terça-feira, 24 de junho de 2025

Coreia do Sul e a Jornada da Juventude

Artigo da semana:

A morte do papa Francisco e a realização da Jornada Mundial da Juventude Católica, em 2027, em Seul, na Coreia do Sul, despertam a atenção sobre o catolicismo naquele país. Onde cerca de 5,8 milhões de pessoas, 11% da população, se diz católica. Naquela localidade, não foram os missionários que abriram caminhos, mas sim a disseminação de uma literatura religiosa, especialmente nos meios educacionais, já no século XVIII. A Igreja Católica seguiu os mesmos rumos que em outros lugares, especialmente, até a metade do século passado, contribuindo com a educação, o atendimento à saúde e o desenvolvimento social.

Recentemente, muitos textos e vídeos foram publicados a respeito. Num deles, destacava-se o fenômeno do sincretismo, em especial com o Confucionismo, o Budismo e outras práticas tradicionais coreanas. Semelhante ao Brasil, onde a justaposição de religiões e filosofias se dá com o Espiritismo e as de matrizes africanas. Na Coreia do Sul, ela tem se adaptado às tradições culturais do país, como a realização de rituais e festas religiosas em que se combinam elementos do catolicismo e do budismo, por exemplo. 

Sequer os k-dramas (as novelinhas coreanas) escapam da presença de elementos de fé. Em “Young Lady and Gentleman” o casal protagonista se reencontra diante de uma imagem de Nossa Senhora, num templo católico, onde consagram suas vidas. Já em “O sacerdote impetuoso”, um personagem formado como soldado de combate mortal vira padre e enfrenta uma máfia. Sendo um misto de comédia e drama, tem cenas bem violentas. No entanto, o trato com a figura do sacerdote é respeitoso, sem as apelações ocidentais de que, neste caso, sempre arrumam uma parceira para desencaminhá-lo do celibato…

O catolicismo, na Coreia, é uma fé minoritária. Seu crescimento se deve a uma forte presença leiga, antes mesmo que fosse feito o trabalho de missionários. Pesquisas apontaram a “simpatia” pela religião por sua forte presença nas causas sociais. O Budismo tem o maior percentual, seguido daqueles que se dizem protestantes. O fenômeno interessante é que o Budismo chega a 22% da população; cristãos (católicos e protestantes, somados) a quase 40% e as demais denominações fecham os outros 38%.

A cultura oriental tem suas próprias peculiaridades. Não se pode generalizar, com a antiga história de que são “todos com olhos puxadinhos…” Eventos como este, reunindo jovens de todos os continentes, alavancam o fervor religioso, mas também tem reflexo no turismo, economia e o dia a dia das pessoas. Foi assim no Rio de Janeiro, como em outras grandes metrópoles. Certamente, com a presença do papa Leão XIV, a oportunidade de se rezar pela paz e o tão necessário entendimento entre os povos.


domingo, 22 de junho de 2025

Simplesmente assim: O outro

"Bom-dia", "Boa-tarde", "tudo bem?"

Não são palavras que apenas acolhem. 

Mais ainda: anulam a invisibilidade.

A pessoa na parada do ônibus por onde andas,

O jardineiro aguardando passares a fim de te proteger,

A catadora de lixo reciclável que todos os dias

Revira os latões em busca do sustento.

Quando levantam os olhos

Compartilham a angústia por estabelecer pontes.

 

Saudar alguém que já se conhece é costume.

Surpreender um passante na rua com um sorriso,

Uma palavra de carinho,

Revoluciona o estado de espírito

De quem dá e de quem recebe atenção.

Encolhidos e escondidos em nossos casulos

Perdemos o melhor no baile da vida:

Para seguir o compasso pelo salão é preciso

A coragem de tirar alguém para dançar…


sábado, 21 de junho de 2025

A cidadania é a meta, os livros são o caminho









Leituras e lembranças:

 Ainda não se inventou uma forma melhor de transmitir conhecimento e emoções do que o livro. Também, é uma das melhores maneiras de adquirir vocabulário e desenvolver raciocínio ágil. Desde que nossos antepassados começaram a gravar em pedra o que estavam pensando e sentindo, evoluindo para o uso do pergaminho e do papiro, até chegar ao formato que conhecemos hoje. Nestes tempos bicudos, já se vislumbra um futuro onde aparecem os livros eletrônicos e os audiolivros, por exemplo.

