sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O depoimento do atropelado

O que você faria?


  Seu Zé, depois de sofrer um acidente de trânsito, pensou melhor e decidiu que os ferimentos que sofreu eram sérios o suficiente para levar o dono do outro carro ao tribunal.

  No tribunal, o advogado do réu começou a inquirir seu Zé:

  - O Senhor não disse na hora do acidente "Estou muito bem"?

  E seu Zé responde:

  - Bem, vou lhe contar o que aconteceu. Eu tinha acabado de colocar minha mula favorita na caminhonete...

  - Eu não pedi detalhes! - interrompeu o advogado - Só responda à pergunta: O Senhor não disse na cena do acidente: "Estou muito bem"?

  - Bem, eu coloquei a mula na caminhonete e estava descendo a rodovia...

  O advogado interrompe novamente e diz: - Meritíssimo, estou tentando estabelecer os fatos aqui. Na cena do acidente este homem disse ao patrulheiro rodoviário que estava bem. Agora, várias semanas após o acidente, ele está tentando processar meu cliente, e isso é uma fraude. Por favor, poderia dizer a ele que simplesmente responda à pergunta?

  Mas, a essa altura, o Juiz estava muito interessado na resposta de seu Zé e disse ao advogado:

  - Eu gostaria de ouvir o que ele tem a dizer.

  Seu Zé agradeceu ao Juiz e prosseguiu:

  - Como eu estava dizendo, coloquei a mula na caminhonete e estava descendo a rodovia quando uma pick-up atravessou o sinal vermelho e bateu na minha caminhonete bem na lateral.

  - Eu fui lançado fora do carro para um lado da rodovia e a mula foi lançada pro outro lado. Eu estava muito ferido e não podia me mover. De qualquer forma, eu podia ouvir a mula zurrando e grunhindo e, pelo barulho, eu pude perceber que o estado dela era muito ruim.

  - Logo após o acidente, o patrulheiro rodoviário chegou ao local. Ele ouviu a mula gritando e urrando e foi até onde ela estava. Depois de dar uma olhada   nela, ele pegou a arma e atirou bem entre os olhos do animal.

  - Então, o policial atravessou a estrada com sua arma na mão, olhou para mim e disse:- "Sua mula estava muito mal e eu tive que atirar nela - Como o   senhor está se sentindo?" O que o Sr. falaria, Meritíssimo??

sábado, 24 de setembro de 2011

Um desejo insaciado


Foi apenas um instante:
Nossos dedos se tocaram,
Um fugidio olhar se cruzou.

Durante quanto tempo?
Seria demais dizer que uma eternidade?
Não houve tempo.
Houve, apenas, a intensidade
De uma centelha.

Daquele momento em diante
Fugimos da possibilidade
De que nossos corpos se tocassem.
E perdemos.
E sofremos.
E ficamos esperando que - um ou o outro -
Novamente,
Transformasse um pequeno
Acidente num momento de ternura.

Hoje, quando busco teus olhos,
Eles fogem de mim.
Também sinto que, muitas vezes,
Quando me olhas, estou com o olhar
Em outra direção.

Jogamos nossos destinos
Em outros rumos.
E fomos incapazes de viver
Uma emoção que foi despertada
Num encontro de mãos,
Num cruzar de olhos,
Numa possibilidade
Que deixou a estranha sensação
De perda.
Exatamente aquela que não poderíamos perder.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Feliz Primavera

