O pôr do sol tem gosto de nostalgia.
O colorido brinca com os sentidos
E entorpece os sentimentos.
O doce momento do silêncio e da paz!
O pôr do sol tem gosto de nostalgia.
O colorido brinca com os sentidos
E entorpece os sentimentos.
O doce momento do silêncio e da paz!
Pensei em seguir meu coração.
Ele é travesso.
Brinca com meus sentimentos,
Louqueteia quando deveria se fazer de sério.
Ou me aquieta quando mostra
Um desenho guardado no meio de um caderno...
Rindo, me diz que
Dançar exige ritmo e confiança.
E que a Natureza me negou as duas coisas!
Quando me acomodo,
Diante de mim, faz passar
As loucuras que são a minha paz de espírito.
Meu coração atrapalhado é quem me leva
Para o lugar onde convivo com meus sonhos.
Vou tocando a vida
Com a cabeça doída e o coração nas mãos.
Ele sabe que tem a cura dos meus males,
Usa a imaginação para que eu veja
Imagens ornadas apenas pela saudade,
Retirando espinhos que já causaram a dor.
Nas despedidas,
Brinca desgrenhando meus cabelos,
Sussurrando que fica sempre
A espera de um retorno.
Que o destino nunca pede um adeus,
E a vida sempre oferece outra oportunidade…
Sinto falta de quando faz perguntas bobas,
Muitas vezes sem sentido,
Pensando apenas em agradar.
É ele mesmo:
Quando sentires cheiro de confusão,
Sorri, abre os braços, porque a vida te oferece
A oportunidade de seguires o teu coração!
Não te sintas só quando chegar
O meu dia de partir.
O destino foi o tempo em que eu soube
Me fazer melhor na tua companhia.
Nas noites em que perambulamos à luz da Lua,
Aprendemos que prender um vaga-lume
Entre as mãos é negar a sua sina.
Os céus precisam deles para criar
Pontos luminosos que ofuscam as estrelas.
No voo em meio aos arbustos e às flores ou
Flutuando por sobre as águas da lagoa,
Fazem o mapa da eterna procura.
É no andar da vida que se entende
O quanto doses de amor
Podem ser cura ou um doce veneno…
Depois que o brilho do sol fenece,
Recolhendo-se ao seio da noite,
O mar ainda continua o mesmo.
Predestinado a mostrar que se pode
A amar e ser amado:
A única cura para as feridas do passado,
Recuperando o espírito da criança
Que não desiste e espera dentro de cada um.
Viver pode ser apenas e tão somente
Proporcionar momentos de doçura,
Que são lampejos de felicidade.
Ao exercitar o silêncio, entender que
As palavras que machucam somente
Podem ser curadas por um abraço.
Pois mesmo a dor que anuncia o parto é
A agonia que gera lágrimas de felicidade.
O que se chama de “sina”
Sempre oferece alternativas.
O prazer está em não descartar
Absolutamente nada, enquanto se caminha.
Na junção de muitos rumos,
As escolhas são definitivas.
Lamentar é a negação das próprias predileções,
Os demais rumos e suas oportunidades.
O destino não apaga as possibilidades.
Apenas aponta caminhos e perspectivas.
Faz-se a eterna viagem da vida
Em que se precisa da bússola que direciona,
Mas também de um olhar atento
Para não perder referências.
A distância é o de menos.
Seguindo no rumo das estrelas,
Desbravando rumos ou a capacidade
De não se perder diante das expectativas….
