sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Educação e Inteligência Artificial

Artigo da semana: 

No debate sobre inteligência artificial, uma das discussões mais importantes é sobre o papel que se atribui ao educador. Ele precisa deixar de ser a principal fonte de informação para se tornar um facilitador e um mentor. Como facilitador, guia os alunos por um vasto oceano de informações (que muitos confundem com conhecimento). Sua função é orientar o aluno a fazer as perguntas certas à IA, a filtrar os dados e a verificar a credibilidade das fontes. 

Ensina o que a IA ainda não consegue ter: pensamento crítico, criatividade, colaboração e empatia. Inspira a curiosidade e ajuda os alunos a desenvolverem as habilidades humanas essenciais para usar a tecnologia de forma inteligente e ética. A chave para motivar o aluno a "gastar tempo estudando" é mudar a definição do próprio conceito. Estudar não é mais memorizar, mas sim dominar recursos técnicos e ampliar o conhecimento. Essa máxima já se aplica a outros campos da produção científica e tecnológica.

Em resumo: a IA oferece a resposta, mas o educando traz o contexto. A IA não sabe por que aquela resposta é importante para a vida do aluno. A IA faz o cálculo, mas o educando traz a criatividade. A IA pode escrever um texto, mas não sabe o que o aluno quer expressar ou qual sentimento deseja transmitir. A IA tem dados, mas o educando tem a curiosidade. A IA não sabe "o que não sabe". O aluno precisa ter vontade e motivação para explorar, questionar e descobrir essa ampla gama de possibilidades.

Em um debate que promovo com alunos de Filosofia e Teologia, discutimos os prós e contras da IA, e o que chamo de teoria do "mas" (a indecisão). A tarefa proposta no último encontro foi a de elaborar um trabalho de observação da realidade onde atuam pastoralmente, sistematizar cerca de cinco pontos de um fragmento dessa realidade e pedir auxílio à IA para construir um texto. Ao longo do processo, exercem a sensibilidade e aprimoram seu próprio aprendizado.

As demandas educacionais precisam focar na mudança das estruturas tradicionais, incluindo as de sala de aula. Em espaços informatizados e com maior informalidade, educador e educando se apropriam, em conjunto, do que já existe nos bancos de dados, mas precisam aplicar esse conhecimento a uma realidade específica. O estudo transforma informação em conhecimento e, mais importante, em sabedoria. Que não se restringe ao acúmulo de informações, mas à capacidade de utilizá-las a serviço do bem comum.

Pesquisa e imagens com apoio IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/hmRti6PtGBI.

domingo, 7 de setembro de 2025

A alegria que alimenta a esperança

Simplesmente assim:

Coloca a mão sobre a minha.

A ligação mais preciosa, quando

Preciso da tua energia para não desistir.

As palavras até podem ser desnecessárias,

Mas teus dedos massageiam 

A cumplicidade que se derrama por teu olhar.

O momento perfeito para fugir 

da marcação das horas e mergulhar

Na compreensão do que é Mistério…


Como os pingos da chuva

Que se equilibram no varal das roupas.

Na bruma de uma manhã em que esperam,

Confiantes, que o Sol acarinhe e, pouco a pouco,

Dê a oportunidade de fecundar a terra.

Onde germinam pequenos gestos,

Ínfimos momentos de ternura,

O suficiente para que os olhos se encham

Da alegria que alimenta a esperança!


Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/EqYof1bKMVM.

sábado, 6 de setembro de 2025

​Toda a Luz Que Não Podemos Ver

Leituras e lembranças:

Toda a Luz que não Podemos Ver (All the Light We Cannot See) é um romance de ficção histórica do autor americano Anthony Doerr, que ganhou o Prêmio Pulitzer de Ficção em 2015. A história se passa durante a Segunda Guerra Mundial e entrelaça as vidas de dois jovens de lados opostos do conflito. Segue duas linhas narrativas principais que se desenvolvem em paralelo até se encontrarem em Saint-Malo, na França, durante o bombardeio final da cidade em agosto de 1944.

​Marie-Laure LeBlanc: Uma menina francesa cega que, após a ocupação de Paris pelos nazistas, foge com seu pai para a cidade litorânea de Saint-Malo. Seu pai, o chaveiro-chefe do Museu de História Natural, leva consigo uma réplica do Mar de Chamas, um diamante lendário que, segundo consta, concede a imortalidade ao seu dono, mas traz infortúnio a todos que o cercam. Na casa de seu tio-avô, Marie-Laure se conecta ao mundo pelos livros de seu tio e de um rádio, através do qual ouve transmissões da resistência.

​Werner Pfennig: Um órfão alemão com um talento extraordinário para consertar rádios. Esse talento o leva a ser recrutado para uma academia de elite da juventude nazista e, posteriormente, para uma unidade militar que rastreia transmissões de rádio ilegais, como as da resistência francesa. Ele é enviado a Saint-Malo, onde sua trajetória se cruza com a de Marie-Laure.

​A história é contada de forma não linear, alternando entre diferentes períodos e perspectivas, construindo a tensão e a expectativa até o momento em que os caminhos dos protagonistas finalmente se cruzam. Foi amplamente elogiada por sua prosa lírica e poética, que contrasta com a brutalidade da guerra. Anthony Doerr usa uma linguagem sensorial rica, especialmente para descrever o mundo de Marie-Laure, permitindo que o leitor sinta, ouça e perceba o ambiente como ela.

Eis  alguns dos temas mais importantes explorados no romance: A Luz e a Escuridão (literal e metafórica): O título, "Toda a Luz Que Não Podemos Ver", é uma metáfora central. Marie-Laure não pode ver a luz física, mas percebe a luz interior e a beleza do mundo de outras formas. A luz também simboliza a verdade, a esperança e a bondade, que persistem mesmo na escuridão da guerra. Do outro lado, Werner busca a "luz" do conhecimento através de seu rádio e, ironicamente, é usado para extinguir a luz de outros.

​A Natureza Humana e a Moralidade: Suas jornadas são uma reflexão sobre as escolhas que fazemos e as consequências de nossas ações. ​O Poder do Conhecimento e da Conexão: Seja científico (os estudos de Werner sobre rádio) ou histórico (o museu do pai de Marie-Laure), é retratado como algo que pode libertar ou escravizar. A Fragilidade e a Força da Vida: Lembra da precariedade da vida durante a guerra, mas também da resiliência extraordinária dos indivíduos. Marie-Laure, apesar de sua cegueira, não é impotente; sua capacidade de navegação e percepção a tornam incrivelmente forte.

​Toda a Luz Que Não Podemos Ver não é apenas mais uma história sobre a Segunda Guerra Mundial, mas uma meditação profunda sobre a natureza humana, a beleza que pode ser encontrada em meio ao caos e a maneira como as vidas, por mais distantes que pareçam, estão interligadas. É uma leitura comovente e instigante que explora o que, muitas vezes, ainda resta de forças para resistir e da própria esperança… (Pesquisa com a IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com. Áudio e vídeo em https://youtu.be/dvyg3FmbvQg. A série está à disposição na Netflix)

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

A vida na estação da primavera

Artigo da semana:

O fim de agosto traz a sensação de que o inverno acabou. Cuidado, não é bem assim. A sonhada primavera só se apresenta oficialmente quase no final de setembro. Até lá, o consolo é que a temperatura fique amena, a gente dá uma folga para o guarda-roupa e admira brotos teimosos que começam a se espreguiçar. Os dias são maiores e quem madrugada já encontra os primeiros raios de sol no caminho para o trabalho. No fim do dia, volta para casa nos estertores da claridade.

Primaverar é o sonho que anima cada mortal em dia gelado. Quando a umidade congela os ossos e o assobio do vento minuano faz com que até o espírito se encolha. Os "valentes", adoradores do frio, somente o fazem porque se transformam em cebolas com uma imensidade de camadas de roupas. Descascam, conforme o Sol das temperaturas mais civilizadas faz seu chamado por um toque de pele. Naqueles dias em que a melhor receita ainda é lagartear e comer bergamota.

Ao longo da vida, aprende-se que, em cada etapa, vivenciam-se experiências diferentes. A infância pede espaços amplos e seguros onde o ar fresco e o sol fazem a dobradinha perfeita para ainda ser feliz com muito pouco. A juventude clama por atividades em conjunto, de preferência em liberdade, no anseio do tempo que se deseja aprisionar e, ao não poder mantê-lo para sempre, ao menos o desejo ardoroso de que se transforme em doces lembranças. 

Ser adulto é o tempo da responsabilidade compartilhada. Estamos convencidos de que somos cuidadores dos parceiros, filhos, pais, irmãos, amigos. As necessidades próprias não são percebidas, mas sim a daqueles que nos circundam. Inclusive com o direito deles ao sol. Por fim, quando se envelhece, com olhos fechados, possivelmente uma manta por sobre as pernas, e o desejo de que todos os que nos acompanharam ainda estivessem no mesmo banco, ao nosso lado. 

