domingo, 26 de outubro de 2025

Simplesmente assim: O escrito

Aprendi que as palavras

Precisam ser cravejadas

Nas paredes da imaginação. 

Ali, onde não interessa a lógica,

Tramam o condão em que

Transtorna sonhos e

Dá vida à poesia.

 

Seus significados estão

prenhes de intenções,

Sempre aquém do que

O coração idealizou…

 

O lugar onde se escrevem

Ou apagam as letras

Fazem a sintonia fina.

Do que ficou, paira

O silêncio como compensação.

 

Revelar o que as torna

Preciosidades é a bênção

Dos Deuses.

Ao agraciarem o homem 

Com a incerteza,

A possibilidade de duvidar,

Provocando a rebelião dos sentidos...

E dos sentimentos!


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/OzhBBYwRB-w)


sábado, 25 de outubro de 2025

A Violinista de Auschwitz, de Ellie Midwood.

Leituras e lembranças:

Este livro é um romance de ficção histórica baseado na experiência de Alma Rosé, uma talentosa violinista austríaca de ascendência judaica, sobrinha do compositor Gustav Mahler. A Protagonista, ao ser aprisionada em Auschwitz, tem sua vida drasticamente alterada. Por ser reconhecida como uma musicista de alto nível, recebe a oportunidade de formar e reger a Orquestra Feminina de Auschwitz.

A força do livro reside em mostrar como a música se torna instrumento de resistência, esperança e sobrevivência. Ao recrutar outras musicistas para a orquestra, Alma salva diversas mulheres da câmara de gás e de trabalhos forçados, dando uma chance de vida em um ambiente onde a morte era a única certeza.

Ellie Midwood é conhecida por sua pesquisa detalhada sobre a Segunda Guerra Mundial. O livro se baseia na vida de Alma, mas preenche as lacunas com elementos ficcionais, como o romance com o pianista Miklós, para dar profundidade emocional e criar uma narrativa mais envolvente. Não poupa o leitor das descrições detalhadas e brutais do cotidiano em Auschwitz, incluindo a fome, a doença, a crueldade dos guardas da SS e o horror das câmaras de gás.

Midwood explora a resiliência e a capacidade humana de encontrar laços afetivos e esperança. A orquestra, e a própria Alma, se tornam um farol para as prisioneiras. A música torna-se um ato de subversão e salvação para as mulheres. O livro aborda temas como o poder da arte, a coragem feminina em condições extremas, a sobrevivência e a memória de um dos períodos mais sombrios da história.

"A Violinista de Auschwitz" é um acréscimo valioso à literatura do Holocausto. Leitura comovente e inspiradora que homenageia uma heroína real, Alma Rosé, ao usar seu talento para salvar vidas. Com o foco na Orquestra Feminina de Auschwitz e um convite à reflexão, sobre a natureza do mal, a dignidade humana e a eterna busca pela esperança e beleza… mesmo num inferno criado pelo próprio homem!

(Imagens Internet e IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com. Áudio e vídeo em https://youtu.be/GHYrsRDgDJo)


sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Os ventos que rondam a primavera

Artigo da semana:

“Os ventos que chegam com a primavera vão até o tempo dos Finados”, diziam os ainda mais antigos que nós. Diminuem no início do mês de novembro, mas até lá podem ser desde uma suave brisa, até as rajadas que batem portas e janelas. Disseminam o pólen das flores com as consequências de sempre: para uns, a maravilha de um tempo em que tudo o que brota da mãe Natureza ressurge, toma viço e desabrocha em brotos ou flores. A estação do ano em que, vencido o inverno, se prepara para viver a exuberância do verão.

Mas... para quem é dependente das "ites" (como a rinite, sinusite, bronquite, faringite e otite), um inferno astral de alergias, narizes correndo e sensação de desconforto pelo corpo inteiro. Não é apenas a possibilidade de que o organismo não se adeque com a estação do ano, mas de quem gostaria de ser "normal", aproveitando o que eclode no entorno e ganhar o carinho do sol. Capaz de Os ventos que rondam a primaverapesadas. Tempo em que se privilegia a sincronia da vida humana com o mundo verde.

Quando os ventos penetram por janelas e portas, tornam-se sussurros que embalam o sono, aconchegam, murmuram promessas. Fazem a festa dos poetas e delirantes. Também podem travestir-se da agonia de quem atravessa a noite carregado de preocupações. O que para uns é motivo para relaxar nas promessas de conforto e proximidade, para outros, é mau presságio, carregando ares em que horizontes se toldam, antevendo a tempestade. O que não se sabe de onde vem e também se desconhece seu destino…

Renova o ar presente sobre os aglomerados urbanos, oxigenando espaços poluídos. Ganha significados diversos em documentos religiosos como na Bíblia, por exemplo. Desde a presença inspiradora do Espírito Santo, que sopra onde quer e que não pode ser controlado, nem inteiramente compreendido pelo ser humano, até a destruição e guerra, em certas profecias bíblicas, como vistas nos livros de Jeremias e no Apocalipse. Não importa a cultura ou o povo, os ventos carregam presságios.

Inspirando meios religiosos, mudanças da física ou motivador nas artes e criatividade… Escrito nas folhas das árvores que se formam ou nos pássaros que fazem na madrugada um despertador que chama uns para vida e desencadeia o mau-humor de outros por acordar mais cedo. Enfim, importa que se faça a sintonia da alma com um tempo de limpeza, purificação e renovação. O sopro de novas energias. Despir-se das cargas físicas e emocionais é o chamado da rua para compartilhar a vida… Sem medo de ser feliz!

(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/rexa-tPkII8)

domingo, 19 de outubro de 2025

Onde guardo as balas de mel…

Simplesmente assim:

Onde estão as crianças?

​As bicicletas estão sobre a grama.

A bola de futebol escorreu

Para uma poça d'água.

​Nos pátios, camisetas e calções

Embandeiram os varais.


​O cachorro espia pela porta,

Sentindo o alarido que vem da rua.


​Onde estão as crianças?

​O tempo tolda as lembranças

E já não consigo distinguir

O presente do passado que

Ronda as minhas memórias.