Vivemos uma fase de transição em que o impresso vai, gradativamente, sendo substituído pelo digital. Claro que ainda existem os "analógicos" (como eu), que preferem o "cheiro da tinta e a sensação de tocar o papel..." Mais ou menos como os velhinhos pré-Gutenberg que carregavam seus papiros e pergaminhos embaixo do braço e criticavam aquela novidade que era o livro impresso, afirmando, categoricamente, ser apenas modismo e que iria passar. Não passou, bem pelo contrário, decretou a agonia dos anteriores…

Num tempo em que se fala tanto em preservação dos recursos naturais, por uma questão ecológica, os eletrônicos possibilitam a diminuição do consumo de papel que, em períodos recentes, devastou matas e, quando replantado industrialmente, tira espaço de reflorestamento nativo. Uma das possibilidades é a utilização do papel reciclável. Conserva os recursos naturais, economiza água e energia, assim como reduz os resíduos. Seu desafio são os custos (é mais caro que o papel virgem), a qualidade e a aparência.

Em qualquer dos casos, o importante é estimular a leitura. A diminuição de obras publicadas na linha da ficção (especialmente romances) levou a exercitar a criatividade. A Coreia do Sul, por exemplo, publica histórias para serem lidas em celulares ou tablets, por assinatura. E se dissemina o uso dos audiolivros, especialmente para pessoas com deficiência visual, idosos e doentes.

Quem despreza livros eletrônicos, dizendo que ainda não se popularizou, pode falar o mesmo do impresso. Num país que apoia a leitura no discurso, mas não, na prática, tem-se a grande maioria de brasileiros que, privada do acesso aos livros, pelo custo ou uma educação deficiente, não é estimulada a ler. Típico de estados que não se importam com a educação política de seus cidadãos, convencidos de que precisam ter seus políticos de estimação. Infelizmente, hoje, brigar por “a” ou “b” tornou-se mais importante do que pensar num futuro em que a plena cidadania é a meta e os livros, com certeza, serão o caminho. (Ilustração geradas pela IA Gemini - este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com)

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Encontros possíveis

Sexta com gosto de poesia:

Um dia, tive que seguir o meu rumo.

Ausentar-me foi o tempo de espera pela volta.

Na despedida, as lágrimas contidas

Acabaram transbordando no olhar.

Regressar era a condição definitiva

De aceitar o quanto precisava de ti.

Quando te reencontrei, prometi que,

Desta vez, não haveria nova partida.

 

Mirar-te não era mais contemplar o viço

De quem está permanentemente energizado.

Somente em teus olhos reencontrei a fagulha

Que mantém a chama da existência.

E, mesmo assim, queria que fosse

Suficiente para aquecer o meu peito.

As marcas da história de uma vida

Cravejadas em teu rosto e em tuas mãos…

 

Teu abraço ainda tem o gosto

Das brasas mornas que não desistem do calor,

Que somente encontrei contra o teu peito,

Na doçura de um coração eternamente apaixonado.

Jurei que, quando nos faltarem as forças,

mesmo assim, vou pedir que não desistas de mim.

Rezo para que nunca estejas só e

que sempre sejas feliz.

O sentimento de quem alcança a plenitude

Ao ajudar alguém a realizar os seus sonhos.

Mesmo que a gente já não esteja mais neles…


terça-feira, 17 de junho de 2025

Abstinência do uso de eletrônicos

Artigo da semana:

Recentemente, li postagem de um casal que resolveu deixar o celular guardado em casa quando jantou fora. Diziam que, no início, foi difícil, pois, ao sentarem para fazer o pedido, ficavam colocando a mão no bolso/na bolsa para conferir mensagens. Depois de algum tempo, a conversa fluiu, pois não havia interrupção com “alertas” ou toques desnecessários. Após a comida, passaram um bom tempo passeando e conversando. Ao chegar em casa e conferir o telefone, viram que havia algumas mensagens, mas nenhuma delas que fossem urgentes.

Ao discutir o uso de novas tecnologias, especialmente as redes sociais, tenho que confessar minha dependência com os eletrônicos. Na maior parte das vezes em que saio de casa, carrego o celular comigo. Não pelas mensagens ou ligações, mas porque se transformou no meu “player”. Selecionei cerca de 160 músicas, especialmente das décadas de 70 e 80. Coloco meus fones de ouvido e faço a caminhada ou ando pelas ruas, comércio e serviços com a minha trilha musical de fundo.

