domingo, 15 de setembro de 2024

Um grito jogado ao mar

Quando as ondas do mar batem na praia,

Ouve-se o grito desesperado

De alguém que procura afugentar a agonia.

O desabafo em que a voz 

Se sobrepõe à rebentação.

Transpira tristezas.

Embebedando os sentidos,

Brada um nome, uma vontade, um desejo…


O derradeiro lugar de um náufrago,

Quando a vida escorre pelas

Poças que atrasam o refluxo na areia. 

Abandona a esperança que flutua nas ondas

E alquebra as certezas de encontro à rocha,

Clamando por um lugar que já não existe mais.


No sopé da montanha,

Onde o mar ruge junto à encosta,

Os sons se misturam com 

Um grito jogado ao mar.

Ali, onde o oceano não precisa de raízes 

Para guardar memórias,

No coração das águas em que 

Se abrigam segredos e confidências…


O mar não conta as vezes que ouviu

Um soluço ou um desabafo.

As lágrimas que borbulham nas ondas

Têm o gosto salgado da solidão e do abandono.

O tempo passado rouba 

o murmúrio do quebrar das águas,

Deixando em seu lugar o desafio da imensidão.


Tempo de aceitar a solidão,

quando o mar desgrenha o cabelo e

Libera o brado sufocado no peito.

A orla das ondas faz-se refúgio e

Um lugar sagrado.

Desnudados e aspergidos pela maré,

Liberta-se das garras do quotidiano,

O casulo que impede de desabrochar.

Por sobre as águas serenas do amanhecer,

A espera que o breu da noite

Esteja grávido de uma nova alvorada…

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