segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Respeitar o indivíduo, respeitar a democracia

Sou viciado em zapear. Me explico: quando não há algo muito interessante, troco de canal e, muitas vezes, repito este processo. Em algumas ocasiões, lembro daqueles que assistiam à Sessão da Tarde. Hoje, teriam muitas "sessões da tarde", às vezes, como dizia meu pai, "com filmes inéditos... esta semana!"
Também gosto de acompanhar o final dos filmes, a parte em que as coisas se resolvem. Numa noite de sábado acompanhei dois: Nanny McPhee, a baba vivida por Emma Thompson, tendo em Colin Firth o viúvo desesperado para criar sete pestinhas! E a célebre frase: "quando precisam de mim e não me querem eu fico. Quando não mais precisam de mim, mas me querem, aí eu vou embora".
O outro foi Toy Story 3, quando Andy vai para a faculdade e decide levar, de seus brinquedos, apenas o Xerife Woody. O que fazer com o resto da turma? Cada um fez parte de uma parte de sua vida. É como se restassem as lembranças dos momentos - bons e maus - que deram sentido às etapas da infância e do início da adolescência.
A cena emblemática ficou por conta do momento em que, decidido, precisa entregar todo o seu tesouro. Mesmo o Xerife Woody... Por um instante, sua decisão balança. É o tempo de deixar que outros vivam as etapas da vida das quais se sugou bem mais do que se admite, mas estão vencidas. Deixando a impressão de que se leva as marcas que sinalizam o próprio amadurecimento.
Fazer a transposição é saber que muitas são as pessoas que se tornam importantes num momento e, noutro, passam a fazer uma ausência saudosa. Pela morte, distanciamento físico ou apenas por se deixar de conviver seguiram seu destino... E a vida espera que cada um encontre forças suficientes para continuar.
Foi no que pensei ao me deparar com a guerra de informações que se vive ainda em função das eleições. A sensação é de que estamos órfãos de lideranças fortes e consolidadas que auxiliem "quando precisam de mim". Mas que, ainda carentes e engatinhando, o confronto se dá por birra ou infantilismo político.
Esta é uma fase do amadurecimento: as eleições deveriam ser um processo em que fosse natural a alternância de poder (entregar os brinquedos). Mas não o é. Aprende-se pelo jeito mais difícil que o confronto demanda tempo para ser resolvido.. e curar feridas! Tristemente, os projetos são deixados de lado e ambos tem seus "políticos de estimação". Como alertava Albert Einstein: "o meu ideal político é a democracia, para que todo o homem seja respeitado como indivíduo e nenhum seja venerado".

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