sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Apenas um toque, apenas uma canção

A música dispensa as palavras.

Quando a gente se envolve, 

Resta apenas o dedilhar 

Das cordas de um violão; 

A mão que afaga e

Desliza por sobre o teclado;

O sopro que insufla a flauta,

Fluindo do espírito que alça voo.


Acordes são mapas da magia 

Que provocam alcançar a plenitude.

Revestidos de palavras,

Tentam fazer o que é improvável:

Encorpar as notas com significados,

Na essência do que

Se liberta da própria partitura. 

A trilha sonora que afina mentes e corações.


O âmago da canção bate

Diretamente na porta da alma. 

Quando a voz lhe faz companhia 

É o aconchego, o abraço do etéreo... 

A plenitude da música está em quem 

A conduz, superando o instrumento,

Interagindo com o espírito. 

Apenas um toque, apenas uma canção. 


O enlevo que afasta da realidade

Para percorrer os caminhos em que 

O silêncio é espaço privilegiado.

A parte da música que provoca o coração. 

Quem a cultiva

Rega a pauta com as notas de onde se

Depreende o suspiro do Universo.


A toada que supera a concretude

De um momento ou de uma dor.

O arranjo que brinca repetidamente nos lábios.

Memórias assobiadas no gosto 

Das lembranças que o tempo escondeu.

Bálsamo e perfume.

O sentido de não desistir 

E reger o próprio destino…


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