Uma equipe de reportagem brasileira foi aos Estados Unidos conhecer o trabalho de um “encantador de cavalos”. Não usa métodos violentos para o que chama de “adestramento” e não “doma”. Métodos simples aprendidos com os indígenas, em que é preciso que homem e animal estabeleçam mútua confiança, pois têm em comum a busca pela liberdade em, ao menos, dois sentidos.
Recentemente, o “encantador de cavalos” veio ao Brasil. Além de mostrar sua técnica em fazer com que os animais superem traumas com chicotes, materiais perfurantes e transposição de águas, ainda apresentou outra faceta do seu trabalho: a preparação de cavalos para auxiliar no tratamento de pessoas com deficiência física, especialmente portadores da Síndrome de Down.
Era contrastante: na arena onde exibia sua capacidade de fazer com que animais ariscos o seguissem com absoluta docilidade, pessoas iam às lágrimas como reconhecimento de que gestos simples, impregnados de reconhecimento do valor do outro ser, são capazes de fazer a diferença entre adestrar e domar. Estava atendida a primeira qualificação: homem e cavalo cavalgando livres por espaços onde o mais importante é unir o pulsar da força animal com a Natureza.
Mas havia uma segunda qualificação, quando se via um cavalo, montado por um deficiente, acompanhado por profissionais da fisioterapia ou do Exército, e ficava um nó na garganta. Aqueles homens e mulheres não tinham no animal apenas um serviçal, mas um companheiro, um cúmplice na arte de restaurar sensibilidades. Também propiciavam um tipo de libertação: da restrição de movimentos e de sentir que poderiam superar o que uma deficiência colocou como restrição de movimento.
Aquele gringo, já de alguma idade, se sensibiliza ao preparar um animal e, em especial, quando o coloca no processo de recuperação de um paciente. Aqui está um belo exemplo: trabalho, solidariedade e uma boa dose de disponibilidade para vencer toda e qualquer barreira, liberando o corpo, mas, especialmente, o espírito aprisionado por restrições físicas ou por bloqueios emocionais.
domingo, 16 de maio de 2010
domingo, 9 de maio de 2010
“Querido professor”
Expressões de carinho sempre encantam, enternecem, especialmente quando surgem de forma inesperada. Semana passada, recebi duas mensagens - de um aluno e de um ex-aluno - que iniciavam assim: “querido professor”. Pode-se dizer que é uma expressão diferenciada, porque no meio universitário não se chega a um vínculo afetivo, que mostre outro jeito de estabelecer a relação de educador e educando.
Mas acontece. Alguns alunos conseguem vencer, inclusive, barreiras afetivas, preconceitos de que estamos em situação e patamares diferentes e que somente isto mantém uma suposta “respeitabilidade”. Não sou das pessoas mais afetivas fora do âmbito da minha família, mas confesso que tem um aperto de mão, um olhar carinhoso e um abraço de pessoas com as quais convivo, inclusive alunos, que melhoram em muito a qualidade de vida, porque fazem esquecer momentos menos agradáveis, valendo a pena apostar na educação.
De alguns alunos, é comum que isto se estabeleça depois de concluído o curso, quando se dão conta de que poderiam ter aproveitado mais – e foram avisados – mas não o fizeram, e querem uma espécie de segunda chance, uma nova oportunidade, sem matrícula oficial. Talvez seja por este motivo que não consigo me acostumar com a expressão “ex-alunos”. Muitos deles continuam mantendo contados, fazendo consultas, procurando informações sobre redação de texto, oportunidades de trabalhos e, até... situações emocionais.
Minha experiência educacional não é das maiores: leciono em comunicação social há 16 anos. Alguns de meus colegas têm 20 e até 30 anos nesta área, mas já disse que não devo lecionar mais do que três ou quatro anos. Em respeito aos próprios alunos, pois nas áreas que atuo – gráfica, redação e marketing – as mudanças são constantes, exigindo renovação. Fica uma certeza: auxiliar jovens a descobrir seus caminhos, estimulá-los a enfrentar desafios, mostrar que mesmo diante de seus medos sempre há uma alternativa, faz esperar mais vezes recados eletrônicos que iniciem por um simples: “querido professor”.
