terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Redes sociais: maldades e frustrações

Nos últimos dias, o Supremo Tribunal Federal (STF) atribuiu-se a tarefa de debater a responsabilidade das redes sociais e remoção de perfis falsos. Ocuparia lugar do Congresso Nacional que enrolou e não saiu do lugar. Infelizmente, também o Supremo não foi adiante, mostrando a “zorra” que se vive nos três poderes que, se não forem interesses próprios, batem cabeça e procrastinam. Há um vácuo legal que permite a proliferação de conteúdos nocivos e a polarização, especialmente pelos discursos de ódio e fake news.

Discutir as redes sociais não é novidade. Muitos países estão regulamentando seu uso, com o exemplo mais recente vindo da Austrália, onde o acesso somente poderá ser feito por pessoas com mais de 16 anos. Lógico que a grita foi geral, especialmente daqueles que veem em tudo “uma ingerência indevida do setor público”. “Ora, direis…” que exatamente para isto é que se elegem o executivo e o legislativo e se propõe a funcionar o judiciário. Poderes que deveriam ter a preocupação com a segurança do já esquecido cidadão…

São diversas pontas que não estão soltas, mas têm um mesmo condutor. Como o uso do celular. Eletrônicos são instrumentos que precisam ser utilizados para expandir a capacidade humana de agir. Meios, não fins. Infelizmente, o que se faz é transformar no “parceiro (a)” ideal que compensa a angústia, frustrações, medos como algo que prescinde das relações humanos. É triste pensar que muitos filhos acreditam que os pais saberem usar as redes sociais compensa a sua ausência na casa deles ou nas residências geriátricas.

Decepciona pensar que homens e mulheres bem pagos, que têm o dever constitucional de fazer o papel de legislar e fiscalizar, se omitem. Precisam colocar em discussão a liberdade de expressão, a responsabilidade das plataformas, a privacidade e até (porque não?) o impacto econômico que a regularização pode trazer. Chamando a Brasília quadros técnicos e humanistas, contribuindo e somando na discussão. Profissionais de diferentes áreas se debruçam sobre este tema, em nível internacional, com uma riqueza de contribuições.

O judiciário decepcionou novamente. Com um legislativo a cabresto dos seus interesses, fica-se órfão de quem poderia (e deveria) melhorar este aspecto da vida social, responsável pela polarização política vivida, hoje, no Brasil. Com as facilidades da internet, pode-se percorrer o mundo e saber o que deu certo e o que deu errado. Não é preciso reinventar a roda. Basta pensar que crianças e idosos não precisam ficar indefesos diante de quem transforma as redes sociais em latrina, onde despejam maldades e frustrações.


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