quinta-feira, 11 de abril de 2013

Educação não pode ser conversa jogada fora

O governo federal regulamentou o dispositivo que garante às crianças, a partir dos quatro anos, o direito de ter vaga em instituições de ensino público. Embora o estardalhaço com que foi apresentado agora não é novo, somente tendo regulado e passando a contar tempo para que os municípios e estados se preparem para colocar em prática.
Exatamente aí começa o problema: nos últimos meses temos visto, pipocando pelo Estado, a paralisação de diversas instituições particulares que lidam no que era o ensino pré-escolar. Parando porque os gestores municipais não estavam repassando os recursos que tinham sido acordados para manter uma parcela das crianças em atividades educacionais, já que os próprios municípios não têm condições de arcar – seja por pessoal, recursos físicos e estruturais – com o atendimento desta faixa da população.
A grita volta a ser a mesma: recursos. O governo federal retém a grande parcela dos impostos e distribui à míngua para as esmolas, não sendo suficientes para pagar adequadamente aos profissionais da educação, sem falar na manutenção dos educandários e qualificação dos espaços necessários para as atividades extraclasses, como é o caso das atividades físicas, artísticas e exercícios de cidadania.
Num encontro com professores fizemos uma análise e constatamos que o governo fez um investimento às avessas: ao invés de investir forte na educação básica e primária, optou por fazê-lo na educação superior. Hoje, está aí uma série de estímulos para que “todos” possam ingressar na faculdade. Esqueceu que, para chegar lá, é preciso ter sedimentada uma estrada que inicia nos coleginhos próximos das casas, nas casas de crianças e nas creches, prometidas e ainda no imaginário de grande parte da população.
Num sistema, hoje, em que os pais trabalham, cedo a criança precisa de uma rede de educação e assistência que possa fazer o papel de acompanhá-la e formá-la, já nos seus tenros anos de vida. Indiscutível que este encaminhamento passa pelo estado, mas não pode ser refém de promessas políticas ou eleitorais.
Entre os anúncios pomposos feitos em meio a dezenas de “autoridades” educacionais e a ponta onde pais se angustiam com o futuro de seus filhos, ficam as crianças que não pediram promessas, mas, no seu dia a dia, encontram espaços deprimentes, onde faltam vidros nas janelas, pisos apresentam problemas, as instalações elétricas muitas vezes não funcionam e não há o mínimo necessário para dar prazer ao processo de aprender.
Ainda estamos longe de um processo educacional ao menos satisfatório. Muitos dos países em desenvolvimento (nosso caso) levaram a sério a ideia de que toda a mudança estrutural inicia, exatamente, quando as crianças têm um tratamento diferenciado e podem fazer o seu processo de formação. Este é um investimento que garante frutos para o futuro. O resto é conversa à toa...

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