Noveleiro de férias, acompanho
Fina Estampa, na Rede Globo, tentando ter um entretenimento para aquela hora da
antiga novela das oito, mas também observando perfis humanos diferenciados.
Desde dezembro, chamou-me a atenção o personagem Paulo (Dan Stulbach), que
rejeitou a filha de sua esposa, Esther (Julia Lemmertz),
gerada em laboratório, ao ponto de separar-se e criar uma autêntica aversão à
menina Vitória.
O grande lance foi quando, para
solucionar um problema gerado pelo fato de que a médica Danielle (Renata
Sorrah) resolveu brincar de deus e utilizou esperma e óvulo de pessoas de sua
relação para a fecundação, era necessário que Esther voltasse de um “exílio”
para defender, com unhas e dentes, a sua maternidade.
Resultado, engambelou Paulo que,
ao acordar, estava junto com seu “desafeto” e um mapa de atividades para cuidar
da menina, desde uma simples mamadeira, até trocar as benditas e carregadas
fraldas.
Com certeza, não poderia ser
qualquer ator para fazer a transformação: do absoluto repúdio até,
gradativamente, ver-se envolvido pelo bebê, com acertos e erros, mas com a
capacidade regenerativa que uma nova vida pode causar.
Em alguns capítulos, o
comportamento de Paulo chegava a ser doentio, possivelmente pela própria
incapacidade de gerar um filho e vendo que, de outra forma, sua esposa havia
conseguido a realização. Não entro na discussão da fecundação, mas do quando é
necessário, para que tenhamos sanidade mental, a capacidade de estar aberto nas
relações, em especial naquelas mais duradouras, como as familiares e afetivas.
Do contrário, somos capazes de atormentar até mesmo aqueles que julgamos amar.
Há sempre uma chance, em algum
momento, de refazermos caminhos, redescobrindo o jeito perdido de chegar a um
coração: pode ser um pouco mais complicado do que uma mamadeira ou a troca de
fraldas, mas vai aparecer como uma surpresa que talvez nos dê apenas uma chance
para ser e fazer alguém feliz.
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