sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

A magia do primeiro voo

 Sem o direito de permanecer no Paraíso,

O homem perdeu a possibilidade de voar.

A condição de intuir os ditames da alma,

Na busca por espaços apenas vislumbrados. 

E o corpo foi condenado a andarilhar.

Toldou-se a imensidão que descortina sonhos,

Empurrado no vazio da existência, tentando

Vencer medos, sentindo saudades do Infinito.

 

Para anjos e pássaros, voar é um ato solitário.

Concretiza-se em possibilidades,

Na ânsia por sentir-se preparado,

Acreditando no que ainda restou da esperança,

Com as deficiências que intuem o próprio voo.

Fecham-se os olhos, na hora de planar, ouvindo

Os acordes do vento murmurando ao ouvido,

Na embriaguez que fremita os sentidos.

 

Ao experimentar o ocaso do inverno, voar

Fica mais fácil quando os brotos espocam

E nascem as primeiras flores nos pessegueiros.

Voejar é tornar todos os dias em primavera

Sentindo o aroma das flores,

O zumbido dos insetos à procura de alimento,

O verdejar em todas as tonalidades,

A magia da vida que eclode na natureza.

 

A imaginação espelha o espírito.

Na imprecisão das formas,

Se revelam sonhos e cerrar os olhos

Não apaga a impressão de que o reflexo

É o tormento por carências e nostalgias.

Esvoaçar é o emergir das asas que precisam

Da mente e da alma para que a magia do 

Primeiro voo, simplesmente, possa acontecer…


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