terça-feira, 30 de julho de 2024

A magia do Rotary: o encantamento da solidariedade

O Rotary Pelotas Oeste, através da amiga Bete Madruga, convidou para falar na sua reunião festiva do dia 23 de julho. Nas primeiras conversas, pensei abordar o que é a minha área, juntamente com o que é forte na entidade: a amizade e a comunicação. Pesquisei a respeito e encontrei amplo material da presidente eleita do Rotary International para o biênio 2024-2025, Stephanie Urchick. Revelou que o seu lema será “A magia do Rotary”. Destacando o poder transformador da organização em salvar vidas e promover a paz.

Propus, então, titularmos nossa conversa como: “A magia do Rotary: o encantamento da solidariedade”. Para uma organização que sente a necessidade de se reinventar, hoje, num tempo de tantas transformações, a magia do Rotary está em dar um sentido mais profundo à amizade (com a casa da amizade, por exemplo, assim como a amizade social, proposta pelo papa Francisco) e a solidariedade (que não é mero assistencialismo, mas uma provocação social). Encontrando um equilíbrio entre continuidade e mudança. 

A própria presidente Stephanie foi tocada por um projeto popular. Trabalhou na República Dominicana, numa atividade que dava acesso das populações mais pobres a filtros de água, com suas consequências, especialmente na saúde. Ao acionar uma, quando entrou o líquido sujo e saiu limpo, foi o encanto de quem assistia um autêntico “milagre”. Dois garotos, embasbacados, pediram: "faça a mágica de novo!". Era uma mudança real nas suas vidas, o que podia parecer pequeno, mas tem um importante papel social.

Destas andanças pelas periferias do Mundo, vivenciando a realidade, aprendeu, com experiências simples, que a capacitaram para onde chegou. Hoje, reconhece e luta para que se amplie o poder irresistível que organizações sociais têm em proteger e salvar vidas. Trazer a paz ao Mundo não é apenas balançar uma vara de condão e dizer palavras mágicas, mas estar atento às feridas sociais, como a fome, a saúde e a paz que, em 2025, será motivo de uma conferência tratando do tema "curando um mundo dividido". 

Para o Rotary, somos todos "cidadãos do mundo". Com as origens na África, de onde homens e mulheres ocuparam a Terra. Então, a fome que alguém passa é o pecado que um dia eu vou pagar; a doença curável - e que ainda mata - é culpa da minha omissão… amarelos, pretos, brancos e todas as combinações de cores possíveis, acima de tudo, pertencemos a uma só “humanidade”. Capaz de estender as mãos e nos tornarmos a possibilidade de mudança. O desafio apresentado pela presidente Stephanie de quem é capaz de “abraçar a magia da solidariedade!”

domingo, 28 de julho de 2024

Onde guardo os sonhos e os meus afetos

Abre as minhas mãos.

Sabes o que tenho guardado dentro delas?

Algo mágico que vai perturbar a tua imaginação. 

Quando fores liberando, dedo por dedo,

Chegará o momento em que, já revelada, 

Sua concha te mostrará os sonhos e meus afetos…


Sempre estiveram ali.

Nunca tive coragem de deixá-los ir muito longe. 

Se, em algum momento, estiveram fechadas,

Era para protegê-los,

Sabendo que não se contentam em ficar reclusos

E que sempre há um tempo para se aventurar.


Minhas mãos nunca estiveram vazias.

Durante momentos difíceis, 

Fiquei com medo de que os abafasse.

Protegê-los demais também causa 

A sensação de perda, a sensação de vazio. 

Aquele instante em que meus dedos se contorcem,

Incapazes de aprisionar sentimentos...


O santuário onde guardo os sonhos e meus afetos

Tem as marcas da minha incompletude.

Ali, foram escavados meus sentidos e 

Lanhadas as linhas do meu destino.

Sem conseguir desvelar seu lugar de aconchego, 

Restou acreditar que de tudo o que passei

Ainda resta uma sombra imprecisa do que vivi.


