O anúncio da morte do cantor Wando acaba deixando um pouco mais silencioso o nosso repertório musical. Para quem como eu, está na casa dos 50 anos, sabe que fomos privilegiados em ter nossa juventude numa das épocas de maior efervescência da música popular brasileira.
Posso dizer: "somos do tempo" em que músicas duravam, não eram apenas modismos em forma de refrões, que embalam um verão e desaparecem na entrada do inverno. Havia as paradas musicais, quase sempre semanais, onde as músicas emplacavam primeiro lugar durante meses e, mesmo depois que já não estivessem nas paradas, ainda se mantinham na memória, sendo murmuradas ou assobiadas, conforme o gosto.
Muitas são as baladas românticas do Wando que estão na lembrança daqueles que viveram aqueles tempos, mas que se mantiveram até para as gerações atuais, que não têm dificuldade em encontrar estes sucessos nas redes da Internet.
Os puritanos vão lembrar apenas da marca do cantor de que acabava distribuindo calcinhas femininas ou as recebia daquele público. Gostos são gostos. Não se discute, em muitos casos, se lamenta. Pois era um jeito de falar da intimidade de um artista com o público mais fiel ao seu repertório: o feminino.
Mas mesmo os homens, que em muitos casos, diziam que iam apenas acompanhar companheiras ou levar os pais, acabavam entrando no embalo e dançando no embalo daquelas canções.
Não sou nenhum pé de valsa, mas lembro das "brincadeiras musicais" organizadas pelo grupo de jovens da Igreja, em que tínhamos momentos de música para "os embalos de sábado à noite", assim como o de dançar juntinhos, a dois. Claro que Wando era um dos preferidos.
Nossos cantores já estão chegando na casa dos 70 anos, com certeza, em fase de encerramento de carreira. Mas sabem que marcaram diversas gerações, especialmente aqueles que compuseram com paixão e deixaram, em cada um, o ritmo doce de vida bem vivida, ao som da música do nosso coração.
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