domingo, 4 de setembro de 2022

Uma boa roda de conversa

Éramos jovens, muito jovens, na década de 70, e o ponto de encontro era o “salãozinho” do Grupo em Busca de um Novo Sol (os GEBUNS), nos fundos da igreja de Santa Teresinha. Fins de semana em que não se tinha os “bailinhos”, ou praticamente todas as noites de férias escolares, especialmente do verão, as reuniões aconteciam para jogar ping-pong, conversar, juntar os violões da Lucinha, Hilda e o Toninho e cantar músicas religiosas, mas também vasculhar a memória afetiva e os sucessos dos bons tempos...

Quando criança, uma vez por semana, o pai fechava o armazém mais cedo, reunia a família, acendia um lampião e partíamos para um vizinho. Ouvia-se, nos programas de rádio, desde música gauchesca até a jovem guarda, que aparecia no início da década de 60. Sempre lembro da casa do seu Borges e da dona Eva, onde os homens jogavam carta, as mulheres conversavam e as crianças brincavam até cansar e dormir, quando eram “aninhadas” numa cama até voltar para casa, com o próximo carteado marcado.

O professor Jandir conta que os italianos tem o “filó”, quando um grupo de vizinhos se encontra. O esquema é parecido, com jogos de cartas para os homens, os “jovenzinhos” se encontram noutra peça em “namorico”, as mulheres se reúnem na cozinha e as crianças ficam por baixo das mesas, brincando e ouvindo as conversas dos mais velhos. Cada um compartilhava da sua dispensa e fazia-se um jantar em que não podia faltar a macarronada e o galeto. Coroados por copos de vinho e as cantorias da terra de origem.

Na semana passada, a família Osório deu continuidade à proposta de todas as últimas quartas do mês fazermos uma live do programa Partilhando em forma de serenata. Muitos integrantes do que chamamos de família Partilhando alertaram para o fato de que, para além da beleza das músicas e das vozes, havia um reencontro de quem partilha uma vivência e uma história. Era, através das redes sociais, uma roda de conversa em que se demonstra carinho pelos “artistas”, mas também se faz um bom encontro.

Uma roda de conversa. Parece ser uma necessidade que ainda hoje se tem, mesmo com as dificuldades apresentadas pela pandemia, que já foi precedida por muitos problemas de interação. Os lugares do entretenimento e da comida são fundantes para auxiliar nas relações sociais e religiosas. O “ágape” e o “ludus”, que perpassaram muitas lembranças carinhosas, como a dos italianos que já enterraram aqueles que cruzaram os oceanos, mas nos brindam com a mesa farta e seus costumes, em grupos ou através do turismo.

Para muito - incluindo idosos e doentes - as redes sociais são os espaços possíveis.  Foi o que fez o professor Lupi ao propor a roda de conversas chamada Partilhando. Somam-se a Bela e o Luiz que aceitaram o desafio de todos os meses ter nova família cantante, na Serenata. Além dos convidados especiais e a professora Tininha, com a proposta de que se entenda a Liturgia, não apenas como saber teórico, mas para viver melhor o sentido da fé cristã-católica. Uma forma de encontro e de boa conversa. É o que sabemos fazer de melhor, “com gosto de viver Igreja!”

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