sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

O sentido de construir lembranças

A infância é o tempo do espanto.

Diante de um pequeno ser, 

Que anda por sobre o galho da árvore,

Sublimando o olhar;

A planta com encantos que transparecem

Nas ranhuras da folha e a gama de tonalidades;

De alguém que surpreende, 

Sorrindo com um presente escondido. 


Tempo em que o Mundo 

É um imenso universo a ser explorado,

Onde cabem as aventuras que parecem sem sentido 

Para o olhar constrangido de um adulto. 

Passa-se a vida com a sensação de que

A inocência perdida em algum descaminho 

Cobra o gosto estranho do que deveria

Dar prazer e sentido a encontros e desencontros. 


Aventurar por todas as possibilidades 

Que, depois, ficam restritas aos ditames da razão.

Anestesia-se o encantamento enquanto se amadurece.

Luta-se num intervalo entre ser criança e a velhice.

E a morte chega ao se perder a capacidade do espanto.

O aprendizado das coisas inúteis

Que somente com o ocaso das vivências

Se lamenta não ter lhes dado a devida atenção.


Quando os cabelos embranquecem (ou faltam), 

Redescobre-se a necessidade de sorrir, 

Aparentemente sem motivo,

Por uma recordação banal…

Experimentar a saudade, na

Lágrima que teima em banhar as lembranças, 

Quando se defronta com

O rosto que ficou perdido numa fotografia…


Avós e netos, idosos e crianças,

Fazem a lição do que é importante lembrar. 

Viver a vida é mais do que 

Apenas deixar passar os dias, meses e anos.

O olhar que acarinha, vindo da infância,

Traça um mapa por sobre as mãos enrugadas;

A razão de construir lembranças quando se chega, 

É encontrar sentido no momento da partida…


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