A dependência dos recursos eletrônicos leva a sermos desrespeitosos em situações como a sala de aula em que alunos mantêm o celular ao lado dos cadernos e dos livros. O motivo é dar uma “frestiadinha” ocasionalmente, para ver se existe alguma “emergência”. Infelizmente, é o motivo de distração para quem usa o aparelho, quem está no entorno e deixa o professor ou palestrante com a sensação de que não está agradando… os resultados das restrições impostas ao seu uso em sala de aula e ambientes escolares mostrou uma redobrada atenção e intensificou o convívio social.

Também há o caso de uma vizinha e amiga que fez o que faz a maioria das pessoas: após adquirir o celular, abriu mão do telefone fixo. Só que tem um detalhe: no caso, não carrega o aparelho com ela. Somente atende em casa. Os conhecidos já sabem as “manias" e se programam para ligar no horário do almoço ou à noite, quando se preparam para um bom papo. E nem pensa em usar o WhatsApp. Não tem. Diz que não sabe usar e prefere falar ao vivo, ir até a casa das pessoas amigas ou vizinhos.

Tento e falo a respeito da necessidade de se fazer abstinência do uso de eletrônicos. Caminhar “sem rumo e sem destino”, apenas ouvindo o som das ruas, muitas vezes pode ser construir espaços de sanidade mental. Prescindir do celular em sala de aula, na mesa de refeições, quando se está em família ou comunidade, oportuniza uma convivência mais saudável e necessária para desintoxicar o organismo, a mente e o próprio coração… (Imagem gerada pela IA Gemini)


Imagens e sentimentos: Somos

Brincas em meus sonhos,

Transitas por minhas fantasias.

Fazes parte do meu imaginário e

Partilhas das minhas alegrias!


                            Manoel Jesus

           (Imagem gerada pela IA Gemini)


domingo, 15 de junho de 2025

Simplesmente assim: Morrer

Não é a finitude que angustia, mas, sim, a dor.

Envelhecer é o caminho em que se outona a vida,

Quando as folhas secam, tombam e nutrem a terra.

No tempo em que as ausências são mais sentidas,

A finitude afronta e cria a consciência de que

Se dissolvem os derradeiros rastros que ficaram no amor.

Tem-se um dia para morrer e todos os outros para viver, 

Ao se perceber que o fim se torna o espelho 

Em que somos apresentados à solidão.


O desejo de aceitar um bem maior: a própria vida,

Pois ao querer mudar o Mundo, aprende-se que, antes,

É necessário mudar a si mesmo.

O jeito de perceber que as transformações 

São feitas ao sabor da brisa... E não dos ventos.

Iniciam, exatamente, quando se ressignifica 

A capacidade de acolher e cuidar de quem se ama.

O próximo que não cabe em discursos, mas, sim, 

Num abraço em que se alcançam as presenças…

E se acalentam as ausências!


sábado, 14 de junho de 2025

Sabrina, Capricho e companhia

Leituras e lembranças:

Brinquei, quando falei sobre a coleção de livros Winnetou, semana passada, que, hoje, trataria um tema feminino. Pensava abordar a década de 70, um período efervescente para as revistas femininas no Brasil, refletindo e, por vezes, moldando as transformações sociais e o papel da mulher na época. Pode-se destacar títulos como Sabrina, Júlia e Bianca. Coleções de romances sentimentais, popularmente conhecido por “romances de banca”. Geralmente de autores internacionais, com histórias de amor e enredos idealizados, tendo protagonistas bonitos, cenários românticos e finais felizes.

O conteúdo era voltado para o público feminino (mas tinha muito homem que dava uma espiada…), oferecendo uma fuga romântica e explorando temas de amor, paixão e superação, em um contexto que, para a época, buscava conforto e inspiração em relacionamentos mais "clássicos" e menos "escandalosos". A popularização do gênero viu o florescimento de diversas revistas femininas no Brasil, que abordavam temas como moda, beleza, comportamento, culinária, casa e família, e, gradualmente, começaram a incorporar discussões sobre a emancipação feminina e a sexualidade.

