Relembrando artigos já publicados. Em agosto de 2005, enquanto era apresentada pela Rede Globo a novela Almas Gêmeas
Não me admiro
que os antigos defendam a ideia de que assuntos como religião, futebol, política
e mulher (elas dirão: homem) não devem ser discutidos em grupos de amigos. É um
bom motivo para o início de uma confusão. Mas não posso
deixar de escrever sobre a novela que está no ar às 18 horas, tratando um dos
aspectos ligados ao Espiritismo, que é a reencarnação.
Minha intenção
não é falar a respeito deste tema especificamente, até porque, do que ouvi, os
próprios espíritas não estariam lá muito contentes com este retalho do seu
credo filosófico, feito mais para criar uma situação sentimental
(sentimentalóide?) do que esclarecer seus princípios.
Minha questão
é outra. O contraponto a esta pretensa pregação é a Igreja Católica, com elementos
não de sua doutrina, mas do uso de seus espaços físicos, antro onde todas as
ações do mal são articuladas. Vai haver uma
negociata? É iniciada na igreja. Vai haver uma traição? Foi acertada na igreja.
Vai se passar alguém para trás? É na igreja que se amarra a forma de fazê-lo.
Quando vejo as
damas e cavalheiros ajoelhados em suas tramóias, fico pensando se os próprios
santos não teriam vontade de descer de seus pedestais e esbofetear solenemente
aqueles sacrílegos.
Creio que os
autores e diretores têm todo o direito de tomar elementos da realidade –
inclusive religiosa – para serem discutidos nas novelas. O que não têm direito
é de fazer proselitismo de uma religião ou filosofia em demérito de outra.
Sei de todos
os pecados que nós Católicos, Apostólicos, Romanos acumulamos ao longo da
história. Mas daí a fazer uma leitura atravessada e mal intencionada vai uma
grande diferença. Os espaços de
manifestação religiosa – sejam templos, sinagogas, terreiros, salas de reuniões
de determinadas filosofias – precisam ser respeitados e salvaguardados.
O imperativo
no convívio das diferenças é, exatamente, o respeito. Este não se manifesta
apenas quando o defendemos em tese, mas em situações em que, na prática,
evitamos divulgar conceitos, insuflar pessoas. Especialmente as mais simples,
que já vivem num mundo bem difícil para que coloquemos em dúvida o pouco arrimo
que ainda têm: a própria fé.
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