domingo, 3 de novembro de 2024

A fugacidade de um carinho

 O Tempo é 

O guardião de muitos caminhos.

Não permite que se volte atrás,

Mesmo quando um desejo ardente

Percorre cada centímetro da pele.

A precisão do momento vivido,

Timidamente, apenas 

Compensa quando aceita que se faça um

Novo recomeço.

 

Brinca com sabores que são

Consumidos de forma homeopática.

Muitas vezes,

Delicados como um manjar

Que se sorve aos poucos,

Com o desejo de que o prazer se prolongue,

Preenchendo, primeiro,

Cada espaço na boca,

E, depois, a plenitude dos sentidos...

 

O tempo tem sempre uma nova receita,

Como uma experiência gustativa.

Redesenha antigos sabores

Para experimentar novas sensações.

No fundo, bem no fundo,

Por toda a vida,

Há sempre uma criança desejando,

Às escondidas, passar o dedo pela borda do prato…


Fechar os olhos e maravilhar-se com 

O que tem gosto de algo experimentado.

A porção de uma boa comida 

Colocada na boca com o ritual e 

A reverência de uma prece.

Não basta pensar em fazer o melhor,

É conquistar a confiança

De quem deseja

Experimentar o condimento de um afago,

Harmonizado com o tempero de um abraço.

 

A vida, colocada como um banquete

Nas mãos de quem aceita 

O Tempo como seu Mestre.

Sabendo que 

A Eternidade até pode caber num olhar,

Embora sempre se vá 

Preferir o efêmero de um instante

Que aprisiona duas almas e dois corpos…

Os silêncios degustados por quem

Prospecta os mistérios do Universo

Sem abrir mão da fugacidade de um carinho…


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