sábado, 27 de julho de 2019

Filhos especiais do Sagrado Coração de Jesus

Tenho tido a alegria de ser convidado por diversos grupos de pessoas que são formadores de opinião para conversar a respeito de Comunicação (por ser minha área profissional), mas também de situações que relacionam Igreja e Sociedade, no papel de leigo com formação e disposição de auxiliar àqueles que tem marcada atuação em dar sentido ao pedido dos bispos em Aparecida: ser "a presença do Mundo no coração da Igreja e a presença da Igreja no coração do Mundo".
No fim de semana de 20 e 21 de julho trabalhei "comunicador, comunicação e pastoral" com os Diáconos da Arquidiocese de Pelotas. Quando o Hélio Madruga (coordenador diocesano) me convidou, pedi que tivessem na sala onde trabalharíamos uma imagem do Sagrado Coração de Jesus. Armamos um pequeno altar ao lado da mesa principal, para onde convergiu nossa espiritualidade, no início da atividade, assim como ao finalizá-la. Mas, durante todo o tempo, ali estava uma referência tão necessária: o sinal da misericórdia de Deus!
Para ilustrar o que desejava que gravassem do encontro, contei a história do padre Fábio de Mello. Disse que todas as noites a mãe reunia a família em torno do Sagrado Coração de Jesus para rezar. O menino ficava admirado com aquela imagem que tinha o coração do lado de fora do próprio corpo. Um dia resolveu perguntar. A mãe era (e é) pessoa simples, pensou um pouco e disse que não sabia. Mas que o seu próprio coração lhe dizia que o fato de estar pelo lado de fora do peito significava que o seu amor pelas pessoas era tão grande que não podia ser contido dentro do corpo!
Ao longo de toda a tarde, fiz questão de que, novamente, voltassem os olhos para a imagem, pensando que homens que são sagrados como Diáconos Permanentes são filhos especiais do Sagrado Coração de Jesus! A Igreja chama, especialmente casados, que se dedicam a ajudar na vida da Liturgia, da Pastoral, do serviço social e caritativo. Como é dito nos Atos dos Apóstolos; "escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria".
Como resultado, temos hoje a formação de um quadro de pessoas que atuam em diversos setores da Igreja. O alerta é que não são "padres em miniatura", mas sim leigos escolhidos por Deus para serem presença na sociedade. Falávamos da necessidade que têm de andar e fazer presença nos lugares onde moram, trabalham, estudam, convivem com as famílias e amigos...
No mês em que rezamos pelas vocações (agosto), convido a orar pelos Diáconos. Assim como pelos ministros e ministras. Eles têm um papel importante no serviço ao Reino de Deus. Estão no Mundo como sinal da misericórdia do Sagrado Coração de Jesus e é dali que trazem os elementos para que se reze a vida do povo e devem ser a boa e saudável presença que transforma a religião num lugar de esperança!

terça-feira, 9 de julho de 2019

Frio: mãos que alcançam esperança

O frio dos últimos dias despertou em muitos gaúchos o espírito de solidariedade. Multiplicam-se ações de pessoas e grupos mobilizando a sociedade para dar àqueles que se encontram nas ruas - ou com dificuldades pela pobreza - alimento, roupas e cobertas. Entidades de todos os tipos - como clubes de futebol, grupos religiosos - mostram o que temos de nobre: não basta estar bem se ao redor outros passam mal.
Alguns ainda resmungam que é preciso ensinar a pescar ao invés de dar o peixe. Princípio aplicável a médio e longo prazo, mas que, na iminência das pessoas congelaram ou entrarem em desespero pela fome, o que se pode fazer é atender ao imediato e, depois, cobrar das autoridades públicas que use bem o nosso dinheiro.
Os meios de comunicação encantam com as belas imagens como o crepitar da chama de um fogão, a geada encobrindo os campos e os lagos, a neve pintando de branco ruas, árvores, carros... Ao mesmo tempo, homens e mulheres saem às ruas enquanto quase toda a população dorme ou se diverte para deixar embaixo de uma coberta de papelão ou no costado de um cachorro que aquece seu dono, uma caneca de café ou de sopa, um pedaço de pão e uma oração...
Não importam os nomes, são servidores do bem, identificados por crença religiosa ou valores humanos, acreditam que desapego começa por gastar o próprio tempo prestando serviço a alguém desamparado. Pais contaram de jovens que se reuniam em comunidade para arrecadar donativos, preparar o sopão, acondicionar em caixas de leite e peregrinar por lugares onde encontravam pessoas que obtinham daquela forma a única alimentação decente do dia. Detalhe: aprenderam a também cuidar de suas coisas e do que era comum em casa na experiência de cuidar de alguém na rua...
A Campanha do Agasalho de 2019, do Governo do Estado, diz que "toda a roupa tem uma história e toda a história pode ter um outro final". A solicitação de doações vem acompanhada de um pedido de conscientização: doar o que ainda se pode usar. Isto é, não apenas se livrar de algo indesejado, sobrando ou atrapalhando dentro de casa.
Li em algum lugar que "um simples gesto de carinho cria uma onda sem fim". A onda se chama compaixão, a forma como o ser humano se torna melhor, fazendo uma sociedade diferente onde a poesia também está em valorizar os belos detalhes que a natureza propicia com o frio... e, ainda mais, na paisagem humana onde se aprende com um olhar, um obrigado, um sorriso, que gratidão anda junto com solidariedade. Na prática, talvez não mude a situação social de quem está nas ruas. Mas, com certeza, não deixa morrer a crença no ser humano, de quem já desceu até o mais profundo dos abismos e encontra mãos que lhes alcançam a esperança!