Onde estão as crianças?

​No silêncio das suas ausências,

Os sonhos permitem que desfrute

De momentos fugidios em que elas

Ainda estão ali,

Correndo pelos corredores,

Invadindo a cozinha,

Implicando comigo,

Querendo o pote de bolachas

Ou o vidro onde ainda guardo as balas de mel…


​E quando o doce se desmancha na boca

Libera afetos que rondam as saudades.

Impedindo que se perca o que ainda resta 

Do que já foi um sentido para se viver…


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/UCruaSaj5_E)

sábado, 18 de outubro de 2025

Poder, Política e Mudança, de Osho

Leituras e lembranças 

O livro desafia o pensamento convencional sobre a natureza do poder e o caminho para a mudança social. Parte da série "Questões Essenciais", onde aborda temas cruciais como poder, corrupção, política, rebeldia e a vontade de mudança. A premissa central do livro reside na refutação da máxima popular de que "o poder corrompe". Diz que a corrupção precede o poder.

Quem busca o poder já está corrompido por dentro. O desejo de dominar e controlar os outros é sintoma de um complexo de inferioridade e necessidade de se sentir superior. Que o poder apenas revela. Ao atingir o objetivo político ou de liderança, o poder não cria a corrupção; ele apenas fornece o ambiente (o "solo fértil") para que a corrupção que já existia internamente - "como uma semente" - finalmente brote e se manifeste abertamente.

Aprofunda a análise da "vontade de poder". Mostra como ela não se manifesta apenas nas grandes instituições políticas, mas também nos relacionamentos diários de cada indivíduo (família, trabalho, amizades). Osho defende a ideia de um poder pessoal — uma força sutil baseada na consciência, amor e simplicidade — que é o oposto do "poder sobre os outros" (poder político), visto como feio, destrutivo e desumano por reduzir as pessoas a objetos.

O autor vê a ambição pelo poder sobre os outros (político, religioso, etc.) como uma neurose ou um complexo de inferioridade. O indivíduo que busca dominar os outros o faz para compensar o seu próprio vazio, infelicidade ou falta de autoconhecimento. A política, nesse sentido, atrai mentes medíocres ou doentes, que buscam validação externa em vez de contentamento interno. A solução para a corrupção e para os males sociais não está em ideologias ou revoluções, mas no aumento da consciência individual.

O livro diferencia dois tipos de poder: sobre os outros (político), baseado no controle, medo e dominação. É destrutivo. E poder pessoal (interior): surge do autoconhecimento, meditação e contentamento. É um poder "como o amor, como a compaixão," que não busca escravizar, mas harmonizar. É uma força que conecta, em vez de dividir. Tentar mudar o sistema sem mudar a si leva a novos ciclos de dominação, pois o revolucionário de hoje será o corrupto de amanhã, se a semente da corrupção ainda estiver em seu interior. 

A rebeldia genuína, portanto, é a rebeldia espiritual contra o próprio ego e a inconsciência, e não contra as instituições externas. Em suma, Poder, Política e Mudança é um convite à introspecção. Osho usa o tema da política para desafiar o leitor a examinar suas próprias motivações, complexos de inferioridade e desejo de controle. Sugerindo que o futuro da humanidade depende da capacidade de cada um de cultivar o poder através da meditação e da consciência, e não através da ambição externa.

(Pesquisa e imagens com apoio da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/tmiUE16W0p0)

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

O brasileiro não desiste…

Artigo da semana:

O maior acerto que se pode fazer hoje é um pacto pela Honestidade (sim, com inicial maiúscula). Uma das palavras fundantes nas relações, prostituída por supostas espertezas de quem acredita que deve levar vantagem em tudo o que for possível. Relativizando conceitos éticos e morais, desde que, num discurso carregado de supostas “verdades”, arrebanhe quem está cansado dos políticos tradicionais e se deixa ludibriar pelos “novos” (e nem tão novos assim), arautos da defesa da “pátria, família e propriedade”.

O que se vê é que não há nada melhor do que um dia após o outro para mostrar que até as recentes obras pela reconstrução das estradas nas enchentes passaram por superfaturamento de preços e a combinação de valores em concorrência pública (o que configura cartel). Mas é pior, pois o escândalo que derrubou um ministro, na Previdência Social, é apenas a ponta de um iceberg. Todos os dias, idosos recebem contatos de financeiras e bancos, antes mesmo de receberem a informação oficial de que estão aposentados. 

Sem contar o amontoado de instituições “benemerentes” que, de forma legal (embora imoral), desvia recursos. Uma suposta “governabilidade” é a desculpa para que deputados e senadores se julguem no direito de distribuir dinheiro do contribuinte como se administradores fossem. Um desvio de função, já que eleitos para legislar e fiscalizar o Executivo. Um congresso inchado por interesses escusos, trabalhando em causa própria, desidratando recursos que o cidadão espera serem usados em serviços públicos. 

O pacto pela Honestidade prevê que ninguém é obrigado a ter as mesmas ideias políticas e ideológicas, mas pode haver um consenso sobre aquilo que prejudica a população. Devendo ser ensinado em família, na escola, na sociedade e nas igrejas. Mostrando quantas vidas se perdem, em todos os sentidos, quando se sucateia a educação, a saúde, a segurança, a moradia, o transporte coletivo… A perda da dignidade é também a perda da cidadania. Aquela que permite a todo o brasileiro ser, efetivamente, um brasileiro…

Quem aceita função pública não pode servir-se dela em questões particulares, mas colocar-se a serviço das populações desassistidas. No caso, aceitar propina ou favores ilícitos deve ser considerado crime inafiançável. Quando, hoje, as lideranças sentem-se desanimadas por parecer que dão murro em ponta de faca, pois a maioria dos políticos que está aí sonha em se perpetuar no poder, resta lembrar que o brasileiro não desiste. Pode até cansar, mas precisa se dar conta de que entregar de mãos beijadas o futuro, especialmente dos mais jovens e das crianças, é um crime, na cumplicidade de quem se omite em viver e fazer política…

(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/DIV4krT4ahI)

domingo, 12 de outubro de 2025

Simplesmente assim: Compaixão

Os olhos percorrem as misérias humanas

Por imagens de televisão,

Fotografias que estancam um momento, 

Textos jornalísticos que povoam a imaginação.

