Uma olhada rápida no Facebook e lá está a deitação dos gremistas sobre os colorados pela vitória de ontem, que eliminou o Internacional. Tem coisas muito criativas e tem, também, muita gente com dor de cabeça, não pensando em sair ao sol, nem encontrar o adversário corneteiro.
Já fui um colorado mais praticante. Hoje, nem terminar de ver um jogo tenho paciência. Para mim, que vi apenas o primeiro tempo, o jogo terminou empatado. Consolo-me com isto.
Mas, em outros tempos, meados de 1970, estava em Porto Alegre e acompanhei as duas disputas finais do Brasileirão. Na flor dos meus 20 anos, entrávamos para o estádio no meio da manhã para um jogo que iria iniciar apenas às cinco da tarde. Dia seguinte, óbvio, não havia voz! Mas era uma festa que deixava o Beira Rio e se estendia até a Glória Gruta, onde sempre ficava.
Na infância, torcedor do Pelotas, confesso, não sei porquê. Quando fui para o Seminário, descobri que existia Grêmio e Inter, por um simples motivo: numa turma de 18 alunos, 16 eram gremistas, um (o Cleiton, de Pedro Osório) era colorado e eu, que não sabia da existência dos dois times. Por solidariedade, fiquei colorado e foi o último campeonato do Grêmio, que ficou hepta. No ano seguinte, o Inter iniciou a sequência que o levaria a ser oito vezes campeão gaúcho.
Para muitos, futebol é como religião. Há uma liturgia até na forma de se preparar para ir ao estádio: mesmo relógio, mesma roupa, sentar no mesmo lugar, ouvir a mesma rádio e sofrer. Mas é uma sofrimento que, entre lágrimas e risos, sempre gera uma boa discussão, uma boa flauta, aquele agito que os antigos já advertiam: "religião, mulher e futebol, não se discute". Atualizando: "se lamenta", especialmente o caso dos adversários.
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