domingo, 16 de outubro de 2011

Festival de Primavera

Dia bonito para aparecer na Catedral do Redentor (Igreja Anglicana, no centro de Pelotas), ou como é conhecida por aqui: Igreja Cabeluda. O nome se deve a uma hera que a encobre totalmente e que, agora, está novinha, num verde arrebatador. Dentro da Igreja, o Festival de Primaveral. Arranjos de todos os tipos, cada um mais deslumbrante, acompanhado de uma música orquestrada. 
Ontem, enquanto percorria os diversos arranjos de flores, partituras e instrumentos musicais, esparramados pela nave central da igreja, fiquei atento à música. Mas, quando voltei à porta, surpresa, ouvia, do lado de fora, "besame mucho". Curioso, segui o rastro da música e num jardim interno a apresentação de corais, que continua hoje. Programa imperdível, de graça, de alto nível, gastando, durante algumas horas, um tempo precioso para a mente e para o coração.
 Muita gente, de todas as idades, apenas ouvia, ou conversava em voz baixa, aproveitando alguns raios de sol ou a suave flagrância que vinha das inúmeras árvores e arbustos daquela área. Uma ideia pra lá de interessante da Igreja, manter, em pleno centro da cidade, um espaço de verde, que nos faz tanta falta e que acaba diminuindo nossa ansiedade e mesmo o stress.
O Festival de Primavera já é tradicional na organização das senhoras anglicanas. Vai até terça-feira (18), com apresentações musicais hoje pela tarde e mostra das flores segunda e terça. Se estiver no centro da cidade, gaste um pouco do seu tempo para contemplar aquilo que a natureza fez de belo, mas que a mão do homem conseguiu transformar numa obra de arte.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Primavera brasileira

  Quando países do Oriente e da África começaram a ver a tempestade política que se formava em seu horizonte político, ninguém acreditava que aquele movimento, nascido de aspirações populares - e em alguns lugares, incentivados por forças ocidentais - haveriam de ultrapassar seus continentes para chegar, primeiro, à Europa, com movimentos espontâneos em países como a Itália, Espanha, Portugal e Alemanha, mas também ao coração do capitalismo - Wall Street, em Nova Iorque, Estados Unidos.
No feriado de 12 de novembro - e no último final de semana - movimento apartidário pela moralidade nas relações políticas também chegou ao Brasil, como o nome de Agora Chega! Em pauta, uma mudança nas relações daqueles que são "profissionais da política", começando pelo Ficha Limpa, definir a corrupção como crime inafiançável, passando pela proibição de votações secretas em temas de interesse público.
Há dois elementos que me parecem de suma importância. O primeiro, que nasce da desilusão causada por aqueles que vivem da política e que, mesmo falando tudo o que deve ser feito, não o fazem. Portanto, um movimento apartidário, mas que aceita todas as forças vivas da sociedade. O segundo que, de onde os políticos acreditam que têm o controle, podem manipular, pode vir uma surpresa que desestabiliza as relações que temos.
Muitos vão dizer que isto será perigoso, pois pode por em cheque as nossas estruturas. Não se dão conta de que a forma como nos fizeram entender democracia não tem dado respostas aos anseios de uma boa parte da sociedade. Portanto, este é o momento para reinventarmos, até, a democracia.
O que era para ser a desestabilização de regimes despóticos - a Primavera Árabe - ultrapassou fronteiras e sopra novos ares sobre as relações ocidentais. As passeatas vão continuar. Os políticos estão em alerta. A hora é de fazer barulho e mostrar inquietude, indignação e a certeza de que, passado este momento da cena nacional, nada mais será como antes, pode estar surgindo a “Primavera brasileira”.

domingo, 9 de outubro de 2011

Os acordes do impossível


Se os acordes da música não conseguirem mais nada,
apenas silenciem as vozes.
Ao silenciarem as vozes, façam ouvir todos os
sons escondidos nos corações.

