Presenciei hoje pela manhã um acidente no centro da cidade. Um carro com dois idosos estava numa preferencial, quando um jovem cortou a rua. Não houve feridos, mas os carros ficaram, praticamente, demolidos. O que me chamou a atenção foi o fato de que os idosos estavam sob uma marquise - chovia bastante - trêmulos, ligando para o filho e repetindo, catatonicamente, "bateram no nosso carro, bateram no nosso carro".
Embora a culpa não fosse do senhor idoso, fica sempre a preocupação com relação a dirigir após uma certa idade, não somente pelo fato de que as reações ficam mais demoradas, mas pelo trauma e a dor que certas situações acabam causando.
Aqueles que estavam à sua volta queriam consolá-los de qualquer forma, mas não havia como: foram vítimas de uma violência e estavam perdendo, possivelmente por um bom tempo, um bem que deveria ser valioso para eles.
Creio que cuidar dos idosos não significa que devemos colocá-los numa redoma de vidro e tirá-los da sociedade. Mas também, numa situação caótica de trânsito, preservá-los de situações traumáticas. Infelizmente, aqueles idosos vão levar um longo tempo para esquecer, se é que vão esquecer. Um acidente assim deixa feridas que não cicatrizam na pele, mas causam sobressaltos pelo resto de uma vida.
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