A vida primavera em cada novo dia em que se abre os olhos. Definir a estação pela qual o espírito está passando é o que motiva a novamente sair da cama, abrir as janelas e compartilhar a luz do Astro Rei. Presentes ou não, as pessoas continuam dando sentido à existência de cada um. Armazenadas nas saudades - ou, quem sabe, esperando por um telefonema - vivencia-se o sentimento de que as mudanças de estação agitam as águas às vezes não tão plácidas da solidão… 

(Geração de imagens e revisão da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/W9mZgWsZcvo)


domingo, 31 de agosto de 2025

Uma moldura para o cair da tarde

Simplesmente assim:

Desenho teu rosto nas nuvens.

Uso as cores da paleta da imaginação,

Para definir contornos,

Experimentar traços,

Buscar a profundidade do olhar

E o mistério dos teus lábios.

A felicidade é simples, completa em

Deixar que os sonhos pontilhem a brisa,

Transfigurando imagens,

Com um toque de pura emoção.

 

Sem a preocupação com o tempo,

Semicerro os olhos,

Deixando que a dolência realize

O sonho de uma tarde de primavera.

Sol, céu infinitamente azul,

Dormência dos sentidos.

A moldura perfeita para o cair da tarde.

A doce paz, o encantamento

Em que o desenho da finitude

Tem o gosto do tempo em que se sorve

Uma ampulheta de infinitudes!


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/sqFVa9OwLgI)

sábado, 30 de agosto de 2025

O Caçador de Pipas

Leituras e lembranças:

O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini, explora temas como amizade, traição, redenção e a busca pelo perdão. A história, ambientada no Afeganistão e nos Estados Unidos, se desenrola a partir da perspectiva de Amir, o protagonista. Começa na década de 1970, em Cabul, Afeganistão. Amir é um garoto de classe alta que vive com seu pai, o Baba, uma figura imponente e respeitada. Seu melhor amigo e, ao mesmo tempo, servo, é Hassan, filho de Ali, o empregado da família. Amir e Hassan são inseparáveis e dividem a paixão pela competição anual de pipas. 

Hassan, leal e corajoso, é um talentoso "caçador de pipas", enquanto Amir, mais reservado e inseguro, busca desesperadamente a aprovação de seu pai. Num torneio de pipas, Amir consegue a vitória e o reconhecimento de seu pai. Mas, a alegria é ofuscada por uma tragédia. Enquanto Hassan sai para "caçar" a pipa vencedora, ele é atacado e estuprado por Assef, um valentão local. 

Amir testemunha a cena, mas o medo e a covardia o impedem de intervir. A partir desse momento, a culpa e a vergonha passam a corroer sua alma, e ele, por ciúmes e por não conseguir conviver com a nobreza de Hassan, o trai mais uma vez ao incriminá-lo. Hassan e Ali partem, e a amizade é rompida. A invasão soviética do Afeganistão força Amir e seu pai a fugirem do país e a se mudarem para os Estados Unidos. 

Décadas depois, ao voltar ao Afeganistão, Amir descobre que Hassan teve um filho, Sohrab, e que tanto ele quanto sua esposa foram mortos pelos talibãs. O garoto está em um orfanato sob o controle do cruel e adulto Assef, que se juntou ao Talibã. Amir decide que sua de redenção é resgatar Sohrab e trazê-lo para um lugar seguro. Sua jornada o leva a confrontar seus fantasmas do passado. Enfrenta Assef e, mesmo sendo agredido, sente-se aliviado por finalmente pagar por sua traição a Hassan, ainda que de forma simbólica.

Resgata Sohrab, mas a criança, traumatizada, se fecha em si e tenta o suicídio. Amir, com o amor e a paciência de sua esposa Soraya, consegue restabelecer uma conexão com o menino, e a história termina com ele "caçando" uma pipa para Sohrab, um gesto que simboliza a tentativa de refazer sua vida e o ciclo da amizade e da lealdade.

O Caçador de Pipas vai além de uma simples história de amizade. O autor utiliza a jornada de Amir para explorar a complexidade da culpa e a dificuldade da redenção. É um estudo sobre o caráter humano, mostrando como as decisões tomadas na infância podem moldar a vida de uma pessoa e a urgência de se reconciliar com o passado. A amizade entre Amir e Hassan é o coração do livro, mas é a sua complexidade que a torna real: ela é marcada por amor e lealdade, mas também por inveja e traição.

O livro levanta questões como a responsabilidade de um indivíduo por suas ações e a possibilidade de perdão, não apenas dos outros, mas de si. A busca de Amir por redenção, embora difícil, mostra que o caminho para se tornar uma pessoa melhor é possível, mas exige sacrifício e a coragem de confrontar a própria história. A obra carrega uma mensagem de esperança. Lembra que, mesmo em meio às maiores atrocidades e traições, o amor e a amizade podem servir como catalisadores para a cura e um recomeço. Leitura recomendada para quem aprecia histórias sobre a condição humana em sua forma mais crua e sincera. (Imagens e pesquisa com a IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/9KA5wyuzYY0)

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Um par de meias

Artigo da semana:

Minha mãe aprendeu a tricotar quando viemos do Interior de Canguçu para Pelotas. Não creio que tenha sido apenas para ter um passatempo com amigas e vizinhas. Era a necessidade de vestir os filhos. Além das lides da casa e cuidar das crianças, ajudava o pai a atender a clientela do armazém em que se estabeleceram. Esperando pelos fregueses, tinha tempo para trabalhar com as linhas de lã, as agulhas e os pontos que iam produzindo mantas, meias, blusões e casacos.

Tinha (e hoje tenho ainda mais) orgulho das roupas que ela fazia. Quando meu pai conseguiu comprar uma máquina de costura Singer, passamos a nos vestir “sob medida”. Embora, de um ano para o outro, diziam que havíamos tomado chá de bambu. Eu e meus irmãos íamos crescendo e conhecíamos a arte de economizar: a roupa do inverno passado era desmanchada e refeita, ganhando um aumento na cintura e nos braços para caber por mais um tempo. 

Lembrei das minhas histórias quando assisti matéria sobre um grupo de senhoras que se reúne exatamente para doar um pouco do seu tempo e produzir roupas quentinhas. A melhor imagem acabou sendo o olhar de um bebê de poucos meses, com uma blusinha nova, vestido pela mãe, que reconhecia não ter recursos para enfrentar o inverno. O trabalho voluntário, em conjunto com o serviço social do município, fazia a liga perfeita para amenizar as agruras do tempo.

Durante alguns anos, companheiras do Rotary Centenário, como a Olga e a Vera, mobilizaram conhecidos e o clube para arrecadar novelos de lã. A mãe, já idosa, tricotava os parzinhos de meias que faziam parte dos enxovais distribuídos no início da estação do frio. Um trabalho de parceria, um trabalho de formiguinha, que não resolve o problema da pobreza, mas mitiga muitos sofrimentos de pessoas que nem sabem porque se encontram onde estão. 

João Chagas Leite dizia: “Se os senhores da guerra mateassem ao pé do fogo, deixando o ódio pra trás, antes de lavar a erva, o mundo estaria em paz!” Quando se olha para as disputas políticas, se percebe o quanto nossos “representantes” se afastaram da realidade vivida pela população. As discussões do que entendem como macro política são a desculpa perfeita para não se sentirem responsáveis por crianças que precisam do básico: alimentação, saúde, moradia, educação, segurança e, quem sabe, um par de meias para enfrentar o inverno… (Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/56RnAstU8bU)


domingo, 24 de agosto de 2025

Violão, realidade e sonho...

Simplesmente assim:


Uma batida, duas batidas…

Infinitas batidas na busca pelo tom perfeito.

As cordas estremecem na carícia da afinação,

Ressoam na caixa em que o som profundo

Ecoa e transtorna sentimentos.

Embala o ritmo, num corpo perfeito,

Onde a imagem se confunde com a musa,

Inspirado nas curvas sedutoras,

Delicadas e atraentes com sabor de sensualidade.

 

O violão acomoda-se ao colo de quem o trata bem.

Dedilhar sentimentos acompanha a canção, 

O solado que enche os olhos e desabrocha os sentidos

Faz a sinfonia de um único instrumento.

A suavidade do acorde perfeito em que

A partitura harmoniza as vibrações de um instante.

No encontro de olhares, onde as notas musicais

Escorregam pelas cinco linhas da pauta,

Em que o timbre transforma-se na perfeita

Interação entre a realidade e o sonho…


(Imagem gerada pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/jj_Db7bw5EE)

sábado, 23 de agosto de 2025

O Menino do Pijama Listrado

Leituras e lembranças:

O Menino do Pijama Listrado, do irlandês John Boyne, é uma ficção histórica lançada em 2006. Aborda o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial, de uma perspectiva diferente: a de uma criança. A narrativa é contada a partir da visão de Bruno, garoto alemão de 9 anos, filho de um oficial nazista, cuja vida muda drasticamente quando a família se transfere de uma confortável casa em Berlim para um lugar isolado e triste que ele, por não saber pronunciar, chama de "Haja-Vista" (uma adaptação de Auschwitz).