O João de Barro já visitou seu antigo ninho, no alto da Nogueira, providenciando o que é necessário para uma nova ninhada; a Laranjeira já está florida e cada lufada de vento faz o processo natural de seleção daqueles pequenos rebentos que ainda serão frutas; um passarinho (não sei o nome) voltou a ocupar a caixa de correio, trazendo gravetos, que se transformarão em ninho.
Primavera. Um novo tempo: as pessoas se dão ao direito de sorrir e sair em longas caminhadas, sem importar até onde, sem querer saber por quanto tempo. O ar mais aquecido faz com que nos tornemos mais leves, em vestimentas e em espírito. Idosos e doentes tomam força para deixar a clausura do quarto e sentarem-se ao sol, ou andar pelos pátios e conversar com os vizinhos na frente das casas.
Cada arbusto dá uma lição de vida: a Romã que eu julgava morta, joga seus tenros brotos e - mesmo que a poda tenha sido mal feita, ceifando uma árvote de bom porte e com a produção permanente de frutos - promete que em poucos anos retomará a sua vitalidade.
Tudo é esperança. Tudo é aroma que faz levantar a cabeça, colocar o rosto na direção do sol e sorver a vida, que, além de se renovar, retoma seu sentido, deixando para trás o Inverno, com a sua melancolia de dias fechados.
Feliz Primavera! Gostaria de compartilhar o existir, carinho, esperanças. Sobretudo, buscar novamente nos meus amigos e familiares a capacidade da cumplicidade. A mesma que não nos deixa esmorecer, como a seiva que, silenciosamente, alimenta e dá sentido à própria vida.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Barulho da Carroça

Tem sentido. E como tem.

Certa manha, meu avô José convidou-me a dar um passeio pelo bosque do bairro onde morávamos. E eu aceitei com prazer.
Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silencio me perguntou:
- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:
- Estou ouvindo um barulho de carroça.
- Isso mesmo, disse meu avô, é uma carroça vazia ...
Perguntei ao meu avô:
- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
- Ora, respondeu meu avô. É muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.
Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando (no sentido de intimidar), tratando o próximo com grossura, inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo, tenho a impressão de ouvir a voz do meu avô José dizendo:
"Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz..."

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Votação transparente

Entidades em nível nacional - Ordem dos Advogados do Brasil e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, entre outras - estão à frente de uma nova campanha pela ética na política: a proibição das votações secretas no Congresso Nacional, que tem sido a razão de muitas ações sorrateiras - veja-se a votação para caçar o mandato da deputada de Brasília, Jaqueline Roriz, que foi flagrada em vídeo recebendo propina, tendo seu mandato mantido por maioria assustadora.
As votações secretas, assim como atos secretos que o Congresso se dava ao direito, tornam difícel o processo de transparência. Bem ao contrário, acertos excusos são encobertos por falsos discursos de moralidade, assustando a desfaçatez com que se fala uma coisa e se faz outra.
Depois do movimento nacional pelo Ficha Limpa - ainda não plenamente implantado por aqueles recursos  de difícil compreensão, tanto em nível do Congresso, quanto em nível da Justiça - que evitaria candidaturas de pessoas que estivessem sendo julgadas, agora é a vez de se avançar no controle que a sociedade tem o direito de obter através de votações transparentes.
As entidades estão fazendo o seu papel. No entanto, cabe à sociedade dar-lhe respaldo e solidez, não deixando que, passado um primeiro momento de mobilização pela mídia, entre num estágio de marasmo. A mobilização passa por todas as idades. Deveríamos levar as crianças para as ruas, incentivando-as ao espírito cidadão; motivar os jovens a defenderem seus direitos; darmo-nos os braços entre os adultos e mostrar aos idosos que também têm os seus direitos a serem defendidos.
Estas duas lutas - o ficha limpa e a votação transparente - são apenas o começo. No mesmo espírito da Revolução Farroupilha - liberdade, fraternidade e igualdade - é um processo permanente de uma sociedade amadurecida que cobra de seus representantes que também lutem, preguem e vivam princípios fundamentais para a vivência em sociedade.

