quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Advento e crise

Desde domingo (29 de novembro), os cristãos vivem o Advento, quatro semanas antes do nascimento de Jesus. A época é especial, pois se reveste de euforia e boa-vontade em que os sentimentos de solidariedade e de festa ganham destaque. Tradicionalmente, para o comércio, é um dos melhores tempos para as vendas, estimulados por anúncios em profusão pelos mais variados meios de comunicação, em que a tônica é: gaste o quando puder e, se possível, o que não puder!
Este ano, há uma crise econômica. Na ponta do lápis, ou da calculadora, a maior parte da população está fazendo as contas de como pagar as pendências e brigando para chegar empatado com o caixa até o final do ano. Ou deixando o mínimo de saldo negativo para 2016.
Mas não se pode desperdiçar este tempo. Quem sabe, não seja uma chance de aproveitar melhor para investir em relacionamentos. Uma amiga disse que sempre gostou deste período porque tem algo de mágico: as pessoas parecem mais dispostas e mais abertas. Muitos são os grupos que vivem momentos de oração no Advento, se motivam para auxiliar famílias que enfrentam problemas financeiros, assim como instituições de caridade.
Alguém disse que a Primavera propicia mais disposição para se ir à rua. Há menos pressa em andar pelas calçadas, mais olhos erguidos e mais disposição para dar um simples "olá" ou um "bom-dia". Não há tantos arranjos natalinos nas casas. Mas a singeleza de algumas guirlandas nas portas demonstram que um valor não foi esquecido: o menino que nasce não pede presente. Pede predisposição para o outro.
Ouvi o relato de uma pessoa solteira da arrumação que fez em seu apartamento. Reconheceu que raramente alguém vai à sua casa. Mas já fez uma boa limpeza, trocou todas as toalhas e trilhos por outras com elementos de Natal, enfeitou uma pequenina árvore, uma Coroa do Advento e recuperou do baú da família o Presépio.
Natal pode ter muitos significados. Mas também pode não ter, se, antes de servir para dar presentes ou fazer festas, não se cuida da própria casa. Arrumar o espaço em que se vive, sem a preocupação com o que os outros pensam, é saber que ninguém nos valoriza se não formos os primeiros a fazê-lo. Tempo de crise, pouco dinheiro, pode fazer sobrar relacionamentos e solidariedade. Organizar nossos espaços interiores e a vida com quem convivemos no dia a dia é um dos caminhos para viver bem as propostas de quem não precisou de luxo para chegar a este Mundo. Ainda hoje, este é um bom jeito de se viver o tempo de Natal!

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