Na nova casa, Bruno observa um campo de concentração vizinho. Acredita ser uma fazenda e fica intrigado com as pessoas que vivem lá, todas vestindo "pijamas listrados". A solidão o leva a explorar a cerca que separa sua casa do campo. É nesse local que ele conhece Shmuel, um garoto judeu que tem a mesma idade que ele e está do outro lado da cerca. 

A partir desse encontro, uma amizade pura e incomum floresce. Bruno não compreende por que seu amigo é magro, triste e está sempre com medo. Também não entende por que estão separados. O livro segue a sua jornada, buscando entender o que é o campo e por que tudo aquilo. A inocência do protagonista confronta a crueldade do regime nazista, culminando em um final chocante e emocionante que destaca as terríveis consequências da guerra.

O livro é conhecido por seu impacto emocional. Toca o coração de leitores de todas as idades, mostrando a amizade pura em meio a um contexto de ódio extremo. A simplicidade da escrita torna a obra acessível a um público mais jovem, servindo como introdução ao tema do Holocausto. Mas gerou controvérsias, especialmente entre historiadores e educadores. A principal crítica é a falta de realismo histórico e verossimilhança.

A ficção não tem a obrigação de se ater à narrativa histórica, mas sim a liberdade de utilizar elementos da realidade e provocar o desejo de ampliar conhecimentos. Ou apenas a sensibilização para uma realidade. Continua sendo uma obra de ficção importante, que precisa ser lida e discutida com cautela, especialmente em um contexto educativo. Serve como um lembrete poderoso de que a inocência pode ser perigosa e que a indiferença ou a ignorância podem levar a consequências trágicas. (Pesquisa e imagens gerada pela IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com. Áudio e vídeo em https://youtu.be/SzqoRUIDP8k)

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

“Deus te abençoe”

Artigo da semana:

Costumo terminar conversas, ou quando me despeço, utilizando a expressão “Deus te abençoe”. É, mais do que um hábito, a forma de compartilhar a energia que, na minha visão, se tornou rara atualmente. Por quê? Como peço em sala de aula ou em palestras que não tenham medo de “gastar o sinal da cruz”. Para mim, além de ser sinal potente de religiosidade, é um catalisador de forças positivas. As mesmas energias que se tornaram escassas em serem socializadas… 

A prepotência da secularização contribuiu com a polarização que se vive. Embora a definição de que “somos um animal social”, sempre houve propensão ao confronto. Instituições religiosas, na grande maioria, procuram contribuir para um convívio social em que a aceitação do diferente (político, racial, de gênero…) não seja empecilho para harmonizar discrepâncias. A diversidade sempre foi pregada como possibilidade de enriquecimento de um todo.

Questionam-me, seguidamente, sobre grupos fundamentalistas nas religiões que acirram confrontos. Defendo que as chamadas “guerras religiosas”, sempre serviram de desculpas em disputas financeiras, políticas ou mesmo de vaidades. Infelizmente, por serem comunidades humanas, agrupam muitos e diversos interesses que podem ficar, por um tempo, adormecidos. Quando se sentem fortalecidos, transformam ressentimentos em bandeiras de batalhas.

Mesmo os “homens de Deus” de todas as religiões, continuam sendo homens. Sujeitos a uma história familiar e social, traumas, dificuldades de relacionamentos, ambições, deformação de caráter. Perde sentido a religião que representam? Em princípio, não. Demonstra quão longo é o caminho de conversão, mesmo para quem está perto de ambientes considerados sagrados. Porém, continuam necessários para quebrar correntes colocadas nas portas do diálogo religioso e social.

“Quem nunca pecou, atire a primeira pedra”. Readquirir confiança na interação e praticar a tolerância. Receita para um diálogo civilizado que permite ao diferente manifestar-se sem que se torne um antagonista. Para pessoas de fé, um “Deus te abençoe” não pode ser negado a quem foi feito “à imagem e semelhança de Deus”. E quando se sente que a energia se esvai, traçar o “sinal da Cruz” é a razão para se convencer de que a humanidade ainda merece uma nova chance…

(Imagem gerada pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/Nh211RaKy0Q)

domingo, 17 de agosto de 2025

No rodopiar do guarda-chuva…

 Bom-dia! 

De volta em áudio e vídeo. 


Simplesmente assim:

Meus sonhos se abrigam na proteção de um guarda-chuva.

Os primeiros pingos escorrem com a neblina e

Sozinho, caminho a esmo pelas ruas.

Sinto falta de compartilhar este momento,

Mesmo que um dos ombros fique encharcado.

As calçadas tornam-se diferentes,

Permitem bailar na coreografia dos ventos,

Que dobram nas esquinas dos edifícios,

Rodopiando na impossibilidade de se manter o passo certo,

Trôpegos no açoite do frio que escurece a alma…

 

Os pingos despertam lentamente,

Fazem a cortina que controla o tempo,

Esquecer a precisão das horas,

Transgredir as leis da física,

No desejo de andar ainda mais devagarinho,

Sem a preocupação com as convenções que

Tornam reféns as mentes e os comportamentos.

Quando o primeiro bailarino rodopia o guarda-chuva,

Passos chapinham poças d'água, espelhando

A cumplicidade do que é magia, 

No compasso do que é pura ternura…


Imagem gerada pela IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com. Áudio e vídeo deste texto em https://youtu.be/MWhF6rT9v_U)



sábado, 16 de agosto de 2025

Dostoiévski e a leitura dos clássicos

Leituras e lembranças:

A leitura dos clássicos da literatura é uma experiência transformadora, um mergulho profundo na complexidade da alma humana. Já recomendados pelo papa Francisco, podem parecer autores "pesados", no entanto, seus livros oferecem uma riqueza que poucas outras obras conseguem igualar. É o caso do russo Dostoiévski, que faz uma jornada pela mente humana, na eterna batalha entre o bem e o mal, a razão e a fé, o louvável e o condenável que existe dentro de todos nós. Ao ler suas obras, você não apenas acompanha uma história, mas também é forçado a refletir sobre suas próprias motivações e dilemas.

​Suas obras são um retrato vívido da Rússia do século XIX, abordando temas como a pobreza, a injustiça social e as transformações políticas. No entanto, sua crítica vai além do contexto histórico. Dostoiévski questiona o racionalismo excessivo e o niilismo — a ideia de que a vida não tem sentido. Ele argumenta que o ser humano não é apenas uma "nota de piano", que pode ser controlada e manipulada pela lógica. Ao contrário, o homem tem livre-arbítrio e, muitas vezes, age de forma irracional para reafirmar sua liberdade, mesmo que isso o leve à autodestruição.

Um tema recorrente em suas obras é a ideia de que o sofrimento pode levar à redenção e à purificação da alma. Personagens como Raskólnikov, de "Crime e Castigo", e o Príncipe Míchkin, de "O Idiota", são exemplos de como a culpa, a humilhação e a dor podem ser caminhos para o autoconhecimento e a compaixão. Ele nos mostra que a busca por sentido em um mundo caótico é uma das maiores lutas da existência humana.

Porém, se achar que é um desafio pesado começar por​ alguns de seus romances mais famosos ("Crime e Castigo" ou "Os Irmãos Karamázov") prefira obras mais curtas, mas igualmente geniais: "Memórias do Subsolo": Um monólogo intenso de um narrador recluso, considerado um dos primeiros textos do existencialismo. ​"O Sonho de um Homem Ridículo": Um conto filosófico sobre a busca de sentido na vida após uma experiência de epifania. "Noites Brancas": Um romance sentimental e melancólico, ideal para quem quer se familiarizar com a prosa de Dostoiévski de uma maneira mais leve.

​Muitas destas obras encontram-se disponíveis em novas publicações. Como os pockets. Digitalmente, em sites que compartilham livros que já estão em domínio público, podendo ser encontrados em PDF ou e-books. Ler Dostoiévski é uma oportunidade de confrontar as grandes questões da vida, da moralidade, da liberdade e da natureza humana. É uma leitura que desafia, provoca e, acima de tudo, enriquece a sua visão de mundo. (Pesquisa e imagem gerada pela IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com)

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Velhas histórias, novos protagonistas

Artigo da semana:

O escritor precisa ser, antes de mais nada, um contador de histórias. Uma marca que atravessa os tempos, desde que os homens (e as mulheres, com certeza) sentaram no entorno de uma fogueira, procurando passar conhecimentos ou, simplesmente,  no entretenimento que ocupava o tempo e instigava a imaginação. Dos primórdios, passando pelos menestréis, aos tropeiros dos nossos tempos mais próximos, alguém que saiba atrair o interesse de uma roda de conversa.

