segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Aposentados, mas não mortos

Os aposentados que recebem mais do que um salário mínimo, até pouco tempo atrás uma massa disforme e sem força, estão mostrando que, embora tenham chegado à terceira idade, não entregam os pontos. Sabem que as centrais de trabalhadores, entre conseguir benefícios para os que estão na ativa e os que já penduraram as chuteiras, ficam com os primeiros. Restou a mobilização, constrangendo as lideranças do governo federal e imagens impactantes que repercutirão nas eleições do próximo ano.
Uma imagem e uma advertência: a foto dos aposentados deitados pelos corredores do Congresso correu Mundo, a mostrar o descaso com os idosos. E de um deles o aviso: “Temos todo o tempo possível e imaginável para fazer campanha ou, se for o caso, trabalhar contra aqueles que querem nos ver na mendicância”.
O certo é que a turma do “deixa disto” já está se mobilizando para que o governo tenha o menor prejuízo possível. O argumento é que, deixando o pessoal se aposentar cedo e permitindo reajuste integral pelo salário mínimo, causará problemas aos cofres públicos. Em sua defesa os aposentados - ou pretendentes - argumentam que não foram eles que causaram os problemas da Previdência que, eleitoreiramente ou não, criou uma série de benefícios sem ter caixa para tanto. Vão mais longe e dizem que trabalharam uma vida com a certeza de um tipo de aposentadoria que lhes é negada agora.
Vou colocar mais fogo na fogueira. Pelo jeito, o governo vai convencer da necessidade de que o homem some 95 anos (trabalho+idade) para se aposentar, o mesmo acontecendo com a mulher, aos 85 anos. Por quê? Eu conheço muitas viúvas e raros viúvos. Há uma campanha no ar dizendo que o homem dura sete anos a menos. Então porque tem que trabalhar e viver mais para se aposentar? O justo não seria o contrário?
O certo é que, parodiando o presidente, “nunca na história deste País” os aposentados estiveram tão unidos em busca de seus direitos. A turma ainda vai desfilar muito pelos corredores dos poderes públicos, mas, agora, é escutada e respeitada. De bobos, não têm mais nada e podem ensinar técnicas de mobilização. Quem diria, estão reconquistando o lugar de onde nunca deveriam ter saído: estão aposentados, mas não estão mortos.

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