sexta-feira, 1 de setembro de 2023

A razão de ser de uma lágrima

Há uma lágrima que rola por teu rosto

Quando a madrugada acaricia teus sonhos,

Sem o direito de recordar a razão.

É o pranto que acompanha tua vida,

Desde o teu primeiro gemido,

Quando reclamaste por não intuir o teu futuro.

Choraste quando querias ter rido,

Começavas a partilhar de uma história,

Sem perceber que de muitas outras

Acabarias por tomar parte...

 


Ninguém passou por ti indiferente.

Alguns despertaram o riso,

Outros sorrisos,

E os que mais te marcaram

Foram os que te deixaram lágrimas.

Que te fizeram sofrer,

Misturadas à alegria,

As que despertaram em ti emoções.

 

Vieste ao Mundo em busca de felicidade,

Querias aprender com as flores,

Que bailam no sussurro da brisa

E não esquecem de quem as regou e acarinhou.

 

Mendigaste a partilha dos teus sentimentos.

Idealizaste um sonho:

Com qualquer sofrimento,

Viverias nas sendas em que

Cores e perfumes fazem a química

Onde borbulha a essência da vida.

Ali, soluços transbordam e

As dores já não cabem num peito.

 

Assim como não se controlam as lágrimas,

Também não se controla o amor.

Há um choro contido quando

O pranto encontra o caminho de um olhar,

Por trilhas já percorridas, na descoberta

De que as lágrimas que secaram

Ficam na memória e as marcas selam teu rosto...

 

Ecos do pranto da criança que se aventura

Necessitando demarcar caminhos;

O jovem experimentando na sedução

Sentimentos conturbados;

O momento em que a única lágrima

No rosto do idoso marca a despedida;

 

Regam o rumo da esperança,

Que não precisa ser o caminho do pranto.

Não pode deixar

Que te arrependas dos teus sonhos.

Deixa as secar ao sabor da brisa

Que atiça os cata-ventos.

Seguindo o teu destino: a agonia da perda é

A lágrima que não encontra a sua razão de ser...

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