Na última semana, participei de diversas reuniões preparatórias à Campanha da Fraternidade deste ano, que vai tratar da saúde pública. Interessante a quantidade de depoimentos, pois todos nós, de alguma forma, tivemos alguma experiência com esta área.
Creio que se pode categorizar em três grupos que interagem: o primeiro é daqueles que, pela prevenção, poderiam manter a saúde, ou ao menos retardar o processo de envelhecimento, ou, ainda, ganhando qualidade de vida para envelhecer.
O segundo é dos doentes, estágio onde ninguém quer chegar mas que, por ação ou omissão, ou porque temos escondido em nossos corpos um relógio tipo bomba de alcance retardado, em que, um dia, algo pode estourar, como um câncer, por exemplo.
O terceiro diz respeito aos cuidadores. Podem ser os familiares (especialmente), mas aqueles que, hoje, tornaram-se quase profissionais da área e que também precisam de uma atenção especial, pois carregam, em muitos casos, as dores do acompanhamento e a solidão de um tempo que passa com as batidas inexoráveis de um relógio que aponta para o fim.
Quando foi apresentado o cartaz da Campanha, numa das reuniões, algo que chamou a atenção de quem explicava era exatamente o olhar que o médico dá para o idoso que está à sua frente. Num meio sorriso, com uma mão segurando a mão da pessoa supostamente doente e a outra no ombro, há um olhar de acolhida e de entendimento.
Nossa família passou por experiência parecida na morte de meu pai. Seu médico - doutor Gustavo - sempre que o atendia, fazia questão de segurar seu braço e conversar olho no olho. Somente depois fazia a parte administrativa.
Em palestras, costumo dizer que a comunicação inicia no olhar: ele pode acolher, dar sinais de entendimento, indicar esperança, mas, sobretudo, apontar para a solidariedade, tão necessária para quem deseja a prevenção, para quem está doente, ou para aquele que exerce um sacerdócio santificado no abraço e no carinho de quem cuida de uma pessoa debilitada e, em muitos casos, fragilizada pelas deficiências do próprio corpo.
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