As queimadas que infestam o Brasil nos últimos dias são uma questão de saúde pública. Também. Fazem parte de um problema onde este é um dos elementos, assim como um viés político, socioeconômico e educacional. Mais de 60% do território brasileiro atingido, é motivo de reflexão e perplexidade para todos os brasileiros, indiferente ao seu posicionamento ideológico. Independente dos fatores climáticos que debilitam os sistemas ecológicos da região amazônica e pantaneira, existe a maldade humana atuando…
Voltando à saúde pública, o que se vê são prejuízos por todo o território nacional, especialmente para idosos, crianças e pessoas debilitadas. De imediato, os problemas com a respiração, mas sabendo que a fumaça e a fuligem estão depositando em nossos corpos elementos que podem causar problemas a médio e longo prazo. Entre as recomendações básicas está o uso do soro para limpeza das narinas, assim como a volta das máscaras descartáveis. Recentemente, se viu pessoas utilizando delas como prevenção.
Foi uma cultura que, infelizmente, não ficou da pandemia: a proteção em casos de pacientes com baixa imunidade e que precisam circular por lugares públicos. Assim como em tempos de inverno, o uso em transporte coletivo. É certo que, se não as tivéssemos abandonado, poderíamos cuidar melhor daqueles que nos são confiados, especialmente as pessoas com mais idade e as menores, que sofrem sem entender o motivo quando arfam, faltando o ar, com o olhar em quem foi relapso e não as atendeu devidamente.
As queimadas impactam na saúde financeira. Em especial, encarecendo os alimentos, a distribuição de água tratada e da energia elétrica. A parte mais sensível do corpo continua sendo o bolso. E se não nos sensibilizarmos com o sofrimento dos mais pobres que ainda moram na roça, passamos a pagar mais cedo pelos crimes que se cometeram (e se cometem) contra a natureza e dos quais fomos alertados. Ver a mata, ecossistemas e animais sendo engolidos por chamas não é apenas um espetáculo na televisão…
Vamos começar de novo… Importar-se e cobrar medidas em todas as instâncias é o mínimo. Na crise ambiental, autoridades e políticos - em nível nacional, estadual e municipal - devem dar menos atenção às vaidades eleitorais e mais às propostas concretas e factíveis capazes de contemplar a realidade dos seus municípios. “Crianças, mulheres e idosos primeiro…” se dizia nos filmes antigos, quando um barco estava afundando. Pois o barco “Brasil” precisa deste alerta para preservar a saúde física e mental da nossa gente!
Caminhar é o destino dos trilheiros.
No andar, deixam rastros,
Que são as marcas da vida.
Cedo,
Aprende-se a andar sozinho, sem estar só.
Engatinhar,
Arrimar-se e reconhecer pequenas conquistas.
Com aqueles a quem fomos confiados e
Ensinam rumos possíveis,
Mostram oportunidades,
Ajudam a ampliar o círculo de
Quem pode nos fazer companhia.
Percorrer a trilha pode não ser fácil,
Mas se torna ainda mais difícil quando
Se nega o direito
Às pessoas de entrarem em nossas vidas.
Fazer o caminho é transpiração,
Enquanto a alma sorve o momento.
Em boa companhia,
Aproveita-se cada pedacinho de chão,
Ouvindo-se histórias da terra e de seus moradores…
Ficam memórias evocadas
Junto a construções em ruínas,
Equipamentos que já não têm uso,
Marcas nos rasgos da terra,
A busca por preservar a História...
Andar por pedreiras com suas lembranças,
Percorrer caminhos abertos em meio à vegetação,
Contemplar as águas que abasteciam as casas
Ou, à distância,
Os morros que propõem outras caminhadas…
Dos primeiros passos aos momentos em que
Se sorve o ar em meio a um túnel verde,
Seguir a fila, com novas amizades.
Agradecido por momentos em que,
Durante algum tempo,
Tudo o que se quer é ouvir risos,
Conversas descomprometidas,
Olhares de cuidados e incentivos.
Descobrir que vale a pena:
Para tudo o que traz felicidade,
Tem sempre uma primeira vez na vida!
Os sentidos paralisam
Quando a alma se depara com o encantamento.
O olhar se perde no foco do que é magia,
As mãos procuram acariciar o inimaginável,
Um perfume preenche o ar com sua fragrância,
O instante tem o gosto do que é imponderável,
A sensação de que a música no ar
Impede de se calar...
