Quando as lágrimas e os soluços
Transtornarem o meu rosto,
Tenho certeza de que logo, logo,
Vai florescer um sorriso.
Ainda sinto calafrios pelo
Inverno da tua ausência.
Nestes momentos,
Vou tricotando o tempo com as
Agulhas dos meus sentimentos e
as linhas das minhas lembranças.
Envelhecer é o privilégio de
Ouvir, degustando, as músicas que fizeram
A trilha sonora de toda uma vida.
Assim como reencontrar
Imagens capturadas
pela fotografia, desbotada, guardada
Nas gavetas da memória.
É quando acaricio os livros que dormitam
Na estante do meu quarto ou, pacientemente,
Aguardam à beira da minha cama.
A vida é feita de esperas.
Quando o tempo se acomoda num olhar,
Que já não tem pressa,
Investindo cada instante em redescobrir
Aquilo que embebeceu a alma.
Assim como as dores, tristezas e agonias
Que se apresentaram durante as tempestades
Para que aprendesse a valorizar a bonança.
E o raio do arco-íris que esperançou
Em meio às nuvens carregadas de incertezas.
Conquista-se o direito de sentar na varanda
Onde uma réstia de sol teima
Em transtornar as cores no horizonte.
As mãos conformam-se em repousar
No colo acalentando sentimentos e
Experiências de tudo o que foi tramado.
Harmoniosamente, ponto por ponto,
Laço por laço, fileira por fileira,
No desejo de que, cobrindo um corpo,
Também aconchegue um coração…