terça-feira, 31 de maio de 2022

Com as mãos sujas de terra

No próximo domingo, 5 de junho, comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. Este alerta aos cuidados do planeta chega aos seus 50 anos, desde que foi instituído, na Conferência de Estocolmo. A sua preparação tem, no Brasil, a Semana do Meio Ambiente, que, este ano, propõe que se reflita sobre “uma só Terra”. As principais autoridades da área acreditam que a consciência ambiental deveria ser pauta de todos os dias, já que, no dizer do papa Francisco, esta é a “casa comum”, mas as datas especiais são marcos necessários para alertar a respeito dos problemas que já se enfrentam.

Pesquisadores chamam a atenção de pontos que são de participação direta da população, enquanto outros são de conscientização necessária para pressionar representações políticas. O professor Carlos Alberto Mendes Moraes, da Unisinos, disse ao jornal Zero Hora que “é preciso recorrer à busca por informações confiáveis, como estudos, especialistas da área e autoridades competentes, e ter cuidado com a disseminação de conteúdos falsos sobre o tema.” Mesmo autoridades que estão todos os dias na mídia, em muitos casos, por distorcerem fatos, mais atrapalham do que ajudam.

Os recursos que a Mãe Terra oferece são discutidos em salas de aula e instituições, desde cedo. Mas, pela velocidade com que estão se mostrando finitos, deveriam iniciar em casa, o primeiro espaço educativo. O consumo de forma consciente e responsável se aprende por teoria, mas, especialmente, pelo exemplo. E isto se dá bem antes da ação da compra, responsabilizando crianças e jovens por seus hábitos de consumo. Infelizmente, é fácil de se distinguir famílias que adotaram princípios de austeridade e as que esbanjam sem a mínima preocupação com as gerações futuras.

São muitos os motivos de preocupação, mas, na região em que Pelotas e Rio Grande são referência, destacam-se as questões do descarte do lixo e dos recursos hídricos. Infelizmente, por falta de educação da população, dos catadores e dos serviços de recolhimento, é comum que se coloque lixo em espaços descobertos e fora de horários; esparrame resíduos daquilo que não interessa e fique parte das cargas pelas ruas da cidade, num trabalho apressado e sem qualificação. Valendo lembrar o princípio básico de uma das campanhas públicas que dizia: “cidade limpa é a que ninguém suja”.

Pode-se discutir a questão do desmatamento na Amazônia (que é necessário), mas se tem problemas de igual porte: as duas principais cidades são cercadas por águas. Tanto pelo mar, lagoas e rios que emolduram os espaços urbanos. Preocupa o fato de que a poluição já está presente. O que deveria ser o maior presente que a natureza concedeu ao homem é vítima das suas atividades na produção agrícola, industrial e, mesmo, da forma como são descartados os seus esgotos. Este é, na verdade, um dos “recursos finitos” pelo qual, mais cedo ou mais tarde, se pagará o preço do mau uso.

Numa palestra em que falava sobre valores e referências, um educador destacou a importância da preservação do meio ambiente com um exemplo singelo: a base da educação se torna mais fácil se os primeiros educadores forem os pais e a família. A criança que acompanha os pais ou avós enquanto trabalham no jardim ou horta - e já tem apetrechos para brincar na terra ou na grama – introjeta a importância do que faz em “grupo” para a sua vida e a da sociedade. Com as mãos sujas de terra e os olhos em quem pratica, aprende que “as palavras movem e que os exemplos arrastam”.

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