Ao contemplar as palmas das minhas mãos,

Vejo que continuam lisas por serem 

O porta-joias da minha existência. 

E seu dorso está desgastado por tentar

Preservá-la das intempéries…

A beleza que o tempo, sem pressa, esculpe em 

Suas linhas, com as marcas da leveza e da gratidão!

sexta-feira, 26 de julho de 2024

Jovens tardes de muitas lembranças…

Restou um violão encostado na parede.

Pelos lugares onde se viveu,

Há resquícios de risos, sorrisos,

Conversas altas e descontraídas,

Canções que grudaram na memória

E as noites em que dançar 

Era a magia da sedução possível...


Uma roda de música tinha 

A sonoridade do pandeiro, com

A batucada nas mesas, talheres 

Ou qualquer objeto que desse ritmo. 

Aquecer a voz envolvia a forma 

De partilhar trejeitos e olhares,

Que eletrizavam um momento... 

Era mais do que cantar,

A liturgia que se apossava do corpo inteiro. 


Éramos tão jovens e qualquer desculpa

Servia para que se ficasse juntos. 

Conhecíamos sonhos e aflições,

O jeito de ser de cada um,

Anseios e expectativas,

Partilhando o aconchego 

De viver em um lugar simples

Que podíamos chamar de lar.


Nossos horizontes apenas

Alcançavam as fronteiras da cidade.

Não havíamos ganhado o mundo,

Nos contentávamos com a rua,

A escola e, mais tarde, o trabalho, além 

Daqueles que precisávamos para aquecer

O sentido da nossa história. 


Muitas tardes de sábado, de domingo,

Noites de verão e de férias

Tinham o gosto da partilha.

Na casa de alguém,  no centro social, 

Na beira de um campo de futebol,

Nas esquinas e nas praças.

A atração fazia com que onde estivesse um,

Em pouco tempo, juntava-se uma galera...


Jovens tardes de muitas lembranças…

Um tempo de sonhos e esperanças. 

Hoje, as ausências doem mais quando 

As presenças se mostraram tão marcantes. 

"Eu me lembro com saudade o tempo que passou..."

Passou tão depressa que em nós deixou

A inspiração por todas as nossas memórias, 

Guardadas na mente e em cada coração…

terça-feira, 23 de julho de 2024

Renegado, gripado e pedindo vacina…

Os frios recentes, acompanhados da umidade na região, são o cardápio ideal para tomar força uma velha conhecida: a gripe. Infelizmente, a forma mais segura de se prevenir tem sido colocada de lado por informações enganosas e relaxamento: pouco mais do que um terço da população, que já poderia ter sido vacinada, foi até os postos de saúde em busca desta proteção. Sempre é bom lembrar que ainda temos entre nós a presença do Covid e da Influenza, causando, inclusive, mortes.

Apesar das discussões negacionistas, não resta dúvida de que a vacina é a principal ferramenta para defesa do corpo. Ela está disponível de graça nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), sendo que, mesmo nos casos em que a infecção não pode ser evitada, os sintomas podem ser amenizados. A contaminação se dá pelos motivos já citados - frio e umidade - e também pela permanência em espaços fechados onde circulam muitas pessoas que, contaminadas, insistem em não se proteger, com a máscara, por exemplo.

Qualquer um que tenha tido os sintomas gripais sabe o quanto é desagradável e torna qualquer um “renegado”, como diriam meus tios, lá no interior de Canguçu. O corpo reclama que tem alguma coisa errada e que não consegue funcionar adequadamente: o nariz entope, dói a cabeça, fica-se imprestável. Pensando em produtividade, o quão difícil se torna atender plenamente as atividades profissionais quando se está debilitado e pedindo um repouso. Além de criar um espaço propício para o vírus. 

As vacinas evoluíram muito desde que nos assustamos, em criança, com a parafernália em que uma autêntica “pistola” servia de instrumento de aplicação. Pena que não se possa dizer a mesma coisa daqueles que preferem as teorias da conspiração. Nega-se o óbvio: em todo o mundo, especialmente em regiões mais pobres, é fundamental para aumentar a expectativa e a qualidade de vida dos cidadãos. Quem prefere as fake news presta um desserviço à sua família, vizinhos, amigos e companheiros de trabalho. 