Conheci e admirei muitas pessoas que tinham este dom. Encantei-me quando entendi que


as chamadas parábolas do Jovem Galileu eram parte do seu método pedagógico de intensificar uma imagem com a vivacidade de uma narrativa onde os personagens e a própria trama tinham por objetivo sedimentar uma mensagem. De tal forma que pudesse teorizar com seus aprendizes, porém,  para os demais, ficava a lição de uma boa história.

Uma boa história não precisa ser um poço de ética ou de moral. Sequer personagens absolutamente certinhos que exalam santidade. Ao contrário, as melhores tiram do barro do homem comum um comportamento que não se preocupa em ser certo ou errado, mas de quem sabe que sua vida é partilha de convívios, onde o importante é vencer obstáculos, de preferência não deixando ninguém para trás. O personagem comum, muitas vezes, não tem nome, porque ressignifica a universalidade.

Para ouvir boas histórias, é necessário “perder” tempo com alguém que já não tem pressa em fazer uma narrativa. Dificilmente elas se repetem, porque se fazem novas em cada momento em que se mira o olhar de quem escuta e apazigua o coração com o que ressoa pelo tempo e faz eco na própria alma. Quem corre muito, não consegue fazer parte desta experiência. Passa uma vida dando a desculpa de que ouvir os mais velhos é desperdício de tempo e dinheiro.

O tempo escoa, muitas vezes o dinheiro não chega e os contadores de histórias já partiram… Percebe-se tarde demais que ficou um hiato a ser preenchido.  De tudo o que se correu atrás restou a saudade do que não se viveu e se valorizou. Numa das festas familiares, como o recente dia dos Pais, quem já viveu um pouco mais percebe o quanto é precioso conviver em torno de uma mesa, partilhar uma refeição,  rir um pouco e, com certeza, lembrar de velhas histórias, com novos protagonistas… (Imagem gerada pela IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com)


domingo, 10 de agosto de 2025

Flores na janela

Simplesmente assim:

Andar pela rua, bem junto às casas, 

Era desvendar intimidades.

Compartilhar o mistério de quem mora 

E os segredos por trás de uma porta. 

O detalhe que alcança significado único:

A cor diferenciada que transborda sentimentos, 

A cortina protegendo a privacidade das janelas.

Um canteiro de arbustos e flores,

O traçado da calçada, que resguarda a grama,

E mantém à distância o passante.

A delicadeza da hera serpenteando as paredes.


Foi-se o tempo em que moças e senhoras

Debruçavam-se no parapeito de madeira envelhecido, 

Emolduradas pelas cores e delicadeza da efemeridade 

Do que existe apenas para alegrar os olhos.

As ruas de agora se fazem uniformes com edifícios espigados.

Resguardam-se nas memórias a preciosidade de um tempo

Em que se espiava pela fresta de uma folha.

À espera de quem trocasse o carinho de um olhar 

Pela cumplicidade de um flerte.

Em que o andante contemplava as flores na janela.

Ficava suspenso no tempo,

O olhar encantado no doce sabor das lembranças…


(Imagem gerada pela IA Gemini)

sábado, 9 de agosto de 2025

Código Da Vinci, de Dan Brown.

Leituras e lembranças:

Você pode ser a favor ou contra a obra de Dan Brown, mas se a ler, não conseguirá ficar indiferente. O livro "O Código Da Vinci" começa com o assassinato de Jacques Saunière, o curador do Museu do Louvre, em Paris. O professor de simbologia de Harvard, Robert Langdon, que está em Paris para uma palestra, é chamado pela polícia francesa para ajudar a decifrar as pistas encontradas. Com a ajuda da criptógrafa da polícia, Sophie Neveu, que descobre ser neta de Saunière, e percebe que as pistas são mensagens diretas para ela.

Saunière era Grão-Mestre de uma sociedade secreta milenar, o Priorado de Sião que, ao longo dos séculos, protegeu um segredo monumental: o verdadeiro paradeiro do Santo Graal. A narrativa de Dan Brown subverte a lenda tradicional, revelando que o Graal não é um cálice, mas sim Maria Madalena, que teria sido esposa de Jesus e mãe de seus filhos, e o Santo Graal seria a linhagem de sangue real que ela carregava (o Sangreal).

Langdon e Sophie são perseguidos não apenas pela polícia, mas também por Silas, um monge albino e fanático da Opus Dei, uma prelazia da Igreja Católica. Silas é manipulado por uma figura misteriosa, conhecido como "O Mestre", que deseja encontrar o Graal para destruí-lo e manter o segredo da Igreja. A jornada os leva a desvendar enigmas ocultos em obras de Leonardo da Vinci, em catedrais góticas e até mesmo em Westminster Abbey. 

"O Código Da Vinci" redefiniu o gênero do suspense e da conspiração, misturando fatos históricos, arte e mitologia de maneira acessível e envolvente. O livro se lê como uma caçada ao tesouro, com um ritmo acelerado e capítulos curtos. A ideia central da linhagem de Jesus e Maria Madalena é intrigante e provocou debates acalorados sobre religião e história. A forma como o autor interliga obras famosas de Da Vinci, a história dos Templários e as lendas do Graal é um diferencial.

O livro gerou críticas significativas. A principal delas é a imprecisão histórica. Muitos dos "fatos" apresentados sobre a Opus Dei, o Priorado de Sião e a história de Maria Madalena são largamente considerados teorias de conspiração, sem base documental. Outra crítica comum é a caracterização dos personagens. Langdon e Sophie são vistos como veículos para a exposição das informações, em vez de indivíduos com profundidade psicológica. 

O sucesso de "O Código Da Vinci" é inegável. É, antes de tudo, thriller de entretenimento puro, que cumpre o seu papel de prender o leitor do início ao fim. Um dos seus legados foi como popularizou a história, a arte e a simbologia, fazendo com que milhares de pessoas se interessassem por esses temas. É uma leitura cativante que, se apreciada como ficção, oferece uma experiência de mistério e aventura muito bem construída.

(Pesquisa e imagem com apoio da IA Gemini)

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

O difícil voo da solidão

Artigo da semana:

Jantávamos num domingo, à noite,  conversando sobre assuntos de igreja, quando veio à baila a temática que abordei no texto passado: pastoral e compaixão. Com a vontade de seguir esta pauta, tratando o que chamo de “pastoral da solidão”. O que seria? Atendimento a quem se isola (ou foi isolado) pela idade, doença ou carência afetiva. Pessoas que, por um período, sentem-se fragilizadas (depressão, ansiedade…), mas nem sempre querem - ou podem - demonstrar.

É preciso distinguir entre quem optou por restringir seus grupos, sociais ou familiares, de quem desenvolve um problema psicológico, tanto na dificuldade de manter relacionamentos, quanto nas situações em que evita o convívio social. Para quem fracassa em ser acolhedor, a dor começa na dificuldade de estender os braços (o abraço). Para quem evita a intimidade, é uma opção equivocada, diga-se de passagem, que, algum dia, vai cobrar um alto preço emocional. 

Ouvi experiências recentes, como a da Lyl que convidou ex-colega de curso para tomar um café da tarde e poderem conversar. Descobrindo os problemas de família que foram sendo expostos na descontração de quem até pode falar, mas sabe, também, ouvir. Padre Flávio contava dos dias que reserva para visitas. Buscando a intimidade das famílias, onde o diálogo se dá com mais facilidade, abrindo portas para conhecer melhor aqueles (aquelas) com os quais trabalha.

Independente das opções feitas por viver só ou que se tenha mergulhado na solidão, todos precisamos de alguém, em algum momento, para continuar o voo da vida. Na maior parte das vezes, não há uma explicação racional para a escolha, mas uma proximidade com quem ensina ser mais difícil voar sozinho e que o voo alheio é sempre inspiração que nos alça aos céus. O roteiro de voo não é o mesmo, mas favorece as condições de se “abastecer” do combustível mais puro que existe: uma boa e velha amizade.

Num dos textos mais lindos que já li, dois meninos se encontram. Um é cadeirante e o outro um piá folgado e disposto a qualquer travessura. O que parecia impossível, aconteceu: ficaram unha e carne! Invenções de fundo de quintal, com um carrinho que seria um avião pronto para qualquer voo. A pergunta feita pelo deficiente ao outro: “por que fazes tudo isto por mim?” Sem precisar pensar muito: “sei lá, quem sabe porque ninguém voa sozinho…” A solidão é o voo que se tenta fazer isolado, quando se redescobre que se precisa de alguém para não errar o destino… (Imagem gerada pela IA Gemini)

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Poemando

No poço habita o mistério, 

O abismo que não tem fundo.

Onde se perde o olhar,

Em que imagino um Mundo…

(Imagem gerada pela IA Gemini)



domingo, 3 de agosto de 2025

Vou sempre lembrar de ti

Simplesmente assim:

 


O Tempo passando tolda as memórias,

Sem permitir que se apaguem as lembranças,

Em especial dos rostos que se amou. 

Na penumbra das recordações, ficam gravadas,

Assim como as vozes que insistem em

Continuar ecoando nos silêncios da saudade.