Mas acontece. Alguns alunos conseguem vencer, inclusive, barreiras afetivas, preconceitos de que estamos em situação e patamares diferentes e que somente isto mantém uma suposta “respeitabilidade”. Não sou das pessoas mais afetivas fora do âmbito da minha família, mas confesso que tem um aperto de mão, um olhar carinhoso e um abraço de pessoas com as quais convivo, inclusive alunos, que melhoram em muito a qualidade de vida, porque fazem esquecer momentos menos agradáveis, valendo a pena apostar na educação.
De alguns alunos, é comum que isto se estabeleça depois de concluído o curso, quando se dão conta de que poderiam ter aproveitado mais – e foram avisados – mas não o fizeram, e querem uma espécie de segunda chance, uma nova oportunidade, sem matrícula oficial. Talvez seja por este motivo que não consigo me acostumar com a expressão “ex-alunos”. Muitos deles continuam mantendo contados, fazendo consultas, procurando informações sobre redação de texto, oportunidades de trabalhos e, até... situações emocionais.
Minha experiência educacional não é das maiores: leciono em comunicação social há 16 anos. Alguns de meus colegas têm 20 e até 30 anos nesta área, mas já disse que não devo lecionar mais do que três ou quatro anos. Em respeito aos próprios alunos, pois nas áreas que atuo – gráfica, redação e marketing – as mudanças são constantes, exigindo renovação. Fica uma certeza: auxiliar jovens a descobrir seus caminhos, estimulá-los a enfrentar desafios, mostrar que mesmo diante de seus medos sempre há uma alternativa, faz esperar mais vezes recados eletrônicos que iniciem por um simples: “querido professor”.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Pelo prazer de apenas dirigir
Estamos fartos de ouvir, mas é uma verdade: nosso problema não é de legislação, mas de cidadãos sabedores da sua existência e autoridades dispostas a aplicá-la. Isto fica claro no trânsito, onde a falta de consciência coletiva e o sentimento de impunidade permite atrocidades. O resultado está aí: todos os dias os jornais estampam manchetes com acidentes envolvendo todo o tipo de veículo, trazendo consequências: mortes traumáticas ou seqüelas físicas e psicológicas para o resto da vida.
De quem é a culpa? Quase sempre do motorista que acha que por trás da direção pode tudo, isentando-se de responsabilidade e culpando o outro condutor ou mesmo o pedestre. Pessoas normalmente tranqüilas no seu dia a dia sofrem um transtorno quando assumem a direção: esquecem seus valores fundamentais, como a vida e o respeito pelo outro – veja-se a preferência para pedestres; o cruzamento à esquerda ou à direita, quando há acostamento; ou mesmo o som em altura impossível de ser suportado.
Ouvi histórias de arrepiar: uma senhora estacionou em frente a um colégio particular, em fila dupla, acionou o pisca alerta, fechou a caminhonete e foi lá dentro com toda a tranqüilidade, fazer o que queria. No outro caso, um filho cobrou do pai comportamento adequado no trânsito e ouviu a máxima: “se os azulzinhos não estiverem vendo, filho, pode fazer qualquer coisa”. E uma prefeitura da zona sul que teria quatro equipamentos para fazer a averiguação de ruídos, mas “não sabe como usá-los...”
Não se tem uma receita fechada para readquirir o bom senso, uma convivência harmônica, mas há sinais: o respeito à faixa de segurança em frente aos colégios pela maioria; sinais e reclamações com aqueles que estacionam em fila dupla e a cobrança para que as autoridades não se omitam, quando fogem dos pontos onde há mais problemas. O carro deve ser um instrumento a serviço do homem, assim como para o seu prazer, não uma arma. A esperança é que a maioria continue a agir de forma correta e nossas crianças e jovens tenham uma nova educação, mais solidária e fraterna. Não havendo receitas e na medida do possível, o bom em qualquer situação – trabalho, passeio, diversão – e usá-lo pelo prazer de apenas dirigir.
