Espio pelo postigo da janela.
Por detrás de um vidro embaçado
Desfilam pessoas apressadas,
Com fisionomias cansadas,
Não importando que seja inverno ou verão.
Têm pressa em chegar às casas para
Encontros possíveis e aqueles desejados.
Os passantes se repetem nos mesmos horários,
Na rotina em que se perde o sentido da espera e do aconchego.
Pelas esquinas,
As vozes do passado teimam em se fazer presentes.
Agora, há mais gente andando pelas calçadas.
Muitos ainda são conhecidos,
Outros me são indiferentes.
A rua ainda guarda o mesmo jeito.
Alguns rostos são os mesmos
E repetem velhas rotinas.
Os mais velhos de outros tempos já partiram.
Os mais velhos desta geração parecem não acreditar
Que agora são eles que namoram a finitude.
Do outro lado da janela entreaberta,
Ouço os ruídos peculiares à cidade dos homens.
Mesmo quando a noite avança e me acomodo ao leito
Não ouvir seus ruídos me angustia.
Para onde foram?
Na incompletude, o silêncio sufoca,
Sua falta predestina a morte, o ocaso,
A ausência de todo e qualquer calor humano…
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