Destacaram-se, entre outras, Cláudia, abordando uma gama de assuntos para a mulher moderna de então, desde moda e beleza, até questões sociais e familiares. Capricho, inicialmente com suas fotonovelas (um capítulo a parte), que expandiu seu conteúdo para moda, beleza e temas de interesse do público jovem feminino. Amiga, focada em celebridades, bastidores de televisão e interesse geral para o público feminino. Carinho, para mulheres com mais de 16 anos, abordando relacionamento, sexualidade e o dia a dia feminino, incluindo fotonovelas.

Estas revistas, cada uma com seu enfoque particular, tiveram papel importante na vida das mulheres brasileiras nos anos 70, oferecendo informação, entretenimento e, de certa forma, influenciando ideias sobre o que significava ser mulher naquele período de transformações sociais e culturais. Para os que torcem o nariz para a literatura popular, sinto dizer: muita gente começou a ler por estas revistas, fotonovelas e gibis. 

Num país em que o livro era - e ainda é - caro e não se tem uma cultura da leitura, até ler bula de remédio é um consolo. Pelo esforço de se fugir à mesmice folheando um livro, uma revista, um gibi, a tela de um tablet ou celular, transformando a leitura na viagem em que a imaginação acarinha o coração… (Com pesquia IA Gemini - este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com)


sexta-feira, 13 de junho de 2025

Um minuto apenas…

Sexta com gosto de poesia:

Me guarda um minuto do teu tempo.

Vamos andar pelo parque,

Pelas praças, pelas ruas.

Se me deres a mão,

Sentirás e me darás segurança,

Reencontrada na confiança da cumplicidade. 

No brilho dos nossos olhos,

Esquecer, ao menos por um momento,

De tudo o que fez o tempo ter sabor de amargura.

 

Vamos fazer uma festa gastronômica,

Percorrer os lugares da saudade, onde

As bocas se lambuzam de lembranças

E os olhos ficam adocicados de ternura.

Experimentar os sabores

Que rememoram a infância:

Algodão-doce, churros, pipoca,

Amendoim, cachorro-quente...

Sem que o coração regule o andar do relógio,

Pois corre marcado pela saciedade das emoções.


E quando os minutos se enfileiram,

Nos risos e sorrisos que alcançam o Infinito,

Sentirás o gosto da vida transbordando...

Verás florescer em quem amas

A vontade de que o abraço amigo se transforme

No colo que já não se importa com o instante.

Vislumbrar um minuto apenas se torna 

A eternidade das pequenas alegrias compartilhadas!


terça-feira, 10 de junho de 2025

Os armazéns da minha vida

Artigo da semana:

Muitas das minhas recordações já se perdem na neblina das lembranças. Especialmente dos primeiros anos. Viemos para Pelotas, do interior de Canguçu, quando eu tinha 4 anos. Voltávamos ao menos duas vezes por ano, nas férias escolares, à região onde se criaram meus pais. Com quatro filhos, migraram para a periferia de uma cidade grande para fugir das dificuldades financeiras e encontrar educação continuada para os filhos.

Quando descíamos no lugar que era chamado de Três Porteiras, o paradouro era na venda do seu Antônio Mattos. Após passar por outro armazém, o do seu Diogo Fonseca e o cemitério. Sinal de que estava perto do desembarque do ônibus. De longe se viam os cinamomos. Às sombras, ficavam os cavalos amarrados e as carroças, esperando para mais uma etapa da viagem, agora por estradas que eram autênticas trilhas.

O ambiente de convivência foi reproduzido por meu pai ao instalar o bar e armazém Raulin, em Pelotas. Lugar de comércio, encontro e confraternização, onde o arroz e o feijão eram servidos e pesados a granel. E os baleiros faziam o encantamento e o desejo das crianças. Também o serviço do martelinho de cachaça, motivo de encontro dos vizinhos, no fim da tarde, após o trabalho e antes de se recolherem às casas.

Completando o comércio, no interior, sempre havia uma cancha de bocha para as disputas entre amigos, especialmente os mais velhos, nas tarde de sábado e domingo. Uma cancha reta de carreira para a disputa dos cavalos e seus cavaleiros completava o ambiente. A bocha era somente para homens e as disputas de cavalos reuniam as famílias e amigos, formando torcidas e discussões que se estendiam por muitos dias.