De quem é a culpa? Quase sempre do motorista que acha que por trás da direção pode tudo, isentando-se de responsabilidade e culpando o outro condutor ou mesmo o pedestre. Pessoas normalmente tranqüilas no seu dia a dia sofrem um transtorno quando assumem a direção: esquecem seus valores fundamentais, como a vida e o respeito pelo outro – veja-se a preferência para pedestres; o cruzamento à esquerda ou à direita, quando há acostamento; ou mesmo o som em altura impossível de ser suportado.
Ouvi histórias de arrepiar: uma senhora estacionou em frente a um colégio particular, em fila dupla, acionou o pisca alerta, fechou a caminhonete e foi lá dentro com toda a tranqüilidade, fazer o que queria. No outro caso, um filho cobrou do pai comportamento adequado no trânsito e ouviu a máxima: “se os azulzinhos não estiverem vendo, filho, pode fazer qualquer coisa”. E uma prefeitura da zona sul que teria quatro equipamentos para fazer a averiguação de ruídos, mas “não sabe como usá-los...”
Não se tem uma receita fechada para readquirir o bom senso, uma convivência harmônica, mas há sinais: o respeito à faixa de segurança em frente aos colégios pela maioria; sinais e reclamações com aqueles que estacionam em fila dupla e a cobrança para que as autoridades não se omitam, quando fogem dos pontos onde há mais problemas. O carro deve ser um instrumento a serviço do homem, assim como para o seu prazer, não uma arma. A esperança é que a maioria continue a agir de forma correta e nossas crianças e jovens tenham uma nova educação, mais solidária e fraterna. Não havendo receitas e na medida do possível, o bom em qualquer situação – trabalho, passeio, diversão – e usá-lo pelo prazer de apenas dirigir.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Caminhos para o futuro
A pergunta do Mateus, semana passada, em Bagé, num encontro com boa presença de jovens, obrigou-me a uma resposta sincera, mas também a uma reflexão: “porque a Igreja não consegue ser atrativa para os jovens?” A resposta que dei foi de que a Igreja também não tem uma fórmula que responda aos seus anseios e por este motivo, em muitos casos, se torna chata para aqueles que gostariam de ver respostas.
Não serve como consolo, mas, infelizmente, outras áreas que deveriam ser mobilizadoras – como a política e a educacional – também não conseguem tornar-se atrativas para esta parcela da população. Das muitas leituras que se faz do que está acontecendo, vê-se que sua mobilização se dá por elementos esportivos, culturais, ou ao vislumbrar um rumo para o futuro, através de atividades profissionais.
O que está acontecendo e onde estamos errando? No caso da Igreja, que possui estruturas muitas vezes subutilizadas, buscar alternativas para o que lhes interessa. Convênios com setores públicos e universitários poderiam gerar uma ocupação que tornasse seu tempo útil, além de vislumbrar possibilidades futuras. Numa determinada ocasião, participei de um projeto em que se levava aos jovens – especialmente em situação de vulnerabilidade social – universidades, escolas técnicas e mesmo instituições públicas que pudessem dar todas as informações sobre preparação para o ingresso, custos e viabilidade de bolsas. A atenção era total e, mais do que isto, plena de interação, porque tocava em pontos práticos que poderiam dar uma chance de estudos e de ingresso no mercado de trabalho.
Não creio que somente entidades sociais ou públicas possam fazer isto. Grupos jovens têm como preocupação a vida da Igreja, mas também formar lideranças que vão atuar socialmente. Dentro desta perspectiva, é fundamental que tenhamos ações concretas que tornem a vida comunitária atrativa para os nossos jovens. Sendo assim, Mateus, não diríamos que nossas igrejas sejam chatas, mas envolventes, porque preocupadas em encontrar caminhos para o futuro, na sua integralidade: tratar da sua espiritualidade, sem esquecer que vivemos em sociedade e que precisamos preservá-los fisicamente.
Não serve como consolo, mas, infelizmente, outras áreas que deveriam ser mobilizadoras – como a política e a educacional – também não conseguem tornar-se atrativas para esta parcela da população. Das muitas leituras que se faz do que está acontecendo, vê-se que sua mobilização se dá por elementos esportivos, culturais, ou ao vislumbrar um rumo para o futuro, através de atividades profissionais.
