sábado, 23 de agosto de 2025

O Menino do Pijama Listrado

Leituras e lembranças:

O Menino do Pijama Listrado, do irlandês John Boyne, é uma ficção histórica lançada em 2006. Aborda o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial, de uma perspectiva diferente: a de uma criança. A narrativa é contada a partir da visão de Bruno, garoto alemão de 9 anos, filho de um oficial nazista, cuja vida muda drasticamente quando a família se transfere de uma confortável casa em Berlim para um lugar isolado e triste que ele, por não saber pronunciar, chama de "Haja-Vista" (uma adaptação de Auschwitz).

Na nova casa, Bruno observa um campo de concentração vizinho. Acredita ser uma fazenda e fica intrigado com as pessoas que vivem lá, todas vestindo "pijamas listrados". A solidão o leva a explorar a cerca que separa sua casa do campo. É nesse local que ele conhece Shmuel, um garoto judeu que tem a mesma idade que ele e está do outro lado da cerca. 

A partir desse encontro, uma amizade pura e incomum floresce. Bruno não compreende por que seu amigo é magro, triste e está sempre com medo. Também não entende por que estão separados. O livro segue a sua jornada, buscando entender o que é o campo e por que tudo aquilo. A inocência do protagonista confronta a crueldade do regime nazista, culminando em um final chocante e emocionante que destaca as terríveis consequências da guerra.

O livro é conhecido por seu impacto emocional. Toca o coração de leitores de todas as idades, mostrando a amizade pura em meio a um contexto de ódio extremo. A simplicidade da escrita torna a obra acessível a um público mais jovem, servindo como introdução ao tema do Holocausto. Mas gerou controvérsias, especialmente entre historiadores e educadores. A principal crítica é a falta de realismo histórico e verossimilhança.

A ficção não tem a obrigação de se ater à narrativa histórica, mas sim a liberdade de utilizar elementos da realidade e provocar o desejo de ampliar conhecimentos. Ou apenas a sensibilização para uma realidade. Continua sendo uma obra de ficção importante, que precisa ser lida e discutida com cautela, especialmente em um contexto educativo. Serve como um lembrete poderoso de que a inocência pode ser perigosa e que a indiferença ou a ignorância podem levar a consequências trágicas. (Pesquisa e imagens gerada pela IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com. Áudio e vídeo em https://youtu.be/SzqoRUIDP8k)

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

“Deus te abençoe”

Artigo da semana:

Costumo terminar conversas, ou quando me despeço, utilizando a expressão “Deus te abençoe”. É, mais do que um hábito, a forma de compartilhar a energia que, na minha visão, se tornou rara atualmente. Por quê? Como peço em sala de aula ou em palestras que não tenham medo de “gastar o sinal da cruz”. Para mim, além de ser sinal potente de religiosidade, é um catalisador de forças positivas. As mesmas energias que se tornaram escassas em serem socializadas… 

A prepotência da secularização contribuiu com a polarização que se vive. Embora a definição de que “somos um animal social”, sempre houve propensão ao confronto. Instituições religiosas, na grande maioria, procuram contribuir para um convívio social em que a aceitação do diferente (político, racial, de gênero…) não seja empecilho para harmonizar discrepâncias. A diversidade sempre foi pregada como possibilidade de enriquecimento de um todo.

Questionam-me, seguidamente, sobre grupos fundamentalistas nas religiões que acirram confrontos. Defendo que as chamadas “guerras religiosas”, sempre serviram de desculpas em disputas financeiras, políticas ou mesmo de vaidades. Infelizmente, por serem comunidades humanas, agrupam muitos e diversos interesses que podem ficar, por um tempo, adormecidos. Quando se sentem fortalecidos, transformam ressentimentos em bandeiras de batalhas.

Mesmo os “homens de Deus” de todas as religiões, continuam sendo homens. Sujeitos a uma história familiar e social, traumas, dificuldades de relacionamentos, ambições, deformação de caráter. Perde sentido a religião que representam? Em princípio, não. Demonstra quão longo é o caminho de conversão, mesmo para quem está perto de ambientes considerados sagrados. Porém, continuam necessários para quebrar correntes colocadas nas portas do diálogo religioso e social.

“Quem nunca pecou, atire a primeira pedra”. Readquirir confiança na interação e praticar a tolerância. Receita para um diálogo civilizado que permite ao diferente manifestar-se sem que se torne um antagonista. Para pessoas de fé, um “Deus te abençoe” não pode ser negado a quem foi feito “à imagem e semelhança de Deus”. E quando se sente que a energia se esvai, traçar o “sinal da Cruz” é a razão para se convencer de que a humanidade ainda merece uma nova chance…

(Imagem gerada pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/Nh211RaKy0Q)

domingo, 17 de agosto de 2025

No rodopiar do guarda-chuva…

 Bom-dia! 

De volta em áudio e vídeo. 


Simplesmente assim:

Meus sonhos se abrigam na proteção de um guarda-chuva.

Os primeiros pingos escorrem com a neblina e

Sozinho, caminho a esmo pelas ruas.

Sinto falta de compartilhar este momento,

Mesmo que um dos ombros fique encharcado.

