segunda-feira, 2 de junho de 2014

Entre o diálogo e a palmada

Uma Comissão do Congresso Nacional discutiu, semana passada, a "Lei da Palmada" que, agora, casuisticamente, vai se chamar "Lei Bernardo" (lembrando o menino assassinado aqui no Estado). Postei um comentário nas redes sociais onde dizia, exatamente, isto: "um pedido às autoridades - especialmente ao Congresso Nacional: tratem do macro (corrupção, desmandos, safadezas e sacanagens) e deixem que as famílias resolvam os seus problemas. Castigo, em casa ou na escola, somente é problema quando a pessoa "responsável" é desajustada. Então, não é questão de generalizar, mas de enquadrar um delinquente que se diz pai ou professor!"
Provocou polêmica. Não que eu considere a violência praticada dentro de casa menor do que aquela que é realizada nas ruas, ou nos meandros do poder. Somente que os atores envolvidos e a forma de tratá-los tem que ser diferente. A legislação é necessária quando se regra aquilo que o bom senso não é capaz de praticar. Então, define-se a melhor forma de conviver em sociedade, buscando ajustar aqueles que fogem ao senso comum.
Aí reside o problema: a História mostra que estamos vindo de um sistema patriarcal de séculos, em que a figura da autoridade estava centrada no "homem da casa", delegando a função de educadora à mulher. Possivelmente, em outras civilizações, e até em casos de famílias melhor ajustadas - por questões culturais e mesmo financeiras - castigos físicos não fossem necessários. O que, também, não quer dizer que o castigo físico era a regra para os mais simples. A "Teoria do Elástico" defende para aqueles que ultrapassam o limite do tolerável a necessidade de um corretivo que pode vir sobre a forma de uma palmada, o uso de uma varinha de marmelo ou afins.
Já entre os mais antigos - lembro de meus pais contarem - era um escândalo quando pais abusavam deste poder e, além de deixar marcas físicas, em alguns casos aleijavam seus filhos, deixando o efeito pedagógico para agir pelo prazer da própria violência. Mas, mesmo nas redes sociais, seguidamente há postagens mostrando que a palmada pedagógica - ultrapassada a fase do diálogo e na falta de outra opção - era necessária, não deixou traumas psicológicos e, até, é motivo de reconhecimento do valor para a criação de valores e referências.
Qual é, exatamente, o problema? A desestruturação familiar que leva a depoimentos com este contado por um pai: "levei meu filho de 12 anos à escola e chegava, também, uma menina vestida sumariamente, quase nua. Como é que o colégio deixa ela entrar assim?" Emblemática a fuga da responsabilidade. A pergunta real é: como é que a família deixa que a menina saia de casa assim? E veio a resposta que não gostaria de ouvir: "infelizmente, muitas vezes, elas não obedecem aos pais e fazem o que querem".
Não precisava ouvir mais nada - esta é apenas uma das muitas histórias que se ouvem mostrando que o problema, real, inicia na família, onde valores antigos foram colocados abaixo, sem que se tenha uma nova estrutura que atenda à formação das crianças e jovens. O circo montado no congresso - com a participação de apresentadores globais - somente desvia o foco da grande discussão: educação se faz com a definição clara de papeis, inicialmente em família, o estado dando condições de que ao menos um dos pais possa acompanhar mais de perto o processo e, junto com as religiões, agindo como complemento. Este somatório já funcionou e, parece, até que se encontre um novo, é a fórmula para que, em cada fase da vida, as relações possam cumprir suas etapas, pautadas pelo respeito, afetividade e bom senso.

terça-feira, 27 de maio de 2014

A Copa e as eleições

Um candidato à presidência da República foi questionado do porquê as eleições de outubro ainda não estarem merecendo a devida atenção por parte das mídias, em especial, da Internet. Curto e grosso, disse que a pauta da vez é a Copa da FIFA. Para alguns analistas políticos, é claro: os jogos de junho e julho vão ter, sim, papel fundamental como "pré-pauta", porque podem definir os destinos das candidaturas, tomando o rumo do ufanismo, ou de forma mais difícil para a candidatura do governo.
No frigir dos ovos, embora a candidatura do governo desfrute de uma invejável diferença nos índices de pesquisas, não vejo muita diferença entre eles. Podem me elencar inúmeras "conquistas" - que o contraponto é o de que "não fazem mais do que a obrigação - são pagos para isto". Mas, também, os desmandos denunciados nas esferas federais, mas que podem ser encontrados nos governos dos Estados, contemplando a praticamente todos os partidos.
A melhor forma de concretizar a democracia é com a alternância de poder. Mesmo que, hoje, seja escolher o "menos pior". Também vale para aqueles que ficam, além das cores partidárias e ideológicas (cada vez mais difíceis de se entender as diferenças), procurando as nuances religiosas (é um absurdo que se tenha uma bancada no Congresso Nacional dita "religiosa"). Para se ter bom caráter, não há distinção entre ser católico, evangélico, espírita ou umbandista.
Não me lembro de, alguma vez, ter montado uma chapa em que votaria com apenas um partido. Infelizmente, esta "fidelidade" partidária tem trazido mais prejuízos do que benefícios para o país. Então, é procurar o máximo de informações possíveis, especialmente através de outras pessoas de boa vontade e que não tenham interesses pessoais envolvidos em suas escolhas. E votar!
Infelizmente, durante esta Copa, muitos políticos vão aparecer de "papagaio de pirata", quem sabe até nos ombros dos jogadores e dirigentes de futebol! Risque estes da sua lista. Aliás, vale lembrar que, assim como os políticos sempre estão correndo atrás de algum interesse, especialmente de poder e econômico, os jogadores e dirigentes, também! "A pátria de chuteiras" é uma infeliz expressão quando vemos em que se transformou o chamado esporte das multidões, que afastou os mais pobres dos estádios.
Portanto, a pauta da vez é a copa da FIFA, mas não está longe o momento de preparar o seu título para ir às urnas. Omitir é um jeito de cair fora de responsabilidades. Podemos ainda ter muito o que caminhar para ter uma população mais consciente, com memória para as promessas e suas realizações, mas não podemos abrir mão da esperança de que o que temos, hoje, é reversível. Da máxima, "pão e circo", queremos espetáculos que possam dar momentos de entretenimento ao maior número possível, mas também queremos - para todos - educação, saúde, segurança, rodovias, empregos...