Os lábios não mais balbuciem,
sejam fechados os olhos,
acompanhe-se, suavemente, a música
embalando um corpo.

A viagem por terras desconhecidas,
por céus escondidos,
por mares nunca vistos.

Se não houver mar, terra e céu,
ao menos, haja a imaginação,
voando ao encontro do próprio desconhecido.

Ao término da música,
as mãos estendidas
sejam capazes de tocar o intocável,
sentir a vida que não se esvai com a música.
Apenas se concentra para ser mais vida.

sábado, 8 de outubro de 2011

Da cultura e da África

Passei a ter outro olhar sobre o continente africano quando fomos abençoados pela chegada de três homens de Deus que nos deixaram sua marca - padres Quintino, Martinho e, agora, Augusto. Vieram em intercâmbio estimulado por dom Jayme Chemello, o primeiro para Comunicação, o segundo para o Serviço Social e o último também para Comunicação.
Em meus sonhos de viagens, meu coração sempre me levava para alguns países da Europa, das Américas ou vagando pela Oceania. No entanto, comecei a tomar gosto pelo jeito de ser que expressava uma cultura absolutamente diferente, com seus costumes e sua religiosidade, fazendo da diversidade um sentido de vida. 
Pelas muitas conversas que tive com os três, passei a entender melhor o sentido de relacionamento que se dá em países que foram ocidentalizados à força, sendo obrigados a encobrir suas tradições com uma sincretismos cultural que levou a copiar muito do que lhes era impingido, mas também a lutar para manter suas tradições e valores.
Fico encantado com estes povos que tiveram que fazer o mesmo, dos dois lados do oceano. Lá, a colonização tentava lhes impor os "valores" de uma democracia de interesses comerciais; para cá, vinham escravos, com as marcas de uma religão supostamente cristã, que lhes negava a própria fé. Contam que, hoje, em muitas igrejas construídas pelos negros, quando são restauradas, é comum encontrar, em meio às paredes, pequenas imagens de suas divindades num processo de sincretismo que vivemos até hoje.
Creio que minha segunda natureza é ser africano. Além de termos um pé na mãe África, pois nossa população é em grande número também negra ou parda, ou morena, também lhes devemos muito do que hoje entendemos por cultura.
Neste caso, com certeza, a cor da pele não pode ser a diferença, pois não faz a essência de um homem. Mas um coração pulsante deve e pode ser o grande elemento de aproximação, energizando uma fé que se faz, para além dos mares, num encontro de olhares que vivenciam as mesmas esperanças comuns à humanidade.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Relações humanas na construção do Reino de Deus

Pois é, no dia 17 de outubro, uma segunda, às 20h30, na casa do Cenáculo, o pessoal do Cursilho vai me aguentar. De novo. Culpa da Eli e da Bela (amigas de longa data, consequentemente suspeitas em seus convites), que pediram para falar de um tema pra lá de legal: "as relações humanas na construção do Reino de Deus".
Como diz a gurizada, até "me achei", pensando que poderia abordar um tema desta envergadura. Mas, vamos lá. Por onde tenho passado, sempre me pedem que fale sobre a comunicação que perpassa o pessoal, o interpessoal e as relações com a sociedade.
Regra número um, para mim a comunicação inicia com um momento de silêncio. Como diz o meu povo lá no interior de Canguçu, "saco vazio não para em pé". Portanto, para quem vai falar, em primeiro lugar, é necessário rezar - no caso daqueles que têm fé - e uma preparação adequada para que os "achismos" não acabem virando em fiasco.
Cheguei a cunhar uma expressão que tem sido repetida: todos precisamos de nossos "espaços de sanidade mental". Isto é, aqueles momentos em que nos reabastecemos pessoal e individualmente para continuar nossas vidas em todas as relações.
Resolvido este primeiro passo, os outros são apenas consequência. O que vivenciamos pessoalmente acaba refletindo nas nossas relações familiares, afetivas, profissionais e sociais. Portanto, por aí vamos conversar com o pessoal do Cursilho. Quantos vão estar dormindo ao final?