Renegado, gripado e pedindo vacina… Efeitos colaterais podem acontecer.  Nada que justifique se negar a recebê-la. Não há como vacinar 100% da população. O “efeito manada” beneficia porque, com mais gente imunizada, menor a possibilidade de que o vírus tenha a facilidade de encontrar terreno propício, consequentemente, criando-se uma proteção em massa. O inverno recém mostra as suas garras. Não pense muito: pelo sim, pelo não, aguente a picada da agulha. Por favor, não é hora de fazer fiasco!

domingo, 21 de julho de 2024

Rabiscado com o gosto de uma canção

As cartas não chegam mais.

Alguém ainda escreve

Suas "mal traçadas linhas"?

Difícil encontrar

Envelopes carregados pelo carteiro,

Deixados na caixa de correspondência

Ou colocados debaixo da porta.

 

Os registros de muitos sentimentos:

As paixões, emoções, decepções;

Encontros e despedidas...

Rabiscados, com o perfume de quem escreveu,

Em que se trocavam confidências,

Alimentavam amizades,

Se amenizava a ausência e a saudade.

 

Anotações perdidas

Em meio às páginas dos livros,

Onde se escondiam pedaços de papel,

Com rascunhos que precisavam

Ser passados a limpo.

Cuidando a caligrafia e o melhor

Jeito de expressar sentimentos…


As cartas chegando…

Depois, amarradas com tiras coloridas,

Formando as memórias

De tudo o que se desejava conviver.

Estendiam braços e abraços

Em direção de quem se gostaria que

Estivesse presente na vida de cada um. 


A viagem por um tempo em que

O carinho vinha de longe. 

Lembretes, guardados 

Com o gosto de uma canção 

Murmurada à distância, 

Para quem ocupou lugar na memória

E não se quer apagar de nossas vidas…

sexta-feira, 19 de julho de 2024

Antes que tudo desapareça…

21 de setembro: Dia Mundial pela Conscientização da Doença do Alzheimer.


Minhas memórias se esvaem lentamente.

Ao chegar o crepúsculo da minha existência,

Se já não conseguir permanecer na realidade,

Confundindo com a fantasia,

Ainda assim, tem paciência comigo.

Guarda um tempo para segurar a minha mão.

 

Se possível, passeia comigo pela rua.

Teu sorriso será o bálsamo a

Amenizar meus sentimentos confusos,

Num tempo em que minhas lembranças

Vão sendo apagadas ou se misturam.

Muitas vezes lembro do passado remoto,

Sem clareza do que acontece no presente.

 

Os nomes se atrapalham em minha mente;

Esqueço dos detalhes mais simples;

Confundo as atividades do dia a dia;

Quedo-me na espera por coisas que já passaram;

Pergunto por aquilo que já foi respondido.

O que sou é apenas uma sombra do que já fui.

 

Mesmo assim,

Minhas lembranças cabem no teu sorriso.

Tua voz, teu olhar

Tuas mãos que firmam as minhas são

O arrimo que resgata uma réstia de sanidade.

Meu coração inverna por lugares em

Que somente o calor da tua presença

Impede que desista e me recolha ao abandono…


Memórias são sempre oportunidades.

Vivencia-se o que não se deseja olvidar.

Produzir boas lembranças é tecer

Com os fios que amarram sentimentos,

Formam a tapeçaria que inspira

Os detalhes preciosos de uma vida.

O esquecimento não supera

O amor que alguém ainda pode dar e receber.


Envelhecer não é um mal.

Não tenho

A receita de como cheguei até aqui.

Ultrapassei barreiras e me sinto agraciado.