Mesmo depois da partida, na jornada do fim,

Acompanham o mistério das presenças

Que já não são físicas, são resquícios de Eternidade...

 

Iluminam um sorriso que parece enviesado,

Desprovido de qualquer sentido,

A não ser que se encontre razão

naquilo que tem contornos de reminiscências.

Lembranças são sempre o arrimo de sentimentos,

Que deixam rastros com marcas que sulcam o corpo.

Apesar dos sinais que gravaram a minha identidade,

Meu coração nunca esteve de partida,

Apenas tenho as cicatrizes da minha própria história.

A certeza de que vou sempre lembrar de ti…


(Imagem gerada pela IA Gemini)


sábado, 2 de agosto de 2025

Harry Potter, de J.K. Rowling

Leituras e lembranças:

Durante todo o tempo em que lecionei redação no curso de Jornalismo, pedi aos alunos que lessem ao menos um livro por mês, que fosse de ficção.  Podia ser até mesmo na linha de ficção juvenil, como eram, então, O Senhor dos Anéis, Percy Jackson ou mesmo Harry Potter. Pela necessidade que tinham em adquirir vocabulário e criatividade mental. Eu li (e assisti) toda a obra do pequeno bruxo (Harry Potter), escrita por J.K. Rowling.

A série narra a vida de Harry Potter, um órfão que descobre ser um bruxo no seu décimo primeiro aniversário. Ele é convidado a estudar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde faz amigos para a vida toda, Rony Weasley e Hermione Granger, e aprende sobre o mundo bruxo. A trama central da saga gira em torno da luta de Harry contra o bruxo das trevas mais temido de todos os tempos, Lord Voldemort, que assassinou seus pais quando ele era um bebê e tentou matá-lo também, mas de alguma forma falhou, deixando apenas uma cicatriz em forma de raio na testa de Harry.

​Ao longo dos sete livros, acompanhamos o crescimento de Harry e seus amigos, suas aventuras em Hogwarts, os desafios que enfrentam, as aulas de magia que frequentam e, principalmente, a intensificação do confronto com Voldemort e seus seguidores, os Comensais da Morte. Cada livro explora uma fase diferente da vida escolar de Harry e aprofunda o mistério em torno de Voldemort, sua ascensão ao poder e a conexão entre ele e Harry. A saga culmina em uma guerra épica entre as forças do bem e do mal, onde Harry deve enfrentar Voldemort em um confronto final para restaurar a paz no mundo bruxo.

A saga Harry Potter vai muito além de uma simples história de magia para crianças. Ela aborda temas complexos e universais que ressoam em leitores de todas as idades: como o ​Amor e Amizade. A amizade entre Harry, Rony e Hermione é o alicerce da história, mostrando como o apoio mútuo é essencial. Também o Bem contra o Mal: A luta constante entre a luz e a escuridão é o motor da trama. A ​Morte e Perda: A morte é um tema recorrente na saga, desde a perda dos pais de Harry até as inúmeras baixas durante a guerra bruxa. Os livros exploram o luto, a aceitação da mortalidade e a ideia de que o amor daqueles que se foram nunca realmente nos deixa.

​Preconceito e Discriminação: A ideia de "sangue puro" contra "nascidos trouxas" é uma metáfora clara para o preconceito e a discriminação presentes em nossa sociedade. Escolhas: A saga enfatiza que as escolhas que fazemos definem quem somos, mais do que nossas habilidades ou heranças. Por fim, Coragem e Sacrifício: Harry e muitos outros personagens demonstram imensa coragem ao enfrentar seus medos e fazer sacrifícios pessoais para proteger o que é certo. A disposição de se sacrificar pelo bem maior é um valor fundamental na série. 

A saga Harry Potter é uma obra-prima que transcende o gênero da fantasia, oferecendo lições valiosas sobre a natureza humana, o poder do amor e da amizade, e a eterna batalha entre o bem e o mal. Sua relevância e popularidade continuam firmes, solidificando seu lugar como um clássico moderno da literatura. (Pesquisa e imagem com a I.A. Gemini - Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com.)

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

“Pastoral” e “compaixão”, apenas utopia?

Artigo da semana:

Confesso que o tempo levou a que aproveitasse melhor o sabor das palavras. Não me envergonho em dizer que amadureci vendo certos termos revestirem-se de novos e mais profundos significados. Lembro de uma aula do primeiro ano de Teologia, com o padre Luiz Boari, quando me dei conta de estar enganado sobre a definição de  “pastoral”. Tão mal usada no jargão da Igreja Católica, que acabou virando sinônimo de burocracia, reuniões infindáveis, e não de quem se dispõe a cuidar do outro, “pastorear”, a tarefa do pastor.

Cheguei a usar a palavra “prostituir” para certos termos que perdem seu sentido inicial e que somente a vivência ajuda a depurar o seu “gosto”. Recentemente, li a obra escrita a quatro mãos pelo frei Betto e Heródoto Barbeiro “O Budista e o Cristão”. Lá pelas tantas, falam a respeito da palavra “compaixão”. Depuram o seu significado que, para mim, era exatamente o equivocado: ter pena de alguém. No Budismo, como no Cristianismo, seu significado é carregado de humanidade, pois significa “sofrer com alguém”. 

Intuía isso ao recomendar aos alunos de Teologia que, se quisessem um “exercício de solidariedade”, não apenas visitassem pessoas idosas ou doentes. Estes momentos, muitas vezes, são apenas descarregos de consciência. Sugeri, como tive que aprender cuidando dos meus pais, que gastassem tempo convivendo com pessoas em situação de dependência, durante um período, em tempo integral… Duvidava que qualquer outra experiência ou conhecimento teórico lhes desse a noção do quanto dói a fragilidade humana…

Admiro pessoas mais idosas que, vendo os mais jovens esforçarem-se por academizar sentimentos, preferem esperar amadurecerem para se calarem diante das palavras. No afã das discussões muitas vezes estéreis (e histéricas), perde-se tempo em enquadrá-las ao sabor dos conhecimentos ideologizados, por religião ou discurso político partidário. Ter a grandeza de sorrir diante da pressa que alguns têm de dizer apenas por dizer, corresponde à paciência de esperar por um dia, em que entendam o que reveste as palavras: não apenas a sonância do que faz o discurso vazio, mas os silêncios que lhe dão significado. 

“Compaixão” é palavra que se garimpa ao longo da vida, não apenas pelo seu sentido nos discursos. Rima com “pastoral”. Homens e mulheres de boa vontade introduzem este duplo significado: “cuidar do outro” e “sofrer com alguém”. Independente da identidade política ou religiosa, muitos são os cidadãos do universo que buscam os menos favorecidos. É trabalho que não ganha mídia, mas ensina o quanto responsabilidade social ainda é utopia, que não pode ser apagada nas vivências e convivências… (Imagem gerada pela IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com)

domingo, 27 de julho de 2025

Reinventa-me!

Simplesmente assim:


Na noite escuŕa em que uma estrela cadente

Reúne energias e mergulha no meu Universo,

Crio coragem e suplico: reinventa-me!

Faz-me novo, como a primeira explosão

De onde despontaram todos os astros.

As luzes que cravejam os céus têm o gosto de Infinito,

Onde as lágrimas brilham como coisas almejadas

E suspiram com a energia desamparada de um soluço.

 

O Criador moldou o ser humano 

Reunindo fragmentos das estrelas.

Razão para olhar bem no fundo dos teus olhos,

Onde permanecem resquícios de profundezas insondáveis.

Recriar-me é redescobrir os propósitos que alimentei 

E, com o tempo, deixei escorrer pelas teias do destino.

Desejava escrever meu nome por entre as estrelas,

Mas apenas o fiz por sobre as areias.

Ao invés de cada letra faiscar como um luzeiro,

Apenas viveram fugidias como sonhos irrealizados…

(Com imagem gerada pela IA Gemini)

sábado, 26 de julho de 2025

“O Senhor dos Anéis”, de J. R. R. Tolkien

Leituras e lembranças:

"O Senhor dos Anéis" é uma obra-prima da literatura fantástica, escrita por J.R.R. Tolkien, que transcende gerações com sua rica mitologia e temas profundos. A história se passa na Terra Média, um mundo habitado por humanos, elfos, anões, hobbits e orcs. O enredo principal gira em torno da Guerra do Anel, um conflito monumental contra o Senhor do Escuro Sauron. Séculos antes dos eventos da trilogia, Sauron forjou o Um Anel, um objeto de imenso poder capaz de controlar todos os outros Anéis de Poder e, consequentemente, dominar a Terra Média.

O Anel, perdido por muito tempo, é encontrado por Bilbo Bolseiro (em "O Hobbit") e passa para seu sobrinho, Frodo Bolseiro, um hobbit pacato do Condado. O mago Gandalf revela a Frodo a verdadeira e perigosa natureza do Anel: ele busca retornar ao seu mestre, Sauron. Para evitar que Sauron recupere seu poder total, o Um Anel precisa ser destruído. A única forma de fazer isso é jogá-lo nas chamas da Montanha da Perdição, em Mordor, o domínio de Sauron.