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Entre viver e morrer

Uma amiga contou que teve duas experiências de sonhar com pessoas que já haviam falecido. Em ambas, o que as distinguia da forma como ela vê as pessoas que estão vivas era que a cor da pele parecia mais opaca do que a normal. Conversamos a respeito, do que estaria na origem destes "sonhos", se algo ligado ao sobrenatural ou se apenas alguma brincadeira do nosso subconsciente.
Depois, nos perguntamos porque não temos coragem de falar com muitas pessoas a respeito. Por um simples motivo, estas experiências não são consideradas "científicas", portanto, coisa de pessoas atrasadas ou, indo mais longe, de "loucos".
Pois acho que, em nível de fé, estamos precisando mais de "loucos" do que de cientistas. Há pessoas que confundem o fato de terem uma religião com a necessidade de buscar explicações. Esquecem que o sentido de fé é exatamente daquilo que supera o que podemos manusear com nossas mãos ou com a capacidade de raciocínio.
Uma fé com todas as explicações não é fé, passou a ser ciência, portanto, perdeu o seu sentido. A fé nos leva para além, aceitar, conviver, deixar que se insira no nosso quotidiano algo que é maior, o Divino, com o nome que lhe quisermos dar.
Todas as explicações de contato com aqueles que morreram fica no plano da experiência pessoal: ninguém voltou para contar como é do outro lado, quais são os caminhos, ou mesmo para confirmar aquelas experiências de "quase morte".
Então, é respeitar a caminhada de cada um, conviver com os vivos, mas sentir que nos faltam aqueles que se ausentaram. Não sofrer por eles, fazem parte de um outro plano, devem ter as suas formas de resolver os seus problemas. A nós, em qualquer tempo, nos basta saber que estamos vivos, fazendo a aventura mais fantástica que o ser humano pode fazer: buscar insensantemente a felicidade.

sábado, 1 de outubro de 2011

As mudanças começaram


A presidente Dilma atingiu 71% de aprovação dos brasileiros, especialmente daqueles que vivem na região Sul e Sudeste, onde, nas eleições presidenciais, foi derrotada. Os números têm uma mensagem: respaldo para a faxina (nome que ela não gosta), que varreu ministros e assessores de primeiro escalação, acusados de corrupção e que, nos governos de FHC e Lula, teriam sido preservados, agora, são afastados.
Este cheiro de que há alguma coisa de ético acontecendo em Brasília levou aos gaúchos e demais estados da nossa região a repensar seu posicionamento. Dilma herdou um governo com problemas e, inicialmente, tinha que agradar ao padrinho. No entanto, os observadores políticos esperavam o momento em que os pratos seriam quebrados.
Não deu outra. Tendo chegado ao seu limite do que poderia agüentar dos desmandos de ministros e assessores herdados, passou a agir com cortes cirúrgicos, especialmente naqueles que se julgavam acima do bem e do mal e que nunca seriam atingidos, balançando, inclusive, a sua relação de poder tanto com o Partido dos Trabalhadores – PT (que sofreu profundas transformações – e para pior), quanto o camaleônico Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB (capaz das mais estapafúrdias modificações de seu suposto breviário ideológico para continuar no poder).
Sou repetitivo ao dizer que acho a figura da presidente extremamente burocrática, mas tenho que reconhecer que ela começou uma mudança inimaginável na administração dos dois mandatários passados. A coragem de se indispor com setores conservadores e vinculados a práticas que nos conduziram à corrupção e ao atraso, fez muita gente que já estava silenciada se dispor a voltar à luta pela moralidade e a uma política saudável.
Além daquilo que é nossa obrigação – cobrar o andamento de projetos que tornem transparente o mundo da política – também é necessário dar respaldo àqueles – como a presidente Dilma – que mostram disposição pelas mudanças. Deixá-la sozinha – independente de partido – é covardia, que poderemos pagar quando olharmos para trás e vermos que poderíamos ter feito a diferença e nos omitimos.