terça-feira, 13 de setembro de 2022

A carruagem dos sonhos e dos negócios

Pelos próximos dias vamos ouvir muito a respeito de uma das instituições mais sólidas da História: a da família real Britânica. A morte da rainha Elizabeth (com mais de 70 anos à frente da corte e 96 de idade), mesmo esperada comove o Reino Unido e a comunidade internacional. Quando se discute a preservação de figuras como reis e rainhas, a Inglaterra institucionalizou a família real como uma marca poderosa, política e economicamente, que a transformou em uma das mulheres mais ricas do Mundo.

O palácio de Buckingham é referência cultural no país e também no cenário mundial, atraindo os olhares de turistas e curiosos. Tendo que lidar com os escândalos que envolveram sua família, a soberana ainda era governante suprema da Igreja da Inglaterra e comandante suprema das Forças Armadas. Seu título mais importante, óbvio, era o de rainha do Reino Unido e de mais 14 estados independentes - os Reinos da Comunidade das Nações – iniciado em 1952 até sua morte na semana passada.

Quem já frequentou alguma das cerimônias - como a troca da guarda, por exemplo - diz que é um ritual impecável, acompanhado por súditos e turistas como se estivessem numa celebração. E é exatamente este fluxo de interessados que alimenta as contas da realeza, somando-se aos inúmeros negócios que levam a grife da coroa britânica. Em qualquer lugar do mundo, se alguém ou uma empresa pensar em utilizar da simbologia real para um produto ou serviço precisa ser licenciado e, claro, recolher o seu “tributo”.

Quem assistiu a série The Crown (a Coroa), uma crônica da vida da rainha Elizabeth II, desde os anos 1940 até recentemente, testemunhou fatos históricos se misturando com a ficção. Este período longo teve tudo o que se poderia imaginar de um bom folhetim: intrigas pessoais, romances e rivalidades políticas que, de alguma forma, fizeram parte do que moldou o século XX, sem que a soberana perdesse a sua fleuma. Era a referência familiar, assim como agiu nos bastidores para ser a referência política em seu reino.

Analista, falando do recente Sete de Setembro, disse que naquele momento havia um “projeto" de nação. Que projeto se tem para o Brasil? Especialmente quando se sabe que, até o último fim de semana, campanhas eleitorais gastaram mais de três bilhões de reais (dados do TSE), tirados de onde? Contrapondo com os gastos da realeza britânica que se sustenta pela própria “marca” ou seus investimentos. Diferente do Brasil, onde se acredita que “alguns” podem sugar recursos públicos para benefício próprio.

A instituição realeza britânica é a carruagem dos sonhos e negócios de quem tem noção do quanto a economia tem que estar em consonância com o que se espera das figuras públicas. O resultado de um projeto de educação cidadã, onde tudo aquilo que se refere à nação e ao país tem respeito e credibilidade. É uma longa história para reverter a desconfiança que, infelizmente, o brasileiro tem com as suas instituições. O primeiro passo, certamente, pode ser dado nas eleições do dia 2 de outubro...

Um comentário:

Unknown disse...

Parabéns pelas excelentes colocações! Muito bem fundamentadas elas retratam duas realidades tão diferentes quanto distantes. Quiçá dia possamos ter uma realidade próxima da britânica.