terça-feira, 20 de março de 2012

O Lucas estuda Filosofia


Papo de final de semana. Almoço com música, bons amigos, atualizando fofocas, trocando as novas, vendo quem vem, quem vai, pensando em tempo de aposentadoria... Papos absolutamente normais quando conhecidos se reencontram e o grande lance é jogar conversa fora.
Mas vai daqui, volta dali e o Lucas - filho da Gelci e do Darci - que recentemente esteve no quartel, conta que está estudando Filosofia. Alguns olhares de estranhamento, alguns sem saberem bem o que é isto, mas eu, confesso, fiquei surpreso.
Embora meu afilhado Toninho negue a influência - por ser tio do Lucas e irmão da Gelci, um bom professor hoje na Bahia - claro que das conversas em casa, naquele clima bem descontraído entre uma cuíca e um pandeiro, passando por um teclado e um violão, o garoto foi bebendo das boas influências.
Até pouco tempo atrás, Filosofia era feita por seminaristas, como requisito para depois fazerem Teologia, ou por desocupados. No entanto, a disciplina que tem por razão questionar, hoje, provoca muita gente nova, que sente a necessidade de encontrar algo mais do que apenas uma profissão.
Uma peça de televisão dizia que, o que move o mundo não são as respostas, mas sim as perguntas. Pois é isto que faz a Filosofia, tem os questionamentos, desde os mais antigos: “quem somos, de onde viemos, para onde vamos?”, até as novas: “nossa relação com a Natureza, novas relações sociais, a eterna busca por Deus, com religião ou fora delas”.
Embora Filosofia habilite para o exercício do magistério (com a obrigação da sua inserção em certos níveis), em muitos casos não é este o interesse: para compreender o que nos realiza, precisamos ter uma visão de conjunto, que as diversas habilitações não nos dão.
Este novo “homem” que deseja se conhecer está mais próximo de ser a solução do que problema. Alguém que olha o Mundo como parceiro, não faz dele uma fonte inesgotável de satisfação, mas olha o melhor jeito de fazer com que o sonho utópico se construa: colocar no bonde da felicidade, uma Humanidade que vê a festa passar, enquanto para ela restam apenas os restos que são jogados pelas janelas.

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