Naturalizou-se a vida abandonando corpos

de crianças, mulheres, idosos,

Sem que tenham compreendido o que fizeram

Para merecer a fome, a miséria,

As bombas, os longos caminhos, forçados a

Peregrinar por um mundo que não os quer.


No naufrágio da nossa humanidade,

Erguer um celular para registrar uma desgraça

Significa a perda do sentido da solidariedade.

Ali, onde pessoas agonizam, 

Expira a religião, a política, a compaixão, 

A esperança de construir uma Terra para todos…

Quando a dor vence as lágrimas,

O fundo do poço é um olhar perdido,

Incapaz de alcançar a luz com a qual sonhou

E que se mostrou uma triste e infame realidade!


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/HxFMuWVJUdI)

sábado, 11 de outubro de 2025

A Bibliotecária de Auschwitz

Leituras e Lembranças:

O livro de Antonio G. Iturbe é romance histórico baseado nas vivências de Dita Dorachova, uma adolescente judia/checa enviada para o campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial. Concentra-se no Pavilhão 31 do Campo Familiar de Terezín (dentro de Auschwitz-Birkenau). Local supervisionado pelo prisioneiro Fredy Hirsch, que convence os nazistas a permitir a criação de uma escola, uma espécie de "creche", para manter a esperança e a moral das 500 crianças ali abrigadas.

Nesse contexto, Dita, de 14 anos, assume a responsabilidade de ser a "bibliotecária", com oito livros clandestinos e desgastados, que escondem e transportam constantemente, sob o risco de morte, se descobertos. Narra a vida de um campo de concentração e como Dita e os professores arriscam-se para preservar o conhecimento, a educação e a dignidade. Os livros são um ato de rebeldia e janela de esperança para crianças e adultos. Por um momento, transportando-os para fora da dura realidade do campo de extermínio.

Acompanha a coragem de Dita, a luta de Fredy e a resiliência dos prisioneiros, transformando a preservação da cultura e do ensino em um dos atos de resistência mais importantes no meio do terror do Holocausto. Explora temas como o poder da leitura, a amizade, o medo, a esperança e a capacidade humana de encontrar luz na escuridão.

"A Bibliotecária de Auschwitz" é uma obra profundamente tocante e impactante, que cumpre o papel de revisitar os horrores da Segunda Guerra Mundial sob uma perspectiva de resistência silenciosa e poder intelectual. O aspecto mais elogiado do livro é o modo como a figura dos oito livros clandestinos e da bibliotecária Dita se tornam poderosos símbolos. Embora trate um tema pesado, Iturbe envolve o leitor focando personagens-chave e suas pequenas vitórias e grandes medos.

O fato de ser um romance baseado em uma história real (a de Dita Kraus, que o autor conheceu) confere à obra uma camada extra de emoção e significado histórico. O livro não romantiza a tragédia, mas usa a ficção para dar voz e corpo àqueles que resistiram pela via da educação. É leitura marcante e necessária para quem aprecia histórias sobre o Holocausto, destacando que a esperança e a dignidade podem ser encontradas e protegidas nos lugares mais sombrios, e que a leitura é, em si, um ato de liberdade e perseverança.

(Pesquisa e imagens com apoio da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/-BAal57d1os)

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Com a bunda (ou nádegas?) no chão

Artigo da semana:

Já lá vão duas semanas desde que tive o privilégio de acompanhar o Jairo Costa, sua esposa, a Eleida; a Clélia, o Paulo e o Jairo Trindade numa trilha pelo Cerro das Almas, em Capão do Leão. Conhecem a expressão: “para baixo todo o Santo ajuda”? Pois descobri que não é bem assim… Até que subimos bem, considerando que o caminho percorrido era a antiga estrada por onde passavam as cargas de pedra. Agora, a trilha é reduzida, com a proteção de mata que ameniza a temperatura e aconchega os passos.

Chegar ao topo é testar o fôlego, nos dois sentidos: físico e psicológico. Ainda não estava arfante, mas quase. E lançar o olhar à distância tinha o gosto de contemplar um instante precioso e privilegiado. A Natureza do que parece uma imensidão, com matas, pastagens, pequenos lagos, a cidade e os pequenos agrupamentos, além das estradas dos homens, de onde chega o silêncio, num riscado de carros, ônibus e caminhões que fogem a sua pretensa importância urbana.

Ao sairmos da Pedreira do Estado, esqueci de pedir uma das varas que se usa como apoio. O Jairo Costa foi gentil em ceder a sua. E foi de três pernas que começamos a descida. Em determinado momento, olhei para a frente e o Jairo Trindade estava indo ao chão. Pensei que eu também não iria escapar de me abraçar com a mãe Terra. Foi automático. Senti faltar o apoio e fui ao chão com a parte das nádegas sofrendo o impacto. Não sei se doeu mais a dor física ou o ego ferido, já que estava convencido de ser um grande trilheiro… 

Um lado mais íngreme, ainda judiado pelas recentes chuvas, com os sulcos por onde a água avança e deixa sua marca na encosta. Demoramos mais na volta. Não por cansaço, mas por ser necessidade de um maior cuidado. Em duas ocasiões, acreditei que iria repetir o tombo. Não aconteceu por algo que se faz natural entre pessoas que se aventuram nas trilhas: a solidariedade. Cuidar de si, sem deixar de estar atento a quem está junto, especialmente quando se percebe a maior fragilidade em outros acompanhantes.

Valeu a pena. Inclusive, o tombo. O menino Zezé, no livro Meu Pé de Laranja Lima, ouviu dizer que era feio falar em “bunda”, que deveria substituir por “nádegas”. Achou difícil pronunciar a palavra, mas, quando usou, para ter certeza de ser entendido, preferiu usar “as nádegas da bunda”. Mesmo a experiência do chão duro do Cerro das Almas não arrefeceu a vontade de voltar. Afinal, entre tombos e trilhas, o importante é não perder o foco no companheirismo. É a resiliência que justifica vivenciar a solidariedade…

(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/V6m5EI6uask)


domingo, 5 de outubro de 2025

Enfim, encontrarei a paz…

Simplesmente assim:


A imaginação percorre caminhos

Traçados pelas estrelas por entre os mistérios do firmamento.

