Vamos combinar, o que se vê no Carnaval da televisão tem todo o direito de ser considerado o "maior espetáculo do Mundo". Um espetáculo magnífico que pode ser considerado uma superprodução, em todos os sentidos: enche os olhos com cor e movimento, abunda (em todos os sentidos) a coreografia e dá um sentido de brasilidade como nenhum outro povo na Terra consegue fazer.
Claro que é um espetáculo com acertos e com erros, mas que o final é deslumbrante, nem o mais cético dos seus críticos consegue negar. Além da manifestação cultural, existem muitos interesses financeiros que mobilizam a ânsia de um povo de entrar na avenida e mostrar que, apesar de todos os seus sofrimentos, compensa com o samba no pé (que não é exatamente o meu caso - no máximo conseguiria ser um daqueles que empurram os carros alegóricos).
Ver crianças que veneram o samba, até idosos que não se constrangem em derramar lágrimas por suas Escolas, dá um sentido de pertença que não se encontra em outras manifestações culturais, inclusive religiosas.
Acompanhei dois repórteres que foram desafiados a se preparar para, em 40 dias, saírem como mestre sala e porta bandeira. Os dois reconheceram que tiveram que se superar, física e emocionalmente. A repórter chegou a desmaiar na avenida, mas não desistiu. E quando desfilaram, a emoção estava no olhar de cada um deles, que reconheceram ser o espetáculo apenas a ponta de toda uma convivência de uma comunidade.
Não discuto o espetáculo comercial, mas reconheço que o espetáculo popular meche com a população. Não é apenas aqueles que vão para a avenida, mas também aqueles que curtem pela televisão. Quando uma escola samba e atravessa na nossa tela, nossos corações se enchem de alegria e de satisfação: somos brasileiros, portanto, quando o samba arranca, a emoção movimenta nossos corpos e, nem que seja em espírito, também caímos na gandaia!
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