quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Fazer política, fazer pastoral...

Falar de eleições, neste momento, é repetir o óbvio: eleitos o governador e o presidente deixam de ser de um partido e passam a administrar o bem de todos. Mas, infelizmente, não é o que vai acontecer. A perspectiva é de que se tenha um país cindido entre os que se julgam vitoriosos e pessoas ressentidas.
O processo eleitoral dividiu os brasileiros. Costurar este tecido rasgado é um trabalho que somente políticos calejados poderiam fazer. E não temos no horizonte lideranças que se mostrem com esta capacidade. Ao contrário, mesmo aqueles que tentam apaziguar os ânimos acabam colocando mais lenha (ou gasolina) na fogueira.
Este deveria ser um dos papeis de lideres religiosos: exercer a profecia sem que se faça o estouro do rebanho. Saber que num momento delicado é preciso ter sensibilidade para ouvir muito, calar outro tanto, e ajudar vitoriosos a voltarem ao equilíbrio e aos derrotados a transformar feridas em experiências.
Conversando com lideranças falava a respeito da palavra "pastoral", da qual se perdeu o sentido original, transformando a atividade em burocracia, especialmente reuniões. Vale recordar: a palavra vem de "pastor", quem cuida de ovelhas. A imagem do "bom pastor" é a figura de Jesus tendo um animalzinho ao colo e dando-lhe o devido cuidado. Não é um tratador de animais que tem uma agenda na mão ou um manual!
Jesus dizia: "conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem." No frigir dos ovos, duvido que muitos destes "homens e mulheres de Deus" conheçam efetivamente o seu rebanho. Por isto mesmo se mostram escandalizados que os meios de comunicação falem em "católicos e evangélicos" apoiando este ou aquele candidato.
A religião se afastou tanto da vida das pessoas que passou a ser mais uma opção... assim como torcer para Brasil ou Pelotas, Grêmio ou Colorado... "Não vou a Igreja, não concordo com os princípios que ela prega, mas me acho no direito de dizer que eu, enquanto "membro" de uma delas, defendo a direita, o centro ou a esquerda..."
Os tempos que se aproximam exigem presença de espírito de todas as lideranças, até as religiosas. Com a definição dos papeis de governo tornam-se mais claras as políticas públicas, mostrando as "unhas" de quem até agora se escondeu sob o manto de um discurso marqueteiro. Como disse um bispo: "a hora de despertar a profecia!"
Reorganizar a sociedade é reunir os dispersos e não deixar que percam a esperança. Uma ovelha no colo e um olhar no horizonte é tudo o que um bom líder precisa. Há um longo caminho a percorrer, porque fazer política, assim como fazer pastoral, é alimentar o sonho de um mundo melhor... quem sabe, a sociedade sonhada por Deus!

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