O que está acontecendo e onde estamos errando? No caso da Igreja, que possui estruturas muitas vezes subutilizadas, buscar alternativas para o que lhes interessa. Convênios com setores públicos e universitários poderiam gerar uma ocupação que tornasse seu tempo útil, além de vislumbrar possibilidades futuras. Numa determinada ocasião, participei de um projeto em que se levava aos jovens – especialmente em situação de vulnerabilidade social – universidades, escolas técnicas e mesmo instituições públicas que pudessem dar todas as informações sobre preparação para o ingresso, custos e viabilidade de bolsas. A atenção era total e, mais do que isto, plena de interação, porque tocava em pontos práticos que poderiam dar uma chance de estudos e de ingresso no mercado de trabalho.
Não creio que somente entidades sociais ou públicas possam fazer isto. Grupos jovens têm como preocupação a vida da Igreja, mas também formar lideranças que vão atuar socialmente. Dentro desta perspectiva, é fundamental que tenhamos ações concretas que tornem a vida comunitária atrativa para os nossos jovens. Sendo assim, Mateus, não diríamos que nossas igrejas sejam chatas, mas envolventes, porque preocupadas em encontrar caminhos para o futuro, na sua integralidade: tratar da sua espiritualidade, sem esquecer que vivemos em sociedade e que precisamos preservá-los fisicamente.
sábado, 17 de abril de 2010
City Down - a história de um diferente
Este é o título do filme que está sendo rodado pela Associação Pelotense de Cinema Independente. A proposta: olhar a vida pela visão de um portador da Síndrome de Down (ou como se conhecia antigamente: um excepcional). Por acompanhar a alguns anos um afilhado, o Edson (também ator no filme), sempre simpatizei com eles, o que foi se transformando em algo mais profundo, usufruindo do carinho que eles são capazes de dar. Dizem que quando Deus dá uma deficiência compensa de alguma forma. Pois aí funcionou a regra: perdem em alguma atividade que requer acuidade intelectual, mas compensam pela simpatia e capacidade de envolvimento emocional.
Os principais atores são portadores da Síndrome de Down, mas rola uma química que dá inveja a qualquer ator consagrado. Contaram-me que o Edson, cada vez que o diretor pedia: “vai, Edson!”, nem saia do lugar. No entanto, bastava dizer: “gravando” e ele entrava em cena, com toda a desenvoltura. A primeira fala não está presente no seu dia a dia, no entanto a outra é comum para “atores” em todos os sets de filmagem, sendo ouvida nos programas de televisão.
Olhar o mundo sob uma ótica diferente. Uma proposta que leva a pensar na ditadura dos normais, que não se preocupam com aqueles que já não podem enxergar, aqueles que não podem ouvir, ou aqueles que não andam no mesmo ritmo intelectual. No site que se encontra na Internet, seus autores dizem que “a partir daí você travará uma batalha contra um forte inimigo: o preconceito. Mas, se quiser, aí vai um segredo: ele é vencível.” Vencer o preconceito é a meta: os que pura e simplesmente não aceitam estas pessoas; que passam longe, como se fossem ser contaminados; que desconhecem seus problemas e suas virtudes; que os classificam de “doentinhos”.
Prefiro viver como vivo até agora, ganhando apertados abraços, carinho desmedido e beijos com olhos que transmitem sensibilidade e respeito. Mais do que isto, pessoas dispostas a partilhar seus mundos sem pedir nada, a não ser o mais elementar na realização do homem: o direito à vida, à dignidade e um espaço onde realizem os seus sonhos.
Os principais atores são portadores da Síndrome de Down, mas rola uma química que dá inveja a qualquer ator consagrado. Contaram-me que o Edson, cada vez que o diretor pedia: “vai, Edson!”, nem saia do lugar. No entanto, bastava dizer: “gravando” e ele entrava em cena, com toda a desenvoltura. A primeira fala não está presente no seu dia a dia, no entanto a outra é comum para “atores” em todos os sets de filmagem, sendo ouvida nos programas de televisão.
