terça-feira, 23 de julho de 2013

Um ato pedagógico para a vida

Este é um momento difícil para aqueles que não querem ser apenas professores, mas educadores. Calma, me explico: o professor decora conteúdos, faz um teatro em sala de aula e, mais do que assimilar conteúdos, acaba fazendo do aluno um depósito de informações em todas as áreas. Ao contrário, o educador tem a preocupação de fazer com que crianças e jovens garimpem e moldem a sua inteligência a partir de suas próprias descobertas, mesmo que incentivadas pelo ambiente educacional.
Pode não ser a melhor das definições. Mas quando vejo que as diversas instituições faliram em atender aos jovens (inclusive as religiosas), fico com a impressão de que congelamos valores de outras gerações – as nossas - e as queremos ver reproduzidas nas atuais. Não vai dar certo. O diferente do hoje é que os jovens não têm e não querem ter os mesmos parâmetros. A geração dos pais atuais faz a passagem entre um tempo que poderíamos chamar de analógico, para aquele que se vislumbra para os nossos jovens, o digital.
Quais são, mesmo, as mudanças? No frigir dos ovos, não são muitas, mas esperam que os pais e educadores (o das salas de aulas, mas também treinadores esportivos, provocadores de cultura, das artes etc.) sigam um princípio que um anônimo postou nas redes sociais: “Troque suas folhas, mas não perca suas raízes... Mude suas opiniões, mas não perca seus princípios”. Não há criatividade que nos leve a abrir mãos de nossas raízes e, mesmo com o passar dos tempos, os princípios continuam os mesmos, talvez sendo necessário que encontremos outras formas de expressá-los.
Recentemente, postou-se nas redes sociais uma campanha com a seguinte motivação: “a crianças agredida, hoje, é o agressor de amanhã... Não dê continuidade a ciclos de violência”. Li em algum lugar - não sei o autor - "quando se estende uma mão para agredir, a outra está sobrando. Estenda as duas e dê um abraço. Na maior parte das vezes, quando você pensa que uma criança fez algo errado ela apenas está pedindo um instante da sua atenção”!
O que uma coisa tem a ver com a outra? A agressão, na maior parte das vezes, não é física, mas moral e psicológica, mesmo em casa, também com aqueles que nos são próximos. Aprender a respeitar a capacidade de cada um cumprir seus ciclos e tentar encontrar formas de realização que, muitas vezes, fogem ao convencional, pode ser um caminho muito mais difícil, mas, certamente, com maior possibilidade de que um ato pedagógico se transforme em novo jeito de viver.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A pluralidade nas redes sociais

Um dos elementos mais interessantes desta nova era da Internet são as redes sociais. Diariamente, podemos estar em contato com nossos amigos, criar novos amigos, ou descobrir que alguns não são tão amigos quanto imaginávamos. Embora se critiquem os possíveis “viciados” que não deixam a frente do computador, há controvérsias: veja-se o exemplo das mobilizações populares, feitas especialmente pelo Facebook, que levaram multidões às ruas.
Mas, recentemente, comecei a perceber alguns ranços que julgo – ao menos – desagradáveis. Alguns "donos da verdade" não aceitam que se questionem lideranças sindicais e políticas nas redes. Para isto, chamam “seus desafetos” de fascistas. Ora, fascista é aquele que acha que somente a sua verdade é a real e faz "patrulhamento ideológico" sobre os demais que não seguem a sua cartilha.
Resta somente um pedido: por favor, respeitem a pluralidade. As redes sociais são espaço para amizades, troca de mensagens, saber o que o outro pensa. Não para que "desajustados" deixem respingar seus maus humores! Se for este o caso, se não querem ler outras verdades, é simples, desliguem as pessoas que não lhes interessa.
Lembrando que falei nas mobilizações populares – e que sua pauta “plural” incluía até o pedido de que se afastassem autoridades públicas – declaro o que já disse pelas redes: podem me criticar, mas não concordo com o "abaixo" Dilma. Não morro de amores por ela, mas ela foi democraticamente eleita e, se não for comprovado que errou ou cometeu crime, deve cumprir seu mandato até o fim.
Diferente do presidente da Câmara e do Senado, que são cargos ocupados por acertos políticos e não pelo voto da população. Já disse e repito o que temos que fazer com a presidente é cobrar que ela cumpra com aquilo que prometeu na campanha eleitoral. Nem mais, nem menos. Infelizmente, o que vemos são jogos de interesse que pautam a vida política e impedem que se atenda ao que realmente interessa: o interesse do cidadão.
Não me atreveria a dizer que as redes sociais estão pautando a realidade. Mas quando vejo que, além das crianças e dos jovens, até os mais velhos estão encontrando um espaço de interatividade, tenho que reconhecer a sua importância e os benefícios que podem trazer. Acusá-las de criar problemas pelo mau uso é o mesmo que dizer que uma faca é má porque foi usado num assassinato: ela também cortou o alimento que dá vigor e o remédio que dá saúde!

segunda-feira, 1 de julho de 2013

A teoria dos Círculos

Há um pensamento na tradição popular que diz mais ou menos isto: alguns homens traçam um círculo ao redor de si e protegem a sua família; outros fazem o mesmo, mas ampliam seu círculo protegendo mais pessoas; mas existem aqueles que são predestinados e podem proteger a muitos, sem que seja necessário contá-los.
A ideia é citada pelos antigos quando querem definir o caráter de um homem: os últimos são aqueles que fazem do viver a arte do conviver, observando necessidades e imprevistos, sem descuidar de nenhuma das carências daqueles que os cercam. Seu oposto são aqueles homens que fazem de todas as lutas – políticas, religiosas, esportivas – um autêntico combate contra moinhos de vento, esbravejam inutilmente, sem a capacidade de encontrar no outro um sentido para viver!
Meu recente trabalho com o atendimento à terceira idade tem provado que o passar do tempo, obrigatoriamente, não precisa ser o de amarguras e torturas. Por exemplo, uma pessoa que perde a visão, não abdica de ser feliz! Para isto, não foge de seus momentos de silencia físico e interior, mas faz com que estes deem sentido às festas, estudos, passeios, equilibrando o existir do dia a dia! O homem que se acostumou ao silêncio mostra-se um bom companheiro e também um mestre da culinária, com um toque mágico em suas mãos, que fazem de salgados e doces a tentação que extingue toda a possibilidade de regime!
As muitas mulheres silenciosas – de todas as idades, mas de olhares atentos – não se contentam apenas em ficar em casa esperando a morte chegar. Colocam como perspectiva o salutar convívio e o espírito que transborda de emoções quando as rugas nos rostos e os calos das mãos são abençoados pelas vidas que geraram, educaram e das quais, agora, esperam apenas uma réstia de amor como recompensa!
Todos eles não se contentam em ficar com suas famílias, ou o que lhes restou delas. Também não querem a vida daqueles que ficaram na mesmice da rotina da vizinhança. Olhar curioso, resolveram fazer do Mundo seu espaço de exploração. Correm riscos, podem até se machucar, mas têm muito mais histórias para contar. São privilegiados por adquirirem mais experiência e, especialmente, têm a alma lavada e mais leve porque não deixaram toldar seus horizontes: com unhas e dentes os alargaram e resultaram em pessoas que, na luta pela felicidade, podem até perder uma batalha, mas, com certeza não perderão a guerra que é o maior de todos os círculos: ser e fazer de quem se ama feliz!