A RBS TV, num Jornal do Almoço, apresentou programa sobre os 150 anos da colonização italiana no Rio Grande do Sul. Não faltou um armazém, presença nas rotas de abastecimento e retirada das safras: uma venda de "secos e molhados". Onde fantasmas trazem à memória quem estava à porta do boteco: parentes e conhecidos, para um aperto de mão, abraços e pedir a bênção aos mais velhos. O tempo que brinca com as memórias onde as presenças afetivas se misturam com as ausências, os cheiros e os sabores do passado…


domingo, 8 de junho de 2025

Simplesmente assim: “Bobo”

Envelhecer é redescobrir o sentido de ser “bobo”.

As convenções sociais passam a ser menos importante 

Do que a felicidade ao lado de quem se ama.

O primeiro toque na mão do recém-nascido

Desvela o sentimento da infinitude que desabrocha.

A conquista do direito de ter as mãos do filho 

Entre as da gente num momento de confidência.

As forças que se esvaem no entardecer da existência, 

Mantendo o sorriso da vida que teima em não desistir.

 

Rir, sorrir, brincar, dançar… 

Me faça ser “bobo” como somente a inocência é capaz.

Encontrar um olhar de ternura e mergulhar num abraço.

Na possibilidade das energias que se reencontram,

Erguer os olhos da desesperança,

Para compartilhar um instante de felicidade.

Energizado pela forma como sorris,

O jeito desengonçado como andas, ouvindo

A tua primeira palavra do dia, 

Carinhos que redesenham a própria alma!



sábado, 7 de junho de 2025

Winnetou, de Karl May

Leituras e lembranças:

Recebi mensagem dizendo que este espaço poderia ser chamado de “leituras, lembranças e preciosidades". Pois, eis mais uma delas para “rapazes” de hoje que foram garotos nas décadas de 60 e 70 (para as “moças”, escrevo na próxima semana). Falo de "Winnetou", a obra mais famosas do escritor alemão Karl May (1842-1912), conhecido por romances de aventura (tipo “mocinho e bandido” ou “mocinho e índios”) ambientados no velho oeste americano e no Oriente Médio.

Karl May teve uma vida bastante peculiar e cheia de percalços, incluindo períodos na prisão, onde desenvolveu sua paixão pela escrita. Embora tenha narrado histórias sobre o oeste americano e o Oriente Médio com detalhes e realismo, ele só visitou essas regiões no final de sua vida, como turista. Grande parte de suas descrições e conhecimentos vinham de leituras e da sua imaginação fértil.

A trama de "Winnetou" gira em torno da amizade e das aventuras do protagonista alemão, um agrimensor que se torna conhecido como Old Shatterhand (Mão de Ferro), e o chefe apache Winnetou. Inicialmente, os dois se encontram em lados opostos de um conflito territorial, com Shatterhand trabalhando para a construção de uma ferrovia que atravessaria as terras apaches. No entanto, após uma série de eventos dramáticos, incluindo a morte do pai e da irmã de Winnetou, os dois desenvolvem um laço de amizade profundo e se tornam irmãos de sangue.

Presente em muitas bibliotecas juvenis, "Winnetou" teve um impacto cultural significativo, primeiro na Alemanha. Depois ganhou o mundo, estimulando a imaginação, ajudando a moldar a percepção de gerações de leitores sobre o velho oeste, a cultura indígena americana e os valores de amizade e heroísmo.

A popularidade de Winnetou levou a várias adaptações para o cinema e a televisão, sendo as mais famosas uma série de filmes alemães produzidos na década de 1960, estrelados por Pierre Brice, como Winnetou, e Lex Barker como Old Shatterhand. Esses filmes contribuíram ainda mais para a imagem icônica dos personagens e para a duradoura admiração pela obra de Karl May.

Apesar de algumas críticas modernas sobre a representação dos povos indígenas e o orientalismo, o legado de "Winnetou" permanece um marco na literatura de aventuras. Seus exemplares, hoje, são raros. Encontram-se em sebos físicos ou virtuais. Você já leu ou assistiu? Se sim, qual foi sua impressão? Na biblioteca do Seminário Diocesano de Pelotas tinha a coleção completa, quando eu estava na faixa dos 12 aos 14 anos. Foram boas leituras, deixaram boas lembranças… (Com pesquisa IA Gemini)

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Partilha de sentimentos

Sexta com gosto de poesia:

Feridas sempre causam dor e deixam marcas.

Escondidas nas chagas abertas, desvenda-se uma história.

As piores são aquelas que se alimentam das ausências.

Mesmo quando são causadas por "boas intenções",

Revestem-se do medo da solidão.