domingo, 18 de setembro de 2011

20 de setembro

Os ventos que sopraram na Revolução Francesa de 1789 chegaram ao Rio Grande do Sul em 1835, na Revolução Farroupilha. Os ideiais de "Liberdade, Fraternidade e Igualdade" motivaram muitos gaúchos que viam na sua defesa a salvação para um estado sufocado por um império que daqui apenas queria o pagamento de impostos, a prestação de serviços e os cuidados com as fronteiras.
Assim como em qualquer revolução, aqui também se estabeleceram dois tipos de homens: um que de fato vestia os princípios da democracia e lutava tendo em vista os ideais revolucionários; mas também havia aqueles que somente tinham como interesse lucrar, de alguma forma, obtendo a satisfação de seus interesses.
Desde então, todos os estados da federação nos vêem, até hoje, como diferentes. Na verdade, ser gaúcho passou a ser uma declaração de princípios. Não é à toa que, 50 anos atrás, quando Brizola se entrincheirou no Palácio Piratini, em Porto Alegre, defendendo a legalidade, teve contra si praticamente todo o país, que, três anos antes, já apoiava um golpe militar. A legalidade era, apenas, a defesa pelo cumprimento da lei.
Hoje, vejo uma diferenciação feita por "gaúchos que se vestem de gaúchos" e de "gaúchos que se fantasiam de gaúchos". O sentido não é pejorativo, mas distingue aqueles que ainda sonham com a realização dos três princípios - liberdade, fraternidade e igualdade - daqueles que vestem uma pilcha e tomam chimarrão por modismo.
Claro que somos diferentes. Em lugar nenhum do Mundo se canta o hino do Estado com maior vibração do que se canta o hino do país. Sendo assim, orgulhosos por sermos gaúchos, sabemos que estamos longe de realizar os ideais farroupilhas, mas, a cada 20 de setembro, para além de todas as representações, fica no ar o sentimento de que estamos em permanente revolução, na luta por um mundo mais justo. Talvez o gaúcho a cavalo, hoje, seja cada vez mais raro, mas permanece o sentimento de liberdade e de justiça que ceifou muitas vidas e que dá sentido a que, no horizonte das coxilhas, se plante uma renovada esperança.

sábado, 17 de setembro de 2011

A partida do vento


Não tenho ciúmes do vento.
Ele passa sussurrando em meu ouvido,
Com a dolência de
Quem não quer seguir,
Mas tem que cumprir seu destino.

Na madrugada,
Quando não o ouço distante,
Sei que cumpre seu destino
Em outro lugar.

Que seja feliz.

E, quando voltar,
Que venha do sul,
Provocando o aconchego
De nuvens que deslizam
Na ânsia de um chão,
Buscando sentido
Para brincar com os galhos das árvores.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Estudo puxado

Nos meus bons tempos de primeiro e segundo grau, era comum ouvir que certas escolas - como era o Seminário Diocesano, onde estudei - tinham um estudo puxado. Significando que havia um compromisso da estrutura educacional em ter um conteúdo denso e dos alunos que desejavam sair da média, aproveitando uma oportunidade que lhes abriria portas para a vida, independente se seguiriam a vida sacerdotal, ou não.
Pois foi uma das constatações a que cheguei quando a recente prova do ENEM consagrou que das cem escolas mais qualificadas, apenas 13 eram públicas e, destas, as melhores colocadas, tinham alguma vinculação com um ensino mais puxado, especialmente ligadas ao meio militar.
Era isto que se falava na minha época. Dois ensinos que eram considerados exigentes eram nos seminários ou nos meios militares, porque havia algo que falta hoje: espírito disciplinado. Éramos conscientes de que precisávamos do estudo, pois vindos de famílias pobres, era a grande oportunidade de uma mudança de vida. Aceitávamos a forma como eram ministrados os conteúdos e respeitávamos as normas, especialmente horários e o trato com os professores e superiores.
Claro que o tempo passou, hoje vivemos uma época diferente, mas, parece, o relativismo que se defendeu para a educação não deu resultado: nossos alunos não confiam no processo educacional, portanto, não vêem muito sentido em seus conteúdos e nem acreditam que os professores lhes sejam referências que precisam ser reconhecidos e respeitados.
Um sinal de alerta veio exatamente desta prova: estes jovens que optaram por uma formação mais difícil, vão ter fortalecidos seus espíritos e farão a diferença, numa época em que os jovens acham que tudo podem e que nada lhes fará mal. Sinto dizer que não é bem assim, mas, infelizmente, ao se darem conta de que perderam seu tempo, infelizmente, já estarão atrasados. E, no relógio da vida, quem deixa escapar um segundo pode perder a eternidade.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Salvo pela gentileza

Opa, dá pra pensar!

