sábado, 27 de dezembro de 2025

As Crônicas de Artur, de Bernard Cornwell

Leituras e lembranças:

Bernard Cornwell é um dos grandes mestres da ficção histórica. No livro "Excalibur", conclui a jornada épica e sombria de Artur e seus companheiros na Britânia do século V, narrada pelo ponto de vista de Derfel Cadarn, um ex-guerreiro e agora um monge idoso. Concentra-se nos últimos e desesperados esforços de Artur para unir os reinos britânicos e enfrentar a ameaça final e avassaladora dos invasores saxões. A Britânia está cada vez mais fragmentada, não apenas pela guerra, mas também pelos conflitos internos entre os Deuses Antigos (representados por Merlin e Nimue) e o crescente poder do Cristianismo.

A história aborda as consequências das tragédias pessoais e traições que marcaram os livros anteriores, incluindo o rompimento entre Artur e Guinevere e a ascensão de Lancelot como figura ambiciosa e desagregadora. Em meio ao caos, a maior ameaça a Artur não são os saxões, mas a intriga política interna e a ascensão do traiçoeiro Mordred. O livro culmina em batalhas grandiosas e decisivas, onde o destino de Artur e a própria Britânia são selados. A lenda é revisitada de forma realista e brutal, desmistificando a imagem romântica do rei e focando em sua figura como um grande senhor da guerra.

O desfecho mostra o fim da esperança e o começo de uma era de escuridão para os bretões. Prepara o cenário para a ocupação saxã e a transição do mito para a história. Cornwell brilha ao despir a lenda de Artur de seu verniz romântico. A narrativa é crua, as batalhas viscerais e os personagens são humanos, com falhas e motivações complexas. A escrita mantém o ritmo frenético, tendo momentos de ação militar intercalados com drama político e pessoal. Derfel é um historiador que viveu os eventos, o que confere uma profundidade melancólica e uma perspectiva única sobre o que é verdade e o que é lenda.

A figura feminina de Guinevere se destaca, retratada não apenas como a esposa infiel, mas estrategista brilhante e figura de força política, presa às limitações de um mundo dominado por homens. O tom do livro é de despedida. Há uma tristeza palpável no ar, a sensação de que, não importa o quão forte seja Artur, ele não pode lutar contra o destino, nem contra as forças que mudam o mundo (a velhice, o tempo, a religião e a ambição humana). 

A fusão da magia e do histórico, no final, é um toque de mestre que honra a lenda e a abordagem realista de Cornwell. Se você aprecia épicos com personagens complexos, batalhas bem coreografadas e uma visão desmistificada de um mito, "Excalibur" é o livro perfeito. Não só encerra uma saga, mas reflete sobre a natureza da história, da memória e da construção de uma lenda… Temas ideais para o fechamento deste nosso ciclo de "Leituras e Lembranças".

Durante o mês de fevereiro, não publico o Artigo da Semana e o Leitura e Lembranças. Quando voltar à ativa em fevereiro, espero oferecer outras alternativas de textos. Grande abraço! Para quem puder, boas e abençoadas férias!

(Pesquisa e imagens com a IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/NuWr_HeWTfg) 

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