Olhar o mundo sob uma ótica diferente. Uma proposta que leva a pensar na ditadura dos normais, que não se preocupam com aqueles que já não podem enxergar, aqueles que não podem ouvir, ou aqueles que não andam no mesmo ritmo intelectual. No site que se encontra na Internet, seus autores dizem que “a partir daí você travará uma batalha contra um forte inimigo: o preconceito. Mas, se quiser, aí vai um segredo: ele é vencível.” Vencer o preconceito é a meta: os que pura e simplesmente não aceitam estas pessoas; que passam longe, como se fossem ser contaminados; que desconhecem seus problemas e suas virtudes; que os classificam de “doentinhos”.
Prefiro viver como vivo até agora, ganhando apertados abraços, carinho desmedido e beijos com olhos que transmitem sensibilidade e respeito. Mais do que isto, pessoas dispostas a partilhar seus mundos sem pedir nada, a não ser o mais elementar na realização do homem: o direito à vida, à dignidade e um espaço onde realizem os seus sonhos.
domingo, 11 de abril de 2010
Ficha limpa
Foram muitas as organizações sociais que se mobilizaram para levantar assinaturas mais do que suficientes a fim de apresentar um projeto de lei que proíbe candidatos que estejam sendo julgados pela Justiça. Também foram muitos os debates em instâncias sociais, universitárias, partidárias, sindicais e religiosas, na busca por uma maior transparência das atitudes dos nossos homens públicos que ocupam funções eletivas. Infelizmente, o que se vê, hoje, é que a malandragem daqueles que defendem os próprios interesses no Congresso Nacional está fazendo com que atrase o seu trâmite, quando não há o interesse de fazer mudanças que desfiguram a proposta inicial.
Não há alternativa. Além de se manter todos os níveis de discussão que aconteceram até agora, é preciso partir para duas ações concretas: tomar conhecimento de quais candidatos estão sendo julgados, não merecendo ser eleitos, e divulgar de outras formas; assim como fazer com que os próprios partidos criem empecilhos para aqueles que não apresentarem a sua ficha limpa. É exatamente este o nome do projeto: “Ficha limpa”, uma lembrança do processo que aconteceu na Espanha, onde a Justiça trabalhou com o “Mãos limpas”, perseguindo e afastando, em muitos casos prendendo, aqueles que de alguma forma se utilizaram do setor público em proveito próprio. Hoje não conheço os números, mas até bem pouco tempo atrás se sabia que no Brasil, de cada 10 reais, dois reais eram desviados. Os números não devem ter mudado muito, mas fazem a grande diferença quando se fala em investimentos públicos.
Claro que se sabe que a população se sente impotente diante do que acontece na vida pública, mas este é o momento da clarividência: das pequenas igrejas às grandes catedrais; dos bancos escolares às praças públicas; do recinto dos lares até as esquinas democráticas, é hora de discutir e optar por políticos que possam fazer o nosso futuro diferente. Quem se omitir, ou achar que isto é bobagem, é, ao menos, cúmplice dos desmandos que forem cometidos. Sou partidário de que o maior pecado não é o erro pelo desconhecimento, mas pela omissão. E quem se omite não tem o direito de reclamar mais tarde.
Não há alternativa. Além de se manter todos os níveis de discussão que aconteceram até agora, é preciso partir para duas ações concretas: tomar conhecimento de quais candidatos estão sendo julgados, não merecendo ser eleitos, e divulgar de outras formas; assim como fazer com que os próprios partidos criem empecilhos para aqueles que não apresentarem a sua ficha limpa. É exatamente este o nome do projeto: “Ficha limpa”, uma lembrança do processo que aconteceu na Espanha, onde a Justiça trabalhou com o “Mãos limpas”, perseguindo e afastando, em muitos casos prendendo, aqueles que de alguma forma se utilizaram do setor público em proveito próprio. Hoje não conheço os números, mas até bem pouco tempo atrás se sabia que no Brasil, de cada 10 reais, dois reais eram desviados. Os números não devem ter mudado muito, mas fazem a grande diferença quando se fala em investimentos públicos.