Conta-se a historia do empregado em um frigori­fico na Noruega. Certo dia, ao termino do trabalho, foi inspecionar a câmara frigorifica. Inexplicavelmente, a porta se fechou e ele ficou preso. Bateu na porta com força, gritou por socorro, mas ninguém o ouviu. Todos já haviam ido para suas casas e era impossível que alguém pudesse escutá-lo. Já estava há quase cinco horas preso, debilitado com a temperatura insuportável.
De repente, a porta se abriu e o vigia entrou na câmara e o resgatou com vida. Depois de ser salvo, o homem perguntou ao vigia:
Porque foi abrir a porta da câmara, se isto não faz parte da sua rotina de trabalho?
Ele explicou:
Trabalho nesta empresa há 35 anos, centenas de empregados  entram e saem daqui todos os dias e você é o único que me cumprimenta ao chegar pela manhã e se despede de mim ao sair. Hoje pela manhã disse "bom dia", quando chegou. Entretanto, não se despediu de mim na hora da saída. Imaginei que poderia ter-lhe acontecido algo. Por isto o procurei e o encontrei.

Pergunta: Será que eu e você seríamos salvos?

sábado, 10 de setembro de 2011

O rumo das estrelas


Da minha varanda, vejo estrelas.
Elas estão nuas.
Quem despiu as estrelas?
Quem as tornou reféns de uma luz que não se apaga,
Mas se mantém em silêncio?
Elas agonizam no horizonte.
Não apontam rumos, 
Não sabem de caminhos nos céus,
Mas dizem:
Sinalizamos a vida...
E, para além dela, também a eternidade.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Sejamos honestos


Quem ficou mais um pouco depois dos desfiles cívicos de 7 de setembro deparou-se com uma marcha diferente: pela ética em todas as instâncias da vida brasileira. Pena que poucas autoridades prestaram atenção, algumas tendo saído de fininho para não se sentirem constrangidos com os cartazes que incentivavam a população a se conscientizar de que os desmandos realizados pelas autoridades públicas prejudicam a todos nós.
Infelizmente, chegamos a um nível de marasmo de valores em que figuras públicas representam que estão sendo éticos – com discursos contundentes, mas vazios - e nós fingimos que acreditamos – para não nos incomodarmos, ou por acharmos que já não há como reverter o processo. No momento em que a sociedade organizada questiona o relativismo das leis e das penas, escândalos envolvem políticos e administradores públicos, explodindo e sendo afastados, mas o dinheiro desviado, que é o bem bom, não volta aos cofres públicos, ou quando volta é bem menos do que deveria.
Uma frase emblemática de um cartaz dizia: “não podemos ter vergonha de sermos honestos.” Triste, muito triste. Ser honesto precisa ser um valor vindo do berço. Praticamente, deveríamos receber por osmose de nossos pais e ser um referencial para o resto de nossas vidas. Infelizmente, a realidade aponta em outra direção: bandidos soltos e pessoas de bem gradeiam as casas para se proteger; crimes cometidos por parlamentares recebendo a cumplicidade de seus pares, num corporativismo com medo de que um sendo responsabilizado, os outros também o sejam.
A marcha pela ética, já realizada em anos passados, é uma ponta da sociedade que deseja retomar valores e referências. Nos últimos dias, notícias de Brasília mostram a presidente tentando fazer uma faxina em seu ministério. Infelizmente, panos quentes foram colocados nas feridas e a esperança começou a entrar na esfera do marasmo. Vamos precisar escrever em nossas agendas, em cartazes, painéis a frase lapidar: “não tenhamos medo de ser honestos”. E cobrar a honestidade daqueles que nos representam.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Porque nos distanciamos dos amigos?


Linda e comovente história, mandada pela mana Leonice, de Canela.