Ali, foi definido o rumo que um dia vou percorrer.

Não resisto em acalentar o sonho de que

Tenho um lugarzinho reservado nos Céus…

Sentar aos pés de uma grande roda,

Onde se reúnem aqueles que me fazem falta.

Quedar-me em doce contemplação,

Embevecido pelas vozes que alimentam minhas saudades.

 

E quando, cansado, cerrar os olhos,

Ouvindo o murmúrio das conversas que prolongam meu passado,

Perceberão um sorriso apossando-se do meu rosto.

Encostado de encontro às pernas de quem amei,

Enquanto sua mão acaricia minha cabeça,

Enfim, encontrarei a paz…

Serão poucas as palavras,

Muitos os silêncios.


O sentimento de que contemplar a Eternidade

É dar sentido a tudo aquilo que, em vida, um dia me fez feliz!


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/fFUv9o3NOtI)


sábado, 4 de outubro de 2025

Seja Fiel aos Seus Sonhos

 

Leituras e lembranças:

O monge beneditino e escritor alemão Anselm Grün reflete sobre a importância de manter vivos os desejos mais profundos e de encontrar a plenitude na experiência do presente. Parte da premissa de que o desejo é força vital inata ao ser humano, que "não se deixa abater por nada". Pois, embora a euforia e a intensidade dos sonhos da juventude possam diminuir com o tempo, o desejo, em essência, não se extingue, mas transforma-se e se aprofunda.

Convida a "fazer-se desejo pela própria vida". Não trata apenas de metas e objetivos futuros, mas principalmente da urgência de viver o momento presente com consciência e plenitude. O principal desejo, segundo ele, deve ser o de "Descobrir como a vida é fantástica e perceber isso agora". Grün utiliza sua experiência como conselheiro espiritual e profunda familiaridade com a espiritualidade beneditina e a psicologia (especialmente a de C.G. Jung) para guiar o leitor. 

Aborda temas como: A natureza do desejo e a distinção de simples anseios superficiais; a necessidade de nutrir os sonhos em cada fase da vida; a arte de descobrir e viver as maravilhas do exato momento; como lidar com as desilusões e transformá-las em oportunidades de crescimento; a relação entre os sonhos e a busca por um sentido maior na vida. Em suma, é um manual de espiritualidade que incentiva a fidelidade à vocação interior, encontrando a satisfação não em um futuro distante, mas no aqui e agora.

O mérito de Grün é unir sabedoria milenar (a tradição monástica) com uma linguagem acessível e contemporânea. Destaca-se a conexão espiritual e psicológica, pois consegue integrar a visão de que a fidelidade aos sonhos é um caminho de autoconhecimento e espiritualidade. Não propõe apenas uma busca por sucesso material, mas uma jornada interior em direção à totalidade do ser, à nossa "verdadeira imagem".

Oferece um contraponto à cultura da incessante busca pelo futuro. Ao focar na "urgência de vivê-lo" (o momento), ensina que a plenitude está em valorizar o que se tem e o que se é, o que é um bálsamo para a ansiedade moderna. Ênfase na universalidade da mensagem, já que a importância do desejo e do sonho toca qualquer um, independente de sua fé ou estilo de vida. O conceito de transformação do sonho é poderoso. Valida a experiência de quem sente que os sonhos de juventude "morreram", mostrando que eles apenas evoluem.

Como em muitas obras de espiritualidade, o tom pode ter, por vezes, excesso de otimismo. Embora a intenção seja inspirar, a realidade de lidar com grandes frustrações pode exigir mais do que apenas a "descoberta do fantástico" no presente. Grün compensa ao discutir a paciência, o silêncio e a aceitação como partes do processo. Motivo pelo qual "Seja Fiel aos Seus Sonhos" é recomendado para quem busca uma espiritualidade encarnada, que valoriza a vida comum e ensina a encontrar o sagrado no cotidiano. Inspira a coragem de desejar e a disciplina de viver conscientemente.

(Pesquisa com a IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/2emgPpXlPRw?si=GJUBH5ach_C0EJfo)

Quem poderá salvar-nos da polarização?

 Artigo da semana:

A luta do final de semana entre Popó e Wanderlei Silva teve um lance que poderia ser sutil se não fosse a realidade em que se vive: a necessidade de um meio de comunicação de classificar um dos oponentes como “bolsonarista” (polarização e dicotomia). O que era para ser uma disputa esportiva acabou virando o que os antigos vão lembrar: “um ringue 12 Marinha Magazine”. Referência às lutas ensaiadas das décadas de 60 e 70, transmitidas pela televisão. Só que desta vez não havia combinação de coreografia e o pau comeu solto!

Brutalidade é o que esperam os espectadores que atravessam a madrugada em busca de um confronto. Mas surpreende (?) que esteja se normalizando o uso de expressões da política em áreas da cultura popular (desde as arenas e os gladiadores, estes confrontos fazem parte do “pão e circo”) que oferece àqueles que têm uma mentalidade mais simples um entretenimento que dispensa reflexão. Basta se “divertir” com os murros que se gostaria de dar, restando os meios de comunicação para sublimar desejos e frustrações. 

Em aula, encontro arautos de um pensamento mais à esquerda ou à direita. No caso da Igreja Católica, conservadores ou progressistas. O “nós contra eles” é uma experiência em que fui testado em sequência de embates onde, ao invés do confronto, se prefere “comer pelas beiradas”, isto é, apresentar a pílula dourada e cativar incautos. É uma questão de tempo para se ver o quanto mentes menos preparadas assimilam o “discurso”, muitas vezes sem a capacidade de entendimento, mas como “papagaios de pirata”.

