Sem o direito de permanecer no Paraíso,
O homem perdeu a possibilidade de voar.
A condição de intuir os ditames da alma,
Na busca por espaços apenas vislumbrados.
E o corpo foi condenado a andarilhar.
Toldou-se a imensidão que descortina sonhos,
Empurrado no vazio da existência, tentando
Vencer medos, sentindo saudades do Infinito.
Para anjos e pássaros, voar é um ato solitário.
Concretiza-se em possibilidades,
Na ânsia por sentir-se preparado,
Acreditando no que ainda restou da esperança,
Com as deficiências que intuem o próprio voo.
Fecham-se os olhos, na hora de planar, ouvindo
Os acordes do vento murmurando ao ouvido,
Na embriaguez que fremita os sentidos.
Ao experimentar o ocaso do inverno, voar
Fica mais fácil quando os brotos espocam
E nascem as primeiras flores nos pessegueiros.
Voejar é tornar todos os dias em primavera
Sentindo o aroma das flores,
O zumbido dos insetos à procura de alimento,
O verdejar em todas as tonalidades,
A magia da vida que eclode na natureza.
A imaginação espelha o espírito.
Na imprecisão das formas,
Se revelam sonhos e cerrar os olhos
Não apaga a impressão de que o reflexo
É o tormento por carências e nostalgias.
Esvoaçar é o emergir das asas que precisam
Da mente e da alma para que a magia do
Primeiro voo, simplesmente, possa acontecer…
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