Frodo assume a difícil e perigosa missão de destruir o Anel. Ele parte em uma jornada árdua e cheia de perigos, acompanhado por uma Sociedade do Anel formada por nove companheiros representando as raças livres da Terra Média: hobbits, humanos, elfos, um anão e o mago Gandalf. Ao longo da jornada, a Sociedade se desfaz, e Frodo e Sam seguem sozinhos, enfrentando a corrupção do Anel e a ameaça constante de Gollum, uma criatura que foi corrompida pelo Anel séculos antes e agora o deseja de volta obsessivamente.

Paralelamente à jornada de Frodo e Sam, os outros membros da Sociedade se envolvem em grandes batalhas, como a Batalha do Abismo de Helm e a Batalha dos Campos de Pelennor, liderando a resistência contra as forças de Sauron e seus aliados. O destino da Terra Média repousa nos ombros de Frodo e Sam, que, com grande sacrifício e determinação, conseguem chegar à Montanha da Perdição e, no clímax da história, destruir o Um Anel, derrotando Sauron e restaurando a paz na Terra Média.

"O Senhor dos Anéis" é muito mais do que uma simples história de fantasia. É uma obra com uma profundidade imensa, rica em simbolismo e temas que ressoam com a experiência humana. Onde se aborda a luta entre o bem e o mal, coragem e heroísmo, amizade e lealdade, natureza e industrialização, morte e imortalidade, O poder e a corrupção. "O Senhor dos Anéis" não é apenas um marco na literatura fantástica; é um fenômeno cultural. 

Sua influência pode ser vista em inúmeras obras de fantasia que vieram depois, desde livros e filmes até jogos e outras mídias. Tolkien criou um universo tão detalhado e consistente que a Terra Média se tornou um lugar quase real para muitos leitores. Sua construção de línguas, mitologias e culturas estabeleceu um novo padrão para a criação de mundos de fantasia. A obra fascina e inspira, oferecendo não apenas uma aventura emocionante, mas também reflexões profundas sobre a moralidade, a responsabilidade, o sacrifício e a capacidade do indivíduo comum de fazer a diferença em um mundo em crise. (Pesquisa e imagem com auxílio da IA Gemini).

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Lembram do “troar dos canhões”?

Artigo da semana:

A indústria armamentos foi a que, sem sombra de dúvida, mais cresceu nos últimos anos. Sendo a disputa entre fronteiras ou mesmo guerras internas, a animosidade foi insuflada dissimuladamente ou, até, de forma explícita, com jogadas de marketing que colocaram no cenário internacional supostos líderes que se mostraram fantoches dos “senhores da guerra”.  Falar de Trump, Putin, Netanyahu (entre outros) é falar de homens que se aproveitam da fragilidade política da população, cansada de políticos oportunistas e que se convencem de que estes têm “punho forte” para estancar a sangria em que vivem as democracias.

As guerras, assim como os desmandos administrativos e políticos, tornaram-se a normalização. Como existem conflitos todos os dias, assim como escândalos de mau uso dos recursos públicos, o homem (e a mulher) comum assimila como se fizesse parte do quotidiano. Até parece estranho quando não se tem “novidades” a respeito. Sem que se dê conta de que, na beligerância ou na sangria dos cofres públicos, quem perde é o próprio cidadão que vê minguar - e piorar - serviços de saúde, educação, transporte, moradia…

Não há justificativa para a guerra ou qualquer outro tipo de violência. Inclusive as que degradam o sentimento de humanidade. A morte em massa ou por ausência de um estado socialmente responsável mostra o quanto se falhou em alcançar os mínimos direitos para todos. Infelizmente, os citados podem ser considerados os “senhores do mal” que, como a maioria dos políticos, apenas pensam no eleitor quando precisam do seu voto. 

Na atualidade, alguém que grite pela paz, justiça e solidariedade não existe. Silenciados ou omissos, sem força para se contrapor. O papa Francisco foi o último. O que lhe valeu, ainda hoje, a pecha de que era “comunista”, por bradar pela Doutrina Social da Igreja. Leão XIV apenas “engatinha”, ainda respondendo de forma burocrática e pautada por “sensibilidades” diplomáticas.

Lembram do “troar dos canhões”? Pois as guerras maquiaram até o troar dos canhões, de tal forma que se tornaram conflitos assépticos. Os cadáveres são devolvidos embalados e, nos conflitos causados pela violência ou a fome, os corpos desaparecem nos necrotérios. Disputas internacionais sempre foram alimentadas por vaidades e interesses econômicos. Na ponta do lápis, torcer por “a” ou “b” é apenas fazer parte da grande massa que se deixa manipular. Sem compreender que se joga na fogueira o futuro dos nossos filhos e das gerações que ainda sequer despertaram para a vida… (Imagem gerada pela IA Gemini)

domingo, 20 de julho de 2025

O derradeiro acalento

Simplesmente assim:

Há um recanto na casa onde 

O derradeiro raio de Sol alenta um espírito

Inquieto, que contempla os estertores do entardecer.

Ali, o silêncio segue o ritmo

Marcado pelo murmúrio do vento, 

Embalando as folhas das janelas, 

Na música que faz trilha aos devaneios. 

Mãos cruzadas sobre uma manta, no colo, 

Quando o infinito habita o olhar de quem 

Se divorciou da esperança e a cura chega 

Quando se aceitam os momentos de solidão...


O derradeiro acalento remexe as brasas, 

Persistindo em ainda sonhar com o aconchego.

No pó que flutua em frente à janela,

Os braços se envolvem mitigando a dor da solidão.

Não há sons, sequer se ouvem ruídos das ruas. 

O tempo se mira no espelho 

Com o gosto do que escapa por entre os dedos, 

A sensação de que se perdeu 

A oportunidade de acreditar em um novo alvorecer…

(Com imagem gerada pela IA Gemini)

sábado, 19 de julho de 2025

Operação Cavalo de Tróia, de J. J. Benítez

Leituras e lembranças:

A série "Operação Cavalo de Tróia", do espanhol J.J. Benítez, é uma das mais controversas e populares obras que misturam ficção científica, esoterismo e teologia. Composta por diversos volumes (eu conhecia nove, mas o Gemini informa que, atualmente, são 12, com o 13º anunciado), a saga se apresenta como a transcrição de diários secretos de um major da Força Aérea dos EUA que teria participado de uma missão ultrassecreta.

O governo dos Estados Unidos, em parceria com uma equipe científica, desenvolveu uma tecnologia capaz de realizar viagens no tempo. O objetivo da missão, batizada de "Operação Cavalo de Tróia", não é alterar o passado, mas sim obter informações precisas sobre a figura de Jesus de Nazaré. Para isso, um astronauta/piloto militar, referido como Major Jasão (o narrador dos diários), é enviado a diferentes momentos da Palestina do século I, com foco principal nos últimos anos da vida de Jesus.

O cerne da obra é a apresentação de uma visão de Jesus que difere significativamente dos relatos bíblicos tradicionais e dogmas religiosos. Benítez descreve um Jesus mais humano, com emoções intensas, humor e até mesmo momentos de vulnerabilidade. O autor frequentemente enfatiza a mensagem de amor incondicional e a liberdade de Jesus, em contraste com as instituições e tradições da época.

Um dos pontos fortes da série - que cativa muitos leitores - é a minuciosa descrição da Palestina do século I. Benítez (através de Jasão) explora a geografia, a cultura, os costumes, a política e a vida cotidiana da época. As descrições são ricas em detalhes sensoriais, transportando o leitor para aquele período. Isso se deve à extensa pesquisa que o autor afirma ter realizado para construir o cenário.

Além da figura de Jesus, Benítez incorpora elementos de ufologia, espiritualidade, reencarnação e outros temas esotéricos, especialmente nos volumes posteriores. Isso amplia o escopo da série para além da história de Jesus, conectando-a a uma visão que pretende ser mais ampla do universo e da existência.

"Operação Cavalo de Tróia" desafia concepções tradicionais sobre a história e a figura de Jesus. Seus méritos estão na capacidade de imergir o leitor na Palestina do primeiro século  e apresentar uma visão "alternativa" de Jesus. No entanto, é crucial abordá-la como ficção especulativa (mesmo que o autor defenda o contrário), para evitar confusões com a história ou a teologia. A série continua a cativar um grande número de leitores, provocando impacto no imaginário popular. (Com pesquisa e ilustração da IA Gemini)

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Novos tempos, velhos problemas

Artigo da semana:

“Ressignificar” é uma palavra poderosa. Uma amiga gosta muito de usá-la em seus textos. E passei a olhar de uma forma diferente para ela. Não é o mesmo que “narrativa”, que já vem eivada de nuances ideológicas, capaz de suportar mais significados do que aquele que lhe é dado pelo dicionário, ou pelo entendimento dos estudiosos. As próprias palavras carregam seu peso de significados (sim, no plural) conforme o seu uso, a ocasião e a história de quem constrói o próprio modo de fala (o seu discurso).