Difícil convencer as pessoas de que também são instrumentalizadas. Um observador percebe o quanto o conservadorismo varre os continentes, focando, especialmente, nos pontos de difusão do conhecimento. No caso da Igreja Católica, o próprio Vaticano, terra de disputa entre conservadores e progressistas. Também manipulados por políticos ao nível internacional, desejosos de fazer uma foto com o papa Leão, mas não de seguir seus conselhos. Pressionando para retroceder em tudo aquilo que avançou o papa Francisco.

As relações internacionais já foram pautadas pela lógica do comércio e respeito aos bons negociadores. Hoje, virou terra de ninguém. A última assembleia das Nações Unidas foi trágica e cômica: alguns políticos, sem qualquer preocupação com a desfaçatez, transformaram o que deveria ser um dos espaços mais sagrados para tratar dos problemas da humanidade em piada. Mentiras foram ditas, engôdos declarados e restou o gosto de que a sociedade virou massa de manobra por interesses escusos. Entre Popó, Wanderlei e nossos políticos, apele-se para o Chapolin Colorado: “quem poderá salvar-nos?!”

(Imagem gerada pela IA Gemini. https://youtu.be/miund8jyBFI?si=2_TAEukoS-Yhu3dE)

domingo, 28 de setembro de 2025

Finitudes…

Simplesmente assim:


Experimentar a vida é a atitude de quem faz

As pazes com quem marca os dias e as horas.

O sorvedouro do tempo não é um buraco negro

Onde as fotos vão sendo apagadas

E aqueles com quem se conviveu

Perdem o brilho da imagem 

E ganham o pertencimento ao passado.

Bendita lágrima que percorre os sulcos da face de um idoso.

Regam momentos em que a vida se transforma em canção,

Ou, quando se desafina o tom, mas não se desiste de viver.

 

Apaziguar sentimentos fica mais difícil, pois

Muitas feridas se escondem e se eternizam

Nos recantos sombrios de uma alma.

O lugar onde se guarda sentimentos mal resolvidos,

Em que se precisa da

Perspectiva de um horizonte para colocá-los à luz.

O longo percurso até perceber 

Que as muitas finitudes são o tempo de envelhecer,

Quando os sonhos da juventude, enfim, ganham sentido…


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/j_wclmYwJjc)


sábado, 27 de setembro de 2025

Charbonneau, Ensaio e Retrato

Leituras e lembranças:

​​O livro de Alberto Martins é uma obra biográfica dedicada a Paul-Eugène Charbonneau (1927-1976), padre, educador e intelectual canadense que se tornou uma figura central na educação brasileira, principalmente no estado de São Paulo. ​Na primeira parte, Martins não se limita a relatar fatos cronológicos. Constrói um ensaio sobre a vida e a filosofia de Charbonneau, explorando suas ideias pedagógicas, seu pensamento político e sua profunda ligação com a cultura brasileira. 

Analisa as motivações, os desafios e os projetos de Charbonneau, como sua participação na fundação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento e suas contribuições para a educação jesuíta no Brasil. É uma análise crítica e reflexiva sobre o legado do educador.

​Complementa o ensaio com um retrato mais íntimo e pessoal de Charbonneau. Martins utiliza depoimentos, cartas, fotografias e outros documentos para capturar a essência das pessoas por trás do educador, revelando suas paixões, suas amizades e suas lutas. O retrato mostra o homem, suas virtudes e complexidades, indo além da figura pública para apresentar uma imagem mais completa e comovente.

​Obra importante para a história da educação e da cultura brasileira. Vai além de uma simples biografia, funcionando como documento histórico e tributo. Martins equilibra a análise intelectual com a sensibilidade humana. Ele não se contenta em listar as realizações de Charbonneau, mas se aprofunda no contexto histórico e político em que o educador atuou, incluindo os anos turbulentos da ditadura militar no Brasil. 

Consegue mostrar como as ideias de Charbonneau, baseadas na filosofia humanista e na pedagogia progressista, foram revolucionárias e desafiadoras para sua época. Ao mesmo tempo, o "retrato" oferece uma conexão emocional com o personagem, permitindo ao leitor compreender o impacto que Charbonneau teve sobre seus alunos, colegas e amigos.

Paul-Eugène Charbonneau é, de fato, uma figura notável, e a obra de Alberto Martins é a melhor forma de conhecer sua contribuição. Demonstra a força transformadora da educação e o poder de um indivíduo em moldar o pensamento de uma geração. O livro é leitura essencial para quem busca entender a história da educação superior no Brasil e a influência de pensadores estrangeiros na formação de nossa identidade intelectual.

(Pesquisa IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/LekJHLCVwUk)

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

“Viva a sociedade inclusiva!”

Artigo da semana:

O programa Caldeirão do Mion, apresentado por Marcos Mion, na RBS TV, tem momentos de pura ternura. No sábado, foi a presença do gaúcho Lorenzo Ferreira. Com autismo e deficiência intelectual, é músico, intérprete e comediante. Grande fã de Raul Seixas que o inspira na sua luta por uma sociedade inclusiva, através das redes sociais, especialmente. Apresentado pelo pai, carimbou a frase “quando o autista entra, o pai sai”. Com duplo sentido: o abandono quando se recebe o diagnóstico, ou, no caso, a entrada do “artista” tira de cena o outro personagem.

E foi o que aconteceu. Caracterizado como seu ídolo Raul Seixas, participou do espaço "a arte transforma". Empático, não foi preciso muito para provocar a plateia a cantar um “pot-pourri” do seu inspirador, como se pisasse no palco todos os dias. Com presença de espírito, cantando, chamou a atenção do pai: “não chora, pai!” e da mãe, também insuflou a galera ao trocar a letra e, ao invés de usar o “viva a sociedade alternativa”, entoou “viva a sociedade inclusiva”.

Mion brincou que “o Lorenzo é zoeira pura!”. Conversando de pai para pai, a partir da sua própria experiência de ter um filho autista, falam com propriedade. Tendo o reconhecimento do rapaz apaixonado por música e que começou a se socializar graças a projetos musicais, como a Fábrica de Gaiteiros, do também gaúcho Renato Borghetti. Mion: “Quando você tá cantando como se sente, esquece da vida… A arte é ordinária, a gente precisa dela como precisa respirar.”

