O Tempo é
O guardião de muitos caminhos.
Não permite que se volte atrás,
Mesmo quando um desejo ardente
Percorre cada centímetro da pele.
A precisão do momento vivido,
Timidamente, apenas
Compensa quando aceita que se faça um
Novo recomeço.
Brinca com sabores que são
Consumidos de forma homeopática.
Muitas vezes,
Delicados como um manjar
Que se sorve aos poucos,
Com o desejo de que o prazer se prolongue,
Preenchendo, primeiro,
Cada espaço na boca,
E, depois, a plenitude dos sentidos...
O tempo tem sempre uma nova receita,
Como uma experiência gustativa.
Redesenha antigos sabores
Para experimentar novas sensações.
No fundo, bem no fundo,
Por toda a vida,
Há sempre uma criança desejando,
Às escondidas, passar o dedo pela borda do prato…
Fechar os olhos e maravilhar-se com
O que tem gosto de algo experimentado.
A porção de uma boa comida
Colocada na boca com o ritual e
A reverência de uma prece.
Não basta pensar em fazer o melhor,
É conquistar a confiança
De quem deseja
Experimentar o condimento de um afago,
Harmonizado com o tempero de um abraço.
A vida, colocada como um banquete
Nas mãos de quem aceita
O Tempo como seu Mestre.
Sabendo que
A Eternidade até pode caber num olhar,
Embora sempre se vá
Preferir o efêmero de um instante
Que aprisiona duas almas e dois corpos…
Os silêncios degustados por quem
Prospecta os mistérios do Universo
Sem abrir mão da fugacidade de um carinho…
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