segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A noite e a droga


Duas matérias estiveram nas páginas de jornal da semana passada. A primeira: a Justiça afirma que vai marcar de cima bares e similares que venderem bebidas alcoólicas para menores de idade. A segunda: o drama vivido pelos pais de um jovem dependente químico para tentar interná-lo para desintoxicação e possível recuperação.
Em princípio, uma não tem nada a ver com a outra. Engano: o fato dos jovens (quase crianças) estarem nas ruas é sinal de que “ganharam” a disputa com os pais para terem “liberdade” cada vez mais cedo. Os pais se dizem impotentes, não conseguindo mantê-los em casa, não somente pela argumentação, mas também porque eles fogem. Culpar aos pais é uma forma fácil de tirar de nossas costas a responsabilidade social.
Na maior parte das vezes, esta liberdade conquistada sem um amadurecimento sadio é que vai resultar na segunda matéria: como não foram se acostumando com limites, a droga é um dos elementos oferecidos na rua para que a “liberdade” seja mais bem saboreada. Triste engano, pois embora digam que param quando quiserem, é um retorno difícil e penoso, muitas vezes impossível.
Palmas para setores da Justiça que fazem batidas e recolhem jovens para casas de passagem ou os levam de volta para suas casas. Palmas para pais que levam e buscam seus filhos, mesmo que na madrugada, até as festinhas, ou que organizam “mutirões” com outros pais, para um revezamento sadio e produtivo.
Nossa máquina pública, infelizmente - embora alguns exemplos como exceção - peca pela omissão: que bebidas não podem ser vendidas para menores, isto é o óbvio, que deveria ser respeitado ou os responsáveis serem penalizados. Mas também deveria haver marcação severa para que menores não perambulem pela noite.
Assim como programas de saúde para internação - com sua permissão ou não, de jovens dependentes. Infelizmente, num caso destes, existe a perda do discernimento, então é o caso da família ou mesmo do Estado efetivar providências. Medidas e discussões paliativas de “respeito por autonomia” pavimentam a estrada que leva ao fundo do poço.

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