Só para refrescar a memória. Tem-se um “ressignificar” quando se faz a junção do prefixo “re-”, que indica repetição ou algo de novo, com o verbo “significar”. Portanto, é, essencialmente, atribuir um novo sentido a algo. |Um processo de transformação que envolve a atribuição de diferentes acepções, buscando a superação de padrões antigos e a construção de novos entendimentos sobre a realidade. Pode parecer meio complicado, mas não tem importância, são coisas da língua portuguesa…

Hoje, uma das áreas em que se faz presente é, exatamente, a da comunicação social, especialmente pelos meios de comunicação convencionais, como rádio, televisão, jornal e cinema. A dinâmica das novas mídias fez o que não se previa no final do século XX: a reformulação da forma como estão presente na vida das pessoas. Para quem lembra do radinho de pilha, por exemplo, ele foi substituído pelo celular, que oferece uma gama de serviços, incluindo as rádios comerciais e institucionais.

Emissoras que se ressignificam precisam investir em novas tecnologias e parear conteúdos em variadas plataformas. Exigindo muitos (e bons) investimentos técnicos e adequação profissional. Voltou-se ao caso das emissoras de rádio, hoje, utilizando de recursos de texto e imagem, que possibilitam enriquecer o seu tradicional conteúdo de áudio. Com uma rica gama de opções, infelizmente, em muitos casos, virou apenas um veículo de rádio que também se assiste na tela.

Ressignificar… Num tempo em que meios de comunicação optam por pautas pobres, especialmente de polícia e escândalos, cria-se um desafio.A pressa da informação não significa a velocidade do conhecimento. Uma enxurrada de notícias não significa alguém bem informado. Mesmo que nem todos a entendam, resta o entretenimento e a vulgaridade desgastando o sentido da cidadania. Comprova que novos recursos nem sempre melhoram a vida. Às vezes, apenas disfarçam velhos problemas…

domingo, 13 de julho de 2025

Tu és o meu sonho

Simplesmente assim:


Tu és o meu sonho e a minha realidade.

Não importa quantos anos tens,

O tempo que convivi contigo,

O quanto fomos próximos ou distantes.

Foi te ouvindo, me deixando cativar,

Que entendi:

Sempre precisei ter aqueles

Que amei na mira da minha esperança.

Envolto por carinho que se tornou

O abrigo seguro onde ancorei meu coração,

Sôfrego por tua disponibilidade e compreensão.

 

Não entendi quando o teu silêncio

Ajustou o manto protetor sobre a minha inexperiência.

Sabias que o meu mundo se contorcia em expectativas.

Colocavas em possibilidades as minhas certezas,

Que não resistiam à tua ternura.

Cada gesto teu, cada palavra, transbordavam a vida em que

Os obstáculos se transformaram em oportunidades.

Mesmo assim, não impediste que eu também os enfrentasse,

Sabendo que eu iria definhar se fosse por demais protegido.

Tua presença foi um final feliz, quando mergulhei 

No aconchego que somente encontrei à sombra do teu olhar...

(Com imagem gerada pela IA Gemini)

sábado, 12 de julho de 2025

O Mestre dos Mestres, de Augusto Cury

Leituras e lembranças:

Minha intenção não é fazer proselitismo (colocar goela abaixo), mas compartilhar conhecimento. Este o motivo de comentar um dos livros que me influenciou quando falo em sala de aula, palestras e textos: "O Mestre dos Mestres" é uma das produções mais conhecidas de Augusto Cury e faz parte da série "Análise da Inteligência de Cristo". Cury se propõe a compreender a psicologia da figura de Jesus Cristo, não sob uma perspectiva religiosa tradicional, mas sim como um educador e pensador.

O escritor, sendo psiquiatra, aborda Jesus sob uma ótica da inteligência emocional e da psicologia multifocal. Ele busca desmistificar a figura de Jesus, tirando-o do pedestal puramente religioso e o apresenta como um ser humano com uma mente brilhante, capaz de: gerenciar emoções em situações de pressão; pensar de forma livre e fora dos padrões da sua época; comunicar-se com empatia e sabedoria, fazendo perguntas que instigam a reflexão; ensinar de forma inspiradora, sem impor dogmas, mas provocando o autoconhecimento; amar incondicionalmente e incluir os excluídos sociais.

O livro explora aspectos da inteligência de Jesus, como: A arte de pensar: como desenvolveu seus pensamentos e como sua mente operava. A gestão da emoção: Sua capacidade de manter a serenidade e a paz interior mesmo diante de adversidades, críticas e perseguições. A didática: A forma única como ensinava, utilizando parábolas e questionamentos para estimular o aprendizado e a reflexão. Capacidade de se colocar no lugar do outro: a empatia e compaixão pelas dores e necessidades humanas. A liderança: Como inspirava e transformava as vidas de seus seguidores.

A obra de Cury destaca uma perspectiva diferente, fascinante tanto para religiosos quanto para não religiosos. Um Jesus mais "humano" e acessível. Numa linguagem clara e envolvente, o que torna a leitura fácil e agradável para um público amplo. Com menos foco na divindade: É importante notar que o livro se concentra na inteligência e nos aspectos psicológicos de Jesus, e não em sua divindade ou em uma abordagem teológica.

Pode-se dizer que "O Mestre dos Mestres" é uma jornada intelectual e emocional que convida o leitor a mergulhar na mente de Jesus Cristo e a extrair lições valiosas para a vida cotidiana, independentemente da sua crença. Um convite à reflexão sobre liderança, gestão emocional, empatia e a arte de viver com sabedoria. (Com pesquisa e imagem gerada pela IA Gemini)

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Revisitando o passado

Artigo da semana:

As novas tecnologias deram, àqueles que conseguiram vencer o século XX, o privilégio de acessar os registros de momentos marcantes nas últimas décadas. Desde que a fotografia, o vídeo e o som passaram a conservar recortes de vida, enriquecendo a compreensão de eras passadas. Casos como, recentemente, assisti Ronnie Von cantando a música A Praça (uma das muitas que ainda sei de cor), numa abertura da Praça é Nossa (humorístico) e no programa da Hebe (já falecida, ambos no SBT). 

Um turbilhão de lembranças de um tempo em que este acesso era difícil, porém, hoje, se faz presente na forma de “vale a pena ver de novo” em filmes, novelas, programas de auditório, atividades esportivas. Enfim, nutrem uma sensação de nostalgia por um tempo mais simples, quando os ídolos pareciam existir em um reino além da realidade. As novas tecnologias possibilitam conviver com os tempos em que este acervo se formava e não havia, ainda, instrumentos para o seu acesso.

Hoje, vive-se num tempo de solidão institucionalizada (negada ou menosprezada) e revisitar o passado é uma das formas de superar o isolamento não apenas para idosos e pessoas doentes, mas para muitos que, no dia a dia, sentem falta do convívio social e familiar. Para estes, o que é classificado como perigo por especialistas no uso das telas ao acessar as redes sociais e streaming, é a oportunidade de sentir-se participe de algum tipo de relacionamento humano. Mesmo que seja a distância.

Recentemente, muitos filmes recuperaram personagens que frequentaram o imaginário, como “bom rapaz ou boa mocinha”, em especial dos que foram jovens nas décadas de 70 e 80. É estranho, resgatar uma história de vida, da forma como as produções apresentam, que se distancia dos “modelos” que se “comprava” como sendo os ídolos de então. Revisita-se um passado em que a imagem era a superfície sem manchas e, hoje, as histórias vão sendo contadas com o amadurecer e o distanciamento do tempo.

Emblemático assistir ao filme “Homem com H”, a história de Ney Matogrosso. Em especial, narrando dilemas pessoais (familiares e sexuais), marcando o cenário artístico conturbado de então. Resta um gosto de que a precaridade do sucesso corrói valores e a própria vida, como os mitos do passado que desmoronam muitas vezes sob o peso do tempo e de uma revisão crítica dos fatos, ecoando a pungente canção de Cazuza, "O tempo não para". A imagem concebida de forma ingênua mostra o quanto a juventude é fugaz e cria mitos que não se sustentam na realidade e na revisão da história… (Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com)

domingo, 6 de julho de 2025

Saborear a vida

Simplesmente assim:


O tempo amadurece o sentimento de que nem tudo

Com o que a gente se importa, de fato, tem valor.

A busca por realização somente é saciada

Quando restam boas lembranças das pessoas

E dos lugares por onde se conviveu.

Viver é uma oportunidade e uma graça.

A chance de experimentar este dom precioso

Que somente se valoriza quando, andado um percurso,

Alcança-se o olhar ao Infinito, 

No encontro de um terno e derradeiro horizonte.


Benditas são as lágrimas que percorrem os sulcos da tua face.

Podem ser de dor, mas também a oportunidade

Para livrar-se dos sentimentos que se tornam desnecessários.

No instante em que a vida se transforma em canção

Ou quando se desafina o tom, sem desistir de cantarolar.