Pois quem clama aos quatro ventos

Ter projetado a solução dos teus problemas

Foi incapaz de, simplesmente, te alcançar a mão.

 

Toda a vez em que apontava

O que outros haviam feito para ferir,

Recusava reconhecer a sua responsabilidade.

Não sabia o quanto magoava.

Quando se precisava de um abraço e compreensão,

Dispensam-se as críticas sobre 

O comportamento próprio ou alheio.

Basta abrigar sobre o peito nos momentos mais difíceis.

 

Feridas não surgem do nada.

As que laceram o físico, podem ser feitas por descuidos

Ou adversidades e precisam de paciência

Para que virem cicatrizes.

As que chagam a alma, sangram vivências.

O tempo somente não é suficiente para serem apagadas.

Perseguem a mente e o corpo enquanto

Não encontram o bálsamo de um carinho, no milagre

Da graça e bênção de uma partilha de sentimentos…


terça-feira, 3 de junho de 2025

Eu, a garça e a dança do pescoço reto…

 Artigo da semana:

Antigamente (meu tempo), quando alguém aparecia com o pescoço se projetando para a frente, falava-se no mau costume da leitura, costura ou atividade que exigisse muita atenção. Era, como hoje, um jeito viciado de se comportar. Que, infelizmente, está aparecendo nos jovens cada vez mais cedo. Pelo acesso excessivo de telas, especialmente de celulares, mas também de tablets e computadores em alturas que exigem dobrar o pescoço e o rebaixamento da cabeça.

Recentemente percebi isto em jovens que saem de uma cancha de futebol em frente da minha casa. A primeira coisa que fazem é retirar seus celulares das mochilas e caminharem consultando mensagens. Impressiona como aumentou o número daqueles que tem esta postura viciada. O "pescoço de texto", ou "anteriorização da cabeça", como tratam os especialistas, é a porta para muitos problemas. Sobrecarrega os músculos e a coluna cervical, causando dores, rigidez e, até mesmo, a síndrome do pescoço reto.

Quando percebi que fazia isto, tentei corrigir, não somente policiando a postura, mas incluindo exercícios apropriados. O engraçado é que "torcido o pepino" até inconscientemente se repete o mesmo vício. Num vídeo que gravaram da minha participação no encontro da Pastoral da Juventude em Bagé, houve um momento de música em que dei uns passinhos de dança. O ridículo dos ridículos! Podia ser tudo, menos dança. Com o pescoço torto, parecia mais uma garça tonta, ou bêbada.

Já vinha reparando nas fotos e vídeos que faziam de encontros ou palestras dos quais participava. Busquei orientação e me disseram o óbvio: a má postura cervical, o longo tempo passado em leituras de forma desleixada ou trabalho em equipamentos que faziam encurvar para a frente judiaram a postura. Vencê-los exige persistência e cuidado, pois o que aparentemente não causa problemas agora se transforma em algo bem sério na fase adulta e, especialmente, no envelhecimento. Dois exercícios básicos me auxiliam.

Em tese, sabe-se que os problemas de hoje têm origem na educação. O que muitas vezes não se sabe é o que fazer. É assim no comportamento físico dos jovens. O desleixo ao sentar e caminhar são maus hábitos. Usar eletrônicos corretamente, fortalecer a musculatura, pedir apoio de pessoas mais próximas para ser alertado e, em casos extremos, a ajuda de um profissional, que pode ser um fisioterapeuta ou ortopedista. Sem isto, é bom se acostumar com as dores e desconfortos. E evitar fotografias e filmagens…


domingo, 1 de junho de 2025

Simplesmente assim: Um mate

Queria matear contigo.

Sentar na roda em que se desfazem as diferenças,

Quando a cuia passa de mão em mão, 

Estreitando os laços de amizade,

Reforçando o sentido da fraternidade,

Aquecendo o peito, no silêncio das palavras

Que não precisam ser ditas,

Simplesmente se transformam em olhares e sorrisos.

 

Na roda de mate estão os que ficaram 

E quem se gostaria de reencontrar.

Matear contigo é contemplar um pouco da Eternidade.

Quando mesmo as ausências são apenas 

Uma pequena distância ao alcance do coração.

Me passa o mate.

No calor da cuia e da mão que o entrega

Se faz a partilha de almas,

Que encontram na beira de um fogo

O calor de um grande e apertado abraço!