Porém, antes que tudo desapareça,

Vivo momentos em que necessito,

Apenas, que não me esqueças,

Não me abandones:

Me dá o direito de envelhecer

Sabendo que ainda sou amado…

terça-feira, 16 de julho de 2024

Eleições de outubro e o novo normal

As eleições de outubro deste ano são - para nós, simples mortais - as mais importantes no que se refere à vida do brasileiro comum. Embora os meandros jurídicos sejam complicados e tortuosos, exatamente para que o cidadão se canse e dispense sua compreensão, prazos eleitorais estão sendo fechados e entra-se na reta final para a escolha de prefeitos e vereadores. O pleito é para o preenchimento de cargo na casa onde se deveria trabalhar a responsabilidade pelas ações que propiciam o bem-estar do munícipe (a prefeitura).

Na outra instância, a câmara de vereadores, é o lugar, por excelência, onde se fazem as grandes discussões da sociedade, com as representações comunitárias e os fóruns profissionais capazes de alertar para as necessidades básicas, assim como fiscalizar a administração pública. Cuidar da educação, saúde, conservação dos bens comuns, por exemplo, deveria ser trivial. Mantendo os olhos abertos para o planejamento a médio e longo prazo, capaz de alertar para possíveis transtornos e preparar para tempos mais difíceis. 

Por exemplo, o caso das enchentes e da previsão de seca, ainda este ano. As mudanças climáticas e o aquecimento global mostraram-se piores do que o anunciado, criando o novo normal, que se repete sem que se possa tornar previsível. Pelotas é um dos casos e demonstrou toda a falta de planejamento. Correu-se atrás do prejuízo, aprendendo, da pior forma possível, o quanto a cidade, especialmente o bairro do Laranjal, está exposta e a proteção fragilizada. Pode acontecer de novo? Pode. Quando? Ninguém sabe…

Se de fato a dor ensina a gemer, é preciso revisar os zoneamentos e conhecer soluções em outras realidades para não apenas reconstruir, mas fazer uma área urbana, especialmente, melhor do que já se teve. Os especialistas dizem que é trabalho para 10, 20 anos. E que precisa de uma mudança de mentalidade, já que fomos acostumados à pobreza dos serviços públicos, pois, quando acontecem catástrofes, nos conformamos em ficar mais pobres, sem estímulo para focar nos desafios, que somente a conscientização pública cria.

As mudanças climáticas repetirão as catástrofes. Infelizmente, hoje, prevenir não significa evitar, mas criar mecanismos que salvaguardem vidas. Mesmo países desenvolvidos investem em proteção e informação. O que passa pela educação, em todos os sentidos. Um exemplo da atualidade é a Tailândia, para onde converge o “turismo político” para ouvir o elementar: é preciso preparar os educadores e pagar adequadamente quem ensina, formando um cidadão consciente, capaz de escolher bem a sua representação política.

domingo, 14 de julho de 2024

O anjo que habita em teus sonhos

Os olhos estão fechados.

O semblante sereno e

Os lábios têm o sorriso

Do anjo que habita em teus sonhos.

Embora teu corpo repouse,

Vagas por um mundo de encantamentos...

 

O sonho é o lugar em que te refugias

Em busca da felicidade.

Onde o amor é razão para não desistir

E, mesmo que os desapontamentos aconteçam,

No cansaço daquilo que parece inalcançável,

Encontras uma razão para continuar.

 

Os devaneios são o refúgio

Quando se precisa escapar da realidade.

Ao final do sono,

Com ou sem lembranças,

É necessário acordar para o dia a dia,

Na dormência entre a imaginação e a realidade,

O limbo em que moram as promessas.

 

Se as decepções são inevitáveis,

Então, por que procurar pelo amor?

Nos sonhos, aprende-se que é um

Sentimento capaz de fazer alguém feliz.

Não são lugares que alegram o coração,

Mas a contínua busca por

Quem te ajuda a alcançar a paz.


Quando castelos ruírem, faltar o chão,

Sentir-se abandonado e chorar ausências,

Serena tua mente, acalma o coração.

No despertar, deixa que um sorriso bobo

Se estampe em teu rosto.

No nevoeiro das lembranças,

Os sonhos dão o gosto da vida que 

Sempre oferece a oportunidade de recomeçar…