Momento em que não há mais voz para solfejar a letra,

Porém, a música continua assobiando pela memória.

No acalento da saudade, se transforma no desejo

De sorver os poucos segundos que ainda têm o gosto de destino…

(Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com)

sábado, 5 de julho de 2025

“O Natal de Poirot”, de Agatha Christie

Leituras e lembranças

"O Natal de Poirot" se passa na véspera de Natal, quando o tirânico e odiado patriarca Simeon Lee convida seus filhos e esposas para uma reunião familiar em sua luxuosa mansão. A atmosfera está longe de ser festiva, permeada por ressentimentos, segredos e intrigas. A tensão atinge o ápice quando, após o jantar, um barulho ensurdecedor de móveis sendo destruídos é ouvido, seguido por um grito agudo. Simeon Lee está morto em seu quarto, trancado por dentro, em uma poça de sangue, degolado...

O detetive Hercule Poirot está no vilarejo para passar o Natal e oferece ajuda na investigação. Ele se depara com uma família onde todos têm motivos para desejar a morte do milionário. Poirot precisa usar sua astúcia para desvendar as complexas dinâmicas familiares, expor mentiras e descobrir a verdade por trás do brutal assassinato. O mistério se aprofunda com a descoberta de que o crime foi planejado meticulosamente, com reviravoltas surpreendentes e um final chocante.

A ambientação natalina, com seu contraste entre a festividade da época e a brutalidade do crime, adiciona uma camada irônica e impactante à história. Poirot está em sua melhor forma, com sua meticulosidade e observações afiadas, desvendando os mistérios da família Lee. É um livro que diverte e desafia o raciocínio do leitor, sendo altamente recomendado tanto para fãs da autora quanto para quem deseja se aventurar no gênero policial. O final é, como de costume da autora, surpreendente e difícil de prever.

Juntamente com Miss Marple, o detetive Hercule Poirot preencheu o imaginário de muitos leitores, especialmente na segunda metade do século passado. A primeira, também conhecida como Jane Marple, aparece em 12 romances e em 20 contos policiais de Agatha Christie. Solteirona, vive no vilarejo fictício de St. Mary Mead, atuando como “detetive amadora”. O segundo é um personagem extravagante, belga, sem ser modesto e que se gaba da sua inteligência diferenciada…

"O Natal de Poirot" compartilha muitas características com outras obras clássicas da especialista em suspenses, destacando-se aquelas que envolvem o "mistério de quarto trancado" e a reunião de um grupo limitado de suspeitos em um local isolado. "O Natal de Poirot" é um exemplo do estilo e da maestria de Agatha Christie, combinando elementos clássicos de mistério com uma ambientação festiva que adiciona um toque único à trama. É um livro que solidificou sua reputação como a "Rainha do Crime". (Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com. Com pesquisa da IA Gemini)


sexta-feira, 4 de julho de 2025

Mudanças e histórias ressignificadas

Artigo da semana:

Se não existia, criei a expressão “mudanças sempre causam lambanças”. Por temperamento, preciso de um tempo para amadurecer qualquer coisa que me tire da rotina. Ainda mais que a novidade se chamou deixar onde praticamente nasci (viemos de Canguçu para Pelotas em 1959) e lá fiquei por 64 anos, com idas e vindas, sempre onde deixei minhas referências. O lugar que acolheu a mim e a minha família como migrantes numa mistura de carinho e desafio.

Depois de todo este tempo, parti da casa velha onde exercitei minha capacidade de “imitador de arquiteto” com inúmeras construções do tipo “puxadinhos”, ao ponto de que meu padrinho Valdemar brincar comigo e com a Neli (sua esposa) “do que nós iríamos inventar de novidade”. Meu pai construiu o primeiro corpo da casa, depois foi tudo comigo. Com pouco dinheiro, ainda jovem, eu e meu irmão construímos dois quartos independentes na parte superior da casa.

Depois, meu puxadinho chegou a um apartamento completo, onde passei mais de 30 anos. Para juntar as duas casas, um jardim de inverno. E como meu pai era agregador nato, a área gourmet, onde ele e meus cunhados, além de amigos, exercitaram a arte do churrasco. Habilidade que eu não tenho (sequer paciência) de esquentar a barriga na beira do fogo. O tempo levou aqueles com quem tive a alegria de conviver. E a casa foi se tornando grande demais para uma pessoa só.

Como sei que só pego de arranque, conversei com a Roberta, que já alugava a parte debaixo, onde funciona um salão de beleza há mais de cinco anos. Em outras ocasiões, havia manifestado interesse na casa inteira. Propus trocar pela moradia que a Roberta tinha no residencial Moradas Club, ainda na vila Silveira. Ajustamos os finalmente dos “pilas” e chegamos a um acordo. Adverti: o que tiver que ser feito, tem que ser para ontem. “Se eu pensar demais, desisto”.

Tive a ajuda de muitas mãos, inclusive da Roberta e sua irmã, a Renata. Objetivas, competentes, supriram minha total incompetência em organizar transporte e acomodação. Em certos momentos, senti-me tonto e, então, era seguir o fluxo. Hoje, já estou bem instalado, sentindo que a mudança não precisa ser ruim, mas alcançar novos patamares, até nas relações humanas. Não importando a idade e sim não perder a oportunidade de ressignificar a própria história.

terça-feira, 24 de junho de 2025

Coreia do Sul e a Jornada da Juventude

Artigo da semana:

A morte do papa Francisco e a realização da Jornada Mundial da Juventude Católica, em 2027, em Seul, na Coreia do Sul, despertam a atenção sobre o catolicismo naquele país. Onde cerca de 5,8 milhões de pessoas, 11% da população, se diz católica. Naquela localidade, não foram os missionários que abriram caminhos, mas sim a disseminação de uma literatura religiosa, especialmente nos meios educacionais, já no século XVIII. A Igreja Católica seguiu os mesmos rumos que em outros lugares, especialmente, até a metade do século passado, contribuindo com a educação, o atendimento à saúde e o desenvolvimento social.

Recentemente, muitos textos e vídeos foram publicados a respeito. Num deles, destacava-se o fenômeno do sincretismo, em especial com o Confucionismo, o Budismo e outras práticas tradicionais coreanas. Semelhante ao Brasil, onde a justaposição de religiões e filosofias se dá com o Espiritismo e as de matrizes africanas. Na Coreia do Sul, ela tem se adaptado às tradições culturais do país, como a realização de rituais e festas religiosas em que se combinam elementos do catolicismo e do budismo, por exemplo. 

Sequer os k-dramas (as novelinhas coreanas) escapam da presença de elementos de fé. Em “Young Lady and Gentleman” o casal protagonista se reencontra diante de uma imagem de Nossa Senhora, num templo católico, onde consagram suas vidas. Já em “O sacerdote impetuoso”, um personagem formado como soldado de combate mortal vira padre e enfrenta uma máfia. Sendo um misto de comédia e drama, tem cenas bem violentas. No entanto, o trato com a figura do sacerdote é respeitoso, sem as apelações ocidentais de que, neste caso, sempre arrumam uma parceira para desencaminhá-lo do celibato…

O catolicismo, na Coreia, é uma fé minoritária. Seu crescimento se deve a uma forte presença leiga, antes mesmo que fosse feito o trabalho de missionários. Pesquisas apontaram a “simpatia” pela religião por sua forte presença nas causas sociais. O Budismo tem o maior percentual, seguido daqueles que se dizem protestantes. O fenômeno interessante é que o Budismo chega a 22% da população; cristãos (católicos e protestantes, somados) a quase 40% e as demais denominações fecham os outros 38%.

A cultura oriental tem suas próprias peculiaridades. Não se pode generalizar, com a antiga história de que são “todos com olhos puxadinhos…” Eventos como este, reunindo jovens de todos os continentes, alavancam o fervor religioso, mas também tem reflexo no turismo, economia e o dia a dia das pessoas. Foi assim no Rio de Janeiro, como em outras grandes metrópoles. Certamente, com a presença do papa Leão XIV, a oportunidade de se rezar pela paz e o tão necessário entendimento entre os povos.


domingo, 22 de junho de 2025

Simplesmente assim: O outro

"Bom-dia", "Boa-tarde", "tudo bem?"

Não são palavras que apenas acolhem. 

Mais ainda: anulam a invisibilidade.

A pessoa na parada do ônibus por onde andas,

O jardineiro aguardando passares a fim de te proteger,

A catadora de lixo reciclável que todos os dias

Revira os latões em busca do sustento.

Quando levantam os olhos

Compartilham a angústia por estabelecer pontes.

 

Saudar alguém que já se conhece é costume.

Surpreender um passante na rua com um sorriso,

Uma palavra de carinho,

Revoluciona o estado de espírito

De quem dá e de quem recebe atenção.

Encolhidos e escondidos em nossos casulos

Perdemos o melhor no baile da vida:

Para seguir o compasso pelo salão é preciso

A coragem de tirar alguém para dançar…