Como a felicidade,
O encantamento precisa apenas de um instante.
O mundo surpreendentemente
Perfeito dos sonhos de infância.
O desejo por toda a vida de não perder
O sortilégio que apenas o coração consegue arrebatar.
Quando o menino não vê o lançamento
Perfeito do jogador de basquete,
Porque enxerga o pai com os olhos
Encantados de admiração,
Pelo herói que voa em direção ao arco.
Ou o filho que ajeita a coberta
Sobre o corpo alquebrado da mãe,
Percorrendo cada traço de seu rosto
Que se tornou um mapa de muitas lembranças.
Retornar ao terreno da magia
É exorcizar todas as amarras
Que impedem de ser feliz.
Não importa a idade do corpo,
Pelo simples motivo que, pelos olhos,
Derrama-se a imaginação,
Desfilam aqueles que
Apenas sorriram,
Tão somente abraçaram,
Simplesmente acarinharam
E tornaram perfeito um instante.
O encantamento que se derrama das palavras
É tão poderoso quanto o que transborda dos silêncios.
A imaginação que mexe
Com cada centímetro da pele
Quando uma voz sussurra ao ouvido
Ou de um olhar que
Acaricia até o mais íntimo do ser.
Um mundo encantado é possível.
Onde já não importam diferenças,
Os anos que embotaram os sentidos,
A sensação de que poderia ter feito mais…
Justifica abrir os olhos, estender as mãos,
Mergulhar no que sempre foi um sonho bom
Do qual não se desejava ter acordado…
Garanto que muitos de vocês têm alguma boa lembrança das comemorações do “7 de Setembro”, com os desfiles militares e a Parada da Juventude. Independente das narrativas que partidarizaram o evento, era o momento em que as pessoas mais simples se emocionavam (e ainda se emocionam) vendo esposa, marido, namorado, namorada, filho, filha, amigo, desfilarem pelas principais ruas e avenidas da cidade. Isto se chamava (e se chama) de civismo. Uma autêntica festa da democracia. O momento de celebrar a pátria.
A Parada da Juventude levava crianças em idade colegial às ruas em seus uniformes, bicicletas enfeitadas e bandeiras escolares. O orgulho do dia em que a cidade se esmerava para acolher seus jovens na avenida Bento Gonçalves, em que bancas de lanches e bebidas eram espaços à parte. Onde havia grupos de jovens fazendo um pé de meia para investir em atividades sociais e passeios. Nas beiras das calçadas, pessoas de todas as idades carregavam suas cadeiras e bandeiras e crianças de colo se identificavam com as cores nacionais.
De algum tempo para cá, grupos sociais encerravam as atividades cívico-militares apresentando seus problemas e reivindicações, inclusive com a motivação das igrejas cristãs. Pacíficos, ordeiros, com foco no que interessava à população. Diferente do que, hoje, se transformou num fiasco da polarização em Brasília e em São Paulo. Em ambos, a manipulação de um marketing duvidoso a serviço de uma direita e de uma esquerda fundamentalistas, mostrou-se pífio em arregimentar incautos numa campanha eleitoral disfarçada.
Sou saudosista, sim. Por favor, não venham com a velha cantilena de que “desfiles militares” são coisas do tempo da ditadura. Ela utilizou destes eventos para se fortalecer, mas sua essência nunca esteve longe da população que gostaria de ver nos jovens que prestam serviço militar, nas forças armadas e nos serviços de policiamento uma bengala que arrima a segurança do cidadão brasileiro. Exatamente num “país” que se chama Brasil e é o motivo de não se desistir da esperança de um dia viver a plenitude democrática.