As calçadas tornam-se diferentes,

Permitem bailar na coreografia dos ventos,

Que dobram nas esquinas dos edifícios,

Rodopiando na impossibilidade de se manter o passo certo,

Trôpegos no açoite do frio que escurece a alma…

 

Os pingos despertam lentamente,

Fazem a cortina que controla o tempo,

Esquecer a precisão das horas,

Transgredir as leis da física,

No desejo de andar ainda mais devagarinho,

Sem a preocupação com as convenções que

Tornam reféns as mentes e os comportamentos.

Quando o primeiro bailarino rodopia o guarda-chuva,

Passos chapinham poças d'água, espelhando

A cumplicidade do que é magia, 

No compasso do que é pura ternura…


Imagem gerada pela IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com. Áudio e vídeo deste texto em https://youtu.be/MWhF6rT9v_U)



sábado, 16 de agosto de 2025

Dostoiévski e a leitura dos clássicos

Leituras e lembranças:

A leitura dos clássicos da literatura é uma experiência transformadora, um mergulho profundo na complexidade da alma humana. Já recomendados pelo papa Francisco, podem parecer autores "pesados", no entanto, seus livros oferecem uma riqueza que poucas outras obras conseguem igualar. É o caso do russo Dostoiévski, que faz uma jornada pela mente humana, na eterna batalha entre o bem e o mal, a razão e a fé, o louvável e o condenável que existe dentro de todos nós. Ao ler suas obras, você não apenas acompanha uma história, mas também é forçado a refletir sobre suas próprias motivações e dilemas.

​Suas obras são um retrato vívido da Rússia do século XIX, abordando temas como a pobreza, a injustiça social e as transformações políticas. No entanto, sua crítica vai além do contexto histórico. Dostoiévski questiona o racionalismo excessivo e o niilismo — a ideia de que a vida não tem sentido. Ele argumenta que o ser humano não é apenas uma "nota de piano", que pode ser controlada e manipulada pela lógica. Ao contrário, o homem tem livre-arbítrio e, muitas vezes, age de forma irracional para reafirmar sua liberdade, mesmo que isso o leve à autodestruição.

Um tema recorrente em suas obras é a ideia de que o sofrimento pode levar à redenção e à purificação da alma. Personagens como Raskólnikov, de "Crime e Castigo", e o Príncipe Míchkin, de "O Idiota", são exemplos de como a culpa, a humilhação e a dor podem ser caminhos para o autoconhecimento e a compaixão. Ele nos mostra que a busca por sentido em um mundo caótico é uma das maiores lutas da existência humana.

Porém, se achar que é um desafio pesado começar por​ alguns de seus romances mais famosos ("Crime e Castigo" ou "Os Irmãos Karamázov") prefira obras mais curtas, mas igualmente geniais: "Memórias do Subsolo": Um monólogo intenso de um narrador recluso, considerado um dos primeiros textos do existencialismo. ​"O Sonho de um Homem Ridículo": Um conto filosófico sobre a busca de sentido na vida após uma experiência de epifania. "Noites Brancas": Um romance sentimental e melancólico, ideal para quem quer se familiarizar com a prosa de Dostoiévski de uma maneira mais leve.

​Muitas destas obras encontram-se disponíveis em novas publicações. Como os pockets. Digitalmente, em sites que compartilham livros que já estão em domínio público, podendo ser encontrados em PDF ou e-books. Ler Dostoiévski é uma oportunidade de confrontar as grandes questões da vida, da moralidade, da liberdade e da natureza humana. É uma leitura que desafia, provoca e, acima de tudo, enriquece a sua visão de mundo. (Pesquisa e imagem gerada pela IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com)

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Velhas histórias, novos protagonistas

Artigo da semana:

O escritor precisa ser, antes de mais nada, um contador de histórias. Uma marca que atravessa os tempos, desde que os homens (e as mulheres, com certeza) sentaram no entorno de uma fogueira, procurando passar conhecimentos ou, simplesmente,  no entretenimento que ocupava o tempo e instigava a imaginação. Dos primórdios, passando pelos menestréis, aos tropeiros dos nossos tempos mais próximos, alguém que saiba atrair o interesse de uma roda de conversa.

Conheci e admirei muitas pessoas que tinham este dom. Encantei-me quando entendi que


as chamadas parábolas do Jovem Galileu eram parte do seu método pedagógico de intensificar uma imagem com a vivacidade de uma narrativa onde os personagens e a própria trama tinham por objetivo sedimentar uma mensagem. De tal forma que pudesse teorizar com seus aprendizes, porém,  para os demais, ficava a lição de uma boa história.

Uma boa história não precisa ser um poço de ética ou de moral. Sequer personagens absolutamente certinhos que exalam santidade. Ao contrário, as melhores tiram do barro do homem comum um comportamento que não se preocupa em ser certo ou errado, mas de quem sabe que sua vida é partilha de convívios, onde o importante é vencer obstáculos, de preferência não deixando ninguém para trás. O personagem comum, muitas vezes, não tem nome, porque ressignifica a universalidade.

