quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Madiba

As férias servem também para atualizar os filmes não vistos durante o ano. No início do ano passado, em Porto Alegre, assisti ao filme Invictus. Nelson Mandela (vivido por Morgan Freeman) foi eleito presidente da África do Sul (o primeiro negro) e precisa de um elemento agregador: o futebol, capitaneado pelo jogador Francois Pienaar (Matt Damon).
Precisando fazer diferente do que fizeram outros países da África, não acreditava que a ascenção dos negros devesse colocar em declínio a raça branca, mas encontrar formas de convivência e de superação das divergências.
Não é à toa que, durante a Copa do Mundo do ano passado, foi uma das figuras mais procuradas pelos jornalistas internacionais. Foi ele quem disse: "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar."
A população sul-africana, carinhosamente, o chama de "madiba" (algo como uma referência, em sua tribo, alguém importante nas relações do grupo). E verdadeiramente, o filme passa isto: o esforço para superar o racismo tem que vir de todos os lados.
Contava uma amiga que uma pessoa negra chegou numa oficina chamando todo o tempo o dono de alemão. Bastou o "alemão" chamar o outro de negrão e o baile fechou: "isto é racismo".
Como disse Mandela, racismo se ensina, assim como se ensina a respeitar. Basicamente, dependemos dos nossos valores e das nossas referências: para as crianças, é muito fácil conviver. Sempre é um adulto que começa a colocar em sua cabeça "valores" diferentes. O filme é uma semente. Mas o caminho ainda é muito longo, mas não impossível.
Quem sabe pedimos a bênção a "madiba" e consigamos entender que a cor está apenas na pele. A partir daí, até o coração, as razões são mais forte para lutarmos por coisas que são comuns: dignidade, realização e felicidade para brancos, negros, amarelos...

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