Hoje existe uma maioria silenciosa da população brasileira que não é direitista e sequer esquerdista. Sabe que ambas têm praticamente as mesmas culpas em cartório. Gostaria que, se não ajudassem, também não atrapalhassem a reverência à pátria de todos nós. O lugar para se construir uma nação, que os políticos de praticamente todos os partidos boicotam. Já que uma população educada seria uma população consciente socialmente, percebendo seus desmandos e podendo colocá-los na mira das próximas eleições…
Quando as ondas do mar batem na praia,
Ouve-se o grito desesperado
De alguém que procura afugentar a agonia.
O desabafo em que a voz
Se sobrepõe à rebentação.
Transpira tristezas.
Embebedando os sentidos,
Brada um nome, uma vontade, um desejo…
O derradeiro lugar de um náufrago,
Quando a vida escorre pelas
Poças que atrasam o refluxo na areia.
Abandona a esperança que flutua nas ondas
E alquebra as certezas de encontro à rocha,
Clamando por um lugar que já não existe mais.
No sopé da montanha,
Onde o mar ruge junto à encosta,
Os sons se misturam com
Um grito jogado ao mar.
Ali, onde o oceano não precisa de raízes
Para guardar memórias,
No coração das águas em que
Se abrigam segredos e confidências…
O mar não conta as vezes que ouviu
Um soluço ou um desabafo.
As lágrimas que borbulham nas ondas
Têm o gosto salgado da solidão e do abandono.
O tempo passado rouba
o murmúrio do quebrar das águas,
Deixando em seu lugar o desafio da imensidão.
Tempo de aceitar a solidão,
quando o mar desgrenha o cabelo e
Libera o brado sufocado no peito.
A orla das ondas faz-se refúgio e
Um lugar sagrado.
Desnudados e aspergidos pela maré,
Liberta-se das garras do quotidiano,
O casulo que impede de desabrochar.
Por sobre as águas serenas do amanhecer,
A espera que o breu da noite
Esteja grávido de uma nova alvorada…
Tem um lugar em que se passa um longo tempo
Ansiando em partir em busca de novos rumos.
Depois, o sonho e a luta por uma volta quase impossível.
Ali, onde não se conceituam sentimentos,
Inclusive a felicidade,
Porém, se passa uma vida inteira lembrando:
A casa onde ficaram os rastros de uma família.
Num conjunto de imperfeições,
Sem que se perceba, transforma-se em lar,
Ao guardar histórias de cada um de nós.
Nas memórias, juntam-se
Desde as roupa que ficaram esquecidas na corda,
As vozes que se espalhavam pela casa
Ou ecos das lembranças reverberando pelos cantos,
A televisão ainda ligada na sala,
A comida na mesa com o tempero das lembranças...
Passam diante dos olhos
O lugar ao sol no pátio,
Onde se inventavam desculpas para ficar juntos.
A espera pelo horário
Em que cada um batia a porta e chegava em casa.
Aconchegar-se no sofá,
Buscando um espaço para ronronar,
Com o sentimento de que ali era o meu lugar.
Quando as lágrimas apertam os olhos,
Entristece pensar
Na falta das eternas brigas pelas portas abertas,
A roupa espalhada pelo chão,
O som no quarto abafando os demais,
Os pratos na pia esperando por ser lavados...
A casa sempre foi o lugar do colo,
Em qualquer idade, em qualquer situação,
Onde se aprende a respeitar espaços.
Por motivos que, depois, pareceram bobos como
As brigas e os gritos exagerados e
Os olhares arrependidos em busca de perdão.
Os primeiros passos… para andar e para viver!
A sensação de que não importava definir sentimentos,
Pois todos eles se fundiam
No cadinho que se chama lar.
Onde ficam os rastros de família,
Impregnados no gosto agridoce
Que se prende ao céu da boca.
Sem permitir esquecer,
Na impossibilidade de reviver.
A Eternidade é o tempo em que se volta para casa.
Um suspiro e a necessidade de tocar a vida,
Com a sensação de que um cantinho da alma
Ficou pelo caminho.
Refém do que foi único
(Embora então não se soubesse),
Restando a contínua busca por revisitar
O passado que guarda o gosto de saudade…