sábado, 17 de abril de 2010

City Down - a história de um diferente

Este é o título do filme que está sendo rodado pela Associação Pelotense de Cinema Independente. A proposta: olhar a vida pela visão de um portador da Síndrome de Down (ou como se conhecia antigamente: um excepcional). Por acompanhar a alguns anos um afilhado, o Edson (também ator no filme), sempre simpatizei com eles, o que foi se transformando em algo mais profundo, usufruindo do carinho que eles são capazes de dar. Dizem que quando Deus dá uma deficiência compensa de alguma forma. Pois aí funcionou a regra: perdem em alguma atividade que requer acuidade intelectual, mas compensam pela simpatia e capacidade de envolvimento emocional.
Os principais atores são portadores da Síndrome de Down, mas rola uma química que dá inveja a qualquer ator consagrado. Contaram-me que o Edson, cada vez que o diretor pedia: “vai, Edson!”, nem saia do lugar. No entanto, bastava dizer: “gravando” e ele entrava em cena, com toda a desenvoltura. A primeira fala não está presente no seu dia a dia, no entanto a outra é comum para “atores” em todos os sets de filmagem, sendo ouvida nos programas de televisão.
Olhar o mundo sob uma ótica diferente. Uma proposta que leva a pensar na ditadura dos normais, que não se preocupam com aqueles que já não podem enxergar, aqueles que não podem ouvir, ou aqueles que não andam no mesmo ritmo intelectual. No site que se encontra na Internet, seus autores dizem que “a partir daí você travará uma batalha contra um forte inimigo: o preconceito. Mas, se quiser, aí vai um segredo: ele é vencível.” Vencer o preconceito é a meta: os que pura e simplesmente não aceitam estas pessoas; que passam longe, como se fossem ser contaminados; que desconhecem seus problemas e suas virtudes; que os classificam de “doentinhos”.
Prefiro viver como vivo até agora, ganhando apertados abraços, carinho desmedido e beijos com olhos que transmitem sensibilidade e respeito. Mais do que isto, pessoas dispostas a partilhar seus mundos sem pedir nada, a não ser o mais elementar na realização do homem: o direito à vida, à dignidade e um espaço onde realizem os seus sonhos.

Um comentário:

Leonardo disse...

Muito legal o post professor!
Como o senhor mesmo disse, o preconceito é "vencivel".E apesar de devagar, essa discriminação está sendo combatida.
Abraço.