Para ouvir boas histórias, é necessário “perder” tempo com alguém que já não tem pressa em fazer uma narrativa. Dificilmente elas se repetem, porque se fazem novas em cada momento em que se mira o olhar de quem escuta e apazigua o coração com o que ressoa pelo tempo e faz eco na própria alma. Quem corre muito, não consegue fazer parte desta experiência. Passa uma vida dando a desculpa de que ouvir os mais velhos é desperdício de tempo e dinheiro.

O tempo escoa, muitas vezes o dinheiro não chega e os contadores de histórias já partiram… Percebe-se tarde demais que ficou um hiato a ser preenchido.  De tudo o que se correu atrás restou a saudade do que não se viveu e se valorizou. Numa das festas familiares, como o recente dia dos Pais, quem já viveu um pouco mais percebe o quanto é precioso conviver em torno de uma mesa, partilhar uma refeição,  rir um pouco e, com certeza, lembrar de velhas histórias, com novos protagonistas… (Imagem gerada pela IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com)


domingo, 10 de agosto de 2025

Flores na janela

Simplesmente assim:

Andar pela rua, bem junto às casas, 

Era desvendar intimidades.

Compartilhar o mistério de quem mora 

E os segredos por trás de uma porta. 

O detalhe que alcança significado único:

A cor diferenciada que transborda sentimentos, 

A cortina protegendo a privacidade das janelas.

Um canteiro de arbustos e flores,

O traçado da calçada, que resguarda a grama,

E mantém à distância o passante.

A delicadeza da hera serpenteando as paredes.


Foi-se o tempo em que moças e senhoras

Debruçavam-se no parapeito de madeira envelhecido, 

Emolduradas pelas cores e delicadeza da efemeridade 

Do que existe apenas para alegrar os olhos.

As ruas de agora se fazem uniformes com edifícios espigados.

Resguardam-se nas memórias a preciosidade de um tempo

Em que se espiava pela fresta de uma folha.

À espera de quem trocasse o carinho de um olhar 

Pela cumplicidade de um flerte.

Em que o andante contemplava as flores na janela.

Ficava suspenso no tempo,

O olhar encantado no doce sabor das lembranças…


(Imagem gerada pela IA Gemini)

sábado, 9 de agosto de 2025

Código Da Vinci, de Dan Brown.

Leituras e lembranças:

Você pode ser a favor ou contra a obra de Dan Brown, mas se a ler, não conseguirá ficar indiferente. O livro "O Código Da Vinci" começa com o assassinato de Jacques Saunière, o curador do Museu do Louvre, em Paris. O professor de simbologia de Harvard, Robert Langdon, que está em Paris para uma palestra, é chamado pela polícia francesa para ajudar a decifrar as pistas encontradas. Com a ajuda da criptógrafa da polícia, Sophie Neveu, que descobre ser neta de Saunière, e percebe que as pistas são mensagens diretas para ela.

Saunière era Grão-Mestre de uma sociedade secreta milenar, o Priorado de Sião que, ao longo dos séculos, protegeu um segredo monumental: o verdadeiro paradeiro do Santo Graal. A narrativa de Dan Brown subverte a lenda tradicional, revelando que o Graal não é um cálice, mas sim Maria Madalena, que teria sido esposa de Jesus e mãe de seus filhos, e o Santo Graal seria a linhagem de sangue real que ela carregava (o Sangreal).

Langdon e Sophie são perseguidos não apenas pela polícia, mas também por Silas, um monge albino e fanático da Opus Dei, uma prelazia da Igreja Católica. Silas é manipulado por uma figura misteriosa, conhecido como "O Mestre", que deseja encontrar o Graal para destruí-lo e manter o segredo da Igreja. A jornada os leva a desvendar enigmas ocultos em obras de Leonardo da Vinci, em catedrais góticas e até mesmo em Westminster Abbey. 

"O Código Da Vinci" redefiniu o gênero do suspense e da conspiração, misturando fatos históricos, arte e mitologia de maneira acessível e envolvente. O livro se lê como uma caçada ao tesouro, com um ritmo acelerado e capítulos curtos. A ideia central da linhagem de Jesus e Maria Madalena é intrigante e provocou debates acalorados sobre religião e história. A forma como o autor interliga obras famosas de Da Vinci, a história dos Templários e as lendas do Graal é um diferencial.

O livro gerou críticas significativas. A principal delas é a imprecisão histórica. Muitos dos "fatos" apresentados sobre a Opus Dei, o Priorado de Sião e a história de Maria Madalena são largamente considerados teorias de conspiração, sem base documental. Outra crítica comum é a caracterização dos personagens. Langdon e Sophie são vistos como veículos para a exposição das informações, em vez de indivíduos com profundidade psicológica. 

O sucesso de "O Código Da Vinci" é inegável. É, antes de tudo, thriller de entretenimento puro, que cumpre o seu papel de prender o leitor do início ao fim. Um dos seus legados foi como popularizou a história, a arte e a simbologia, fazendo com que milhares de pessoas se interessassem por esses temas. É uma leitura cativante que, se apreciada como ficção, oferece uma experiência de mistério e aventura muito bem construída.

(Pesquisa e imagem com apoio da IA Gemini)