A apresentação e conversa renderam lances emocionantes do responsável pela banda, Lúcio Mauro Filho, e dos atores Dudu Azevedo e Paulinho Vilhena, que enfrentaram Lenita Oliver e Jéssica Ellen, no “Sobe o Som”. Ali estava um artista completo na sua incompletude. Todos os jargões ouvidos de pessoas que dizem o que não sabem fez perceber que seu potencial é imenso, privilegiando as representações e sentimentos pessoais, com a perda em maior ou menor grau da relação com aquilo que não conseguem assimilar. Precisando de acolhida e muito carinho.

A luta do Lorenzo por conquistar seu espaço é a mesma de muitos outros “lorenzos” que não conseguem sair do anonimato. O certo é que, frente às câmeras - ou longe delas - possuem pais (especialmente, mães) que sacrificam boa parte de suas vidas na conquista do elementar: a inclusão. Transformar crianças e jovens em cidadãos com direito a um lugar ao sol. O programa, mais do que nunca, mostrou que informação e sensibilidade são recursos necessários para que a sociedade resgate uma dívida histórica, mas não impossível de ser paga…

(Áudio e vídeo em https://youtu.be/QyfsN9KD10o.)


domingo, 21 de setembro de 2025

Recomeço

Simplesmente assim:


Está doendo muito.

Meu corpo se contorce na busca

Por me livrar da dor que lacera

As poucas fibras que ainda julgo sadias.

O que percorre a anatomia do meu corpo

Alcança o meu espírito, também machucado.

As dores se acomodam na calada da noite.

Tenho medo das lembranças que

Percorrem meus sonhos e agitam meu sono.

Sem sossego, por entre os lençóis, fecho os olhos e

Fresteio o relógio à espera do amanhecer.

 

Quantos invernos ainda me esperam?

Não quero que o passado ande à minha frente,

Ele reabre feridas desnecessárias,

Povoa as lembranças de dores e ressentimentos.

Peço o direito de chorar. Só então,

Compreendo que as lágrimas lavam a alma

E que um simples sorriso apazigua o espírito.

Preciso de um tempo. O direito de esperar.

A espera sempre acalenta a oportunidade de um recomeço…


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/PzW8Qzg6tt4)


sábado, 20 de setembro de 2025

O Livreiro de Cabul

Leituras e Lembranças:

O Livreiro de Cabul é um trabalho de jornalismo narrativo que a norueguesa Åsne Seierstad escreveu em 2002. Após a queda do regime Talibã no Afeganistão, a autora viveu por vários meses com uma família afegã em Cabul. O patriarca da família é Sultan Khan, um livreiro que teve a coragem de continuar a vender livros durante o Talibã, desafiando a censura. Apresenta o cotidiano e a vida dessa família, focando nas mulheres e nos seus dilemas. 

A narrativa detalha a vida sob um ponto de vista muito pessoal e íntimo, o que ajuda o leitor a entender as tradições e costumes de uma sociedade regida por leis islâmicas e por um forte patriarcado. A autora mostra os conflitos entre gerações, a submissão das mulheres, os casamentos arranjados e a luta pela educação e pela liberdade em um país devastado pela guerra. O livro não segue uma estrutura linear, mas episódios e observações do dia a dia: o ambiente, pessoas e conversas, o que cria um retrato vívido e realista da vida em Cabul.

O Livreiro de Cabul é obra poderosa e polêmica que provocou debates ao ser publicada. A virtude do livro é humanizar o Afeganistão, um país que ocidentais só conhecem por meio de reportagens sobre guerra e terrorismo. Convida a entrar na casa de uma família afegã e a observar a vida de perto. Faz ver as lutas, os sonhos e as frustrações das mulheres da casa. Revela a complexa e muitas vezes opressiva realidade do patriarcado. O título, "O Livreiro de Cabul", foca no patriarca, mas o coração do livro são as vozes e histórias das mulheres.

A obra recebeu críticas. A mais importante veio do próprio Sultan Khan e família, ao alegar que Seierstad os retratou de forma injusta e que o livro continha imprecisões. Foi acusada de quebrar a confiança e invadir sua privacidade. Khan publicou um livro em resposta, Eu sou o livreiro de Cabul, para dar sua versão dos fatos. A polêmica levanta questões importantes sobre ética no jornalismo e a responsabilidade de quem escreve sobre a vida de outras pessoas, especialmente quando se trata de culturas diferentes.

Apesar das discussões, O Livreiro de Cabul é leitura importante para quem quer entender melhor a sociedade afegã. O livro é um exemplo de como o jornalismo pode nos dar uma visão muito mais profunda do que as notícias diárias, mostrando a vida cotidiana e as complexidades de uma cultura que nos parecem tão distantes. A obra desafia a olhar além das manchetes e ver a vida de pessoas reais que, como nós, têm suas lutas e seus muitos sonhos…

(Pesquisa e imagens com o apoio da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/IMH6-JDm610)

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Procura-se por um “homem”, procura-se por um “político”

Artigo da semana:

O que nos fez chegar ao ponto em que se calcificou os sentimentos, em especial a consideração pelo próprio ser humano, sempre que o consideramos “perigoso”, especialmente se divergir do que se pensa? Em tese, a defesa da direita e da esquerda é a de que o respeito pelo outro é fundamental “desde que”... E aí aparecem as pencas dos nossos ressentimentos mais obscuros, aqueles que vêm carregados de rancor, gerados por manipulações, mentiras, resquícios de períodos em que a própria sociedade foi tutelada. 

Para se fazer um “minha culpa” seria necessário que surgissem lideranças que, direta ou indiretamente, não usassem como estratégia jogar gasolina nas fogueiras das vaidades. Difícil de se perceber no horizonte político da atualidade, onde homens e mulheres carecem de uma mentalidade cidadã.  Achar alguém equilibrado é quase uma utopia. As marcas da ditadura militar aparecem nos ressentimentos da esquerda, assim como um desprezo nem sempre velado presente quando a esquerda trata a direita.

