Acarinha a lágrima que
Marca o rosto do passante desavisado.
Músicos de rua cantam
Um triste Aleluia…
São irmãos.
Ela, mais velha, o incentiva
Com a proximidade do carinho.
Ele, adolescente, inseguro,
Arrima-se no corajoso olhar da irmã.
Enquanto música e voz flutuam,
No íntimo de cada um
Há uma saudade que atravessa o Infinito.
Não é mais a letra que extasia.
As dobras da existência se confundem
Com um lampejo de Eternidade.
Inalcançável para o ser humano,
Provocante o suficiente para
Deixar um gostinho de felicidade possível.
Fechar os olhos e
Partilhar do deslumbramento de
Seres Celestes que não resistem
Ao encantamento e ao êxtase.
Cohen não entendeu o efeito de sua canção.
Sua música surpreende ao fazer com que
As lágrimas cheguem devagarinho,
Arrastando tristezas e arrependimentos.
A música de rua é uma hipnose coletiva.
Flutua pelos espaços possíveis
E faz esquecer o porquê se passou por ali,
Para onde se estava indo,
O que se pretendia fazer…
Envolvidos pela sonoridade,
Se esquece de tudo o que
Prende ao dia a dia,
No cotidiano que asfixia e amedronta.
No primeiro dedilhar de um instrumento,
A sensação de que se evocam espíritos,
Compartilhando o que não cabe na lógica.
O lugar em que a alma suspira,
Se desvencilha da realidade e
Alcança o portal dos sonhos.
No arco-íris de cada acorde,
Cada entonação de voz,
O horizonte se faz esperança
Pois, logo, logo,
o Sol vai reger o nascer de um novo dia,
Nas notas que se desenham por entre as nuvens…
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