Era uma vez dois amigos:
Eles eram inseparáveis, eram uma só alma. Mas por alguma razão seus caminhos tomaram dois rumos distintos e se separaram.
E ISTO INICIOU ASSIM:
Eu nunca voltei a saber do meu amigo até o dia de ontem, depois de 10 anos, que caminhando pela rua me encontrei com a mãe dele.  
A cumprimentei e perguntei por meu amigo. Nesse momento seus olhos se encheram de lágrimas e me olhou nos olhos dizendo:
-Morreu ontem...
Não soube o que dizer a ela, ela seguia me olhando e então perguntei como ele tinha morrido.
Ela me convidou a ir a sua casa, ao chegar ali me chamou para sentar na velha sala onde passei grande parte de minha vida, sempre brincávamos ali, meu amigo e eu.
Sentei-me e ela começou a contar a triste história.
Fazia dois anos que diagnosticaram uma rara enfermidade, e sua cura dependia de receber todo mês uma transfusão de sangue durante três meses, mas... Recorda que seu sangue era muito raro?
Sim, eu sei, igual ao meu...
Ele dizia que da única pessoa que receberia sangue seria de ti, mas não quis que te procurasse, ele dizia todas as noites:
-Não o procurem, tenho certeza que amanhã ele virá...
Assim passaram os meses, e todas as noites se sentava nessa mesma cadeira onde estás tu sentado e orava para que te lembrasse dele e viesse na manhã seguinte.
Assim acabou sua vida e ontem na última noite de sua vida, estava muito mal, e sorrindo me disse:
-Mãe, eu sei que logo meu amigo virá, pergunta pra ele por que demorou tanto e entrega a ele esse bilhete que está na minha gaveta.
A senhora se levantou, regressou e me entregou o bilhete que dizia:
“Meu amigo, sabia que virias, tardastes um pouco, mas não importa, o importante é que viestes. Agora estou te esperando em outro lugar, espero que demores a chegar aqui, mas enquanto isso quero dizer desde o céu tens um amigo cuidando de ti, meu querido melhor amigo. Ah, por certo, te recordas porquê nós nos distanciamos? Sim, foi porque não quis te emprestar minha bola nova, rsrs, que tempos heim... Éramos insuportáveis, bom pois quero dizer que te dou ela de presente e espero que gostes muito. Amo você! Teu amigo de sempre e para sempre!”

Não deixes que teu orgulho possa mais que teu coração...
A amizade é como o mar, se vê o princípio, mas não o final...

sábado, 3 de setembro de 2011

Voltando à sala de aula

As "meninas" do Voltando à Sala de Aula" completaram 15 anos de atividades. Não as acompanhei desde o início, mas a partir do segundo ano, quando me convidaram para falar a respeito de comunicação na terceira idade. O amor foi recíproco: periodicamente volto a falar do mesmo tema ou outros ligados à espiritualidade.
A Celebração da Palavra não foi apenas um ato religioso de ação de graças, mas também um dar sentido a uma caminhada construída em conjunto, com seus acertos e erros; rusgas e atos de carinho; presenças e ausências.
Fiquei me perguntando o que é viver plenamente a terceira idade, onde elas se encontram dos 50 àquelas idades indefinidas que não se pergunta para uma mulher. Acho que não há respostas prontas para muitas questões da vida, mas para esta em especial. No entanto, há um elemento presente na resposta de todas as perguntas: a necessidade do convívio e de sair da volta dos próprios problemas.
Isto elas fazem muito bem: seu orgulho pelo grupo, a capacidade de perderem o senso do ridículo para qualquer atividade a que são chamadas, desde o teatro, passando pela música, até os inúmeros passeios.
Meu olhar se emociona, quando volto a estar com uma turma onde poderiam estar muitas amigas, minha máe e, quem sabe, se estivesse viva, minha avó. O olhar é de carinho quando alguma dormita na tranquilidade de quem está junto de amigos e não precisa sentir-se mal porque o corpo não aguentou aquele palestrante chato, pouco depois do almoço, no lugar da séstia.
Foi trabalhando com o "Voltando à Sala de Aula", que me animei a interagir com outros grupos como, em Pelotas, o grupo da Terceira Idade do SESC, assim como o CETRES. Todos eles me retribuem com algo que se transforma em bálsamo para a alma: carinho, muito carinho. Ser envolvido por uma energia positiva de quem, tendo vivido muitas e muitas experiências, ainda tem pique para enfrentar novos desafios, mirando horizontes onde, como diria o Pequeno Príncipe, pode-se encontrar aqueles que cativamos.