sábado, 20 de maio de 2017

Foi o tempo...

Foi o tempo...
Que marcou meu rosto e deixou estes sulcos
para lembrar do passado.

Foi o tempo...
Que fez meu sorriso mais cansado
e uma imensa ternura que se esconde
por detrás de cada gesto de carinho que,
agora, vivo com mais intensidade.

Foi o tempo...
Que me fez caminhar mais lentamente
e ter a certeza de que olhar para trás
só tem sentido se ainda puder seguir adiante.

O tempo não me cobrou pedágio.
Não me pediu sacrifícios.
Não condicionou cada passo - acertado ou não -
com o qual construí meu destino.

Quando posto minhas mãos em prece,
tenho certeza de que foi generoso comigo.
Fez de mim o retrato do que eu fiz com a vida.
E deixou a certeza de que pode ser cúmplice,
mas cobra o direito de zombar de nossas pretensões.

Aprendi, quando encaro o tempo, que não é ele quem passa,
mas nós que o deixamos escapar por entre os dedos.
O tempo perdido e não encontrado é o tempo da saudade.

Pode magoar, nos deixar melancólicos, mas provoca a viver:
dá sentido ao caminhar.
Mais serenos, com mais dificuldades, mais experientes.
Mais próximos da finitude e da paz.

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