A morte de Charlie Kirk, nos Estados Unidos, ativista de direita e aliado do presidente Trump, esgarçou a insanidade de quem, muitas vezes, sequer está ligado a partidos ou grupos políticos. No entanto, vai sendo “pilhado” por falsas notícias e disputas que alimentam comportamentos antissociais. Os “líderes” políticos apenas insuflam as massas e se recolhem aos seus espaços protegidos, onde a violência das ruas não os atinge. Bem alimentados e bem pagos, divertem-se com o que fazem. Sem sequer lavar as mãos…

Não é diferente no Brasil, onde se fez uma salada entre partidos e religiões e se lançou integrantes de um mesmo credo uns contra os outros pela diferença dos políticos de estimação. Isto quando os próprios dirigentes religiosos não chamaram a si a função de serem líderes políticos, num claro desvio de função, já que deveriam preparar seus liderados para este papel. O que se vê são interesses nem sempre transparentes misturando atos de fé e o pior da política, numa química que, historicamente, sempre cheirou mal…

O filósofo Diógenes de Sínope procurava por um “homem”. Com uma lanterna, durante o dia, tentava encontrar alguém digno de ser chamado de “humano”. Hoje, procura-se por quem se possa chamar de “político”, aquele que defende a “polis”, os interesses de todos. Não precisa de adjetivo, mas abrir mãos (o que é quase impossível) de benesses, em favor de uma sociedade perigosamente próxima da saturação. O distanciamento dos políticos, especialmente os que vivem em Brasília (a chamada Ilha da Fantasia), já se transformou em escândalo que brada aos céus…

(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/BSLYHw3AAtw)

domingo, 14 de setembro de 2025

Comunhão

Simplesmente assim:

Uma vela está acesa no Santuário.

Dezenas de outras cintilam

Na encosta da Gruta, fazendo com que

O olhar se perca na chama que bruxuleia,

Perdida no tempo em que adormecem as recordações.

Na procissão de quem alimenta a fé,

Uma energia transcende o lugar.

Mexe com cada pedacinho do espírito,

A própria humanidade que

Se luta por preservar, na dureza de cada dia.

 

Rezar é a arte de buscar o Infinito dentro

Do que torna o homem senhor dos seus horizontes.

Tem gosto do medo que vem à garganta,

Dosando com a ternura do que é expectativa.

Um ato de fé em que forças se encontram,

Emergindo de onde desaparece a escuridão.

Crer é receber o abraço de corpos

Que partilham a energia capaz de

Sublimar sentimentos, na sede do que

Transcende o corpo e alcança a alma ao Infinito!


Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/LWgUjxqmJCE.

sábado, 13 de setembro de 2025

As Veias Abertas da América Latina

Leituras e Lembranças:

As Veias Abertas da América Latina, do uruguaio Eduardo Galeano, é obra de não-ficção publicada em 1971 que se tornou um clássico da literatura de denúncia. É análise histórica e econômica detalhada de como a América Latina foi explorada e empobrecida ao longo de séculos. Argumenta que a riqueza natural do continente - como ouro, prata, açúcar, cacau, borracha e petróleo - foi sistematicamente extraída por potências estrangeiras, primeiro a Espanha e Portugal, e mais tarde a Grã-Bretanha e os Estados Unidos.

A estrutura do livro é dividida em duas partes. "A Pobreza do Homem Como Resultado da Riqueza da Terra": esta parte foca na exploração dos recursos minerais. Galeano descreve a busca incessante por ouro e prata, a escravização dos povos indígenas e africanos, e como essa riqueza escoou para a Europa, financiando o desenvolvimento de outras nações, enquanto a América Latina permanecia subdesenvolvida.

"O Desenvolvimento É uma Viagem com Mais Náufragos do Que Navegantes": aqui, o foco se volta para a exploração agrícola e a subserviência econômica. Explora como o modelo de produção de produtos primários - como o açúcar no Caribe e no Brasil, algodão nos Estados Unidos e o café na América Central - criou dependência e fragilidade econômica. Também critica a intervenção militar e política dos Estados Unidos na região, que garantiu a manutenção de governos favoráveis aos seus interesses.

As Veias Abertas da América Latina é mais do que um livro de história. É denúncia e memória. Galeano não se limita a apresentar fatos; os interpreta, mostrando como o capitalismo e o imperialismo são os principais responsáveis pela miséria e desigualdade na região. A força do livro reside na capacidade de conectar o passado e o presente. Mostra que as estruturas de exploração estabelecidas durante a era colonial não desapareceram, mas se transformaram. A extração de riquezas continua, agora feita por mecanismos financeiros, controle de mercados e intervenções políticas, mantendo a América Latina subserviente.

O livro é polêmico ainda hoje. Recebeu crítica de historiadores sobre a metodologia, classificada como generalista e fontes seletivas para reforçar sua tese. Apesar das controvérsias, o impacto do livro é inegável. Tornou-se leitura fundamental para entender o contexto histórico e as lutas políticas da América Latina. A obra inspira reflexão sobre a justiça social e a soberania dos povos, e continua a ser um ponto de partida para debates sobre desenvolvimento, dependência e a busca por um futuro mais justo no continente.

Pesquisa e imagens da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/qj6nc5CrLa0.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Educação e Inteligência Artificial

Artigo da semana: 

No debate sobre inteligência artificial, uma das discussões mais importantes é sobre o papel que se atribui ao educador. Ele precisa deixar de ser a principal fonte de informação para se tornar um facilitador e um mentor. Como facilitador, guia os alunos por um vasto oceano de informações (que muitos confundem com conhecimento). Sua função é orientar o aluno a fazer as perguntas certas à IA, a filtrar os dados e a verificar a credibilidade das fontes. 

Ensina o que a IA ainda não consegue ter: pensamento crítico, criatividade, colaboração e empatia. Inspira a curiosidade e ajuda os alunos a desenvolverem as habilidades humanas essenciais para usar a tecnologia de forma inteligente e ética. A chave para motivar o aluno a "gastar tempo estudando" é mudar a definição do próprio conceito. Estudar não é mais memorizar, mas sim dominar recursos técnicos e ampliar o conhecimento. Essa máxima já se aplica a outros campos da produção científica e tecnológica.

