terça-feira, 12 de novembro de 2024

Educação: pelo direito de também ser feliz

Vamos partir do princípio de que uma educação cristã precisa ser, antes de tudo, uma educação humanista. É na "humanidade" que nosso Deus se revela. Enquanto, muitas vezes, tentamos entender os “céus”, Ele quis fazer uma imersão no mais profundo do ser que criou à sua imagem e semelhança. A pedagogia de Jesus é o ponto de partida para entender, assumir e vivenciar o papel social de um educador cristão/católico.

Esta imersão é função do leigo cristão em ser “presença da Igreja no coração do mundo e presença do mundo no coração da Igreja” (documento de Aparecida). Isto é, o processo de educação formal não pode prescindir da capacidade de interação social. Incluindo a capacitação política (cidadania, aquele que ajuda a cuidar da “polis”), em sua concepção mais ampla, e formação político-partidária, na sua forma mais específica.

Na história recente, a igreja foi capaz de formar lideranças sociais pela existência da Ação Católica, que se concretizou na Juventude Agrária Católica (JAC), Juventude Estudantil Católica (JEC), Juventude Operária Católica (JOC) e Juventude Universitária Católica (JUC). As narrativas fundamentalistas de alguns supostos “cristãos” veem nesses grupos uma influência marxista, enquanto a realidade mostra a riqueza de se ter como referência a própria (e pouco conhecida) Doutrina Social da Igreja.

Nossa geração de educadores viveu e vive um processo de transição. Para quem amplia seus horizontes, onde alguns veem problemas, os mais atinados (e preparados) encontram oportunidades. O momento é de menos intelectualidade e academicismo e mais coração (sensibilidade), chão (realidade) e fé (inspiração). 

Não sou um erudito, nem sou um intelectual, sequer sou mais um acadêmico. Percebi que todos os três podem ser apenas formas de satisfação pessoal, que estão distantes da realização daquelas pessoas que nos foram confiadas para que auxiliássemos a ver mais distante, com maior abrangência e esperança. O desafio, no entanto, recentemente, foi a pandemia que, por um lado, acelerou o uso dos recursos eletrônicos nas redes sociais e, por outro, acirrou o individualismo.

Mostrou o quanto também nós somos eternos aprendizes. Demonizar o instrumento é uma demonstração de incompetência. Educação não é um processo de conversão, sequer de proselitismo. Tentar um apagamento da história ou se negar a fazer uso do que são simples ferramentas, mostra que o discurso dos “formadores dos formadores” não bate com as práticas. Ensinar a pensar necessita do ensino formal, mas, ainda mais, mostrar seu pertencimento a uma sociedade que lhe será, quando for preciso, capaz de alcançar as bengalas necessárias para sua própria vida.

Educação tem que rimar com felicidade. Mais do que um instrumento funcionalista, precisa ser a ferramenta com a qual se constrói a integralidade do ser humano. Que passa pela realização pessoal, social e espiritual. Como? Este é o desafio. Possivelmente as formas com as quais fomos educados precisem ser superadas. Um novo instrumental de comunicação e de produção intelectual desafia a que se reinicie o processo, sem negar o que já adquirimos, mas capazes de fazer uma “mea culpa” de nossos erros. Respirar fundo e pensar que assim como se deseja fazer aqueles que se ama felizes, também se tem o direito de ser feliz…


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