Claro que se sabe que a população se sente impotente diante do que acontece na vida pública, mas este é o momento da clarividência: das pequenas igrejas às grandes catedrais; dos bancos escolares às praças públicas; do recinto dos lares até as esquinas democráticas, é hora de discutir e optar por políticos que possam fazer o nosso futuro diferente. Quem se omitir, ou achar que isto é bobagem, é, ao menos, cúmplice dos desmandos que forem cometidos. Sou partidário de que o maior pecado não é o erro pelo desconhecimento, mas pela omissão. E quem se omite não tem o direito de reclamar mais tarde.
terça-feira, 6 de abril de 2010
Os donos da estrada
No feriado de Páscoa constatei aquilo que os meios de comunicação estão repetindo todos os dias: os problemas causados por alguns motoristas nas estradas, especialmente aquelas que ligam Porto Alegre ao Litoral Norte, ou que saem em direção à Região Sul. A primeira constatação é de que a maior parte dos condutores preza a segurança, andando dentro dos limites permitidos, cuidando da própria vida, mas atentos àqueles que são a exceção.
E qual é a exceção? Infelizmente, aqueles que não prezam a própria vida, a vida daqueles que os acompanham e também a daqueles que estão em outros veículos. Sentem-se os donos da estrada, porque estão ao volante de carros possantes e, por isto mesmo, consideram-se no direito de cortar caminho tanto pela esquerda (o correto), quanto pela direita (incorreto), nas pistas com acostamento ou com a terceira via.
Não se pode dizer que as estradas estejam ruins. Mas o volume de carros na rua, em alguns momentos, diminui o fluxo, requerendo paciência. Que nem todos têm e, por isto mesmo, sobra excessos e barbeiragens. Acaba sendo comum os acidentes em lugares onde a sinalização pede que não ultrapasse, ou mesmo que diminua a velocidade.
Uma emissora de rádio de Porto Alegre embarcou um repórter em São Leopoldo, no trem de superfície e o motorista fez o percurso da BR 116. Em 45 minutos, o repórter chegou ao centro da Capital, enquanto o motorista continuava trancado em um engarrafamento, no meio do caminho. Exemplo como este mostra que precisamos repensar o sistema de transporte individual e coletivo, investindo em alternativas, não no incentivo à compra de carros - que não encontra na estrutura das cidades e das estradas um suporte adequado.
O importante, hoje, é que os motoristas conscientizem-se de que a direção é um instrumento para facilitar a vida das pessoas e não para elevar os níveis de adrenalina. Para isto, utilize pistas de corrida e arrisque-se sozinho. Na estrada, valorize a sua vida e a dos outros. As estatísticas assustadoras dos finais de semana, com números que ultrapassam os das guerras declaradas, com certeza, serão bem menores.
E qual é a exceção? Infelizmente, aqueles que não prezam a própria vida, a vida daqueles que os acompanham e também a daqueles que estão em outros veículos. Sentem-se os donos da estrada, porque estão ao volante de carros possantes e, por isto mesmo, consideram-se no direito de cortar caminho tanto pela esquerda (o correto), quanto pela direita (incorreto), nas pistas com acostamento ou com a terceira via.
Não se pode dizer que as estradas estejam ruins. Mas o volume de carros na rua, em alguns momentos, diminui o fluxo, requerendo paciência. Que nem todos têm e, por isto mesmo, sobra excessos e barbeiragens. Acaba sendo comum os acidentes em lugares onde a sinalização pede que não ultrapasse, ou mesmo que diminua a velocidade.
Uma emissora de rádio de Porto Alegre embarcou um repórter em São Leopoldo, no trem de superfície e o motorista fez o percurso da BR 116. Em 45 minutos, o repórter chegou ao centro da Capital, enquanto o motorista continuava trancado em um engarrafamento, no meio do caminho. Exemplo como este mostra que precisamos repensar o sistema de transporte individual e coletivo, investindo em alternativas, não no incentivo à compra de carros - que não encontra na estrutura das cidades e das estradas um suporte adequado.
O importante, hoje, é que os motoristas conscientizem-se de que a direção é um instrumento para facilitar a vida das pessoas e não para elevar os níveis de adrenalina. Para isto, utilize pistas de corrida e arrisque-se sozinho. Na estrada, valorize a sua vida e a dos outros. As estatísticas assustadoras dos finais de semana, com números que ultrapassam os das guerras declaradas, com certeza, serão bem menores.
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