Em resumo: a IA oferece a resposta, mas o educando traz o contexto. A IA não sabe por que aquela resposta é importante para a vida do aluno. A IA faz o cálculo, mas o educando traz a criatividade. A IA pode escrever um texto, mas não sabe o que o aluno quer expressar ou qual sentimento deseja transmitir. A IA tem dados, mas o educando tem a curiosidade. A IA não sabe "o que não sabe". O aluno precisa ter vontade e motivação para explorar, questionar e descobrir essa ampla gama de possibilidades.

Em um debate que promovo com alunos de Filosofia e Teologia, discutimos os prós e contras da IA, e o que chamo de teoria do "mas" (a indecisão). A tarefa proposta no último encontro foi a de elaborar um trabalho de observação da realidade onde atuam pastoralmente, sistematizar cerca de cinco pontos de um fragmento dessa realidade e pedir auxílio à IA para construir um texto. Ao longo do processo, exercem a sensibilidade e aprimoram seu próprio aprendizado.

As demandas educacionais precisam focar na mudança das estruturas tradicionais, incluindo as de sala de aula. Em espaços informatizados e com maior informalidade, educador e educando se apropriam, em conjunto, do que já existe nos bancos de dados, mas precisam aplicar esse conhecimento a uma realidade específica. O estudo transforma informação em conhecimento e, mais importante, em sabedoria. Que não se restringe ao acúmulo de informações, mas à capacidade de utilizá-las a serviço do bem comum.

Pesquisa e imagens com apoio IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/hmRti6PtGBI.

domingo, 7 de setembro de 2025

A alegria que alimenta a esperança

Simplesmente assim:

Coloca a mão sobre a minha.

A ligação mais preciosa, quando

Preciso da tua energia para não desistir.

As palavras até podem ser desnecessárias,

Mas teus dedos massageiam 

A cumplicidade que se derrama por teu olhar.

O momento perfeito para fugir 

da marcação das horas e mergulhar

Na compreensão do que é Mistério…


Como os pingos da chuva

Que se equilibram no varal das roupas.

Na bruma de uma manhã em que esperam,

Confiantes, que o Sol acarinhe e, pouco a pouco,

Dê a oportunidade de fecundar a terra.

Onde germinam pequenos gestos,

Ínfimos momentos de ternura,

O suficiente para que os olhos se encham

Da alegria que alimenta a esperança!


Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/EqYof1bKMVM.

sábado, 6 de setembro de 2025

​Toda a Luz Que Não Podemos Ver

Leituras e lembranças:

Toda a Luz que não Podemos Ver (All the Light We Cannot See) é um romance de ficção histórica do autor americano Anthony Doerr, que ganhou o Prêmio Pulitzer de Ficção em 2015. A história se passa durante a Segunda Guerra Mundial e entrelaça as vidas de dois jovens de lados opostos do conflito. Segue duas linhas narrativas principais que se desenvolvem em paralelo até se encontrarem em Saint-Malo, na França, durante o bombardeio final da cidade em agosto de 1944.

​Marie-Laure LeBlanc: Uma menina francesa cega que, após a ocupação de Paris pelos nazistas, foge com seu pai para a cidade litorânea de Saint-Malo. Seu pai, o chaveiro-chefe do Museu de História Natural, leva consigo uma réplica do Mar de Chamas, um diamante lendário que, segundo consta, concede a imortalidade ao seu dono, mas traz infortúnio a todos que o cercam. Na casa de seu tio-avô, Marie-Laure se conecta ao mundo pelos livros de seu tio e de um rádio, através do qual ouve transmissões da resistência.

​Werner Pfennig: Um órfão alemão com um talento extraordinário para consertar rádios. Esse talento o leva a ser recrutado para uma academia de elite da juventude nazista e, posteriormente, para uma unidade militar que rastreia transmissões de rádio ilegais, como as da resistência francesa. Ele é enviado a Saint-Malo, onde sua trajetória se cruza com a de Marie-Laure.

​A história é contada de forma não linear, alternando entre diferentes períodos e perspectivas, construindo a tensão e a expectativa até o momento em que os caminhos dos protagonistas finalmente se cruzam. Foi amplamente elogiada por sua prosa lírica e poética, que contrasta com a brutalidade da guerra. Anthony Doerr usa uma linguagem sensorial rica, especialmente para descrever o mundo de Marie-Laure, permitindo que o leitor sinta, ouça e perceba o ambiente como ela.

Eis  alguns dos temas mais importantes explorados no romance: A Luz e a Escuridão (literal e metafórica): O título, "Toda a Luz Que Não Podemos Ver", é uma metáfora central. Marie-Laure não pode ver a luz física, mas percebe a luz interior e a beleza do mundo de outras formas. A luz também simboliza a verdade, a esperança e a bondade, que persistem mesmo na escuridão da guerra. Do outro lado, Werner busca a "luz" do conhecimento através de seu rádio e, ironicamente, é usado para extinguir a luz de outros.

​A Natureza Humana e a Moralidade: Suas jornadas são uma reflexão sobre as escolhas que fazemos e as consequências de nossas ações. ​O Poder do Conhecimento e da Conexão: Seja científico (os estudos de Werner sobre rádio) ou histórico (o museu do pai de Marie-Laure), é retratado como algo que pode libertar ou escravizar. A Fragilidade e a Força da Vida: Lembra da precariedade da vida durante a guerra, mas também da resiliência extraordinária dos indivíduos. Marie-Laure, apesar de sua cegueira, não é impotente; sua capacidade de navegação e percepção a tornam incrivelmente forte.

​Toda a Luz Que Não Podemos Ver não é apenas mais uma história sobre a Segunda Guerra Mundial, mas uma meditação profunda sobre a natureza humana, a beleza que pode ser encontrada em meio ao caos e a maneira como as vidas, por mais distantes que pareçam, estão interligadas. É uma leitura comovente e instigante que explora o que, muitas vezes, ainda resta de forças para resistir e da própria esperança… (Pesquisa com a IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com. Áudio e vídeo em https://youtu.be/dvyg3FmbvQg. A série está à disposição na Netflix)