatos estão dispostos a legislar e administrar de forma transparente, aceitando mecanismos de controle por parte da sociedade. Candidatos com um histórico de corrupção ou má gestão dos recursos públicos não devem receber seu apoio nas eleições.
Saibam o que pensam em relação à política, à religião e à família. Vote em candidatos que respeitem a liberdade de consciência, as convicções religiosas e morais dos cidadãos, seus símbolos religiosos e a livre manifestação de sua fé. Da mesma forma, apóie candidatos que amparem a família e a protejam diante das ameaças a sua identidade e missão natural. A sociedade que descuida ou abandona a família, herdará muitos problemas.
Fique de olho. Votar é importante, mas ainda não é tudo. Depois das eleições, acompanhe as ações e decisões políticas, legislativas e administrativas dos governantes municipais, para cobrar deles coerência em relação às promessas de campanha e para apoiar suas decisões acertadas.
Dom Jacinto Bergmann

Saúde pública no bairro

Hoje (quinta - 4), voltando da farmácia, passei pelo Posto de Saúde que está sendo montado no bairro Santa Terezinha, em Pelotas. Uma equipe da prefeitura estava vistoriando as obras. Não tive dúvida, dei um toque para o Gustavo, um amigo que está mobilizando a população e fazendo pressão para que o atendimento de saúde - suspenso há diversos meses - volte a funcionar. E lá se foi, nosso nobre futuro vereador, em busca de informações e azeitando as relações para que, em breve, a população volte a ter este serviço próximo de sua casa.
Fico impressionado do quanto as pessoas, nos bairros, pedem pouco e, muitas vezes, nem isto vêem atendido. O posto tem uma estrutura mínima, com poucas consultas diárias, tanto assim que as pessoas têm que ir para lá de madrugada para conseguir uma ficha! Mesmo assim, consideram-se felizes por ter o serviço.
Em véspera de eleições, onde todos os candidatos, pressionados pelas pesquisas que mostram ser o tema o primeiro da lista dos malefícios que o poder público pode causar, esbanjam argumentos para dizer que em seus governos vai ser diferente. Se cumprirem o que prometem, seus orçamentos serão pequenos para transformar um mar de lama num jardim de prosperidade!
No dito popular: "a esperança é a última que morre". Esperamos que não morra e que os "gustavos" da vida possam reverter a situação pontual da saúde no bairro Santa Terezinha, para que o mesmo possa acontecer em outros níveis.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

É preciso votar

Diversas Igrejas Cristãs publicaram em jornais ou na internet orientações para as eleições do primeiro turno, no próximo domingo, 7 de outubro, para prefeitos e vereadores. Claro que, para atender a legislação eleitoral - e até ao sentido de seu trabalho - devem ficar nas questões de princípios, muito mais do que nas definições político-partidárias.
Em alguns espaços onde tenho conversado, sugiro que, a primeira coisa a ser feita é recordar em quem se votou no primeiro turno da eleição municipal de quatro anos atrás. Lembrando do candidato a prefeito e a vereador, a questão é: se eleito, trabalhou bem? Se não foi eleito, deu as caras e continuou se mostrando interessado por aquelas causas das quais fez plataforma com promessas públicas?
Infelizmente, nós, população brasileira, somos considerada como desmemoriada - lembrança curta, praticamente de fatos mais recentes, não importando muito o que aconteceu há mais tempo. Isto, infelizmente, faz com que não tenhamos consciência histórica, consequentemente, não nos damos conta de que, na vida pública, é importante avaliar o que foi dito e o que foi feito.
"Mais do que bons políticos, o Brasil está precisando é de bons eleitores". Esta frase, multiplicada pelo Facebook, conta uma grande verdade, complementada por outra que está na mesma rede social: "Não é a política que faz o candidato virar ladrão. É o seu voto que faz um ladrão virar político!"
Esta é a carapuça que todos nós devemos vestir. Não adianta anular o voto ou votar em branco, isto significa omissão. Se acha que o quadro é ruim, vote no "menos pior", mas vote! Embora todas as decepções, o certo é que nosso processo democrático ainda precisa de ajustes, que passa por aprendermos - a cada dois anos - o melhor jeito de se votar.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

"Sob o sol de Toscana"

Havia lido o livro e, ontem, vi o filme. Sempre acho que o primeiro supera o segundo. Não foi o caso, achei ambos muito bons: o livre realça o aprendizado, a gastronomia e as descrições alongadas; o filme fica com o lado afetivo-emocional e com o deslumbrante mundo de um pequeno lugarejo na Itália.
"O que é uma casa senão o espaço entre quatro paredes?" Esta frase é dita depois que ela recuperou a casa de mais de 300 anos, em aventuras que compartilha com uma amiga, um amante italiano e operários da construção.
Quando consegue fazer com que um amigo retire a amiga bêbada que faz uma performance numa fonte, lembrando um clássico do cinema, vem uma pérola: "não importa o que aconteça, guarde sempre a sua inocência". Que não está somente na questão sexual, mas passa pela liberdade de pensar e, em alguns casos, sair da realidade para cair no sonho ou na loucura.
No finalzinho do filme, falando de um dos personagens: "mas ele sempre tem uma surpresa". Não há como "enquadrá-lo", mas esperar, sempre, que surpreenda e te tire da monotonia e da rotina.
Bebi cada cena, com as surpresas que o elemento humano oferecia; com as coxilhas que faziam o olhar se estender ao infinito, ou apenas ao velhinho que vinha todos os dias rezar diante de uma Madona, sem dar bola para a personagem central, até que, depois de algum tempo, já fazendo parte da rotina a troca de olhares, reverentemente, o velhinho volta-se para ela e toca com um dedo a ponta do chapéu!